Um infectologista marroquino passa a pente fino o estudo de
The Lancet
que critica a cloroquina
por Kamal Louadj
Um infectologista marroquino revelou cinco limites do ponto de vista
metodológico e epistemológico do estudo publicado por
The Lancet
quanto à eficácia da cloroquina, pondo em causa suas
conclusões. Ele apresentou os resultados obtidos por ele próprio
com este protocolo.
O epidemiologia e infectologista marroquino, Prof. Jaâfar Heikel,
director-geral de uma clínica privada que no quadro de um trabalho
voluntário cuida dos doentes atingidos pelo Covid-19 em Casablanca,
reagiu ao estudo publicado por The Lancet quanto à eficácia do
protocolo baseado na hidroxicloroquina e na azitromicina
. O estudo [de
The Lancet
] que integrou os dados de registos informatizados de 96 mil doentes no mundo
concluiu pela ineficácia deste protocolo além de efeitos
indesejáveis, nomeadamente arritmia cardíaca. Numa
declaração ao sítio Médias 24, o Prof. Heikel
mostrou os limites deste estudo e, em consequência, pôs em causa o
seu valor científico.
"Atenção, é preciso compreender que este não
é um estudo clínico mas sim uma análise de registos
[informatizados] de dados de diferentes hospitais e países. É
evidentemente uma publicação importante que é preciso
considerar pelo que ela vale, nem mais nem menos", indicou. Acrescentou
que "se tiver lido com atenção, não se trata de um
estudo ou de ensaio clínico mas sim da análise estatística
de dados de registos [informatizados]".
No mesmo sentido,
o especialista afirmou
que "é preciso aguardar a publicação da grande
série mundial, aquela de Raoult e das outras equipes de diferentes
países, baseadas verdadeiramente na investigação
clínica e terapêutica e não na análise de dados de
dossiers informatizados".
OS PROBLEMAS DA METODOLOGIA SEGUIDA
Para sustentar sua análise, o Prof. Jaâfar Heikel citou cinco
limites, segundo ele reconhecidos mesmo pelos redactores do estudo publicado
por
The Lancet.
O primeiro é o facto de que "eles não podem associar a
mortalidade ao tratamento pois não têm outras
informações sobre as morbilidades cardiovasculares ou certos
factores de risco". E explica que "com efeito, quando certas
características clínicas não estavam informatizadas [mas
relatadas] nos registos [manuais], os autores consideraram que elas estavam
ausentes nos pacientes!". "Isto é uma hipótese que de
facto enviesa numa certa medida a análise prognóstico",
sublinhou.
Segundo o professor,
os redactores do estudo também não
"mediram o segmento QT [segmento representando a
despolarização miocárdica sobre o traçado do
electrocardiograma (ECG), NR].
Por outro lado, o Prof. Heikel recordou que os pacientes retidos no estudo
"são de continentes diferentes e com estirpes virais diferentes
(várias variantes existentes de virulência provavelmente diferente
e na África isto é ainda mais verdadeiro)".
Os dois últimos limites avançados pelo especialista são
"as posologias e as durações de tratamentos diferentes"
e o facto de que "vários autores, inclusive o principal, reconhecem
serem pagos ou receber uma remuneração ou fundos de
laboratórios ou outras empresas".
OS RESULTADOS OBTIDOS NO MARROCOS
Partindo do princípio de que todo estudo estatístico
tem necessidade do ponto de vista metodológico e epistemológico
de ser verificado por factos e ensaios clínicos com dados de protocolos
idênticos (etapa da doença, posologia e duração do
tratamento apropriado), Jaâfar Heikel explicou que "isto
significaria dizer que os milhões de pessoas [atingidas pelo] Covid-19
que tomaram a hidroxicloroquina curaram-se espontaneamente ou por outra
razão".
Assim, em conclusão, o Prof. Heikel declarou que "honestamente,
não posso falar senão da minha experiência com 3200
pacientes na região de Casablanca em coordenação com a
direcção regional da Saúde". "Nós temos
94,3% de cura, 5,7% de casos graves dos quais 2,8% com letalidade. Além
disso, [registamos] 0,8% de efeitos indesejáveis sérios e 12% de
efeitos indesejáveis menores", precisou. "Isto são
factos, ainda que evidentemente nossos pacientes sejam em média mais
jovens (45 anos) e que tratamos todo caso positivo que foi despistado, mesmo
assintomático", concluiu.
26/Maio/2020
Ver também:
Hydroxychloroquine or chloroquine with or without a macrolide for treatment of COVID-19: a multinational registry analysis
(estudo de
The Lancet
)
A propos de l’efficacité clinique des dérivés de la chloroquine dans l’infection à COVID-19 : Analyse virtuelle contre monde médical
Après l'Algérie, le Maroc encense l'efficacité de la chloroquine contre le Covid-19
Des médecins algériens attestent de l’«efficacité quasi totale» de la chloroquine contre le Covid-19
Cuba applies very efficient national drugs to save critical and severe COVID-19 patients
O original encontra-se em
fr.sputniknews.com/...
Este artigo encontra-se em
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