Ouro é dinheiro

O que dizem os peritos?

Daniel Brebner e Xiao Fu. analistas do Deutsche Bank, acabam de divulgar um novo relatório a dizer que ouro é dinheiro (via Business Insider):

Se bem que ele seja incluído no cabaz das mercadorias, ele é de facto um meio de troca e um meio que é oficialmente reconhecido (se não utilizado publicamente como tal). Encaramos o ouro como uma forma de dinheiro oficialmente reconhecida devido a uma razão básica: ele é mantido pela maior parte dos grandes bancos centrais do mundo como uma componente das reservas.

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Daríamos entretanto mais um passo em frente e argumentaríamos que o ouro pode ser caracterizado como dinheiro "bom" em oposição ao dinheiro "mau" que seria representado por muitas das divisas fiduciárias de hoje. Ao descrever assim o ouro estamos a referir-nos à Lei de Gresham – quando um governo sobrevaloriza um tipo de moeda e subvaloriza outra, a moeda subalorizada (boa) deixará o país ou desaparecerá da circulação através do entesouramento, ao passo que a moeda sobrevalorizada (má) inundará a circulação.

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Do nosso ponto vista o meio ideal de troca deve equilibrar o paradoxo de representar valor e ao mesmo ter pequeno valor intrínseco em si mesmo. Há muito poucos meios que possam fazer isto. As divisas fiduciárias fisicamente não têm nenhum uso senão aquele que lhes é prescrito pelo governo e aceite pelo público. Que divisas fiduciárias custem pouco a produzir é de preocupação secundária e, acreditamos, bastante irrelevante para o objectivo primário.

O ouro não é nem bem de produção nem bem de consumo. Vemos a joalharia como uma forma de armazenamento ou entesouramento (a população de Portugal quase esgotou seus haveres pessoais de ouro – entesourado na forma de joalharia – tendo-os convertido para sobreviver à crise). Se o ouro tivesse uma utilização comercial significativa acreditamos que ela tornaria o metal menos atractivo como meio de troca pois o valor do metal em não importa que mercado que fosse utilizado poderia periodicamente interferir com o seu papel de meio-de-troca...

Outras características também são importantes, naturalmente, para preencher as exigências de moeda "boa": indestrutibilidade, divisibilidade, transportabilidade e aceitação universal.

Eles não são os únicos...

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, apontou em 2010:

Embora manuais escolares possam encarar o ouro como dinheiro já ultrapassado, há mercados que estão a utilizá-lo hoje como activo monetário alternativo.

O antigo presidente do Fed Alan Greenspan disse em 2009:

Os preços do ouro que saltaram acima dos US$1000 por onça esta semana estão a assinalar que investidores estão a comprar metais para precaverem-se contra declínios em divisas, disse o antigo presidente do Federal Reserve.

Os ganhos são "um fenómeno estritamente monetário", disse hoje Greenspan numa conferência sobre investimento em Nova York. A elevação de preços de metais preciosos e outras commodities são "uma indicação de uma etapa muito preliminar de um esforço de afastamento de divisas em papel", disse ele...

"O que é fascinante é a extensão em que o ouro ainda mantém o reinado sobre o sistema financeiro como fonte de pagamento de última instância", disse Greenspan.

E nós observámos em 2010:

Alan Greenspan disse na semana passada ao Council of Foreign Relations que "A moeda fiduciária não tem para onde ir excepto o ouro".

Greenspan também disse que explicações de oferta e procura que tratam o ouro como outras commodities "simplesmente não têm êxito".

Greenspan contou igualmente como, durante a II Guerra Mundial, os Aliados deslocados para o Norte da África descobriram que insistiam no ouro como pagamento de subornos. E disse:

"Se todas as divisas estão mover-se em conjunto para cima ou para baixo, a questão é: relativamente ao que? O ouro é o canário na mina de carvão. Ele assinala problemas em relação aos mercados de divisas. Os bancos centrais deveriam prestar-lhe atenção".

Em Março último o antigo economista chefe da Merrill Lynch, David Rosenberg, escreveu:

"A melhor divisa pode ser ouro físico...

O Phoenix Capital Research argumenta que os próprios bancos centrais estão a carregar-se de ouro porque sabem que toda a fraude da moeda fiduciária em breve entrará em colapso.

Na verdade , é a divisa fiduciária – e não o ouro – que está numa bolha .

Como Bill Gross , o rei dos títulos, disse recentemente:

O ouro não pode ser reproduzido. Ele poderia certamente ser extraído do solo a uma taxa acrescida mas há uma quantidade limitada de ouro.

E tem havido uma quantidade ilimitada de papel moeda ao longo dos últimos 20 a 30 anos e ainda mais agora – neste período de expansão do banco central com o QE1 ou QE2, ou as LTRO s do BCE ou este novo programa potencial... então os bancos centrais estão a seu bel prazer basicamente a imprimir dinheiro.

O ouro é uma commodity estável com uma considerável armazenagem de valor que o papel moeda não tem...

Quando um banco central começa a preencher cheques e a imprimir moeda aos milhões de milhões (trillions) de dólares, é melhor tem alguma coisa tangível que não possa ser reproduzida, tal como ouro.

Esqueça a teoria...

Mas esqueça toda a teoria. Estarão realmente as pessoas a aceitar ouro como moeda?

Utah declarou que moedas de ouro são dinheiro .

A CNN informou em Fevereiro:

Um número crescente de estados está à procura de novas divisas reluzentes feitas de prata e ouro.

Preocupados pelo facto de o Federal Reserve e o US dólar estarem à beira do colapso, legisladores de 13 estados, incluindo Minnesota, Tennessee, Iowa, Carolina do Sul e Geórgia estão a pedir aprovação dos seus governos estaduais para ou emitir a sua própria divisa alternativa ou explorá-la como uma opção.

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Ao contrário de comunidades individuais, às quais é permitido criar a sua própria divisa – desde que ela seja facilmente distinguível dos US dólares – a Constituição proíbe os estados de imprimirem o seu próprio papel moeda ou emitirem a sua própria divisa. Mas permite ao estados fazerem "proposta de pagamento de dívidas em moedas de ouro e prata".

O Financial Times informou em 2010:

O Intercontinental Exchange, o grupo da bolsa de futuros dos EUA, seguiu o rival CME Group ao permitir que a sua câmara de compensação europeia aceitasse barras de outro como colateral de transacções.

O JP Morgan aceita barras de ouro como colateral.

O mesmo faz Donald Trump .

A China está a pagar petróleo com ouro . A Índia provavelmente também está a fazê-lo .

E bancos centrais estão a considerar a permissão a bancos para manterem um fundo próprio de ouro como activo livre de risco (tier 1).

Advertências: Cuidado com contas não alocadas, contas junto a grandes bancos , ouro em forma papel e tungsténio (ver isto , isto , isto e isto ).

Finalmente, note que Franklin Dellano Roosevelt não foi o único líder a confiscar ouro. Na dinastia Yuan, seis séculos antes – numa tentativa para impulsionar sua divisa fiduciária e impedir inflação desenfreada – o governo chinês tentou proibir todas as transacções ou a posse de prata ou ouro, os quais tinham de ser entregues ao governo . A China pôs fora da lei a posse de prata por várias vezes desde então e acabou de levantar a proibição mais recente.