Os abutres financeiros querem a chave do cofre
Notas para um debate sobre a independência do Banco Central do
Brasil
A questão da independência do Banco Central (Bacen) ou sua
submissão aos governos eleitos democraticamente é um tema
recorrente no debate sobre a economia brasileira, especialmente nos momentos de
aumento da inflação, quando se discute o problema do
déficit público, por ocasião de qualquer crise
econômica e, especialmente, nos momentos eleitorais. Um frenesi intenso
toma conta dos chamados formadores de opinião e a mídia
corporativa, quase toda alinhada com o capital financeiro nacional e
internacional e com as teses neoliberais, se encarrega de multiplicar a
catilinária ortodoxa e creditar todas as dificuldades da economia
à falta de independência do Banco Central. Para as pessoas que
não são versadas no conhecimento da economia, esse parece ser um
assunto bizantino, distante de sua vida real, afinal o que o cidadão
comum tem a ver com política monetária, taxa de juros,
dívida interna, metas de inflação, superávit
primário, emissão de moeda, controle da liquidez, câmbio e
coisas do gênero?
Apesar de parecer um tema distante da vida cotidiana das pessoas, todas essas
variáveis econômicas são administradas pelo Banco Central e
têm uma importância fundamental na vida das pessoas, pois delas
depende o investimento na economia e, portanto, o nível de emprego; os
recursos para gastar na construção de escolas, hospitais,
saneamento público; as verbas sociais e até mesmo as facilidades
ou dificuldades para comprar à prestação um
eletrodoméstico como televisão, geladeira, fogão ou um
computador. Isso porque o Banco Central é o banco dos bancos, o xerife
do sistema financeiro, o executor do conjunto da política
monetária do governo. Numa economia desenvolvida como a brasileira, onde
a moeda desempenha um papel fundamental, o Banco Central é uma das
instituições mais importantes do País, pois possui a chave
do cofre do Tesouro Nacional e tem um poder imenso sobre o conjunto da
política econômica.
Talvez por isso a discussão sobre a independência ou não do
Banco Central voltou novamente à ordem do dia nesta reta final do
primeiro turno e prosseguirá ao longo do segundo turno. Como de
costume, toda a mídia corporativa abre generosos espaços para os
defensores da independência do Banco Central e quase nenhum para aqueles
que são contrários, num esforço de
manipulação digno da velha imprensa burguesa brasileira, que
sempre se comportou como linha de frente dos interesses mais conservadores das
classes dominantes do País. Os candidatos, especialmente os três
mais bem colocados nas pesquisas, transformaram esse tema num dos motes
principais de suas campanhas.
O PSDB, seguindo a tradição clássica neoliberal, é
favorável à autonomia do Banco Central e não ficaria
contrariado se encontrasse força suficiente para transformar a autonomia
em independência formal legalizada. Mas a novidade veio por conta da
candidata do PSB, Marina Silva, que militou a maior parte de sua vida no PT e
se afastou do governo ainda no período Lula. Para a surpresa de alguns,
a ex-militante petista agora trouxe como uma das principais bandeiras de
campanha a independência do Banco Central, talvez influenciada por uma
herdeira do Banco Itaú e coordenadora de seu programa de governo e pelos
economistas neoliberais que formam sua equipe. A candidata do PT aproveitou
habilmente o debate para se contrapor à independência do Banco
Central e criticar os adversários, às vezes com uma
contundência muito forte, como se o Banco Central não tivesse
autonomia operacional há pelo menos duas décadas.
Na verdade, o Banco Central brasileiro opera com autonomia desde o
início do período neoliberal no começo da década de
90 e cumpriu como bom aluno aplicado todas as determinações do
Consenso de Washington. No governo Lula, foi dirigido por Henrique Meireles,
ex-presidente do
Bank of Boston
e, além da autonomia operacional, o presidente do Banco Central ainda
ganhou o status de ministro. Portanto, esse é um debate em que apenas
formalmente há grandes contradições entre os candidatos
dos partidos da ordem, mas em temos de conteúdo todos pensam e agem de
maneira muito semelhante. De qualquer forma, esse é um momento oportuno
para se esclarecer o verdadeiro sentido da discussão e mostrar o que se
esconde por trás do véu que encobre esse debate.
Em outros termos, o que se pode deduzir é que o sistema financeiro
nacional e internacional e os rentistas em geral não estão
totalmente conformados em embolsar apenas os R$ 2,8 trilhões (U$ 1,4
trilhão) que receberam de juros do governo entre 2002 e 2013
[1]
, nem com as tarifas exorbitantes que cobram dos correntistas, com as quais
pagam a folha de pessoal dos bancos e ainda sobram recursos, nem com os juros
estratosféricos que cobram da sociedade. Os abutres financeiros querem
agora a chave do cofre, para raspar o fundo do tacho e acabar até mesmo
com as migalhas que são destinadas ao programa Bolsa Família
(representa apenas cerca de 10% do pagamento dos juros), reduzir ainda mais as
aposentadorias, os salários dos funcionários públicos e
privatizar o que ainda resta de empresas públicas como a
Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
Política monetária e Banco Central
Para se compreender o que está em discussão é fundamental
entendermos o papel da política monetária do País e o
significado do Banco Central na política econômica do País.
Procuraremos abordar o tema de forma didática, especialmente para os
trabalhadores e a juventude, a fim de que possam entender os meandros dessa
discussão. Não se trata de um debate técnico, que
só interessa aos que dominam o economês. Pelo contrário, as
medidas tomadas pelo Banco Central afetam o conjunto da economia e a vida
pessoal da grande maioria da população. Por exemplo, a
política de juros elevados praticada nas duas ultimas décadas
representou a maior transferência de renda
[NR]
do setor público para o
setor privado, especialmente para o sistema financeiro nacional e internacional
e os rentistas em geral. E quanto mais esse pessoal ganha, menos recursos
sobram para saúde, educação, saneamento.
A política monetária de um País tem como objetivo
administrar a liquidez da economia, ou seja, a quantidade de moeda e o poder de
compra da economia, controlar os empréstimos bancários, emitir e
resgatar títulos públicos, definir a taxa de juros, administrar a
dívida pública e definir a politica cambial. Esse conjunto de
variáveis econômicas é executado pelo Banco Central,
através de instrumentos macroeconômicos. Por isso, o Banco Central
é importante, pois cada uma das medidas que toma afeta a vida de toda a
população, especialmente a dos trabalhadores e da juventude,
principais vítimas da política governamental neoliberal.
Como banco do governo e xerife da política monetária, o Banco
Central é o principal instrumento de regulação e
fiscalização do sistema financeiro nacional, com poderes
inclusive para realizar intervenções extrajudiciais no sistema
bancário em outras palavras pode fechar qualquer banco desde que
este esteja realizando operações que ponham em risco o sistema,
como já aconteceu várias vezes no País. Como emprestador
de última instância, pode socorrer os bancos com dificuldades
momentâneas de caixa, além de definir a quantidade de
crédito que os bancos comerciais podem emprestar para os agentes
econômicos, mediante a fixação do compulsório
bancário. Abordaremos nestas breves notas apenas três aspectos
mais importantes da atuação do Banco Central: a
administração da dívida interna e a fixação
da taxa de juros e a política cambial, para que se possa ter uma ideia
da importância do Banco Central na economia.
a) A administração da dívida interna
O Banco Central é responsável pela administração da
dívida pública do País, especialmente a dívida
interna. Essa dívida estava orçada no final de 2013 em R$ 2,4
trilhões (U$ 1,2 trilhão) e foi contraída por
vários governos, mas a explosão de endividamento ocorreu a partir
do governo Fernando Henrique Cardoso. Em números corrigidos, em 1994 a
dívida interna correspondia a R$153 mil milhões e, nos anos
seguintes, cresceu a uma taxa de 24,5% ao ano. Em 2002, ao final do governo
neoliberal de FHC, a dívida já somava R$ 881 mil milhões
(US$
440,5 mil milhões). Com o governo Lula e Dilma, a dívida
praticamente
triplicou, atingindo em 2013 R$ 2,4 trilhões, num crescimento
médio anual de 9,5%.
[2]
Geralmente, as dívidas governamentais são feitas quando o
governo quer realizar gastos (por exemplo, construção de escolas,
hospitais, rede de saneamento, etc.) e não tem recursos para pagar esses
equipamentos sociais. Então, o governo lança títulos
públicos no mercado, com a promessa de pagá-los após um
determinado período (dois anos, por exemplo) e remunera os compradores
desses títulos com uma taxa de juros.
Esse é o endividamento clássico dos governos, mas no Brasil a
dívida não resultou na construção de escolas,
hospitais, nem em rede de esgoto ou construção de estradas. A
dívida interna brasileira é puramente financeira, ou seja,
cresceu exponencialmente porque os sucessivos governos implementaram uma
política de taxas de juros irresponsável, em média de 26%,
entre 1994 e 2002, quando internacionalmente essas taxas variavam em torno de
menos de 5%. Mesmo no governo Lula, as taxas de juros continuaram nas alturas.
Como a arrecadação não cresce na mesma
proporção do aumento das taxas de juros, o governo vai rolando a
dívida porque não tem recursos para pagar as
amortizações, ou seja, as prestações que vencem a
cada período. Dessa forma, a dívida vai aumentando como uma bola
de neve e, quanto mais aumenta, mais juros o governo tem que pagar para os
detentores de títulos, banqueiros e rentistas em geral. Para pagar esses
juros as autoridades criaram o chamado
superávit primário
, que é a economia que o governo faz para pagar os juros (leia-se corte
nos gastos públicos, nas verbas sociais, etc).
Para se ter uma ideia do que significa esse pagamento de juros, basta dizer que
somente nos três primeiros anos do governo Dilma (2011, 2012, 2013) o
Brasil pagou para os banqueiros e rentistas, em valores corrigidos, R$741
mil milhões de juros por conta da dívida interna. Com esse
dinheiro
era possível resolver o problema da saúde, da
educação e dos transportes no país. Mas como o governo
privilegia o pagamento do serviço da dívida, falta dinheiro para
tudo: por isso a saúde é uma calamidade, a educação
pública é precária e o transporte urbano é um caos,
especialmente nas grandes metrópoles.
b) Definição das taxas de juros
Outra das funções importantes do Banco Central e que afeta
diariamente a vida dos trabalhadores e da juventude, é a
definição da taxa de juros. Como se sabe, a taxa de juros
é uma das varáveis mais importantes da economia, uma
espécie de bússola que orienta a ação dos agentes
econômicos, alguns conscientemente outros não. A taxa de juros
influencia as decisões das empresas, dos consumidores, afeta as contas
governamentais e as prioridades do orçamento nacional, a poupança
das famílias e a atividade global do sistema econômico.
No Brasil, a cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária
(Copom) define a taxa de juros básica da economia, a SELIC, que remunera
os títulos públicos do governo e, a partir da qual, todos os
agentes econômicos compõem as suas taxas de juros
específicas. As taxas de juros no Brasil, ao longo de todo o
período neoliberal, e mesmo nos governo Lula e Dilma sempre foram muito
altas, o que tornou o Brasil campeão mundial das taxas de juros. O
governo justificava inicialmente as elevadas taxas de juros sob o argumento de
que era necessário captar recursos externos para cobrir os
déficits na balança comercial, na conta turismo, além do
pagamento dos serviços da dívida externa. Mesmo depois que o
Brasil passou a ter elevados superávits comerciais no período
Lula, as taxas continuaram muito altas.
Quais as implicações que a definição das taxas de
juros tem para a economia? Antes de tudo, a taxa de juros é um
importante sinalizador para as decisões de investimento das empresas.
Quando estas taxas estão mais altas que as perspectivas de lucros dos
investimentos na produção, os empresários costumam optar
por aplicar seus recursos no mercado financeiro, afinal o capital geralmente
busca o setor em que pode obter maiores lucros. Os capitais aplicados no
mercado financeiro não têm a mesma dinâmica que os
investimentos na produção, pois a órbita financeira
não gera valor nem proporciona emprego e renda
[NR]
na mesma
proporção que a órbita produtiva da economia.
Já os investimentos na produção, quando as taxas de juros
estão mais baixas que as perspectivas de lucro, elevam a capacidade
produtiva do País, aumentam o crescimento econômico, ampliam o
emprego e, à medida que as pessoas estão empregadas, aumenta da
renda
[NR]
disponível e, consequentemente, há uma
elevação do consumo, gerando assim uma dinâmica virtuosa
para o conjunto da economia. Portanto, quanto mais elevadas forem as taxas de
juros, menor será o investimento na produção e, portanto,
menor o nível de emprego e da renda
[NR]
. As elevadas taxas de juros
praticadas no Brasil nas últimas duas décadas explicam em grande
parte o baixo crescimento da economia brasileira, especialmente no
período neoliberal.
As taxas de juros altas também influenciam nas decisões de
consumo das pessoas, pois os juros elevados estimulam as
aplicações financeiras. Muitas vezes os consumidores deixam de
comprar um bem de consumo durável para colocar o dinheiro na
poupança e, com o rendimento, compra-lo à vista no futuro.
Além disso, as taxas de juros aumentam também o valor dos bens,
pois as empresas vendem a maior parte dos seus produtos a
prestação, com taxas de juros muito elevados, sendo que no final
das contas o consumidor termina pagando um preço muito maior pelas
mercadorias do que se tivesse comprado à vista. No agregado, os juros
altos reduzem o consumo e contribuem para o processo de
desaceleração da economia.
Mas as taxas de juros elevadas também produzem um impacto muito grande
nas contas do governo. O principal fator determinante para o aumento acelerado
da dívida interna brasileira foi exatamente as altas taxas de juros
praticadas nas duas últimas décadas. À medida que a
dívida interna vai crescendo, o pagamento de juros também cresce
na mesma proporção. Se fizermos um exercício simples,
veremos o brutal impacto que as taxas de juros altas provocam no
orçamento do País. Em 1994 a dívida interna brasileira
estava calculada em R$153 mil milhões, em valores atualizados. Se
aplicarmos uma taxa de juros de 20% ao ano para o total dessa dívida (as
taxas foram bem maiores durante longo período), teremos um pagamento de
juros anual de R$30,6 mil milhões. Quando FHC deixou o governo em 2002 a
dívida já era de R$881 mil milhões, portanto se aplicarmos
o
mesmo critério teremos então um pagamento de juros de R$176
mil milhões, mais de cinco vezes o pagamento de 1994. Em 2013, a
dívida já alcançava R$ 2,4 trilhões. E o pagamento
de juros, mesmo com taxas de juros menores que no período FHC, foi de
R$249 mil milhões em 2013.
Esses números aparentemente complexos para o cidadão comum tem um
profundo impacto em sua vida cotidiana, pois quanto maior for o pagamento dos
juros da dívida interna, mais os banqueiros e rentistas em geral
terão capturado maiores fatias do orçamento nacional, pois
são exatamente eles os detentores dos títulos da dívida
interna. Traduzindo tudo isso: quanto maior o pagamento dos juros, menos
recursos serão destinados para as áreas sociais, como
saúde, educação, transporte e saneamento. Ou seja, a
calamidade do atendimento no setor de saúde, a precariedade da
educação pública, o caos urbano nos transportes, a falta
de saneamento está ligado diretamente ao pagamento dos juros da
dívida do governo.
c) A política cambial
O Banco Central também é responsável pela política
cambial do País. Política cambial significa a
relação da moeda nacional, o Real, com as outras moedas do mundo,
especialmente o dólar, que ainda é a moeda de referência
para as transações internacionais. O Brasil já passou por
diversos regimes cambiais, como o
câmbio fixo,
pelo qual o governo fixa uma paridade entre o real e o dólar e esta
não se altera no curto prazo; o regime de
bandas cambiais,
através das quais o preço do dólar em
relação ao real varia de acordo com um intervalo de
flutuação definido pelo Banco Central (por exemplo, entre janeiro
e junho o dólar poderá flutuar em relação ao real
entre U$ 2,00 e U$ 2,20) e o governo se compromete em bancar essa
variação; o
câmbio flutuante,
regime que vigora atualmente, no qual o preço do dólar varia de
acordo com o mercado. Quando existe uma quantidade de dólares maior que
as necessidades do País, o preço do dólar tende a cair.
Quando há escassez de dólares o preço do dólar
tende a subir. Mas o câmbio flutuante não é tão
livre assim, pois o Banco Central geralmente intervém no mercado,
comprando ou vendendo dólares, para ajustar a taxa de câmbio aos
interesses e necessidade da política econômica governamental.
O importante a esclarecer é o fato de que o preço do dólar
tem uma influência muito grande na economia, tanto no comércio
exterior, quanto na conta turismo, quando nos preços dos bens e
serviços praticados no mercado interno. Por exemplo, hoje a taxa de
câmbio é de R$ 2,40 para cada dólar. Se o preço do
dólar cair para R$ 1,00 (US$ 1 R$ 1), ocorrerá um impacto
negativo nas exportações brasileiras, pois os produtos
brasileiros se tornarão mais caros em relação aos produtos
estrangeiros e os exportadores irão receber menos reais por cada
dólar exportado. Em contrapartida, as importações
aumentarão, pois os produtos estrangeiros se tornarão mais
baratos em relação aos produtos brasileiros, em
função do real valorizado. Em resumo, um dólar muito
barato reduz as exportações e estimula as
importações, gerando déficit na balança comercial.
Um dólar barato também estimula os turistas brasileiros a viajar
ao exterior e desestimula e vinda de turistas estrangeiros ao Brasil. Quando os
turistas brasileiros gastam mais no exterior que os turistas estrangeiros no
Brasil também ocorre um déficit na conta turismo.
Por outro lado, quanto o preço do dólar está elevado (US$1
R$3,00) ocorre exatamente o contrário: o volume das
exportações tende a aumentar porque as mercadorias brasileiras
ficarão mais baratas em relação aos bens internacionais e
os exportadores receberão mais reais por cada dólar exportado. Em
contrapartida, haverá um desestímulo às
importações, porque os produtos internacionais se tornarão
mais caros em relação aos brasileiros, em função do
real desvalorizado. Mas numa conjuntura dessa ordem, se o País depender
muito de matérias primas importadas, vai haver um impacto negativo nos
preços internos, pois o aumento no custo de matérias primas
será repassado para o consumidor e vai gerar uma elevação
da inflação. O fundamental é o Banco Central administrar a
política cambial de forma a encontrar um preço do câmbio
que não prejudique as exportações, nem torne as
importações um elemento desestabilizador dos preços
internos.
O Banco Central também é responsável pela
administração das reservas do país. As reservas são
formadas por superávits comerciais, transferências unilaterais de
dólares para o Brasil por conta de brasileiros vivendo no exterior,
além de recursos oriundos de empréstimos no exterior tomados por
empresas brasileiras ou pelo governo, aplicações de estrangeiros
no Brasil, entre outros itens. Ter uma quantidade elevada de reservas é
importante para o País (principalmente se essas reservas não
forem constituídas de capitais voláteis que podem entrar e sair
do País a qualquer momento), pois as reservas funcionam como um lastro
contra ataques especulativos, permitem constituir
Fundos Soberanos
contra crises e dão respeitabilidade internacional à
nação. O Brasil possui hoje reservas internacionais que
correspondem a US$ 350 mil milhões, um patamar muito expressivo
comparado com
os anos neoliberais quando o País vivia uma grave crise de
vulnerabilidade externa.
Por todas essas funções, já se pode ter uma ideia da
importância de um Banco Central para o País, pois essa
instituição constitui a principal ferramenta de
execução da política monetária e suas
decisões influenciam tanto o perfil da atividade econômica como um
todo, como a vida cotidiana das pessoas comuns. Por isso, não é
de estranhar o interesse das classes dominantes, dos seus escribas e de sua
representação política em ter o controle de 100% do Banco
Central e não prestar contas para ninguém. Ter o controle pleno
de uma instituição desse porte é como ter a chave do cofre
do Tesouro à sua disposição. Por isso, a importância
do debate e o esclarecimento sobre os interesses que estão por
trás dessa discussão em relação à
independência do Banco Central.
Os argumentos favoráveis à independência do Bacen
A questão da independência do Banco Central ganhou força
política no final da década de 70 a partir de uma mudança
de fundo no interior do bloco de forças dominantes do grande capital
internacional, com a ascensão dos setores mais conservadores desse
bloco, representados politicamente por Thatcher, na Inglaterra, e Reagan nos
Estados Unidos. A ascensão dessas forças políticas
reacenderam a velha doutrina neoclássica travestida de
monetarismo-neoliberal. Vale ressaltar que, com a derrota dos
neoclássicos (os neoliberais de hoje) em função da grande
depressão na década de 30, o mundo viveu uma etapa de grande
intervenção do governo em busca do pleno emprego e crescimento
econômico, tendo por base os postulados keynesianos. A partir de 1979, os
neoclássicos voltaram com uma força avassaladora e rapidamente
substituíram os fundamentos keynesianos pelos postulados monetaristas.
Com a nova doutrina, o papel da política monetária de um
País passou novamente a se concentrar na busca da estabilidade dos
preços, sendo que as outras variáveis da economia, como
crescimento e emprego, seriam apenas uma derivada da moeda estável.
Com a nova orientação, a política monetária
passaria a ser implementada com regras bem definidas e transparentes, com metas
de inflação baixas e previamente determinadas e um banco central
independente do governo, de forma a obter credibilidade e a confiança do
mercado. Para os neoclássicos, isso é necessário porque os
políticos costumam influenciar negativamente a política
monetária, pois colocam seus interesses populistas e gastadores acima
dos postulados técnicos das autoridades monetárias. Ou como diz
um ex-presidente do Banco Central do Brasil muito festejado pela mídia:
"A legitimidade conferida pelas urnas não faz do presidente uma
encarnação do interesse público, mas apenas um custo
diante deste, e por tempo determinado e dentro dos limites, como em qualquer
democracia ... É importante, por exemplo, a exclusão do Tesouro
do comitê que decide sobre juros e de ministros gastadores do Conselho
Monetário Nacional".
[3]
Portanto, o paraíso institucional dos neoclássicos seria um
ambiente em que a política monetária fosse executada visando
exclusivamente a estabilidade da moeda, através de um Banco Central
independente, com mandato fixo de seu presidente e da diretoria, e que este
mandato não fosse coincidente com os mandatos dos presidentes da
República. Como analisa Penido de Freitas, citando Cukierman, um dos
principais formuladores da política neoclássica; "A
independência do Banco Central diz respeito à sua
competência e atribuições para formular e executar a
política monetária, sem a intervenção do Executivo,
com o objetivo de assegurar a estabilidade dos preços, dado que o Banco
Central é, em geral, mais conservador no que se refere à busca da
estabilidade e atua com uma visão mais de longo prazo do que a
autoridade política".
[4]
Essas atribuições, dizem os neoclássicos, deveriam ser
entregues ao Banco Central independente porque este é um
órgão neutro e dispõe de um
saber técnico
não contaminado pelos embates e decisões políticas e, por
isso mesmo, estaria em melhores condições de zelar mais pelo
interesse público do que um Banco Central atrelado às
vicissitudes da política cotidiana. Isolado das influências
políticas e do arbítrio do presidente da República, o
Banco Central poderia tomar as decisões fundamentado apenas em
análises técnicas, o que tornaria mais fácil fixar e
cumprir as metas de inflação, manter os preços
estáveis e construir as condições para um crescimento
estável da economia.
Quais são as regras de funcionamento do Banco Central no Brasil? Como em
todos os países onde o Banco Central já possui autonomia
operacional, seu presidente é indicado pelo presidente da
República e sabatinado pelo Parlamento. Teoricamente, o presidente da
República pode demitir o presidente do Banco Central, mas o lobby
midiático, dos oligopólios e do sistema financeiro é
tão grande que os presidentes dos Bancos Centrais se tornam personagens
intocáveis, especialmente se tiverem cumprindo a cartilha elaborada
pelo sistema financeiro. Henrique Meireles, não só ganhou status
de ministro como ficou na direção do Banco Central durante todos
os dois mandatos de Lula e Alexandre Trombini ao longo do mandato atual da
presidente Dilma. A estratégia do sistema financeiro e dos rentistas
é transformar o Banco Central numa cidadela inexpugnável onde
só eles, o chamado mercado, poderão ditar as regras do jogo.
Por isso, a discussão em torno da independência do Banco Central
ganha contornos apaixonados e muitas vezes irracionais. Uma das candidatas que
mais tem enfatizado em seus programas a necessidade da independência do
Banco Central se comporta como uma boba da corte embevecida por estar
convivendo na sala de estar da Casa Grande. Cercada de herdeiros de banqueiros
e economistas neoclássicos fundamentalistas, ela repete esse mantra como
um papagaio treinado que decorou bem os ensinamentos dos seus mestres. Por
outro lado, a outra candidata em busca da reeleição se comporta
como se a questão da independência ou autonomia não tivesse
nada a ver com o atual governo, chegando mesmo a afirmar (corretamente) que a
independência do Banco Central equivaleria entregar o Banco Central aos
banqueiros e tirar a comida da mesa do trabalhador. Quanta coerência!!!
É necessário esclarecer que o Banco Central do Brasil tem total
autonomia operacional, define de maneira autônoma as taxas de juros,
executa as metas de inflação, a intervenção no
mercado de câmbio e seu presidente tem status de ministro. Sua
direção se reúne regularmente com as
direções do sistema financeiro para discutir a conjuntura e a
inflação e publica ainda um boletim, o FOCUS, que é um
apanhado geral das opiniões dos dirigentes do sistema financeiro.
Além disso, há uma enorme promiscuidade histórica entre as
diretorias do Banco Central e o sistema financeiro, expressas no fato de que
essas diretorias geralmente são oriundas do sistema financeiro e quase
todos seus membros quando deixam o Banco Central são guindados a altos
postos no sistema financeiro, nas multinacionais, nos oligopólios e nas
consultorias milionárias.
Eles querem a chave do cofre
Mas o que se esconde por trás dos argumentos em relação
à independência do Banco Central? Antes de tudo é
importante desmontar os chamados
argumentos técnicos
para depois expormos os verdadeiros interesses políticos e
econômicos que estão sob o véu tecnocrático.
Primeiro, a questão da neutralidade e do apoliticismo das
direções do Banco Central: esse é um argumento muito
frágil, pois não existe neutralidade nas tomadas de
decisão nas instituições capitalistas. Todas as medidas
têm caráter eminentemente político, pois favorecem a um
setor ou outro da sociedade. Não existe medida que favoreça aos
polos antagônicos ao mesmo tempo. O argumento da neutralidade e do
apoliticismo é apenas uma cortina de fumaça para justificar a
apropriação da máquina pública pelo sistema
financeiro e pelos rentistas e dar a este ato um caráter técnico.
Outro dos argumentos utilizados para a independência do Banco Central
é a questão do
saber técnico
que os funcionários e dirigentes do Banco Central teriam na
condução da política monetária. Esse argumento
é uma meia verdade, pois o
saber técnico
está ao serviço de interesses econômicos e sociais.
É
evidente que a diretoria do Banco Central concentra um nível de
informação técnica maior que a maioria da
população. Mas esse saber técnico não foi capaz de
gerar um ciclo de crescimento econômico positivo como ocorreu entre os
anos de 1947 e 1980, quando não existia autonomia do banco Central e o
País cresceu a taxas anuais superiores a 7% ao ano, consolidando ainda
seu processo de industrialização, enquanto que no período
que vai de 1994 a 2002 o crescimento econômico foi pífio, 2,5% ao
ano. Mesmo no período dos governos do PT, onde o crescimento foi um
pouco maior, nunca se chegou ao nível do período em que
não existia autonomia do Banco Central.
Portanto, se o
saber técnico
não consegue realizar uma política que proporcione ao País
um nível de desenvolvimento econômico que seja capaz de aumentar
o emprego, a renda
[NR]
e o consumo, então este saber não serve para
nada, pelo menos para a maioria da população brasileira. Se
verificarmos mais atentamente que na maior parte desse período
neoliberal houve queda nos salários, concentração de renda
[NR]
e enorme transferência de recursos do setor público para a
órbita privada, através de um conjunto de medidas criadas pelo
próprio
saber técnico
, entre as quais se destacam as elevadas taxas de juros e o exorbitante
pagamento dos serviços da dívida interna, então
descobrimos o verdadeiro segredo desse tipo de
saber técnico
que é, nada mais nada menos, estar a serviços das classes
dirigentes, especialmente do sistema financeiro e dos rentistas.
É importante ressaltar ainda que a sofisticação
técnica e as matrizes baseadas em modelos matemáticos desligados
da realidade que os tecnocratas costumam apresentar, têm pouca
efetividade num mundo globalizado, com as economias integradas, com livre
mobilidade de capitais, especialmente se levarmos em conta que a
especulação financeira mundial criou um leque enorme de
instrumentos e inovações financeiras, que o chamado
saber técnico
encastelado nos Bancos Centrais tem poucas condições para
manobras. Somente o poder político é capaz de construir
mecanismos de defesa da soberania e dos trabalhadores.
Se esse
saber técnico
fosse assim tão infalível teria sido capaz de evitar a maior
crise econômica que vem castigando o sistema capitalista há cerca
de seis anos e que vai durar ainda muito mais e que até agora o
saber técnico
não conseguiu tirar o mundo da crise. Aliás, essa crise
está tendo um significado especial porque desmoralizou o discurso do
saber técnico neoliberal que por mais de 30 anos infernizou a vida dos
trabalhadores do mundo inteiro. Mesmo assim esses essa ideologia
reacionária continua a importunar a sociedade como um pesadelo que teima
em continuar morto-vivo.
Também os argumentos de que o Banco Central independente seria a
garantia de baixas taxas de inflação é uma balela. O
próprio FMI tem trabalhos que contesta essa afirmação
[5]
e, além disso, na segunda metade da década de 70 as taxas de
inflação nos Estados Unidos ficaram acima de dois dígitos
com o Banco Central independente, da mesma forma que na Inglaterra, na
França e outros países centrais. O próprio Joseph
Stiglitz, um ex-monetarista convertido à heterodoxia e ganhador do
Prêmio Nobel, diz claramente que a independência do Banco Central
é desnecessária e que os países que a adotaram tiveram
muito mais dificuldades diante da crise sistêmica global do que aquele
que não praticaram essa política. Portanto, essa
correlação entre banco central independente e baixas taxas de
inflação é uma lenda tecnocrática muito mal
contada.
Na verdade, toda essa parafernália neoliberal, fantasiada de
sofisticação técnica, não é nada mais nada
menos que lixo teórico reciclado da economia política vulgar,
construído nos laboratórios das instituições
anglo-saxônicas, a partir da virada conservadora dos governos Reagan e
Thatcher no final dos anos 70 e que se impôs como política de
Estado para quase todos os países capitalistas nos 30 anos de hegemonia
neoliberal. Mesmo que a crise sistêmica mundial tenha desmoralizado essas
veleidades e fantasias monetaristas, esses fantasmas continuam teimando em
prolongar a agonia desse baile de máscaras, como dráculas
ensandecidos que se recusam a morrer.
Poder paralelo antidemocrático
Mas os principais argumentos contrários à independência
plena do Banco Central são de caráter político, pois a
independência do Banco Central na prática significa a
criação de um governo paralelo ao do presidente da
República, eleito pelo voto e com o mandato popular. Portanto, esse
status que os tecnocratas neoliberais querem dar ao banco Central é
não só antidemocrático, como significaria uma
regressão política de grande porte, semelhante aos tempos da
monarquia de Pedro II, quando este tinha o chamado
poder moderador,
o quarto poder, que estava acima dos outros poderes e podia inclusive anular
as decisões das outras instituições.
Em outros termos, permitir a criação de um Banco Central
formalmente independente significaria entregar o poder de uma vez por todas ao
mercado, ou seja, aos banqueiros e à oligarquia rentista, que passaria a
controlar o principal instrumento de execução da política
econômica do país. Vale lembrar que o Banco Central define a
emissão de moeda, o volume de crédito na economia, as taxas de
juros, administra a dúvida pública e a emissão e resgate
dos títulos públicos, controla a política cambial e,
portanto, o destino do comércio exterior, além de outras
variáveis. Como vimos, todas essas varáveis afetam diretamente a
condução da política econômica do País e a
vida das pessoas.
Nesse contexto, com o Banco Central independente, seu presidente passaria a ter
um poder muito maior que o do presidente da República, mesmo sem ter
tido um só voto em eleição para inspetor de
quarteirão ou síndico de prédio. Na verdade, os banqueiros
e os rentistas em geral, com a tese da independência do Banco Central,
querem dar um golpe no conjunto da sociedade e se apossar da chave do cofre
para saquear com mais liberdade o erário público e nem sequer
prestar contas à sociedade.
Vamos imaginar, por hipótese, que o presidente do Banco Central esteja
dissociado da política econômica adotada por um presidente com
mandato popular, em função de sua independência. Numa
situação dessa ordem, esse Banco Central poderia se tornar um
poderoso instrumento de instabilidade econômica, pois teria instrumentos
para promover a anarquia econômica, para gerar uma crise de
proporções gigantescas, e poderia levar à
desorganização da economia, com repercussões profundamente
negativas junto à vida cotidiana da população.
Um Banco Central independente também traria consequências danosas
para os trabalhadores, pois toda a política econômica estaria
subordinada à administração da dívida interna e ao
combate á inflação. Isso significaria um aumento do
superávit primário
e, portanto, redução das verbas sociais
orçamentárias para saúde, educação,
saneamento, para os salários dos funcionários públicos em
função da prioridade do pagamento dos serviços da
dívida interna. Como o foco é a estabilidade dos preços,
que se dane o emprego e o crescimento econômico, afinal essas
variáveis são apenas derivadas da política maior da
estabilidade da moeda.
É como se no País não existisse gente de carne e osso, que
depende do emprego para sobreviver, que precisa de renda
[NR]
para comer, vestir,
calçar e viver. Esses tecnocratas neoliberais são tão ou
mais nocivos para sociedade que os fundamentalistas religiosos (eles são
fundamentalistas econômicos) ou os marginais que infernizam a vida das
populações pobres nas favelas e periferias. Eles matam mais
silenciosamente, mais ardilosamente, mais sofisticadamente, com um sorriso
maquiavélico, milhões de pessoas todo o ano no País, com
sua política econômica de concentração da riqueza
nas mãos de uma elite parasitária e ampliação da
miséria entre a maioria da população, que não pode
usufruir serviços públicos de qualidade porque o governo é
obrigado a gerar superávits primários para pagar os juros da
dívida interna.
Uma instituição com a importância de um Banco Central fora
do controle democrático da sociedade seria o paraíso para os
banqueiros e rentistas. O mercado financeiro deixaria de terceirizar a
administração da política monetária e
econômica para assumir diretamente o controle das finanças do
país, com total autonomia, sem prestar contas à sociedade. Seria
como a raposa tomando conta do galinheiro. Realmente, a voracidade dos abutres
financeiros não tem limites. Por isso, é importante dar um basta
tanto a autonomia quanto à independência formal do Banco Central e
estatizar todo o sistema financeiro, de forma a que passe a servir aos
interesses da maioria da população e não a meia
dúzia de parasitas sociais.
[1] A tabela com os juros da dívida interna pode ser consultada em:
Edmilson Costa.
Os 20 anos do Plano Real: uma herança terrível para os trabalhadores
, publicada inicialmente em;
resistir.info
,
www.odiario.info
; e
www.pcb.org.br
e posteriormente reproduzida em dezenas de blogs e sites do Brasil e do
exterior.
[2] Uma tabela com o volume da dívida interna e sua
relação com o Produto Interno Bruto (PIB) e o nível das
taxas de juros também pode ser encontrado no artigo acima referenciado.
[3] Franco, Gustavo. A independência do Banco Central. Jornal
O Estado de São Paulo,
Caderno de Economia, 14/set. 2014.
[4] Penido de Freitas, Maria Cristina. Banco Central independente e
coordenação das políticas macroeconômicas:
lições para o Brasil. Economia e Sociedade, vol. 15, No. 2 (27),
agosto, 2006.
[5] Em 2003, o FMI divulgou trabalho de autoria de dois de seus
técnicos no qual realizam comparação entre países
que efetivaram políticas de metas de inflação e outros que
não realizaram essas políticas e chagaram a conclusão de a
política de metas de inflação serve mais a interesses
políticos que econômicos. Ver Penido de Freitas, op. cit.
[NR]
No Brasil chamam de renda a qualquer espécie de rendimento, não
apenas aos ganhos com actividades rentistas.
Do mesmo autor em resistir.info:
A explosão social bate às portas do Brasil
Os 20 anos do Plano Real: Uma herança terrível para os trabalhadores brasileiros
"Abrem-se janelas de oportunidades para a emergência do movimento popular"
O Brasil está maduro para o socialismo
Capitalismo contemporâneo, imperialismo e agressividade
Brasil: extraordinária jornada de lutas
A crise do euro e a crise sistêmica global
A terceira onda da crise: O capitalismo no olho do furacão
Os movimentos sociais e os processos revolucionários na América Latina: Uma crítica aos pós-modernistas
A crise mundial do capitalismo e as perspectivas dos trabalhadores
[*]
Doutorado em economia pela Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), com pós-doutoramento no Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas da mesma instituição. É autor,
entre outros de
A globalização e o capitalismo contemporâneo
(expressão Popular, 2009) e
A crise econômica mundial, a globalização e o Brasil
(edições ICP, 2013). É professor de economia, membro do
Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB), diretor de
pesquisas do Instituto Caio Prado Junior e um dos editores da revista
Novos Temas.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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