O jogo acabou. Não haverá retomada.
por Michael Hudson
[*]
entrevistado por Mike Whitney
Mike Whitney: O presidente do Fed, Bernanke, tem estado em grande actividade
ultimamente: fez três discursos nas últimas duas semanas. Em toda
oportunidade que encontra ele fala duramente acerca do dólar forte e de
"manter a linha" contra a inflação. O
secretário do Tesouro, Henry Paulson, disse mesmo que a
"intervenção" nos mercados de divisas ainda era uma
opção. Será toda esta lavagem cerebral apenas
preparação para o combate a fim de livrar o dólar do
mergulho, ou haverá uma possibilidade de que Bernanke venha realmente a
elevar as taxas na reunião de Agosto do Fed?
Michael Hudson: Os Estados Unidos sempre pilotaram a sua política
monetária quase exclusivamente em função de objectivos
internos. Isto significa ignorar a balança de pagamentos. Tal como a
própria economia interna dos EUA, o sistema financeiro global
também faz tudo para conseguir um almoço gratuito. Quando a
Europa e a Ásia recebem excesso de dólares, estes são
entregues aos seus bancos centrais, os quais têm pouca alternativa
excepto reciclá-los de volta para os Estados Unidos pela compra dos seus
Títulos do Tesouro. Os governos estrangeiro e os seus
contribuintes estão portanto a financiar o défice do
orçamento federal interno dos EUA, o qual deriva em grande parte da
guerra no Iraque a que a maior parte dos eleitores estrangeiros se opõem.
Sustentar a taxa de câmbio do dólar pelo método tradicional
de elevar as taxas de juro teria um efeito muito negativo sobre os mercados de
acções e de títulos e sobre o mercado
hipotecário. Isto levaria investidores estrangeiros a vender
títulos americano, e provavelmente acabaria mais por prejudicar do que
por ajudar a balança de pagamentos dos EUA e portanto a taxa de
câmbio do dólar.
Assim, Bernanke está meramente a ser polido ao não esfregar na
cara de governos europeus e asiáticos o facto de que, a menos que
estejam dispostos a efectuar uma ruptura estrutural e mudar o sistema
monetário mundial radicalmente, eles permanecerão impotentes para
evitar dar rédea solta aos Estados Unidos o que inclui
rédea solta aos seus gastos militares e à guerra no Oriente
Próximo.
Mike Whitney: Como é que explica o preço do petróleo em
ascensão? Será principalmente uma questão de oferta e
procura ou são especuladores que estão a elevar os preços?
Michael Hudson: É verdade que enormes quantias de crédito
especulativo estão a ir para fundos indexados a commodities. Mas
mantenha em mente que à medida que o dólar deprecia os
países da OPEP tem estado a conter a oferta sobretudo a fim de
estabilizar as suas receitas em euros e compensar as suas perdas nos
títulos em dólares que compraram com as suas
exportações efectuadas no passado. Durante mais de 30 anos eles
foram pressionados a reciclar seus rendimentos do petróleo nos mercados
de acções americano e em empréstimos a
instituições financeiras americanas. Eles tiveram grandes perdas
nestes investimentos (tal como o dinheiro para a salvação do
Citibank no ano passado), e estão a tentar receber de volta via mercado
do petróleo, Os responsáveis da OPEP também destacaram um
motivo político: Ressentem-se da intrusão militar da
América no Médio Oriente, especialmente tendo em vista quanto
esta contribui para défice da balança de pagamentos do
país e para o défice do orçamento federal.
A imprensa dos EUA prefere culpar o crescimento chinês, indiano e de
outros estrangeiros pela procura de petróleo e matérias-primas.
Esta procura contribuiu para a ascensão do preço, não
há dúvida quanto a isto. Mas as principais empresas
petrolíferas dos EUA estão a receber um benefício
económico inesperado com os preços a ganharem velocidade e
não estão de todo infelizes em vê-lo continuar. Ao
não construir mais capacidade de refinação e transporte
marítimo, elas criaram pontos de estrangulamento de modo que mesmo se
países estrangeiros fornecessem mais petróleo bruto isto
não seria reflectido nos preços da gasolina refinada, do
querosene ou de outros produtos a jusante.
Mike Whitney: O Fed cedeu mais de US$200 mil milhões em Títulos
do Tesouro americano a grandes bancos de investimento em troca de uma vasta
variedade de colaterais duvidosos (principalmente títulos apoiados por
hipotecas). Como podem os bancos esperar reembolsar o Fed quando as suas
principais fontes de rendimento (investimentos estruturados) foram eliminadas?
Estarão os bancos a utilizar secretamente o dinheiro que tomaram
emprestado via reposições do Fed para se dedicarem ao
comércio de divisas
(carry trade)
[1]
] ou especular nos mercados de futuros?
Michael Hudson: A ideia do Fed era meramente comprar tempo suficiente para os
bancos venderem as suas hipotecas lixo ao proverbial "louco ainda
maior". Mas os investidores estrangeiros não estão mais a
desempenhar este papel, nem tão pouco os fundos de pensão
internos dos EUA. Assim, o resultado mais provável para o Fed
será simplesmente "rolar"
(roll over)
os seus empréstimos como se o problema pudesse ser curado dando
ainda mais tempo.
Mas quando uma bolha explode, o tempo torna as coisas ainda piores. O sector
financeiro tem estado a viver no curto prazo por um espaço de tempo
considerável e suspeito que muitos administradores da moeda planeiam
caírem fora ou serem despedidos agora que o jogo acabou. E realmente
está acabado. A tentativa do Tesouro de reflacionar o mercado
imobiliário não funcionou, e não pode funcionar. As
hipotecas atrasadas, os incumprimentos e os arrestos estão em
crescimento, e muita propriedade tornou-se invendível excepto a
preços aflitivos que deixam os proprietários das casas com saldo
líquido negativo. Este estado de coisas leva-os a fazer exactamente
aquilo que
Donald Trump
faria em tal situação: fugir da sua propriedade.
Os bancos estão a tentar obter de volta a suas perdas através de
operações de arbitragem, tomando emprestado do Fed a uma taxa de
juro baixo e concedendo empréstimos a uma mais alta, e a jogar nas
opções. Mas as opções e os derivativos são
um jogo de soma zero: o ganho de uma parte é a perda da outra. Assim,
os bancos colectivamente estão simplesmente a posicionar-se num canto
mais profundo. Eles esperam poderem dizer ao Fed e ao Tesouro para
mantê-los a salvo ou do contrário cairão e custarão
ao Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) ainda mais dinheiro para
consertar ou para assegurar as "poupanças más" que
foram dirigidas para estas dívidas podres e más apostas.
O Fed e o Tesouro certamente parecem mais desejosos de salvar as grandes
instituições financeiras do que em salvar os poupadores,
pensionistas, beneficiários da Segurança Social e outros peixes
miúdos. Eles portanto seguem o princípio tradicional "Peixe
grande come peixe pequeno", ou seja, de favorecer os interesses
estabelecidos.
Mike Whitney: Segundo a maior parte das estimativas, o Fed já
ultrapassou metade ou mais dos US$900 mil milhões do seu balanço.
Também, segundo os dados
H.4.1
mais recentes, "os actuais haveres em Títulos do Tesouro são
de US$25 mil milhões. Isto é baixo em relação aos
cerca de US$250 mil milhões de um ano atrás, ou uma
redução líquida de 90 por cento" (número de
Market Ticker). Isto não sugere que o Fed está prestes a ficar
sem poder de fogo quando vem salvar o sistema bancário em dificuldade?
Para onde iremos nós a partir daqui? Será que a algum dos
maiores bancos será permitido falir ou serão eles nacionalizados?
Michael Hudson: Você precisa ver o que o Tesouro e também o Fed
estão a fazer. O Fed pode monetizar tudo o que quiser. E como
você destacou muito bem na pergunta anterior, tem estado a comprar
títulos lixo a fim de deixar Títulos do Tesouro sãos nos
balanços do sistema bancário. O crédito de
salvação do governo manterá os grandes bancos vivos. Mas
muitos pequenos bancos regionais irão abaixo e serão fundidos em
bancos maiores assim como muitas firmas de corretagem nas últimas
décadas foram fundidas em conglomerados maiores.
Prestações de contas falsas também ajudarão as
instituições financeiras a evitarem a aparência de
insolvência. Elas procurarão cada vez mais garantias do governo,
ostensivamente para ajudar depositantes da classe média mas realmente
para favorecer os grandes especuladores que são os seus principais
clientes.
O que estamos a assistir é a criação de uma oligarquia
financeira altamente concentrada precisamente o poder que o
Glass-Steagall Act
pretendia impedir. Uma combinação de desregulação
e salvações com "perigo moral" para o topo da
pirâmide económica, não para a base
polarizarão toda a economia ainda mais.
Cidades e estados preservarão suas classificações de
crédito através da anulação das suas
obrigações de pensão para com trabalhadores do sector
público, e da elevação dos impostos sobre o consumo
mas não dos impostos sobre a propriedade. Estes já caíram
de cerca de dois terços dos orçamentos locais em 1930 para apenas
cerca de um sexto hoje isto é, um declínio de 75 por
cento, proporcionalmente. Enquanto o fardo da dívida e o esmagamento do
rendimento pessoal disponível está a pressionar os trabalhadores,
as finanças e a propriedade estão a utilizar a crise para obter
um maná de alívios fiscais. Os Democratas no Congresso
estão muito mais à direita do que George Bush quanto a isto, pois
a sua base é a política local e o imobiliário.
Mike Whitney: Segundo o Financial Times, "Analistas no Citigroup disseram
que um planeado endurecimento das regras respeitantes a veículos fora do
balanço forçaria os bancos a reconsiderar
disposições e poderia resultar em mais de US$5000 mil
milhões de activos a retornarem à contabilidade. Os
veículos fora do balanço foram utilizados pelas
instituições financeiras para manter alguns activos fora dos seus
balanços, evitando dessa forma a necessidade de manter capital
regulamentar em contrapartida deles". Será que há alguma
forma de os bancos poderem descobrir investidores com "bolsos bastante
profundos" para proporcionarem o capital de que precisam para cumprir as
exigências em relação a US$5 milhões de
milhões (trillion)? Será a maior parte destes activos fora do
balanço constituída por títulos apoiados por hipotecas e
títulos de valor duvidoso?
Michael Hudson: A prática da contabilidade fora do balanço
já se tornou obsoleta este ano. Os Estados Unidos estão a
adoptar a prática normal da Europa do "covered bond" do
passivo da sede do banco para hipotecas e outros empréstimos. (
The Wall Street Journal
publicou um bom artigo sobre isto em 17 de Junho, antecipando que o mercado
americano dos títulos cobertos pode ascender rapidamente para US$1
milhão de milhões já no próximo ano.)
Esta cobertura é o que tem dado protecção aos bancos
europeus. Em vista das pesadas perdas de bancos alemães da
Saxónia e de Dusseldorf no mercado americano dos subprime durante o
Verão passado, é improvável que investidores venham a
comprar hipotecas em que nenhum grande banco ou agência governamental
esteja por trás.
Quanto a mais salvações de investidores, não vejo que
faça sentido hoje tomar dinheiro emprestado de um banco sem obter
tratamento preferencial em relação aos possuidores existentes,
mais colaterais seguros. As garantias do governo podem ajudar, especialmente
para investidores estrangeiros. Mas então, o mergulho do dólar
será o problema.
Mike Whitney: Muitos dos gurus financeiros tal como Henry Paulson
continuam a asseverar-nos na TV que o pior já está para
trás, mas não vejo isto. Os arrestos estão a aumentar, o
dólar está a cair, o desemprego está em ascensão,
alimentos e combustível estão a subir, e os consumidores
apoiam-se nos seus cartões de crédito, empréstimos de
estudantes e pagamentos de casa. Onde é que diria que estamos no ciclo
actual? O que será preciso para recuperar do actual afundamento?
Será que o mercado de acções levará uma pancada
antes de tudo isto estar ultrapassado? O que pensa que é o maior
problema com que a economia se confronta, a inflação ou a
deflação?
Michael Hudson: A ideia de que estamos mesmo num business "cycle"
é assobiar no escuro. Se estivéssemos num ciclo, então
isto implicaria que há uma recuperação automática
na forja. Esta ideia do livre-mercado feliz foi desenvolvida no National
Bureau of Economic Research por opositores à política
regulatória governamental. Mas a economia não se move como a
curva de um senóide. Há um crescimento vagaroso e um mergulho
súbito, de modo que o perfil é denteado. Eis porque os
escritores do século XIX não falavam de ciclos económicos
e sim, ao contrário, de crises financeiras periódicas.
O mergulho dos preços do imobiliário e do mercado de
acções hoje não é um fluxo e refluxo auto-corrector
no qual depressões põem em movimento estabilizadores
automáticos que produzem recuperação. Cada
recuperação americana a partir da II Guerra Mundial arrancou a
partir de um nível de endividamento mais elevado. O resultado é
como conduzir um carro com os travões pressionados cada vez mais
duramente. Alan Greenspan no Federal Reserve inundou o sistema bancário
com crédito suficiente para permitir que dívidas fossem
continuadas pela concessão de empréstimos contra os preços
em ascensão das casas e edifícios de escritórios,
acções e títulos de corporações. Com
efeito, o encargo do juro foi simplesmente acrescentado ao balanço da
dívida.
Mas hoje, as perspectivas são turvas quanto à
liquidação das dívidas dos novos ganhos de preços
nas casas e no imobiliário. Os especuladores afastaram-se do mercado
e no fim de 2006 eles representavam cerca de um sexto das novas compras.
A inflação de preços de activos alimentada pelo Federal
Reserve que está a abrir caminho para a deflação da
dívida. Os Estados Unidos e outros países atingiram um limite no
qual o juro e a amortização previstos absorvem todo o excedente
económico de um tão grande número de indivíduos,
companhias e corpos governamentais que nova construção,
investimento e emprego estão a pulverizar-se numa travagem.
Famílias, investidores imobiliários e companhias são
obrigados a utilizar todo o seu rendimento disponível a fim de pagar os
seus credores ou enfrentar a bancarrota. Isto os deixa sem dinheiro suficiente
para sustentar os padrões de vida dos últimos anos.
Isto significa que não haverá um ressalto, e levará mais
tempo do que o ano 2009 para recuperar.
Mike Whitney: Leio cerca de oito ou nove artigos por dia acerca do colapso na
habitação. Sempre digo à minha esposa que é como
ler um romance de Tom Clancy, excepto que o final é incerto. Como o
economista de Yale Robert Schiller destacou no mês passado, o
declínio nos preços agora é maior do que durante a Grande
Depressão. Os preços encontrarão um piso em 2009 ou
será preciso mais tempo? Se os preços continuarem a cair,
então como os bancos irão vender as centenas de milhares de
milhões de dólares de títulos apoiados por hipotecas que
actualmente possuem?
Michael Hudson: Os preços continuarão a ir para baixo, porque
eles tem sido alimentados pelo mergulho das taxas de juro, das hipotecas com
amortização zero e dos baixos ou zero (ou até negativos)
pagamentos iniciais nos últimos anos. Esse mundo terminou.
Isto significa que os bancos não podem vender seus títulos
apoiados por hipotecas excepto ao governo. As perdas reais são
muito piores do que as actuais estatísticas de preços mostram,
porque muitas pessoas estão congeladas com saldos líquidos
negativos. Assim, ao invés de declínios de preços,
veremos simplesmente muito mais arrestos.
Mike Whitney: Quão séria e a actual crise nos mercados
financeiro e habitacional e que passos pensa você que Obama ou McCain
deveriam tomar para estabilizar os mercados, reduzir os défices,
fortalecer o dólar, aumentar o emprego e colocar a economia sobre uma
base sólida? Será possível ter uma economia forte sem
políticas que distribuam a riqueza da nação mais
equitativamente? Como conselheiro económico do deputado Dennis
Kucinich, que conselho daria a Obama para restaurar a vitalidade
económica da América e colocar o país no caminho certo
outra vez?
Michael Hudson: Em termos económicos académicos, a
América nunca esteve numa posição tão
"óptima" como está hoje. Essa é a má
notícia. Uma posição óptima é,
matematicamente falando, uma na qual você não se pode mover sem
tornar a sua situação pior. Esta é a
posição em que estamos hoje. Não há nenhum
espaço para nos movermos pelo menos dentro da estrutura
existente. "O mercado" não pode ser estabilizado, porque
seria artificial começar com isso, com base em preços
fictícios. É difícil impor a ficção sobre a
realidade por muito tempo, e o resto do mundo acordou.
Em tempos passados, a bancarrota teria varrido as dívidas podres. O
problema com anulações de dívidas é que as
poupanças más também vão para as
administrações. Mas hoje, os muito ricos possuem a maior parte
das poupanças, de modo que o governo não quer que eles sofram uma
perda. Ele preferiria varrer pensionistas, consumidores, trabalhadores,
companhias industriais e investidores estrangeiros. Assim as dívidas
serão mantidas no livros da contabilidade e a economia será
estrangulada vagarosamente pela deflação da dívida.
Os EUA não podem reduzir o défice da balança de pagamentos
sem desescalar os seus gastos militares externos. O Congresso está a
recusar deixar que governos estrangeiros invistam no lixo de alto preço
daqui, de modo que os bancos centrais estão a tratar o dólar como
uma batata quente, a tentar comprar activos estrangeiros que possam desempenhar
um papel no seu próprio desenvolvimento económico futuro.
Penso que em algum momento Obama terá de contar ao público a
má notícia de que restaurar a vitalidade exigirá medidas
radicais provavelmente algumas que o Congresso tentará diluir
tanto que as coisas irão ficar piores muito piores antes
que as reformas necessárias sejam feitas. Ele pode dizer isto antes de
tomar posse, culpando os republicanos pelas suas políticas fiscais
regressivas e ao mesmo tempo fazendo pressão sobre o novo Congresso
democrata para proceder a um retorno à fiscalidade progressiva e uma
reestruturação financeira séria. Como presidente, ele
terá de fazer o que Franklin Dellano Roosevelta fez, e desafiar a
oligarquia financeira com novas agências regulatórias
governamentais formadas por reguladores reais, não desreguladores como
sob o regime Bush-Clinton-Bush.
Ele deveria fazer com que os grandes depositantes e "poupadores"
assumissem as perdas das suas más apostas. E deveria revogar a
revogação de Clinton do Glass Steagall.
Antes de tudo, ele terá de fazer com que o sistema fiscal se torne
progressivo outra vez se é que a Segurança Social e os cuidados
de saúde devessem ser pagos pelo orçamento geral, não
através de taxas dos utilizadores. E até que esta mudança
seja feita, a retenção do
FICA
deveria ser cobrada sobre o rendimento total, sem um ponto de corte superior.
Deveria entretanto haver um ponto de corte MAIS BAIXO. Só pessoas que
ganham mais de US$60 mil por ano deveriam contribuir. Isto acabaria por ser
razoavelmente neutro do ponto de vista do rendimento. O presidente Obama
deveria dizer que esta política não é "explorar os
ricos". É fazê-los pagar a abertura do seu caminho outra vez
favorecendo uma forte classe média.
A menos que ele faça isto, aquilo que costumava ser uma democracia
será transformada numa oligarquia. E historicamente as oligarquias
têm as vistas tão curtas que elas sufocam a economia interna,
levando empresas e pessoas a emigrarem. Isto ameaça reverter a riqueza
a longo prazo da América, a qual significa literalmente um fluxo para
dentro um influxo de capital, de imigrantes qualificados e outros
trabalhadores, de tecnologia e de apoio estrangeiro. Tudo isto foi posto em
perigo pelas políticas seguidas pelo menos desde 1980.
21/Junho/2008
[1] "Carry trade": tomar empréstimos em uma moeda fraca e com
juros baixos para investir os recursos em uma moeda forte e com juros altos.
Textos de Michael Hudson em resistir.info:
Super-capitalismo, super-imperialismo e imperialismo monetário
Greenspan, o grande inflacionador de activos
A pirâmide dos US$ 4,7 milhões de milhões: a Segurança Social dos EUA & a Wall Street
Irá a Europa sofrer da síndroma suíça?
Um grande especialista revela segredos dos centros bancários offshore
Salvar a economia, desmantelar o império
US$ 1012 de resgate para os jogadores da Wall Street
[*]
Antigo economista da Wall Street especializado em balança de pagamentos
e imobiliário no Chase Manhattan Bank (agora JPMorgan Chase & Co.),
Arthur Anderson, e posteriormente no Hudson Institute (nenhum parentesco). Em
1990 ajudou a estabelecer o primeiro fundo de dívida soberana do mundo
para a Scudder Stevens & Clark. Foi Conselheiro Económico Chefe de
Dennis Kucinich
na recente campanha primária presidencial dos democratas, e aconselhou
os governos dos americano, canadiano, mexicano e lituano, bem como o United
Nations Institute for Training and Research (UNITAR). Como Professor
Investigador Emérito da Universidade do Missouri Kansas City
(UMKC), é autor de muitos livros, incluindo
Super Imperialism: The Origin and Fundamentals of U.S. World Dominance
. Email:
mh@michael-hudson.com
O original encontra-se em
http://www.counterpunch.org/whitney06212008.html
Esta entrevista encontra-se em
http://resistir.info/
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