Independência de classe, a melhor vacina frente à pandemia
por Red Roja
Os acontecimentos ocorridos na tarde de quinta-feira 24 de setembro, aquando de
um comício frente ao centro de saúde Ângela Uriarte em
Vallekas, objeto de uma brutal carga policial, sem qualquer
provocação, deixando vários feridos e três detidos,
são um bom exemplo do que o governo central tem previsto para enfrentar
esta nova escalada da pandemia e a hecatombe social que se avizinha.
A concentração pretendia, como em outros bairros e cidades
vizinhas de Madrid, denunciar o escândalo da segregação a
que estão submetidos os bairros operários, exceto para ir
produzir riqueza para o capital em transportes superlotados, onde a
distância de segurança é uma ironia macabra.
Foi possível verificar como esta segregação, esta
submissão quotidiana às condições desumanas nos
transportes, no trabalho e nos bairros, é respondida com
repressão, com ações policiais contra um bairro indefeso,
com feridos e prisões. O governo "progressista" em Madrid age
mandando as suas hostes em resposta ao apelo da mais injuriada presidente da
comunidade de Madrid, numa "unidade de ação" que se
revela por si só.
Pertencer à classe trabalhadora é o maior fator de risco de
Covid-19
Todos os fatores de risco da Covid-19 definem a situação de quem
vive e trabalha em condições de exploração
máxima: excesso de ocupação em habitações
minúsculas, cortes de água e luz por falta de pagamento,
despejos, transportes superlotados, fracasso escolar, desespero da juventude,
despedimentos em massa ... Ou seja, tudo que coloca a classe trabalhadora numa
situação extrema e sem esperança de solução.
A isto acresce um sistema público de saúde sobrecarregado, onde o
trabalho é realizado em condições precárias e onde
as consultas telefónicas servem para mascarar a enorme falta de pessoal
de saúde com graves consequências para os pacientes devido
à multiplicidade de diagnósticos errados em doenças
graves. Tudo isto ao mesmo tempo que se verifica com indignação
cada vez mais difícil de conter, o aplauso hipócrita à
saúde pública que se converteu num caudal de milhões de
euros para as empresas privadas: Ribera Salud, Indra e Telefónica
(rastreio) e a imensidão de empresas que como abutres chegam para
apossar-se da maior parte possível da gestão dos novos hospitais.
E para que o festim passe sem inconvenientes e incómodos, para que o
povo pisado não pense em reclamar, há vários tipos de
polícia e o exército, se acaso isso acontecer. Há
vários anos que os únicos empregos públicos oferecidos,
aos milhares, são os de integração nos
órgãos e forças de segurança do Estado.
Se algo faltasse à Federação das Associações
de Bairro de Madrid, que responde principalmente aos ditames de Podemos,
Esquerda Unida e PSOE, poucas horas depois dos acontecimentos de Vallekas,
publicou uma nota dizendo que "em Vallekas houve incidentes com os quais
as associações de bairro nada têm a ver. Se ainda
tivessem alguma vergonha, sucumbiu nessa tarde à dignidade e ao orgulho
de classe do bairro de Vallekas.
Mas estômagos gratos e organizações subsidiadas pouco
servem quando desperta o que o poder mais teme e o que milhares de plumitivos
pós-modernos contratados tentaram enterrar milhões de vezes: a
consciência e o orgulho de ser classe trabalhadora. A independência
de classe, esse coletivo saber quem somos e, consequentemente, identificar os
nossos inimigos.
Red Roja manifesta-se, vai promover e colaborar com todas as
ações de solidariedade com os detidos e com os feridos. Quando
há povo por detrás, a repressão vira um bumerangue, e em
Vallekas e Madrid, há povo em abundância.
Com efeito, como se gritava nos bairros operários, cheios de orgulho de
classe, da Dignidade do Sul: "Não é confinamento, é
luta de classes".
Esse é o princípio.
O original encontra-se em
diario-octubre.com/...
Este comunicado encontra-se em
http://resistir.info/
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