NATO resgata o euro na Líbia
A intervenção da NATO é para resgatar bancos
franceses e o euro
por Xander Meyer
Nestes últimos meses demasiados absurdos têm sido anunciados
acerca da guerra "humanitária" da NATO contra a Líbia,
chamada de necessária mas de facto escandalosa, na qual pereceram cerca
de 50 mil pessoas. Assim, colocámos lado a lado alguns factos que
mostram as razões reais para expulsar Kadafi. Elas nada têm a ver
com o seu não existente "derramamento de sangue", mas tudo a
ver com o resgate dos perturbados bancos franceses e com eles o euro. Veja como
mais uma vez você foi terrivelmente enganado pelos
políticos e os media.
É um facto que em relação a países como o Bahrain,
a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos não foram
planeadas quaisquer intervenções para expulsar os ditadores que
os dominam. Ao contrário: países europeus como a Alemanha
oferecem a estes regimes conhecimento profissional e armas. Então, por
que uma intervenção na Líbia?
Em Outubro de 2010, Nuri Mesmari, chefe do secretariado de Kadafi, foi
interrogado em Paris pelos serviços secretos franceses. Em medias
asiáticos, dentre outros, foi informado que Mesmari teria revelado
segredos de estado líbios contra um importante pagamento. Para o
presidente Sarkozy isto foi uma bofetada na cara, em particular porque Kadafi
teria a intenção de retirar todos os milhares de milhões
líbios da Europa. Estes activos estavam em especial com bancos franceses
e seriam transferidos para a Ásia.
Medo do colapso de bancos franceses
Sarkozy temia que este passo teria consequências de longo alcance para os
bancos franceses que de qualquer forma já estavam com
perturbações e que não sobreviveriam à retirada dos
milhares de milhões do petróleo líbio. E se bancos
franceses entrassem em colapso, a França não seria capaz de
participar mais nos Fundos de Resgate Europeus, os quais também
fracassariam. Haveria uma cadeia de reacções que poriam em perigo
a continuação do euro e toda a zona euro.
Também desempenhou um papel o facto de Kadafi ter anunciado que
já não compraria o avião caça francês Rafale
e de qualquer forma não encomendaria a construção de uma
central nuclear líbia à França. A corporação
francesa Total queria novos contratos de petróleo na Líbia, mas
Kadafi concedeu-os à companhia italiana ENI (Kadafi e o
primeiro-ministro italiano, Berlusconi, são bons amigos).
O resto passou-se aproximadamente como o golpe de estado no Irão em
1953. Então foi a CIA que o pôs de pé, agora foi a
França que fez o mesmo na Líbia. No respeitado
Asia Times
está tudo descrito em pormenor. Primeiro a França assegurou-se
do apoio da Arábia Saudit e do Bahrain com a promessa de deixar estes
regimes em paz com as suas violações de direitos humanos. Ambos
os regimes árabes arranjariam o apoio da Liga Árabe.
"Naturalmente", os EUA, juntamente com alguns países europeus
(dentre os quais a Holanda) também participaram para impedir o colapso
dos bancos franceses.
Insurgência dos rebeldes organizada pela França
Bernard Henri-Lévy, filósofo francês e querido dos media,
foi despachado para Bengazi a fim de se tornar o porta-voz do "movimento
rebelde" que foi amalgamado pelos serviços secretos ocidentais. Na
presença dos media a trombetearem, Henri-Lévy telefonou de
Bengazi para Sarkozy e anunciou o início do movimento democrático
líbio que destituiria Kadafi. A seguir, os saldos líbios na banca
foram congelados e os bancos franceses foram temporariamente
resgatados.
Todo o circo parecia bastante convincente para os povos do ocidente. Na
Líbia, a rivalidade existente entre diferentes tribos foi explorada para
fazer com que os media relatassem passo a passo acerca de conquistas
fictícias de territórios. A fase seguinte também foi
planeada previamente: o apoio a estes rebeldes por parte da NATO.
Há informações de que a CIA teria transferido 1500
caças do Afeganistão para a Líbia a fim de apoiar os
rebeldes vieram de círculos governamentais paquistaneses, cujo
relacionamento com a CIA esfriou abaixo do ponto de congelamento. Desde a
eliminação de Osama bin Laden, o Paquistão, irritado,
começou a difundir toda espécie de falsos rumores acerca da CIA.
Um dos rumores foi a transferência de centenas de persas e uzbeques para
a Líbia. Mas numerosos jornalistas na Líbia que estavam
constantemente a acompanhar os rebeldes não encontraram ali um
único persa ou uzbeque.
Acordo de petróleo em troca do apoio à insurgência
Retorno à França. Aqui os milhares de milhões do
petróleo líbio permanecerão, quanto à parte
principal, em mãos de bancos franceses. De provavelmente mais de
10 mil milhões, a França quer entregar no máximo
1,5 mil milhão ao novo governo líbio. E, a
propósito, bancos em outros países da UE agora também se
podem sentir aliviados. Além disso, em troca destes milhares de
milhões eles podem vender um bocado de mercadorias à
Líbia. Finalmente, o novo governo líbio terá de mostrar
sua gratidão pela "libertação" do seu
país. Os media anunciaram hoje (1/Setembro/2011) que a França na
verdade fez um acordo petrolífero secreto com os rebeldes em troca do
apoio francês à rebelião contra Kadafi.
[3]
Logo se verificará se a Líbia ainda decidirá comprar os
caças a jacto franceses, encomendar a construção de uma
central nuclear aos franceses e conceder concessões petrolíferas
à Total francesa. Além disso, os serviços secretos
terão de descobrir como podem fornecer trabalho novo aos seus diferentes
contactos. A dama holandesa proxeneta de Kadafi já foi interrogada pelo
AIVD, o serviço de segurança e inteligência holandês.
Ela havia fornecido as prostitutas necessárias ao regime e talvez possa
fazer o mesmo para as novas pessoas no poder.
França distribui o botim de guerra
De modo que agora se sabe como o "democrático" movimento
líbio de rebelião saiu cá para fora e o que estava por
trás deles. Cerca de 50 mil pessoas deram as suas vidas para evitar o
colapso de bancos franceses e adiar por algum tempo o colapso do euro. Hoje
(01/Setembro/2011) há uma conferência da
"reconstrução" em Paris, onde mais de 34 mil
milhões que a Líbia tem em contas bancárias ocidentais
serão "distribuídos". Sarkozy posicionou-se como o
grande homem da reconstrução da Líbia. Dizendo isto de
outro modo: ele manterá a maior parte do botim em França por
meios de contratos de milhares de milhões de euros com os novos
líbios no poder.
Sábado passado anunciámos que brigadas relacionadas com a Al
Qaeda se tornaram as mestras de Tripoli. Ontem o presidente dos EUA, Obama,
confirmou isto.
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Em suma: as pessoas contra as quais o ocidente combate em países como
Afeganistão e Iraque, a Al Qaeda, são os mesmos extremistas
muçulmanos que a NATO colocou sobre a sela na Líbia. É
mais uma prova de que os princípios do ocidente são de valor nulo
desde que dinheiro (grande) esteja envolvido. As senhoras proxenetas reais
encontram-se na elite do poder financeiro e político.
Médio Oriente em chamas e fogo?
Enquanto isso, o grande jogo (final) continua. Sarkozy já
anunciou publicamente
que a República Islâmica do Irão pode ser o
próximo alvo. Também os preparativos turco-sauditas para
intervenção militar na Síria estão encaminhados.
Você verá que a próxima grande guerra, que pode atear fogo
a todo o Médio Oriente e talvez mesmo países de fora dele
será apresentada pelos media como uma "surpresa
completa", exactamente como a revolução líbia
planeada pela França.
[1]
01/Setembro/2011
(1) KOPP
(2) DEBKA
(3) NU
O original (em holandês) encontra-se em
http://xandernieuws.punt.nl/?id=639168&r=1&tbl_archief
A versão em inglês encontra-se em
http://www.courtfool.info/en_NATO_rescues_euro_in_Libya.htm
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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