Encobrimento?
Por que os media e a administração Obama ficaram silenciosos
acerca do MH17?
por Niles Williamson
O silêncio ensurdecedor dos media e do governo dos EUA acerca da
investigação do derrube do MH17 da Malaysian Airlines, há
um mês, tresanda a encobrimento.
Nas horas e dias que se seguiram ao crash, sem uma única sombra de
evidência, responsáveis dos EUA alegaram que o jacto de
passageiros fora derrubado por um míssil terra-ar SA-22 disparado do
território mantido por separatistas pró russo no Leste da
Ucrânia. Eles lançaram uma campanha política a fim de obter
duras sanções económicas contra a Rússia e
fortalecer a posição militar da NATO na Europa do Leste.
Apanhando a pista, os cães de ataque da CIA nos media estado-unidenses e
europeus acusaram sem rodeios o presidente russo Vladimir Putin pelo crash. A
capa da edição de 28 de Julho da revista alemã
Der Spiegel
mostrava as imagens das vítimas do MH17 circundando grossas letras
vermelhas com o texto
"Stoppt Putin Jetzt!"
(Travem Putin agora!). Um editorial de 26 de Julho de
The Economist
declarava Putin como autor da destruição do MH17, enquanto a
capa da revista morbidamente sobrepunha a cara de Putin a uma teia de aranha,
denunciando a "teia de mentiras" de Putin.
Alguém que comparasse a demonização de Putin pelos media
com o tratamento que deram a Saddam Hussein ou Muammar Gadafi tem de concluir
que Washington estava a lançar uma campanha pela mudança de
regime na Rússia tal como aquelas que executaram na Líbia e no
Iraque desta vez, loucamente, empurrando os Estados Unidos rumo à
guerra com uma potência nuclear armada, a Rússia.
Contudo, depois de terem transformado o crash num
casus belli
contra a Rússia, os media dos EUA subitamente deixaram completamente de
falar no assunto. O
New York Times
não considerou apropriado imprimir nem uma palavra sobre o crash do
MH17 desde 7 de Agosto.
Não há qualquer explicação inocente para o
súbito desaparecimento do MH17 dos media e da atenção
política. A caixa negra do avião esteve durante semanas na
Grã-Bretanha para exames e os satélites e radares militares
estado-unidenses e russos estiveram a esquadrinhar intensamente o Leste da
Ucrânia no momento do crash. A afirmação de que Washington
não tem conhecimento pormenorizado das circunstâncias do crash e
das várias forças envolvidas não é crível.
Se a evidência que está nas mãos de Washington incriminasse
a Rússia e as forças apoiadas pela Rússia, ela teria sido
divulgada para alimentar o furor dos media contra Putin. Se não foi
divulgada, isto é porque a evidência aponta para o envolvimento do
regime ucraniano de Kiev e dos seus apoiantes em Washington e nas capitais
europeias.
Desde o princípio, a administração Obama nunca apresentou
evidência para apoiar as acusações incendiárias de
que Putin fora responsável pelo crash do MH17. No seu comunicado
à imprensa de 18 de Julho, no dia seguinte ao crash, o presidente Obama
declarou que ainda era "demasiado cedo para sermos capazes de imaginar que
intenções tiveram aqueles que podem ter lançado este
míssil superfície-ar".
Apesar de cinicamente explorar o crash para pressionar e ameaçar a
Rússia, Obama advertia que "provavelmente haverá
desinformação" na cobertura do crash. Num reconhecimento
indirecto de que não tinha provas para apoiar suas
afirmações, ele disse: "Em termos de
identificação específica de que indivíduos ou grupo
de indivíduos ou pessoal ordenaram o ataque, como aquilo aconteceu,
são coisas que penso estarem ainda sujeitas a informação
adicional que estamos a reunir".
Neste evento, a desinformação sobre o crash do MH18 veio da
própria administração Obama. O secretário de Estado
John Kerry prosseguiu em 20 de Julho num ataque nos media, argumentando que os
separatistas pró russos e o governo russo eram responsáveis pelo
derrube.
A única evidência que ele apresentou foram uns poucos
dúbios "registos nos media sociais" postados na Internet. Ele
apresentou registos áudio não autenticados de separatistas a
falaram de um crash de avião, áudio editado e divulgado pela
agência de inteligência SBU da Ucrânia, a qual trabalha
estreitamente com a CIA; vídeo clips do YouTub a mostrar um
camião a transportar equipamento militar não identificado ao
longo de uma estrada; e uma desmentida declaração em media social
a afirmar que a responsabilidade do derrube do avião atribuía-se
ao líder separatista Igor Strelkov.
Muito rapidamente, a narrativa do governo dos EUA sobre o MH17 começou a
entrar em colapso. Num comunicado de imprensa de 21 de Julho, a porta-voz do
Departamento de Estado e antiga analista da CIA para o Médio Oriente,
Marie Harf, declarou que as conclusões da administração
Obama quanto ao derrube do avião foram "baseadas em
informação aberta a qual é basicamente de senso
comum". Desafiada por repórteres a proporcionar evidência,
ela admitiu que não podia: "Sei que é frustrante.
Acreditem-me, tentámos obter tanto quanto era possível. E por
alguma razão, por vezes não podemos".
Depois de um mês, durante o qual Washington fracassou em apresentar
evidência para apoiar suas acusações contra Putin,
está claro que a ofensiva política dos governos NATO e a histeria
dos media contra Putin eram baseadas em mentiras.
Se separatistas pró russos dispararam um míssil solo-ar, como
afirma o governo dos EUA, a Força Aérea teria imagens na sua
posse confirmando isso sem sombra de dúvida. O Defense Support Program
da US Air Force utiliza satélites com sensores infra-vermelhos para
detectar lançamentos de mísseis em qualquer lugar sobre o planeta
e os postos de radar estado-unidenses na Europa teriam rastreado o
míssil quando ele atravessava o céu. Estes dados de
satélite e radar não foram divulgados, porque seja o que for que
mostrem não se ajusta à narrativa cozinhada pelo governo dos EUA
e os media.
O que aflorou, ao invés, foi uma série de evidências a
apontarem para o papel do regime de Kiev apoiado pelos EUA no derrube do MH17.
No dia seguinte ao de Kerry ter feito suas observações, os
militares russos apresentaram dados de radar e de satélite indicando que
um caça a jacto SU-25 ucraniano estava na vizinhança imediata e
ascendia em direcção ao MH17 quando ele foi derrubado. A
afirmação não foi corrigido e muito menos refutada pelo
governo americano.
O denunciante da NSA William Binney e outros agentes aposentados da
inteligência americana emitiram uma declaração no fim de
Julho pondo em causa os dados dos media sociais apresentados por Kerry e
pedindo a publicação de imagens de satélite do
lançamento do míssil. Eles acrescentaram: "Estamos a ouvir
indirectamente de alguns dos nossos antigos colegas que o que o
secretário Kerry está a apregoar não se enquadra com a
inteligência real".
Em 9 de Agosto, o
New Straits Times,
da Malásia, publicou um artigo acusando o regime de Kiev pelo derrube
do MH17. Declarava que a evidência do sítio do crash indicava que
o avião fora derrubado por um caça ucraniano com um míssil
seguido por fogo pesado de metralhadora.
Se bem que seja demasiado cedo para dizer conclusivamente como o MH17 foi
derrubado, a preponderâncias das evidências aponta directamente
para o regime ucraniano e, para além dele, o governo americano e as
potências europeias. Eles criaram as condições para a
destruição do MH17, apoiando o golpe dirigido por fascistas em
Kiev no mês de Fevereiro que levou ao poder o actual regime pró
ocidental. Os media ocidentais portanto apoiaram a guerra do regime de Kiev no
Leste da Ucrânia para eliminar a oposição ao putsh,
transformando a região na zona de guerra em que foi abatido o MH17.
Após o assassínio das 298 pessoas a bordo do MH17, no qual
desempenharam um papel importante ainda que por explicar, os governos e as
agências de inteligência ocidentais aproveitaram a tragédia
numa manobra precipitada e sinistra para escalar ameaças de guerra
contra o regime Putin. O silêncio indica consentimento e o silêncio
ensurdecedor dos media ocidentais sobre a questão do envolvimento de
Kiev no crash do MH17 atesta a criminalização não
só da política externa do establishment como também dos
seus lacaios dos media e de toda a classe dominante.
18/Agosto/2014
Ver também:
O MH17 malaio foi abatido por caças do regime de Kiev
The Russian embargo and the Ukrainian "coup from below"
Malaysia MH17 crash: 10 questions Russia wants Ukraine to answer
10 more questions Russian military pose to Ukraine, US over MH17 crash
Buk M1-2 et MH17: Quelques élèments que les "experts" n'ont pas précisé.
How American Propaganda Works: "Guilt By Insinuation"
(Como funciona a propaganda americana: "Culpado por insinuação")
6 questions about MH17 ignored by mainstream media
Kiev must publish record of MH17 communications with traffic control Russia
O original encontra-se em
www.globalresearch.ca/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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