A guerra à WikiLeaks
por John Pilger
Os ataques à WikiLeaks e ao seu fundador, Julian Assange, constituem uma
resposta à revolução na informação que
ameaça as velhas ordem de poder, na política e no jornalismo. A
incitação ao assassínio trombeteada por figuras
públicas nos Estados Unidos, juntamente com tentativa da
administração Obama de corromper o direito e remeter Assange para
um buraco prisão infernal durante o resto da sua vida são as
reacções de um sistema opressor revelado como nunca o fora antes.
Nas últimas semanas, o Departamento da Justiça dos EUA
estabeleceu um grande júri secreto do outro lado do rio de Washington,
no distrito Leste do estado de Virgínia. O objectivo é acusar
Julian Assange sob uma desacreditada lei de espionagem utilizada para prender
activistas da paz durante a Primeira Guerra Mundial, ou uma lei da "guerra
ao terror" que degradou a justiça estado-unidense. Peritos
judiciais descrevem o júri como uma "preparação
deliberada", destacando que este canto da Virgínia é onde
residem empregados e famílias do Pentágono, CIA, Departamento de
Segurança Interna e outros pilares do poder americano.
"Isto não é boa notícia", contou-me Assange
quando falámos na semana passada, sua voz era sombria e preocupada. Ele
diz que pode ter "dias maus mas recupero". Quando nos
encontrámos em Londres no ano passado, eu disse, "Você
está a fazer alguns inimigos muito sérios, nada menos que o
governo mais poderoso empenhado em duas guerras. Como é que trata essa
sensação de perigo?" A sua resposta foi caracteristicamente
analítica. "Não é que não haja medo. Mas a
coragem é realmente o domínio intelectual sobre o medo por
um entendimento do que são os riscos e de como navegar através
deles".
Sem pensar nas ameaças à sua liberdade e segurança, ele
diz que os EUA não são o principal "inimigo
tecnológico" do WikiLeaks. "A China é o pior ofensor. A
China tem tecnologia agressiva e refinada de intercepção que
posiciona entre cada leitor dentro da China e toda informação de
fonte exterior à China. Temos estado a combater numa batalha para
assegurar que possamos obter informação dali e há agora
toda espécie de meios pelos quais os leitores chineses podem acessar o
nosso sítio".
Foi neste espírito de "obter informação" que o
WikiLeaks foi fundado em 2006, com uma dimensão moral. "O objectivo
é justiça", escreveu Assange na homepage, "o
método é a transparência". Ao contrário de uma
lenga-lenga corrente nos media, o material da WikiLeaks não é
"rejeitado". Menos de um por cento dos 251 mil telegramas de
embaixadas dos EUA foram divulgados. Como destaca Assange, a tarefa de
interpretar e editar material que possa prejudicar indivíduos inocentes
exige "padrões [condizentes] com altos níveis de
informação e fontes primárias". Para o poder
dissimulado, este jornalismo é o mais perigoso.
Em 18 de Março de 2008, foi prevista uma guerra à WikiLeaks num
documento secreto do Pentágono preparado pelo "Cyber
Counterintelligence Assessments Branch". A inteligência dos EUA,
dizia, pretendia destruir o sentimento de "confiança" o qual
é o "centro de gravidade" do WikiLeaks. Ela planeou
fazê-lo com ameaças de "revelação [e] processo
criminal". Silenciar e criminalizar esta fonte rara de jornalismo
independente era o objectivo, enlamear o método. O inferno não
contem uma fúria tão grande quanto a de um mafiosi imperial
desdenhado.
Outros, também desdenhados, acabaram por desempenhar um papel de
apoiantes, intencionalmente ou não, na caçada a Assange, alguns
por razões de pequenos ciúmes. Sordidez e decadência
descrevem o seu comportamento, o qual serve apenas para destacar a
injustiça contra um homem que corajosamente tem revelado o que temos o
direito de conhecer.
Quando o Departamento da Justiça dos EUA, na sua caça a Assange,
intima o Twitter e contas de email, registos bancários e de
cartões de crédito de pessoa por todo o mundo como se
todos nós fôssemos súbditos dos Estados Estados
grande parte dos media "livre" em ambos os lados do Atlântico
dirigem a sua indignação contra o perseguido.
"Então, Julian, porque não volta à Suécia
agora?" perguntava o título que encimava a coluna de Catherine
Bennett, no
Observer
de 19 de Dezembro, a qual questionava a resposta de Assange a
alegações de má conduta sexual com duas mulheres em
Estocolmo em Agosto último. "Continuar a adiar o momento da
verdade, para este campeão das revelações sem medo e da
abertura total", escreveu Bennett, "pode começar a parecer
quase desonesto, assim como inconsistente". Nem uma palavra na
peçonha de Bennett considerava as ameaças que se aproximam contra
os direitos humanos básicos de Assange e à sua segurança
física, como foram descritas por Geoffrey Robertson QC na
audiência de extradição em Londres a 11 de Janeiro.
Em resposta a Bennett, o editor on line da Nordic News Network, da
Suécia, Al Burke, escreveu ao
Observer
explicando que "respostas plausíveis à questão
tendenciosa de Catherine Bennett" eram criticamente importantes e [as
respostas] estavam livremente disponíveis. Assange permaneceu na
Suécia durante mais de cinco semanas depois de ter sido feita a
acusação de violação ignorada a seguir pela
promotora chefe em Estocolmo e de terem falhado repetidas tentativas
dele e do seu advogado sueco para encontrar a segunda promotora que reabriu o
caso após a intervenção de um político do governo.
E ainda assim, como destacou Burke, esta promotora concedeu-lhe
permissão para voar a Londres onde "também se ofereceu para
ser entrevistado uma prática normal em tais casos". Assim,
parece pelo menos muito estranho que a promotora haja então emitido um
Mandado de Prisão Europeu
(European Arrest Warrant).
O
Observer
não publicou a carta de Burke.
Este registo claro é crucial porque descreve o comportamento
pérfido das autoridades suecas uma sequência bizarra que me
foi confirmada por outros jornalistas em Estocolmo e pelo advogado sueco de
Assange, Bjorn Hurtig. Não é só isso. Burke destacou o
perigo que Assange enfrenta caso seja extraditado para a Suécia.
"Documentos divulgados pelo Wikileaks desde que Assange foi para a
Inglaterra", escreveu ele, "indicam claramente que a Suécia
submeteu-se sistematicamente à pressão dos Estados Unidos em
matérias relativas a direitos civis. Há amplos motivos para a
preocupação de que se se verificar Assange ser posto sob a
custódia das autoridades suecas possa ser entregue aos Estados Unidos
sem a devida consideração dos seus direitos legais.
Estes documentos foram virtualmente ignorados na Grã-Bretanha. Eles
mostram que a classe política sueca afastou-se muito da visível
neutralidade de uma geração atrás e que o aparelho militar
e de inteligência do país está quase absorvido dentro da
matriz de Washington em torno da NATO. Num telegrama de 2007, a embaixada dos
EUA em Estocolmo louva o governo sueco dominado pelo conservador Partido
Moderado do primeiro-ministro Fredrik Reinfeldt como vindo "de uma nova
geração política e não preso às
tradições [anti-EUA] [e] na prática um parceiro
pragmático e forte com a NATO, tendo tropas sob comando NATO no Kosovo e
no Afeganistão.
O telegrama revela como a política externa é amplamente
controlada por Carl Bildt, o actual ministro dos Estrangeiros, cuja carreira
foi baseada na lealdade aos Estados Unidos. Ela remonta à guerra do
Vietname, quando ele atacava a televisão pública sueca por
difundir a evidência de que os EUA estavam a bombardear alvos civis.
Bildt desempenhou um papel importante no Comité para a
Libertação do Iraque, um grupo de lobby com laços
estreitos com a Casa Branca de George W. Bush, a CIA e a extrema-direita do
Partido Republicano.
"A significância de tudo isto para o caso Assange", observa
Burke num estudo recente, "é que será Carl Bildt e talvez
outros membros do governo Reinfeldt quem decidirá abertamente ou,
mais provavelmente, de modo furtivo por trás de uma fachada de
legalidade formal sobre aprovar ou não o esperado pedido dos EUA
para a extradição. Tudo no seu passado indica claramente que um
tal pedido será atendido".
Exemplo: em Dezembro de 2001, com a "guerra ao terror" em andamento,
o governo sueco abruptamente revogou o estatuto de refugiado político de
dois egípcios, Ahmed Agiza e Mohammed al-Zari. Eles foram entregues a um
esquadrão de sequestros da CIA no aeroporto de Estocolmo e
"rendered"
para o Egipto, onde foram torturados. Quando o
ombudsman
sueco para a Justiça investigou e descobriu que os seus direitos
humanos haviam sido "gravemente violados", já era demasiado
tarde.
As implicações para o caso Assange são claras. Ambos os
homens foram removidos sem o devido processo legal e antes que os seus
advogados pudessem apelar ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos e em resposta
a uma ameaça dos EUA de impor um embargo comercial à
Suécia. No ano passado, Assange requereu residência na
Suécia, esperando basear ali a Wikileaks. Acredita-se geralmente que
Washington tenha advertido a Suécia através de contactos
mútuos de inteligência das consequências potenciais. Em
Dezembro, a promotora Marianne Ny, a qual reactivou o caso Assange, discutiu no
seu sítio web a possibilidade da extradição de Assange
para os EUA.
Quase seis meses após as alegações sexuais terem sido
tornadas públicas, Julian Assange foi acusado sem crime, mas o seu
direito à presunção de inocência foi negado
deliberadamente. O desdobrar dos acontecimentos na Suécia tem sido no
mínimo grotesco. O advogado australiano James Catlin, que actuou a favor
de Assange em Outubro, descreve o sistema de justiça sueca como
"uma gargalhada... Não há precedente para isto. Os suecos
estão a inventar à medida que avançam". Além
de notar contradições no caso, ele afirma que Assange não
criticou publicamente as mulheres que fizeram as alegações contra
ele. Foi a polícia que deu informação ao equivalente sueco
do
Sun,
o
Expressen,
com material difamatório, iniciando um julgamento pelos media por todo
o mundo.
Na Grã-Bretanha, este julgamento foi saudado ainda mais por acusadores
ávidos, com a BBC à dianteira. Não houve
presunção de inocência no tribunal Newsnight de Kirsty
Wark, em Dezembro. "Porque não pediu desculpas às
mulheres?", perguntou ela a Assange, seguido por: "Você nos
dá a sua palavra de honra de que não se evadirá?" No
programa Today da Radio 4, John Humphrys, o parceiro de Catherine Bennett,
disse a Assange que ele era obrigado a voltar à Suécia
"porque a lei diz que deve". O vociferante Humphrys, contudo, tem
interesses mais prementes. "Será você um predador
sexual?", perguntou. Assange respondeu que a sugestão era
ridícula, pelo que Humphrys perguntou com quantas mulheres ele havia
dormido.
"Será que mesmo a Fox New desceu a esse nível",
espantou-se o historiador americano William Blum. "Oxalá Assange
tivesse sido educado nas ruas de Brookly, como eu fui. Ele então teria
sabido como responder precisamente a tal pergunta: "Você quer dizer
incluindo a sua mãe?"
O que é mais impressionante acerca destas "entrevistas"
não é tanto a sua arrogância e falta de humildade
intelectual e moral; é a sua indiferença para com questões
fundamentais de justiça e liberdade e a sua imposição de
termos de referência estreitos e lascivos. Fixar estas fronteiras permite
ao entrevistador diminuir a credibilidade jornalística de Assange e do
WikiLeaks, cujos feitos notáveis se erguem em contraste vivo com os seus
próprios. É como observar os velhos e rançosos
guardiões do status quo a lutarem para impedir a emergência do
novo.
Neste julgamento dos media há obviamente uma dimensão
trágica para Assange, mas também para o melhor do jornalismo de
referência. Ao publicar uma grande quantidade de edições
profissionalmente brilhantes com as revelações do WikiLeaks,
festejadas por todo o mundo, a 17 de Dezembro o
Guardian
recuperou a sua cidadania no establishment ao virar-se contra a sua fonte em
apuros. Um artigo de Nick Davies, correspondente sénior do jornal,
afirmava que lhe havia sido dado o ficheiro "completo" da
polícia sueca com "novos" e "reveladores" excertos
lascivos.
O advogado sueco de Assange, Bjorn Hurtig, diz que faltam provas cruciais no
ficheiro dado a Davies, incluindo "o facto de que as mulheres foram
reentrevistadas e lhes foi dada oportunidade de alteraram a suas
estórias", assim como o tweets e mensagens SMS entre elas, as quais
são "críticas para trazer justiça a este caso".
Também é omitida evidência escusatória vital, tal
como a declaração da promotora original, Eva Finne, de que
"Julian Assange não é suspeito de
violação".
Depois de examinar o artigo de Davies, James Catlin, o antigo advogado de
Assange, escreveu-me: "A ausência completa do processo devido
é a estória e Davies ignora-a. Por que o processo devido importa?
Porque os poderes maciços dos dois braços do governo estão
a ser mobilizados para serem usados contra o indivíduo cuja liberdade e
reputação está em causa". Eu acrescentaria: e
também a sua vida.
O
Guardian
aproveitou-se enormemente das revelações do WikiLeaks, sob
muitos aspectos. Por outro lado, o WikiLeaks, que sobrevive principalmente com
pequenas doações e já não pode mais receber fundos
através de numerosos bancos e companhias de crédito devido
à intimidação de Washington, nada recebeu do jornal. Em
Fevereiro, a Random House publicará um livro do
Guardian
que certamente será um best-seller lucrativo, que a Amazon está
a anunciar como
O fim do segredo: a ascensão e queda do WikiLeaks (The End of Secrecy:
the Rise and Fall of WikiLeaks).
Quando perguntei a David Leigh, o executivo do
Guardian
responsável pelo livro, o que significava "queda", ele
respondeu que a Amazon estava errada e que o título fora
A ascensão (e queda?) do WikiLeaks.
"Note o parênteses e a interrogação", escreveu
ele. "Não destinado a publicação, de qualquer
forma". (O livro agora é intitulado no sítio web do
Guardian
como
WikiLeaks: Inside Julian Assange's War on Secrecy).
Ainda assim, considerando tudo isso, a sensação é de que
jornalistas "reais" estão outra vez a dominar. Falta de sorte
para o rapaz, que nunca realmente fez parte [desse jornalismo].
Em 11 de Janeiro, a primeira audiência para a extradição de
Assange foi efectuada no Belmarsh Magistrates Court, um endereço infame
porque aqui, antes do advento das ordens de controle, eram despachadas pessoas
para a própria Guantanamo britânica, a prisão de Belmarsh.
A mudança do habitual tribunal de magistrados de Westminster foi devida
a uma falta de instalações para a imprensa, segundo as
autoridades. Sem dúvida não foi coincidência que eles
tenham anunciado isto no dia em que o vice-presidente dos EUA Joe Biden
declarou Assange um "terrorista high tech".
Da sua parte, Julian Assange está preocupado acerca do que
acontecerá a Bradley Manning, o alegado informante, que preso em
condições tão horrorosas que a US National Commission on
Prisons classifica como "tortuosas". O soldado Manning é o
mais eminente prisioneiro de consciência do mundo, tendo permanecido fiel
ao Princípio de Nuremberg de que todo soldado tem o direito a "uma
opção moral". O seu sofrimento ridiculariza a
noção da "terra da liberdade".
"Informantes [acerca] do governo", dizia Barack Obama em 2008, na
campanha para a presidência, "são parte de uma democracia
saudável e devem ser protegidos de represálias". Obama tem
desde então perseguido e processado mais informantes do que qualquer
outro presidente na história americana.
"Quebrar Bradley Manning é o primeiro passo", disse-me
Assange. "O objectivo é claramente rompe-lo e
forçá-lo à confissão de que de alguma forma
conspirou comigo para prejudicar a segurança nacional dos Estados
Unidos. De facto, nunca ouvi o seu nome antes de ter sido publicado na
imprensa. A tecnologia WikiLeaks foi concebida desde o princípio para
assegurar que nunca saibamos as identidades ou nomes das pessoas que submetem
material. Somos tão indetectáveis como incensuráveis. Este
é o único meio de assegurar que as fontes são
protegidas".
Ele acrescenta: "Penso que o que está a emergir nos media de
referência é a consciência de que se posso ser acusado
outros jornalistas também o podem. Mesmo o
New York Times
está preocupado. Isto não costumava ser assim. Se um informante
fosse processado, editores e repórteres eram protegidos pela Primeira
Emenda que os jornalistas consideravam como garantida. Isso está a ser
perdido. A divulgação dos registos da guerra do Iraque e do
Afeganistão, com as suas provas da matança de civis, não
provocou isto é a revelação e o embaraço da
classe política: a verdade do que governos dizem em segredo, de como
mentem em público; de como são principiadas guerras. Eles
não querem que o público saiba destas coisas e têm de
encontrar bodes expiatórios".
O que há acerca da "queda" do WikiLeaks? "Não
há queda", disse ele. "Nunca publicámos tanto como
agora. A WikiLeaks agora é reproduzida
(mirrored)
em mais de 2000 sítios web. Não posso manter o registo de todos
os sítios que o imitam: aqueles que estão a fazer os seus
próprios WikiLeaks... Se algo acontecer a mim ou ao WikiLeaks, ficheiros
de "segurança" serão divulgados. Eles falam mais da
mesma verdade ao poder, incluindo os media. Há 504 telegramas de
embaixadas numa organização de difusão e há
telegramas sobre Murdoch e Newscorp".
A propaganda mais recente acerca do "dano" provocado pelo WikiLeaks
é uma advertência do Departamento de Estado dos EUA de
"possíveis ameaças à segurança de centenas de
activistas de direitos humanos, responsáveis de governos estrangeiros e
homens de negócio identificados em telegramas diplomáticos".
Foi assim que o
New York Times
submissamente o anunciou a 8 de Janeiro, mas é falso. Numa carta ao
Congresso, o secretário da Defesa Robert Gates admitiu que nenhumas
fontes sensíveis de inteligência haviam sido comprometidas. Em 28
de Novembro, McClatchy Newspapers informou que "responsáveis dos
EUA reconheceram que não tinham evidência até à data
de que a divulgação [anterior] de documentos levasse à
morte de alguém". A NATO em Cabul disse à CNN que não
podia descobrir uma única pessoa que precisasse de proteger.
O grande dramaturgo americano Arthur Miller escreveu: "A ideia de que o
estado... está a punir tantas pessoas inocentes é
intolerável. E por isso a evidência tem de ser negada
internamente". O que o WikiLeaks nos tem dado é a verdade,
incluindo raras e preciosas visões de como e porque tantas pessoas
inocentes sofreram em domínios de terror disfarçados como guerras
e executadas em nosso nome; e de como os Estados Unidos secretamente e
desenfreadamente intervieram em governos democráticos desde a
América Latina ao seu mais leal aliado, a Grã-Bretanha.
Javier Moreno, o editor de
El Pais,
que publicou os registos WikiLeaks na Espanha, escreveu: "Acredito que o
interesse global activado pelos documentos WikiLeaks é devido
principalmente ao simples facto de que revelam conclusivamente a
extensão em que políticos do ocidente têm estado a mentir
aos seus cidadãos".
Esmagar figuras individuais como Julian Assange e Bradley Manning não
é difícil para uma grande potência, ainda que de forma
covarde. O que está em causa é que não deveríamos
permitir que isto aconteça, o que significa que aqueles de nós
que pretendem esclarecer a situação não deveriam colaborar
por qualquer meio. Transparência e informação, para
parafrasear Thomas Jefferson, são a "moeda" da liberdade
democrática. "Toda organização noticiosa",
disse-me um importante constitucionalista americano, "deveria reconhecer
que Julian Assange é um deles e que processá-lo terá um
enorme e gélido efeito sobre o jornalismo".
O meu documento secreto favorito divulgado pelo WikiLeaks, naturalmente
é do Ministério da Defesa em Londres. Ele descreve
jornalistas que servem o público sem temor ou favor como
"subversivos" e "ameaças". Isto é uma medalha
de honra.
13/Janeiro/2011
O original encontra-se em
www.johnpilger.com/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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