A Grécia nas garras do FMI/BCE/UE
Taxa de desemprego atinge os 16,2% !
por Jorge Figueiredo
Em Março de 2011 a taxa de desemprego na Grécia atingiu os 16,2%,
percentagem a ser comparada com os 11,6% de Março de 2010 e com os 15,9%
de Fevereiro de 2011. Estes são números oficiais, agora
divulgados pela Hellenic Statistical Authority.
Em Março deste ano o número de empregados era de 4.185.325
pessoas, o de desempregados de 811.340 e o de inactivos de 4.335.461. Os
números correspondentes em Março de 2006 e Março de 2011
são apresentados na Tabela 1.
"O número de empregados diminuiu em 238.574 em
comparação com Março de 2010 (uma taxa de
diminuição de 5,4%) e aumentou em 7.013 em
comparação com Fevereiro de 2011 (aumento de 0,2%). Os
desempregados aumentaram em 232.617 pessoas (aumento de 40,2%) em
comparação com Março de 2010 e em 24.111 em
comparação com Fevereiro de 2011 (aumento de 3,1%)", declara
o
press release divulgado pela Hellenic Statistical Authority
.
Como se observa, o crescimento da curva é quase parabólico.
Eles resultam das "ajudas" do FMI/BCE/UE.
As tabelas 2, 3 e 4 mostram a taxa de desemprego por regiões NUTS II,
por género e por faixa etária de Março de 2006 a
Março de 2011.
A decomposição demográfica é ainda mais espantosa.
Exactamente 42,5% (!) do desemprego está entre aqueles que têm
menos
de 24 anos e 22,6% entre os que estão na faixa dos 25 aos 34 anos. Isto
explica em grande medida os protestos da juventude indignada. Mesmo o
desemprego de 5% na faixa dos mais idosos é espantoso quando se
considera que esta taxa era nula (0,0%) em Março de 2008.
Trata-se de uma situação aberrante.
Ela mostra as consequências da ditadura imposta ao povo grego
pelo capital financeiro e imperialista (com a colaboração
aquiescente do governo PASOK). As "ajudas" foram e
são para salvar os banqueiros credores da Grécia, sobretudo os
alemães e franceses. Para o povo grego, não há qualquer
luz no fundo do túnel destas "ajudas". O seu sacrifício
está a ser inútil.
Não haverá uma mítica segunda fase de crescimento
após o pacote que lhe está a ser aplicado. O seu objectivo
é precisamente impor a servidão do país através da
dívida, como bem o demonstra
Michael Hudson
. As novas "ajudas" ou
bail-outs
para pagar dívidas geram ainda mais
dívidas, as quais eternizam a escravização do país.
A trágica situação grega cuja génese
é cuidadosamente escondida pelos media portugueses mostra que
não há saída sem que se transcenda o modo de
produção capitalista. A saída real está na ruptura
com o sistema, com o abandono do euro, da UE e das demais
organizações imperialistas (NATO e outras). A Grécia de
hoje dá uma antevisão do que poderá acontecer a Portugal
após um par de anos de aplicação das receitas FMI/BCE/UE.
A inconsciência dos votantes no dia 5 de Junho (votantes não
é o mesmo que eleitores pois 41,1% destes abstiveram-se)
poderá ter um rude despertar com o desenvolvimento da
aplicação do
pacote da troika
.
As forças progressistas deveriam desde já começar a estudar: 1) os caminhos
para sair do euro; 2) a moeda que se seguirá após o euro e, sobretudo; 3)
quem deve ter o poder de emitir a nova moeda
.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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