Cenário de 19 Fukushimas paira sobre a Ucrânia
Com toda a acção concentrada na Síria, a Ucrânia
já não é objecto de discussão no ocidente.
Na Rússia, onde a Ucrânia ainda é um grande problema a
assomar no horizonte, e onde cerca de 1,5 milhão de refugiados
ucranianos estão estabelecidos sem intenções de
retornarem ao que resta da Ucrânia, a sua situação ainda
é discutida intensamente.
Mas para os EUA e para a UE, a Ucrânia agora é mais um grande
embaraço
de política externa e quanto menos se falar disso melhor.
Enquanto isso, a Ucrânia chegou ao colapso total todas as cinco
gloriosas etapas do mesmo
preparando o cenário para um Pesadelo Ucraniano Antes do Natal ou pouco
após.
Fase 1. Financeiramente, o governo ucraniano está em incumprimento
soberano desde há um par de dias
[NR]
.
O FMI foi forçado a romper as suas próprias regras a fim de manter
apoio vital ao país, apesar de este ser claramente um caloteiro. No processo, o
FMI hostilizou a Rússia, a qual acontece ser um dos seus principais
accionistas. O que resultará disso?
Fase 2. A indústria e o comércio aproximam-se da
paralisação e o país desindustrializa-se
rapidamente.
Antigamente, a maior parte do comércio era com a Rússia; isso
agora está acabado. A Ucrânia não fabrica qualquer coisa
que a UE possa querer, excepto talvez prostitutas. Ultimamente a Ucrânia
tem estado a vender os seus podres ao desbarato. Isto é ilegal, mas,
dado o que está a acontecer ali, o termo "ilegal" tornou-se
uma matéria de comédia.
Fase 3. Politicamente, o governo ucraniano é uma farsa total.
Grande parte dele foi entregue a vigaristas estrangeiros, tais como o antigo
presidente georgiano Saakashvili, que é um criminoso procurado no seu
próprio país e que recentemente foi despojado da sua cidadania. O
parlamento está apinhado de criminosos que compraram seu assento a fim
de obter imunidade de processos e que passam o tempo a vociferar uns contra os
outros. O primeiro-ministro Yatsenyuk recentemente foi arrastado para fora do
pódio pela forquilha das suas pernas. Quão dignificante é
isso? Ele não parecia abalado. Onde estão os seus
testículos? Talvez Victoria Nuland, no Departamento de Estado, esteja a
mantê-los numa jarra. Este género de acção pode ser
divertido para assistir no Youtube, mas a realidade é bastante triste:
aqueles que "dirigem" a Ucrânia (se é que o termo se
aplica) estão interessados apenas numa coisa: roubar tudo o que
resta.
Fase 4. A sociedade ucraniana (se é que o termo ainda se aplica) foi
dividida num certo número de facções beligerantes.
Isto era, em certa medida, inevitável. O que acontece se se tomar
bocados da Polónia, Hungria, Roménia e Rússia e
juntá-los juntos à força? Bem, os resultados podem variar;
mas se se gastarem US$5 mil milhões (como fizeram os americanos) para
virar os ucranianos contra a Rússia (e, uma vez que eles são
principalmente russos, contra si mesmos), então obtém-se um
desastre completo.
Fase 5. O colapso cultural está bastante avançado.
A Ucrânia outrora tinha o mesmo sistema educacional de alto nível
da Rússia, mas desde a independência eles comutaram para o ensino
em ucraniano (uma linguagem inventada) utilizando manuais não
existentes. Raivosos nacionalistas ucranianos ensinam uma falsa
história alucinada aos garotos. Contam-lhes que a Rússia é atrasada,
que os mantinha atrasados e que merecem ser felizes na UE). (Tal como os
gregos? Sim...) Mas agora a população foi reduzida a
níveis de pobreza que habitualmente são vistos apenas na
África e jovens estão a fugir ou virarem-se para o gangsterismo e
a prostituição, simplesmente para sobreviver. Isto não
resulta numa feliz narrativa cultural. O que significa ser "um
ucraniano" agora? Interjeições eliminadas. Desgosta-me
perguntar.
Agora, aqui está o que tudo isto realmente significa.
Com tanta coisa errada, a Ucrânia foi incapaz de assegurar suficientes
fornecimentos de gás natural ou carvão que proporcione uma
reserva de abastecimento no caso de uma onda de frio neste Inverno.
Umas poucas semanas de tempo gélido esgotarão a reserva e
então haverá congelamento de tubagens, tornando grande parte das
áreas urbanas inabitáveis a partir daí (porque,
recorde-se, não há mais dinheiro, ou praticamente qualquer
indústria, para reparar o dano). Isso parece muito mau, mas ainda
não chegamos ao fundo do poço.
A Ucrânia produz mais da metade da sua electricidade utilizando centrais
nucleares
.
Há 19 reactores nucleares em operação, com mais dois
supostamente em construção. E isto num país cuja economia
está em queda livre e aproxima-se daquela do Mali ou do Burundi. O
combustível nuclear para estes reactores era fornecido pela
Rússia. Um esforço para substituir o fornecedor russo pela
Westinghouse fracassou devido a questões de qualidade que levaram a um
acidente.
O que é que uma Ucrânia em bancarrota, a qual furtou à
Rússia milhares de milhões de dólares de dívida
soberana, vai fazer quando chegar o momento de reabastecer de
combustível aqueles 19 reactores? Boa pergunta!
Mas uma pergunta ainda melhor é: será que chegarão
mesmo
àquele ponto [do esgotamento]? É bem sabido que a
manutenção preventiva destas instalações nucleares
tem sido restringida, devido à falta de fundos. Provavelmente já
está consciente disto, mas deixe-me falar abertamente por via das
dúvidas: um reactor nuclear não é uma dessas coisas
que se
usam até que se avariem e quando isso acontece chama-se um
mecânico para reparar. Não é a espécie de
cenário "se não está avariado, não preciso
consertá-lo". É mais um cenário de "você
falhou uma afinação então não tenho de ir à
próxima".
E o modo de impedi-lo de se avariar é substituir todas as peças
que estão listadas no programa de substituições sem
atrasar as datas indicadas naquele programa. Ou fazem isso assim ou a coisa
"Ca-bum!" e o cabelo de toda a gente começa cair.
Quão próxima está a Ucrânia de um grande acidente
nuclear?
Bem, verifica-se que muito próxima: recentemente foi evitado por
pouco um acidente quando Ucro-Nazis explodiram linhas de transporte de
electricidade que abasteciam a Crimeia, disparando um apagão que
durou muitos dias. Os russos mexeram-se e estenderam uma linha de transporte
do território russo principal, de modo que agora a Crimeia está
acesa outra vez. Mas enquanto aquilo estava a acontecer, o Sul da
Ucrânia, com os seus quatro blocos de energia, perdeu a sua
ligação à rede e foi só com acções
muito rápidas de peritos, tomadas pela equipe, que foi impedido um
acidente nuclear.
Espero que já saiba isto, mas por via das dúvidas deixe-me
repetir outra vez.
Uma das piores coisas que pode acontecer a um reactor nuclear é a perda
do fornecimento de electricidade.
Sim, centrais nucleares produzem electricidade uma parte do tempo
mas elas devem ser abastecidas de electricidade
o tempo todo
para evitar uma fusão do núcleo
(meltdown).
Foi o que aconteceu em Fukushima Daiichi, a qual espalhou
radionuclídeos no terreno até Tóquio e ainda está a
vazar combustível radioactivo para dentro do Pacífico.
Assim, o cenário de pesadelo para a Ucrânia é simples
. A temperatura cai abaixo do ponto de congelamento e permanece assim durante um
par de semanas. O abastecimento de carvão e gás natural
esgota-se; as centrais termoeléctricas encerram; as redes
eléctricas falham; as bombas circuladoras nos 19 reactores nucleares (as
quais, a propósito, provavelmente não passaram por uma
revisão geral tão recentemente como deveriam) param de bombear;
fusão do núcleo!
Por isso, se quiser dizer uma oração pela Ucrânia neste
período festivo, não se preocupe porque ela já está
realmente desgraçada. Mas diga uma oração em favor do
aquecimento global. Se este Inverno for muito, muito quente, então o
cenário dos "19 Fukushimas" talvez possa ser evitado. Isto
não é impossível: temos visto Invernos estranhamente
quentes e cada mês que passa estabelece novos
recordes. O futuro parece quente portanto muito amistoso. Vamos rezar
para que não se torne demasiado quente radioactivo.
24/Dezembro/2015
[NR] Ver
O colapso da ordem financeira global começa dia 21
[*]
Autor de
The Five Stages Of Collapse
O original encontra-se em
www.zerohedge.com/news/2015-12-24/ukraines-looming-19-fukushimas-scenario
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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