A tendência para a estagnação no capitalismo monopolista
por
Monthly Review
Durante décadas argumentámos na
Monthly Review
que a
estagnação é o estado normal das economias
capitalistas-monopolistas maduras. Hoje a realidade da estagnação
está a chamar cada vez mais a atenção dos próprios
media corporativos. Assim, o
New York Times
publicou um artigo em 9 de
Fevereiro de 2012 intitulado "In Europe, Stagnation as a Way of
Life", descrevendo as condições económicas europeias
como uma "realidade triturada" aparentemente sem saída.
Naturalmente, muito do mesmo podia ser dito hoje das economias estado-unidense
e japonesa.
Para aqueles habituados a pensar da economia capitalista como ou a crescer
rapidamente ou ocasionalmente a cair numa crise grave (da qual ela prontamente
salta fora), a estagnação a longo prazo é um
fenómeno de entendimento difícil. Como nota Gar Alperovitz (autor
de America Beyond Capitalism) numa entrevista a Richard Wolff sobre
"Alternativas económicas ao capitalismo" em 21/Fevereiro/2012
(
http://truthout.com
), o actual período de
"estagnação e decadência" económica
significa "um processo permanente, longo e penoso, ao contrário da
crise clássica". Por outras palavras, a economia nem entra numa
crise plena (ou "clássica"), a qual permitiria remover (ou
desvalorizar) seu capital super-acumulado, nem é capaz de
alcançar uma recuperação plena. Ao invés disso, ela
permanece presa numa armadilha da estagnação, a mancar numa baixa
taxa de crescimento, com alto desemprego e excesso de capacidade. Sob tais
circunstâncias e sem a ajuda de algum estímulo externo como
uma grande guerra, uma bolha financeira, ou uma inovação que
faça época o processo de acumulação de
capital é incapaz de sair do ponto morto.
Sob o capitalismo maduro a estagnação crónica
habitualmente conduz à sistemática redistribuição
do rendimento e da riqueza em favor dos ricos, engendrada pelo estado. Para a
classe capitalista, a acumulação de riquezas privadas é
sempre a cavalgada imperativa. Se isto não puder ser cumprido
apropriando-se do crescimento da riqueza na sociedade como um todo, será
cumprido pela redistribuição dentro da sociedade. Portanto, os
custos do crescimento lento são pagos basicamente por aqueles na base da
sociedade um processo hoje foi institucionalizado sob a forma de uma
política permanentemente obstinada de neoliberalismo e
dominação financeira.
Povos por toda a parte estão a tornar-se conscientes da necessidade da
solidariedade internacional ao resistirem a estas medonhas
condições de estagnação,
financiarização e neoliberalismo associadas à era actual
do capital monopolista-financeiro. Portanto quando o parlamento grego votou em
12 de Fevereiro por um pacote de austeridade bárbaro dirigido pela
União Europeia, abolindo efectivamente a negociação
colectiva e levando a mais desemprego maciço, a resposta global foi
imediata. Manifestações em massa tiveram lugar em 18 de Fevereiro
por todas as cidades da Europa e nos Estados Unidos sob a palavra-de-ordem
"Somos todos gregos agora". Juntamente com o Movimento Occupy e a
resposta mundial à Primavera Árabe, a declaração
"Somos todos gregos agora" destaca a rápida ascensão ao
longo dos últimos dois anos de movimentos de solidariedade global entre
trabalhadores.
Embora tais exemplos dramáticos de solidariedade internacional chamem
obrigatoriamente a nossa atenção, miríades de lutas
populares estão a irromper aos níveis nacional e local. Nos
Estados Unidos, os maiores protestos da classe trabalhadora em muitas
décadas verificaram-se no ano passado em Wisconsin em consequência
de ataques a sindicatos do sector público e de medidas de austeridade
inspiradas no Tea Party. A este respeito, estamos orgulhosos por anunciar a
publicação de um novo livro da Monthly Review Press,
Wisconsin Uprising: Labor Fights Back
, editado por Michael Yates e com contribuições de muitos dos
protagonistas desta batalha. Um posfácio de Yates liga o Levantamento de
Wisconsin à luta do Occupy Wall Street.
(...)
O original encontra-se em
http://monthlyreview.org/2012/04/01/mr-063-11-2012-04
Este editorial encontra-se em
http://resistir.info/
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