por
Monthly Review
Um sinal da gravidade do actual mal-estar económico é que hoje
cada vez mais comentadores do
establishment
estão a voltar-se para as respostas de Marx. Assim, em 14 de Setembro
de 2011, um artigo na Bloomberg Businessweek intitulado "Marx to
Market", reconhecia:
O Homem Barbudo raramente teve tão boa aparência. A actual crise
financeira global provocou a ascensão de um novo contingente de
improváveis admiradores. Em 2009 o jornal oficial do Vaticano,
L'Osservatore Romano,
publicou um artigo a louvar o diagnóstico de Marx da desigualdade de
rendimento... Em Shangai, o centro turbo-capitalista da China
comunista-só-no-nome, multidões afluíram a um musical de
2010 baseado em
O Capital,
a mais famosa obra de Marx. No Japão,
O Capital
saiu agora uma versão manga... Por mais equivocado que Marx fosse
acerca de muitas coisas... há partes do seus (vastos) escritos que
são chocantemente perceptivas. ... Marx obteve recentemente uma leitura
atenta do mais conhecido economista da Universidade de Nova York, Nouriel
Roubini, e de George Magnus, o conselheiro económico sénior do
UBS Investment Bank com sede em Londres... Num ensaio de 28 de Agosto para a
Bloomberg View, Magnus escreveu que "a economia global de hoje sofre
algumas sinistras semelhanças" com o que previu Marx...
Considere os pormenores. Como observa Magnus, a previsão de Marx de que
as empresas precisariam cada vez menos produtores quando melhoravam a
produtividade, criando um "exército industrial de reserva" dos
desempregados cuja existência manteria pressão descendente sobre
os salários para os empregados... É difícil argumentar com
isso nestes dias... A condição dos trabalhadores de colarinho
azul nos EUA ainda está a grande distância do salário de
subsistência e da "acumulação de miséria"
que Marx conjurou. Mas ainda não é um paraíso, mesmo na
América. (http://businessweek.com)
A Bloomber Businessweek parece inconsciente de que Marx encarou o
exército de reservas do trabalho como aplicável não
só a países desenvolvidos como os Estados Unidos mas
também a todo o trabalho do globo. É desta questão do
exército global de reservas que trata a Revista do Mês neste
número. Não só descobrimos que hoje a maioria da
força de trabalho mundial está a viver próximo do
nível de subsistência, devido à enorme pressão
baixista exercida pelo maciço exército global de reserva de
trabalho, limitando salários, como também permanece verdadeiro,
como escreveu Marx no Capital, que "Acumulação de riqueza
num pólo é, portanto, ao mesmo tempo acumulação de
miséria, o tormento do trabalho, escravidão, ignorância,
brutalização e degradação moral no pólo
oposto, isto é, no lado da classe que produz o seu próprio
produto como capital".
Durante o fim-de-semana de 9-11 de Setembro, Fred Magdoff esteve na Irlanda
para participar no evento anual da Desmond Greaves School. Além de uma
palestra sobre a crise económica nos Estados Unidos, Fred também
participou num painel de discussão no domingo acerca do rumo do
capitalismo. Ele encontrou-se com pessoas do movimento trabalhista,
vários socialistas e membros do Partido Comunista da Irlanda. Um dos
organizadores do evento, em agradecimento a Fred, escreveu o seguinte:
"Consideramos [a
Monthly Review
] como uma das mais importantes fontes de teoria e análise marxista
acerca do capitalismo contemporâneo. Os conceitos de imperialismo,
capitalismo monopolista e financiarização não estão
generalizados aqui, de modo que a
Monthly Review
é vital para os nossos esforços de entender o que está a
acontecer na economia e na sociedade. Sem estes conceitos e estas
análises, é impossível entender a crise ou pensar acerca
de para onde estamos indo e o que deveríamos estar a fazer". Na MR
esperamos que esta nova ligação com socialistas irlandeses seja
apenas um começo do que será um relacionamento contínuo.
O original encontra-se em
http://monthlyreview.org/2011/11/01/november-2011-volume-63-number-6
Este editorial encontra-se em
http://resistir.info/
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