Um memorando confidencial escapado do
think tank
RAND Corporation sugere que o governo
ucraniano deveria empenhar-se numa guerra total nas regiões leste do
país, incluindo o encerramento de todas as comunicações, a
colocação de cidadãos em campos de internamento e a
matança de todos os que resistirem a tais acções.
A RAND Corporation é um think tank global não lucrativo que
efectua investigações e análisea para as forças
armadas dos EUA.
Neste chocante documento,
escapado para a imprensa
(ver abaixo), o conselho apresentado constitui um guia passo-a-passo acerca do
modo de tratar a população do Leste da Ucrânia.
"Predominam as vantagens das operações militares"
Na primeira linha o memorando observa que o plano de paz esboçado pelo
novo presidente Poroshenko provavelmente fracassará. Contudo, ele
tranquiliza, os aspectos políticos e materiais negativos da
operação serão
"sobrepujados"
pelos ganhos.
O arrepiante documento lista então as vantagens que haveria numa
carnificina em grande escala contra as duas regiões separatistas no
Leste ucraniano.
O movimento político pró russo, afirma o conselho da RAND, seria
dizimado e os eleitores pró russos ficariam desorganizados.
Ao invés de manter a produção de carvão da
região como fonte de emprego futuro, o documento diz que a
liquidação da indústria carbonífera durante o
combate significaria que ela seria rapidamente encerrada, aliviando dessa forma
a Ucrânia do fardo de subsidiar os seus custos.
Encerrar as indústrias do Donbass também significaria uma
redução do consumo de gás russo e a
destruição do clã do oligarca local Rinat Akhmetov e do
seu poder político e económico.
Etapa 1: Suspender a Constituição, impor a lei marcial
Este chocante memorando enumera então uma campanha militar em três
etapas para garantir a vitória. A primeira etapa apela ao isolamento
total das regiões rebeldes, presumindo que todos os civis que ali
permaneceram são
"cúmplices na agitação ou apoiam-na".
Ele propõe que seja imposta a lei marcial naquela área com um
estrito cessar fogo entre as 20h00 e as 06h00, ao mesmo tempo em que todas as
autoridades locais teriam as suas competências terminadas e a
Constituição seria suspensa na área.
As regiões deveriam então ser cercadas com tropas, com
atenção especial a ser dada às áreas que fazem
fronteira com a Rússia.
Em relação aos media o documento recomenda que todos os
serviços de radiodifusão, televisão, telefone,
comunicações móveis e Internet na região deveriam
ser encerrados e que os media internacionais deveriam ser "sujeitos a um
procedimento especial".
Etapa 2: Campos de internamento para homens adultos, aqueles que resistem
serão mortos no local
Começa então a Etapa Dois da operação, chamada
limpeza
(mop-up),
a qual envolve um fortalecimento gradual do círculo de tropas em torno
da região, seguido por ataques aéreos e então assaltos com
artilharia e morteiros contra as instalações estratégicas
do
"inimigo".
Sem qualquer aparência de respeito pela vida humana, os autores da RAND
aconselham então que a utilização de armas não
convencionais não deveria ser descartada
"para assegurar menor número de baixas entre o nosso próprio
pessoal".
Os autores, que aparentemente têm pouco ou nenhum conhecimento da
situação no Leste da Ucrânia, dizem então que os
locais habitados deveriam ser libertados um por um com blindados a
avançarem na frente, seguidos pela infantaria que deveria atirar para
matar qualquer um que portasse armas.
Num aparente conselho para limpeza étnica, todos os adultos homens
deveriam ser removidos para campos de internamento, enquanto todos os que
tentassem resistir deveriam ser executados; crianças abaixo dos 13 anos
e pessoas com mais de 60 deveriam ser removidas para instalações
especialmente equipadas em outras áreas.
Num conselho bizarro que na melhor das hipóteses parece irrealista e na
pior demente, a RAND diz então que qualquer pessoa com
escoriações, arranhões, traços de pólvora ou
óleo para armas no seu vestuário deveriam ser arrastada a
tribunal por separatismo e terrorismo. A quaisquer dos felizes residentes que
não caíssem nestas categorias seria permitido retornarem para
casa após um período de dois meses "de internamento" e
ficaria então sob a vigilância dos serviços de
segurança.
Etapa 3: Nacionalização da propriedade de condenados e deslocados
A etapa três, a qual é ridiculamente chamada de "Volta ao
normal", diz que deveriam então permitir o retorno para casa a
todos os refugiados "da zona de guerra". Isto é presumir, em
primeiro lugar, que eles teriam um lar para retornar e, em segundo lugar, que
eles desejariam retornar ao lar numa região agora tão dividida
entre as etnias ucraniana e russa.
Contudo, homens entre 18-60 anos deverão ser "verificados" em
campos de internamento, ao passo que as propriedades de condenados e residentes
deslocados das regiões de Donetsk e Lugansk serão nacionalizadas.
A área da operação punitiva será declarada
inacessível
("off limits")
aos media estrangeiros, conclui o memorando.
04/Julho/2014