Repudiar a dívida! Exijamos um referendo já!

por PCI [*]

Brochura editada pelo Partido Comunista Irlandês. O ponto de partida na construção de uma economia sustentável e progressista que possa atender às necessidades de todo o povo é o repúdio dos milhares de milhões de dívida ilegítima imposta ao nosso povo e às gerações futuras.

Quem incorreu nesta dívida foram urbanizadores, especuladores e instituições financeiras e ela foi então imoralmente socializada pelos seus amigos no governo. Em consequência, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional impuseram uma dívida ainda maior e mais lancinante sobre o nosso povo, a qual é apoiada pelos partidos políticos do establishment.

Esta dívida é odiosa. Ela não foi incorrida devido a despesas com saúde, educação, bem-estar social, habitação ou qualquer coisa de valor real para a economia ou para o país: ela foi incorrida por amigos do governo de modo a que eles pudessem inchar e lucrar com a bolha especulativa, com poucos ou nenhuns benefícios reais para os trabalhadores.

Esta dívida é ilegítima. Isto não é dívida soberana: é uma dívida de indivíduos privados e instituições financeiras que foi socializada pelo estado. Fazem-nos pagar pela dívida em que incorreram um punhado de aproveitadores e companhias privadas que apoiavam o governo, contra as necessidades do povo.

Esta dívida é perpétua. Ela é tão grande que não pode ser liquidada. Acrescente-se o custo de recapitalizações bancárias e perdas futuras, o custo crescente da NAMA para o estado, o custo da garantia bancária, o custo dos títulos do governo em maturação que se eleva em consequência e o custo do empréstimo UE-FMI, e isto monta a centenas de milhares de milhões em dívida que não cabe ao povo.

Esta dívida auto-perpetua-se. O "salvamento" UE-FMI é em si próprio um empréstimo para cobrir outras dívidas. Mas, dado a sua exorbitante taxa de juro e limites temporais, isto significa apenas que novos empréstimos ou extensões serão necessários se os pagamentos forem mantidos. O governo criou uma espiral de dívida que mutila a economia e asfixia qualquer potencial de crescimento. E vastas fortunas serão feitas pelos especuladores financeiros à medida que a bolha da dívida cresce.

DEFENDER O REPÚDIO, NÃO O INCUMPRIMENTO

Não pagaremos — não podemos pagar. Um certo número de pessoas e grupos estão a apelar a que sejam estendidos prazos finais, ou a incumprimentos parciais, porque não podemos permitir-nos fazer pagamentos. Se bem que o argumento do custo seja correcto, não acreditamos que devêssemos ter de incumprir, pois em primeiro lugar esta dívida não é nossa. Apelar ao incumprimento é o reconhecimento da legitimidade da dívida. Não devemos incumprir: devemos repudiar.

Apelamos a um referendo sobre esta dívida socializada. O povo deve decidir. Isto é uma transferência maciça de riqueza dos pobres, dos desempregados, dos trabalhadores, dos pequenos negócios, dos auto-empregados e dos agricultores familiares. Temos uma opção a fazer: alimentar os nossos filhos e manter um teto sobre as suas cabeças ou continuar a pagar esta dívida insuportável e impagável e sofrer a emigração em massa dos nossos filhos.

Repudiar a dívida já. Exijamos um referendo já.

Declaração do Partido Comunista da Irlanda
03/Fevereiro/2011

  • Ver também: Législatives en Irlande: seuls les communistes portent à gauche une critique résolue et une alternative à l'UE du Capital face à l'adhésion des travaillistes et aux hésitations du Sinn Fein

    O original encontra-se em http://www.communistpartyofireland.ie/sv/06-repudiate.html


    Esta declaração encontra-se em http://resistir.info/ .
  • 26/Fev/11