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							Pico petrolífero  O que faremos agora?
						
							A história do pico da produção petrolífera mundial
							tem sido verdadeiramente notável. As preocupações dos dias
							modernos foram redespertadas quando em 1998 Campbell e Laherrere publicaram as
							suas ideias sobre o peak oil na 
							
								Scientific American.
							
							 Não surpreendentemente, elas foram em grande medida ignoradas. Alguns
							no establishment deram-se ao trabalho de proferir frases de desprezo, mas umas
							poucas almas independentes decidiram considerar o problema com seriedade.
							
 A ASPO foi constituída logo após e começou a efectuar
							reuniões anuais, promover a comunicação e a ajudar a criar
							um aumento do interesse no assunto. Os preocupados com o 
							
								peak oil
							
							 começaram a formar uma comunidade e a sua força aumentou.
							Contra-argumentos sustentando o ponto de vista da não existência
							do problema vieram da OPEP, do CERA, a EIA, IEA e de algumas das grandes
							companhias de petróleo. As proclamações de
							negação cresceram em intensidade, indicando que a
							consideração séria do pico petrolífero
							começava a perturbar partes do establishment. Vários novos
							estudos a apoiar a ameaça do pico petrolífero surgiram de
							indivíduos e grupos independentes. As previsões para o
							início do pico petrolífero iam desde mais de 20 anos no futuro
							até cerca de 15 anos e a seguir menos. O establishment continuava a
							argumentar que o problema estava tão distante que as pessoas não
							precisavam de se preocupar.
 
 Houve um número significativo de marcos ao longo do caminho  um de
							importância especial foi o livro de Matt Simmons, 
							Twilight in the Desert
							. Com o passar do tempo, a IEA e algumas das grandes companhias de
							petróleo começaram a aderir à lista daqueles que estavam
							abertamente preocupados. O ímpeto cresceu, influenciado em grande parte
							pelo notável aumento nos preços do petróleo.
 
 Em meados de 2008 a crise económica desencadeou-se. Como as economias do
							mundo arrefeceram, a procura de petróleo declinou. Para a surpresa de
							quase toda a gente, os preços do petróleo caíram de
							aproximadamente US$150 por barril para menos de US$40. Com os preços da
							gasolina nos EUA a retraírem-se para o que geralmente era considerado
							como níveis toleráveis e a as ameaças económicas
							avassaladoras, não é de admirar que o pico petrolífero
							ficasse em banho-maria na consciência pública.
 
 O mundo está agora num período de caos económico
							monumental. As pessoas estão desorientadas e inseguras acerca do que
							fazer para restaurar as suas economias. Muitos economistas, financeiros e
							executivos sérios são avessos até a prever quando
							poderá começar uma recuperação económica.
							Agora é mais fácil para mim entender como os meus pais e
							avós se terão sentido na década de 1930.
 
 
  Mas o problema do pico petrolífero não desapareceu. A
							produção mundial de combustíveis líquidos atingiu
							um planalto 
							
								(plateau)
							
							em meados de 2004 e tem flutuado dentro de uma amplitude relativamente
							estreita apesar dos poderosos esforços para aumentar a
							produção mundial. Em meados de 2008, beneficiando do trabalho de
							Campbell, Laherrere, Skrebowski, Aleklett, Simmons, Robelius, Gilbert, Bentley,
							Al Husseini, Deffeyes, Koppelaar, Birol e outros, cheguei a acreditar que a
							produção mundial de líquidos podia permanecer no planalto
							existente durante os 2 a 5 anos seguintes e então entrar num
							declínio de 3 a 5 por cento ao ano. 
 Recentemente a OPEP reduziu a produção de petróleo numa
							tentativa de impedir o declínio do preço. Como podem as suas
							reduções atrasar o início do declínio mundial da
							produção de combustíveis líquidos? Assumindo o
							modelo planalto e cinco anos para o início do declínio, cada
							milhão de barris por dia de produção de petróleo
							retida "compra" aproximadamente três semanas de prazo, de modo
							que uma redução firme e contínua de digamos quatro
							milhões de barris por dia ao longo de cinco anos por resultar num
							adiamento do início do declínio da produção mundial
							de petróleo de talvez uns três meses.  Não é
							demasiado.
 
 Estamos agora num período de grande desorientação humana,
							mas a geologia não se torna desorientada numa escala de tempo humana. O
							iminente problema do pico petrolífero agora pode estar ausente da
							generalidade dos media e da consciência pública, mas não
							desapareceu. Faríamos bem em continuar estudos significativos do pico
							petrolífero e da sua amenização durante este
							período de acalmia. Mais estudos de opções
							práticas, físicas e administrativas, são
							necessários. Refazer totalmente nossas cidades e sistemas de transportes
							são objectivos admiráveis, mas exigirão um tempo
							extremamente longo. Nesse meio tempo, temos relativamente pouco pensamento em
							profundidade acerca do que podemos fazer quando a vontade de actuar subitamente
							aparecer. Precisamos melhores análises sobre opções tais
							como racionamento (como fazê-lo), partilha de carros (como
							forçá-lo e policiá-lo), telecomutação (como
							fazer com que isto aconteça), implementar rapidamente EOR, CTL,
							óleo de xisto, etc (a rotina habitual não funcionará),
							etc. Entre este momento e a activação, podemos desenvolver
							cuidadosamente opções de amenização planeada para
							quando as pessoas estiverem prontas a começar seriamente a amenizar o
							problema do pico petrolífero. Trabalhar sobre soluções
							práticas representa um objectivo ambicioso.
 
 
								16/Fevereiro/2009
							Do mesmo autor: A necessidade do planeamento a fim de amenizar as consequências da produção máxima mundial de petróleo
								
								 A mãe de todas as crises de energia
								
								 O pico da produção mundial de petróleo:  impactos, amenização & gestão de riscos
 
 [*]
								Conselheiro Senior de Energia no MISI. Anteriormente foi administrador
								assistente da ERDA, EPRI VP, ARCO VP dos EUA, e presidente da
								Secção de Sistemas de Energéticos e Ambientais na Academia
								Nacional dos EUA. Foi o autor principal de
								 Peaking of World Oil Production: Impacts, Mitigation, And Risk Management
  (2005), escrito para o National Energy Technology Laboratory. 
 O original encontra-se em 
								
									Peak Oil Review,
								
								 Vol. 4, Nº 6, editado pela 
								 ASPO-USA
								.
 
 Este artigo encontra-se em
								 http://resistir.info/
								.
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