Origem e apogeu das lumpen-burguesias latino-americanas
Elites económicas e decadência sistémica
[1]
Após a chegada de Maurício Macri à presidência em
alguns círculos académicos argentinos desencadeou-se a
reflexão acerca do "modelo económico que a direita estava a
tentar impor. Tratou-se não só de bisbilhotar os curricula vitae
de ministros, secretários de Estado e outros altos funcionários
como também, sobretudo, da avalanche de decretos que desde o primeiro
dia de governo foi precipitada sobre o país. Procurar uma
coerência estratégica nesse conjunto era uma tarefa árdua
que a cada passo se chocava com contradições que obrigavam a
abandonar hipóteses sem que se pudesse chegar a um esquema minimamente
rigoroso. A maior delas foi provavelmente a flagrante contradição
entre medidas que destroem o mercado interno para favorecer uma suposta onda
exportadora, evidentemente inviável diante do recuo da economia global.
A outra foi a subida das taxas de juro que comprimem o consumo e os
investimentos à espera de uma ilusória chegada de fundos
provenientes de um sistema financeiro internacional em crise que a
única coisa que pode oferecer é a montagem de
bicicletas especulativas
.
Alguns optaram por resolver a questão adoptando definições
abstractas tão gerais quanto pouco operacionais ("modelo
favorável ao grande capital", "restauração
neoliberal", etc), outros decidiram continuar o estudo mas cada vez que
chegavam a uma conclusão satisfatória surgia um novo facto que
deitava-lhes abaixo o edifício intelectual construído e,
finalmente, uns poucos, dentre os quais me encontro, chegaram à
conclusão de que procurar uma coerência estratégia geral
nessas decisões não era uma tarefa fácil nem tão
pouco difícil e sim simplesmente impossível. A chegada da direita
ao governo não significa a substituição do modelo anterior
(desenvolvimentista, neokeynesiano, ou como se queira qualificar) por um novo
modelo (elitista) de desenvolvimento e sim, simplesmente, o início de um
gigantesco saqueio onde cada bando de salteadores obtém o botim que
consegue no menor tempo possível e logo depois de conseguido luta por
mais à custa das vítimas mas também, se necessário,
dos seus competidores. A anunciada liberdade do mercado não significou a
instalação de uma nova ordem e sim a implantação de
forças entrópicas. O país burguês não
realizou uma reconversão elitista-exportadora, na verdade submergiu-se
num gigantesco processo destrutivo.
Se estudarmos os objectivos económicos reais de outras direitas
latino-americanas, como as da Venezuela, Equador ou Brasil, encontraremos
semelhanças surpreendentes com o caso argentino: incoerências de
todo tipo, autismos desenfreados que ignoram o contexto global assim como as
consequências desestabilizadoras das suas acções ou
"projectos" geradores de destruições sociais
desmesuradas e possíveis efeitos boomerang contra a própria
direita
[2]
. É evidente que o curtoprazismo e a satisfação de
apetites parciais dominam o cenário.
Na década de 1980, mas sobretudo nos anos 1990, o discurso neoliberal
exalava optimismo. O
"fantasma comunista
" havia implodido e o planeta ficava à disposição da
única superpotência: os Estados Unidos. O livre mercado surgia com
a sua imagem triunfalista a prometer prosperidade para todos. Como sabemos,
essa avalanche não era portadora de prosperidade e sim de
especulação financeira. Enquanto as taxas de crescimento
económico real global continuavam tendencialmente a descer desde os anos
1970 (e até à actualidade) a massa financeira começava a
expandir-se em progressão geométrica. Estavam a produzir-se
mudanças de fundo no sistema, mutações nos seus principais
protagonistas que obrigavam a uma reconceptualização. No comando
da nave capitalista global começavam a ser deslocados os burgueses
titulares de empresas produtoras de objectos úteis, inúteis ou
claramente nocivos e sua coorte de engenheiros industriais, militares
uniformizados e políticos solenes e começavam a assomar
especuladores financeiros, palhaços e mercenários desapiedados. A
criminalidade anterior medianamente estruturada começava a ser
substituída por um sistema caótico muito mais letal. Retirava-se
o produtivismo keynesiano (herdeiro do velho produtivismo liberal) e
começava a instalar-se o parasitismo neoliberal.
O conceito de lumpen-burguesia
Existem antecedentes desse conceito. Em Marx por exemplo, quando descrevia a
monarquia orleanista da França (1830-1848) como um sistema sob a
dominação da aristocracia financeira, assinalando:
"No topo da sociedade burguesa propagou-se a licenciosidade para a
satisfação dos apetites mais malsãos e desordenados, que a
cada passo se chocavam com as próprias leis da burguesia, licenciosidade
na que, pela lei natural, vai procurar a sua satisfação na
riqueza procedente do jogo, licenciosidade pela qual o prazer se converte em
crapulência e no qual confluem o dinheiro, o lodo e o sangue.
A aristocracia financeira, tanto nos seus métodos de
aquisição como nos seus prazeres, não é mais que o
renascimento do lumpen-proletariado no topo da sociedade burguesa"
[3]
Nesse enfoque, a aristocracia financeira surgia claramente diferenciada da
burguesia industrial, classe exploradora inserida no processo produtivo.
Tratava-se, segundo Marx, de um sector instalado na cúpula da sociedade
que conseguia enriquecer-se
"não mediante a produção e sim mediante o escamoteio
da riqueza alheia já criada"
[4]
. Localizemos a referida descrição no contexto do século
XIX europeu ocidental marcado pela ascensão do capitalismo industrial
onde essa aristocracia, navegando entre a usura e o saqueio, surgia como uma
irrupção historicamente anómala destinada a ser
substituída cedo ou tarde pelo avanço da modernidade. Marx
assinalava que no final do ciclo orleanista
"A burguesia industria via seus interesses em perigo, a pequena-burguesia
estava moralmente indignada, a imaginação popular se sublevava.
Paris estava inundada de panfletos: "A dinastia dos Rothschild",
"Os usurários, reis da época", etc, nos quais se
denunciava e anatematizava, com mais ou menos engenho, a
dominação da aristocracia financeira"
[5]
.
Torna-se notável ver aparecer os Rothschild como
"usurários", imagem claramente pré-capitalista, quando
nas décadas que se seguiram e até a Primeira Guerra Mundial
simbolizaram o capitalismo mais refinado e moderno. Karl Polanyi idealizava-os
como peça chave da
Haute Finance
europeia, instrumento decisivo, segundo ele, no desenvolvimento equilibrado do
capitalismo liberal, cumprindo uma função harmonizadora
colocando-se acima dos nacionalismos, atando compromissos e negócios que
atravessavam as fronteiras estatais acalmando assim as disputas
inter-imperialistas. Descrevendo a Europa das últimas décadas do
século XIX Polanyi explicava que
"os Rothschild não estavam sujeitos a um governo; como uma
família, incorporavam o princípio abstracto do internacionalismo;
sua lealdade era entregue a uma firma, cujo crédito havia-se convertido
na única conexão supranacional entre o governo político e
o esforço industrial numa economia mundial que crescia com rapidez"
[6]
.
O que para Marx era uma anomalia, um resto degenerado do passado, para Polanyi
era uma peça chave da
"Pax Europeia",
do progresso liberal do Ocidente rompido em 1914. A permanência dos
Rothschild e dos seus colegas banqueiros durante todo o longo ciclo do arranque
e consolidação industrial da Europa demonstrou que não se
tratava de uma anomalia e sim de uma componente parasitária
indissociável (ainda que não hegemónica nesse ciclo) da
reprodução capitalista. Por outro lado, o estalar de 1914 e o que
se seguiu desmentiu a imagem de cúpula harmonizadora, estabelecendo
acordos, negócios que impunham equilíbrios. Seus refinamentos e
seu aspecto "pacificador" faziam parte de um jogo duplo mas muito
rentável. Por um lado alentavam de maneira discreta toda classe de
aventuras coloniais e ambições nacionalistas, como por exemplo as
corridas armamentistas (e de imediato apresentavam a factura) e por outro
acalmavam-nas quando ameaçavam produzir desastres. Mas essa
sucessão de excitantes e calmantes aplicadas a monstros que absorviam
drogas cada vez mais fortes terminou como tinha que terminar: com uma
gigantesca explosão sob a forma de Primeira Guerra Mundial.
O conceito de
"lumpen-burguesia"
surge pela primeira vez em fins dos anos 1950 atravé de alguns textos
de "Ernest Germain", pseudônimo empregue por Ernet Mandel, ao
referir-se à burguesia do Brasil que o autor considerava uma classe
semi-colonial,
"atrasada",
não completamente
"burguesa"
(no sentido moderno-ocidental do termo). Foi retomado mais adiante, nos anos
1960-1970, por André Gunder Frank, generalizando-o às burguesias
latino-americanas
[7]
. Tanto Mandel como Gunder Frank estabeleciam a diferença entre as
burguesias centrais: estruturadas, imperialistas, tecnologicamente refinadas, e
as burguesias periféricas, subdesenvolvidas, semi-coloniais,
caóticas, enfim:
lumpen-burguesias
(burguesias degradadas).
Mas esse esquema começou a ser desmentido pela realidade a partir dos
anos 1970 com o declínio do keynesianismo produtivista e seus
acompanhantes reguladores e integradores. Desencadeou-se o processo de
transnacionalização e financiarização do
capitalismo global que a partir dos princípios dos anos 1990 (com a
implosão da URSS e a aceleração da entrada da China na
economia de mercado) adquiriu um ritmo desenfreado e uma extensão
planetária. Enquanto se desacelerava a economia produtiva crescia
exponencialmente a especulação financeira. Um dos seus
componentes principais, os
produtos financeiros derivados,
equivaliam a umas duas vezes do Produto Mundial Bruto no ano 2000 e em 2008
já representava umas 12 vezes do Produto Mundial Bruto. Por sua vez, a
massa financeira global (derivados e outros papeis) equivalia nesse momento a
umas 20 vezes do Produto Mundial Bruto. Hegemonia financeira esmagadora que
transformou completamente a natureza das elites económicas do planeta, a
desregulamentação (ou seja, a violação crescente de
todas as normas), o curtoprazismo, as dinâmicas predadoras, foram os
comportamentos dominantes produzindo velozes concentrações de
rendimentos tanto nos países centrais como nos periféricos,
marginalizações sociais, deteriorações
institucionais (incluídas as crises de representatividade).
Tudo isso agravou-se a partir da crise financeira de 2008, confirmando a
existência de uma
lumpen-burguesia global dominante
(resultado da decadência sistémica geral) cujos hábitos de
especulação e saqueio enlaçam-se com ascensões
militaristas que potenciam a sua irracionalidade. Os Estados Unidos
encontram-se no centro dessa perigosa fuga para a frente. A escalada militar no
Leste da Europa, Médio Oriente e Ásia do Leste, acompanhada por
sintomas claros de descontrole financeiro em que, por exemplo, o Deutsche Bank
acumula actualmente uns 75 milhões de milhões de dólares
em produtos financeiros derivados
[8]
, papéis altamente voláteis que em 2015 representavam umas 22
vezes o Produto Interno Bruto da Alemanha e umas 4,6 vez o Produto Interno
Bruto de toda a União Europeia. Do outro lado do Atlântico
só cinco grandes bancos norte-americanos (Citigroup, JP Morgan, Goldman
Sachs, Bank of America e Morgan Stanley) acumulavan derivados da ordem dos 250
milhões de milhões de dólares
[9]
, equivalentes a 3,4 vees do Produto Mundial Bruto ou então umas 14
vezes o Produto Interno Bruto dos Estados Unidos. Imaginemos as
consequências económicas globais do muito provável colapso
dessa massa de papéis. Enquanto isso o lobos grandes da Wall Street
jogam alegremente o poker, admirados por pequenas aves carniceiras da periferia
desejosas de "abrirem-se ao mundo" e participarem do festim.
América Latina
A América Latina não ficou fora dessa mutação de
carácter global. Existe um consenso bastante amplo quanto à
configuração das elites económicas latino-americanas
durante as duas primeiras etapas da "modernização"
regional (ou seja, sua integração plena no capitalismo) entre
fins do século XIX e meados do século XX:
agro-mineira-exportadora com suas correspondentes "oligarquias"
seguidas pelo chamado período (industrializante) de
substituição de importações com a emergência
de burguesias industriais locais. Especificidades nacionais de tipo distinto
mostram casos que vão desde a inexistência de "segunda
etapa" em pequenos países quase sem indústrias até
desenvolvimentos industriais significativos como no Brasil, Argentina ou
México com burguesias e empresas estatais poderosas. Desde
prolongamentos industriais das velhas oligarquias até
irrupções de novas classes, recém-chegadas não
completamente admitidas pelas velhas elites até
integrações de negócios onde os velhos apelidos
misturavam-se com os dos recém-chegados.
Em torno dos anos 1960-1970 o processo de industrialização foi
sendo encurralado pela debilidade dos mercados internos e sua dependência
tecnológica e das divisas proporcionadas pela exportações
primárias tradicionais, esmagado por um capitalismo global que
impôs ajustes e destruiu ou apoderou-se de tecidos produtivos locais. A
transnacionalização e financiarização globais
exprimiram-se na região como desenvolvimento do subdesenvolvimento:
firmas ocidentais que passaram a dominar áreas industriais decisivas
enquanto bancos europeus e norte-americanos faziam o mesmo com o sector
financeiro. Ao mesmo tempo agudizava-se a exclusão social urbana e
rural. A chamada etapa da industrialização por
substituição de importações havia significado o
fortalecimento do Estado e em vários casos importantes a
"nacionalização"
de uma porção significativa das elites dominantes com a
emergência de burguesias industriais instáveis. Mas isso
começou a ser revertido a partir dos anos 1960-1970 e o processo de
colonização acelerou-se nos anos 1990.
O que agora constatamos são combinações entre
assentamentos de empresas transnacionais dominantes na banca, no
comércio, nos meios de comunicação, na indústria,
etc rodeados por círculos multiforme de burgueses locais completamente
transnacionalizados nos seus níveis mais altos e por sua vez rodeados
por sectores intermédios de diferente peso. Os grupos locais
caracterizam-se por uma dinâmica de tipo
"financeiro"
combinando a grande velocidade toda classe de negócios legais,
semi-legais ou abertamente ilegais, desde a indústria ou o
agronegócio até o narcotráfico, passando por
operações especulativos ou comerciais mais ou menos opacas.
É possível investigar uma grande empresa industrial mexicana,
brasileira ou argentina e descobrir laços com negócios turvos,
aplicações em paraísos fiscais, etc ou uma importante
empresa cerealífera realizando investimentos imobiliários em
convergências com branqueamentos de fundos provenientes de uma rede
narco, por sua vez associada a um grande grupo mediático.
As elites económicas latino-americanas aparecem como uma parte
integrante da lumpen-burguesia global, são a sua sombra
periférica, nem mais nem menos degradada que os seus paradigmas
internacionais. Muito abaixo de todo esse universo sobrevivem pequenos e
médios empresários industriais, agrícolas ou
pecuários que não fazem parte das elites mas que, se conseguem
entrar no ascensor da prosperidade, inevitavelmente são capturados pela
cultura dos negócios confusos. Se não o fizerem no melhor dos
casos estagnam, ou entram no caminho do declínio.
Quando estudamos essas elites descobrimos rapidamente que a sua dinâmica
puramente "económica" só existe na nossa
imaginação. Um negócio imobiliário de grande
envergadura exige seguramente conexões judiciais, políticas,
mediáticas, etc. Por sua vez, para chegar aos níveis mais altos
da máfia judicial é necessário dispor de boas
conexões com círculos de negócios, políticos,
mediáticos, etc e ter êxito na carreira política exige
fundos e coberturas mediáticas e judiciais. Em suma, trata-se na
prática de um complexo conjunto de articulações mafiosas,
grupos de poder trans-sectoriais vinculados a, mais ou menos subordinados a (ou
fazendo parte de) tramas extra-regionais através de canais de diversos
tipos: o aparelho de inteligência dos Estados Unidos, um mega banco
ocidental, uma rede clandestina de negócios, alguma empresa industrial
transnacional, etc.
Nos princípios do século XX as elites latino-americanas faziam
parte de uma divisão internacional do trabalho em que a periferia
agropecuária-mineira exportadora integrava-se de maneira colonial aos
capitalismos centrais industriais. Naqueles tempos a Inglaterra era o
pólo dominante
[10]
. A seguir chegou o século XX e o seu percurso de crises, guerras,
revoluções e contra-revoluções, keynesianismos,
fascismos, socialismo... Mas no final desse século todo esse mundo
ficava enterrado, triunfava o neoliberalismo e o capitalismo globalizado. E
quando este entrou em crise na América Latina emergiram e instalaram-se
as experiências progressistas que tentaram resolver as crises de
governabilidade com políticas de inclusão social em sistemas que
eram mais ou menos reformados, procurando torná-los mais produtivos,
menos submetidos aos Estados Unidos, mais igualitários e
democráticos. As elites dominantes puseram-se histéricas. Ainda
que não tivessem sido seriamente deslocadas perdiam
posições de poder, escapavam-lhes das mãos negócios
suculentos e a sua agressividade foi em crescendo à medida que a crise
global dificultava suas operações.
Pelo seu lado, os Estados Unidos, em retrocesso geopolítico global,
acentuaram suas pressões sobre a região tentando a sua
recolonização. Ao principiar o ano 2016 os progressismos foram
encurralados como no Brasil ou na Venezuela ou derrubados como no Paraguai ou
na Argentina. Obama esfrega as mãos e seus abutres lançam-se ao
ataque. Os capriles e macris cantam vitória convencidos de que estamos a
retornar à "normalidade" (colonial) mas não
é assim. Na realidade estamos a entrar numa nova etapa histórica
de duração incerta marcada por uma crise deflacionária
global que se vai agravando acompanhada por sinais alarmantes de guerra.
As elites dominantes locais não são o sujeito de uma nova
governabilidade e sim o objecto de um processo de decadência que as
ultrapassa. Pior ainda, essas lumpen-burguesias trazem mais crise à
crise, para além das suas manipulações mediáticas
que tentam demonstrar o contrário. Acreditam ter muito poder mas
não são mais do que instrumentos cegos de um futuro sombrio.
Ainda que o declínio real do sistema abra a possibilidade de um
renascimento popular, certamente difícil, doloroso, não escrito
em manuais, nem seguindo rotas bem pavimentadas e previsíveis.
09/Maio/2016
[1] Este texto foi publicado no número 6 da revista
Maiz,
Facultad de Periodismo y Ciencias de la Comunicación Universidad
Nacional de La Plata, Argentina, Mayo de 2016.
[2] Jorge Beinstein, "Serra contra o Mercosul: o auge das direitas loucas
na América Latina",
cartamaior.com.br/...
[3] Carlos Marx, "Las luchas de clases en Francia de 1848 a 1850",
en Carlos Marx-Federico Engels, Obras Escogidas, Tomo I, páginas
128-129, Editorial Progreso, Moscú 1966.
[4] Ibid.
[5] Ibid.
[6] Karl Polanyi, "The Great Transformation.The Political and Economic
Origins of Our Time", Bacon Press, Boston, Massachusetts, 2001.
[7] Andre Gunder Frank, "Lumpenburguesía: lumpendesarrollo",
Colección Cuadernos de América, Ediciones de la Banda Oriental,
Montevideo, 1970.
[8] Tyler Durden, "Is Deutsche Bank The Next Lehman?", Zero Hedge,
www.zerohedge.com/news/2015-06-12/deutsche-bank-next-lehman
[9] Michael Snyder, "Financial Armageddon Approaches", INFOWARS,
www.infowars.com/f...
[10]
"La inversión de las naciones industriales, en especial de
Inglaterra, fluyó hacia América Latina. Entre 1870 y 1913, el
valor de las
inversiones británicas aumentó de 85 millones de libras
esterlinas a 757 millones, una multiplicación casi por nueve en cuatro
décadas. Hacia 1913, los inversores británicos poseían
aproximadamente dos tercios del total de la inversión extranjera".
Skidmore, Thomas E. y Smith, Peter H., "Historia
contemporánea de América Latina. América Latina en el
siglo XX", Ed. Grijalbo. 4a. edición, España, 1996.
Artigo anterior de Jorge Beinstein:
A Argentina depois do golpe brando A marcha apressada do capitalismo mafioso
[*]
Economista, argentino, docente da Universidade de Buenos Aires,
jorgebeinstein@gmail.com
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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