Euro eleições: À procura do presidente
Nemo
O Parlamento Europeu está no período mais produtivo do seu ciclo
de quatro anos. Ao invés de continuar a acrescentar mais regras
opressivas, muitos políticos agora estão em campo à
procura da reeleição para o ridículo comboio da alegria
entre Bruxelas e Estrasburgo.
Assim, durante pelo menos dois meses a cada quatro anos, os europeus são
poupados à indignidade de mais regulamentações meticulosas
e
inúteis que destroem o emprego e a economia.
Milhares de candidatos nos 28 países estão a caçar uma
oportunidade rica em recursos (isto é, sobrecarregada com despesas) para
administrar meticulosamente a indigência da Europa. A apatia da UE
continua a acelerar-se: desde a introdução de
eleições directas, em 1979, o comparecimento de eleitores tem
estado em declínio contínuo.
As eleições pan-europeias do fim de Maio verão um vasto
panorama de apatia de leste a oeste, apesar de desesperadas tentativas
federalistas para despertar interesse. Num estratagema oco para criar impulso
eleitoral, os três principais grupos políticos nomearam candidatos
para um dos postos designado como
"presidente"
dentro da estarrecedora burocracia irresponsável de Bruxelas (os outros
grupos parlamentares sensatamente ridicularizaram a ideia).
Pelo menos uma forma de euro-harmonização já foi
alcançada. Todos os três iludidos candidatos
"presidenciais"
são basicamente impossíveis de distinguir entre si. Como
demonstram
numerosos vídeos online, a maior parte dos europeus não consegue
reconhecer qualquer deles.
SERÃO O MESMO HOMEM?
Portanto uma forma de falsa eleição presidencial está a
ser combatida por três pessoas que, francamente (nunca os tendo visto
juntos na mesma sala), suspeito serem o mesmo homem. Estes tediosos e
insípidos candidatos fazem uma cara alegre ao facto de
ninguém alguma vez ter ouvido deles falar . São tão
semelhantes que a diferença entre si é da espessura de um papel
de cigarro. (N.B. A sentença anterior está em clara
violação das ordenações da UE pois poderia ser
interpretada como promoção do tabaco e também,
horrendamente, o endosso a uma mensuração alternativa ao sistema
métrico). Quanto a políticos clássicos das terras baixas
Europa, seja qual for a sua posição numa escala esquerda-direita,
são incluídos na categoria comum da Eurofilia (são todos
corporativos: acrescentam um "grande" a qualquer coisa. Bem, excepto
"crescimento"
).
CREDO TOTALITÁRIO
E, sobretudo, todos eles subscrevem um credo totalitário abrangente:
seja qual for a questão em causa, a única solução
é mais Europa.
Uma vez que esta eurofilia cada vez mais demente proporcionou duas
décadas de desempenho europeu inferior ao da Ásia
ou da América do Norte, aqueles a quem resta um pouco de sanidade
económica só podem encarar a necessidade de uma mudança
de plano. Contudo, apesar disso, a única solução gravada
firmemente nas células cerebrais dos eurófilos é: mais
Europa. A resistência é fútil.
Ou talvez não.
De modo não surpreendente, muitos eleitores, atolados no imobilismo da
UE do norte ou na depressão do Euro no sul, consideram que a Europa
não está a funcionar.
Deste trio de candidatos à presidência o principal é Martin Schulz, um desvairado eurófilo de
centro-esquerda da velha escola das tradições socialistas, o
qual, como o comprovadamente liberal ainda mais fundamentalista Guy
Verhofstadt, está continuamente a combater uma guerra que só ele
percebe contra a intolerância nacionalista. A parte complicada
é quão intolerantes são quando se deparam com qualquer das
muitas críticas justificáveis contra a fetidamente corrupta
máquina do Euro. Se isso soa semelhante a uma descida a
memoráveis dogmas totalitários, então longe de mim
discordar.
Ao longo do Sarre alemão temos o (quase obrigatório) alinhamento
dos antigos primeiros-ministros belga e luxemburguês: Guy Verhofstadt e
Jean-Claude Juncker respectivamente. Cada um deles está no centro de uma
charada/presunção eleitoral: a ziguezaguear pela Europa em
campanha por uma presidência que será finalmente decidida num
daqueles opulentos jantares em que líderes nacionais tradicionalmente
suspendem a democracia e é instalado o sistema
Buggins'turn
[1]
de representação proporcional a fim de distribuir os postos
chave.
A meritocracia é muitíssimo secundária para a eurofilia de
Bruxelas, como se verifica através de Cathy Ashdown
[2]
da Grã-Bretanha, cuja
ocupação da pasta dos negócios estrangeiros foi uma
piada. Ignorando o voto "popular",
espera-se que os vários presidentes sejam escolhidos por trás das
habituais portas fechadas, como a sra. Merkel já sugeriu claramente.
Os leitores perspicazes poderão perguntar-se como o crescente
eurocepticismo influenciará o novo parlamento. Numa pancada directa
contra a democracia, aplicar-se-ão as regras habituais da UE: ignorar o
problema, ridicularizar as queixas e pressionar por mais Europa! Uma vez que a
resposta é sempre
"Mais Europa!",
os três partidos principais suspenderão diferenças
ideológicas esquerda-direita para concentrarem-se no seu estado
único de ilusão.
Uma vez que o Parlamento Europeu poderia ser 25%, ou mesmo 30%, explicitamente
crítico se não absolutamente céptico dos
enormes fracassos da UE, os leitores podem perguntar como é que a UE
afirma ter alguma ligação remota com a democracia que pretende
impingir aos outros quando o seu próprio processo tornou-se uma
fantochada.
Enquanto isso a Europa continua a desbaratar dinheiro dos contribuintes na
busca do Presidente Ninguém.
29/Abril/2014
NT
[1] Buggings'turn: Sistema pelo qual nomeações ou prémios
são por rotação e não por mérito.
[2] A propósito da sra. Ashton, ver
Catherine Ashton: Vítima do sistema de ensino superior de Bolonha
[*]
Perito em mercados financeiros globais.
O original encontra-se em
rt.com/op-edge/155564-euro-elections-candidate-ridiculous/
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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