Cinco anos depois:
A estratégia anti-EUA e as tácticas da resistência iraquiana
Pela primeira vez desde que os EUA iniciaram a invasão do Iraque, em
Abril de 2003, ressurge o vice de Saddam Hussein,
Izzat Ibrahim Addouri
apesar do prémio americano de US$10 milhões oferecido pela sua
cabeça.
Numa extensa entrevista a Abdel-Azim Manaf, editor-chefe do jornal
egípcio
Al-Mawqif Al-Arabi,
que não faz parte dos principais, Izzat Ibrahim Addouri apresentou em
26 de Maio a estratégia e as tácticas da resistência
iraquiana liderada pelo antigo partido dirigente, o Al-Baath.
O reaparecimento de Addouri à superfície e a estratégia de
resistência que ele esboçou representam um desafio directo ao
poder ocupante americano.
Manaf declarou à Associated Press (AP) que entrevistou Addouri "no
campo de batalha". O "diálogo" foi conduzido "com
um comandante num lugar perigoso e entre os seus soldados", na "zona
de guerra" e "no campo de combate enquanto as armas estavam a
falar", disse Manaf na sua introdução. Addouri falou na sua
condição de "Comandante Supremo da Jihad e da Frente de
Libertação, de Secretário-Geral Pan-Árabe do
Partido Socialista Árabe Al-Baath e de Secretário da
Região Iraque", acrescentou o editor egípcio.
Disse a AP: "Acredita-se que Addouri desempenhe um papel importante no
financiamento da resistência, embora pouco se saiba sobre quão
directamente ele dirija os combatentes sobre o terreno". Contudo, o poder
ocupante estado-unidense, bem como o Irão e o regime aliado iraniano que
Washington produziu em Bagdad após a ocupação, tem estado
ansioso por subestimar o papel desempenhado por Addouri e seu partido na
resistência nacional e, ao invés disso, em destacar o papel
marginal desempenhado pela Al-Qaeda, a qual foi trazida pela primeira vez para
dentro do Iraque graças aos EUA, e outros islamistas.
Se a história pudesse iluminar os actuais acontecimentos, a
referência de Addouri a esta política de "blackout" dos
media é justificada pelo precedente do planeamento
americano-britânico para o golpe que derrubou o governo do líder
iraniano Mohamed Mossadegh em Agosto de 1953, o qual instalou o Xá no
poder.
"Um aspecto chave da trama era retratar as multidões que se
manifestavam (contra Mossadegh, a qual era "uma multidão
mercenária, que não tinha ideologia. A multidão era paga
pelos dólares americanos) como sendo apoiantes do Partido Comunista
Iraniano Tudeh... Tal como em todas as outras
intervenções militares britânicas e americanas até o
colapso da URSS, o cenário da "ameaça comunista" era
apresentado como História Oficial... A ameaça real do
nacionalismo (e objectivos mais sujos como proteger os lucros do
petróleo) foram subestimados ou removidos do quadro apresentado ao
público". [Mark Curtis, "Web of Deciet," Vintage, 2003]
No Iraque, a máquina de propaganda estado-unidense apenas substituiu a
"ameaça comunista" por aquela da Al-Qaeda.
Manaf, na sua introdução, notou quanto Addouri era um dedicado
homem religioso, muito bem versado na teologia islâmica e na
história árabe, e familiar com o sufismo. Sua cultura
árabe e islâmica reflectia-se extensamente nas suas respostas, as
quais eram cheias de citações do Sagrado Alcorão e de
dizeres de líderes históricos árabes e muçulmanos,
um facto que torna a tradução da sua entrevista para o
inglês uma missão por vezes impossível.
Addouri indentificou o Al-Baath como uma "organização
revolucionária, uma liderança corajosa e inovadora, uma
organização jihadista revolucionária armada; ele
representa um exército destemido e gloriosas forças armadas".
Negando relatos dos media acerca da sua má saúde (nasceu em 1 de
Julho de 1942), Addouri confirmou que "estou com boa saúde e
à altura do espírito da Jihad", acrescentando que "hoje
acredito que estou a imigrar para Deus e Seu Profeta" e "deixo o
mundo, a mim próprio e sua fortunas por trás das minhas
costas" para dedicar-me totalmente ao "serviço de Deus e da
Sua Vontade" até "ou a vitória ou o
martírio".
Três capítulos da resistência
"Nossa resistência e batalha com o ocupante (americano) não
é nova", disse Addouri. "Ela começou durante os
primeiros anos de formação do Al-Baath para expandir-se a
aprofundar-se após a gloriosa revolução de 1968 (Julho) do
Tammuz... Antes de 2003, o inimigo imperialista utilizava forças locais
do Iraque, e algumas vezes a nação (árabe); outras vezes
utilizava potências regionais para combater-nos em seu nome. Quando seus
instrumentos locais e regionais fracassaram em travar a marcha do renascimento
Pan-Árabe do Iraque, o inimigo americano entrou directamente no campo da
luta e do combate, reuniu grandes potências e liderou a invasão e
ocupação por si mesmo".
Ele identificou três etapas da resistência iraquiana à
invasão conduzida pelos EUA e ocupação. " O primeiro
capítulo foi a mostra oficial, quando formações regulares
das bravas forças armadas enfrentaram a invasão estado-unidense;
a seguir o lançamento da confrontação popular contra a
invasão, a qual interliga-se com este capítulo. A
integração popular, oficial e militar verificou-se imediatamente
e a guerra popular de libertação começou durante a
primeira semana da invasão, tal como fora planeado pela liderança
e de acordo com a sua estratégia".
Durante este segundo capítulo das formações da
resistência a partir de organizações civis do partido,
Fedayeen Saddam e voluntários tomaram parte na execução
das nossas "operações martírio". As
"gloriosas mulheres do Iraque participaram nas primeiras
formações da resistência popular". Algumas daquelas
mulheres efectuaram "operações martírio, a primeira
das quais foi a heróica operação executada por duas
mulheres em Bagdad no terceiro dia da ocupação; uma outra
operação foi executada por uma gloriosa mulher iraquiana em
Al-Nassiriyah, ao sul do Iraque".
O "terceiro capítulo é sustentar a resistência e
continuar a batalha até a libertação do Iraque".
Addouri afirmou que durante a ocupação mais de um milhão e
trezentos mil iraquianos tombaram como mártires, e "até
agora o número de mártires do Al-Baath nesta batalha sobe a cento
e vinte mil".
Ele encara "esta revelação histórica decisiva",
a qual descreve como "a batalha sagrada", como "o destino e a
responsabilidade do Al-Baath assim como da responsabilidade do grande povo do
Iraque e dos seus poderes jihadista nacional, pan-árabe e
islâmico, e a libertação do povo da nossa
nação (árabe) e da humanidade como um todo", todos os
quais foram "alvejados pela invasão".
Pronto a negociar a retirada dos EUA
Addouri parecia claramente confiante na vitória e reiterou que a
ocupação liderada pelos EUA já fora derrotada, e "em
desespero à procura de uma saída". A resistência
"destruiu a aliança do mal, cujas partes do mesmo estão a
escapar uma depois da outra. Apenas Bush permanece estúpido na sua
derrota", disse ele.
Respondendo a perguntas acerca da verdade dos media que relatam haver
"contactos entre você e os americanos", se havia efectuado
algum "directo ou indirecto com autoridades oficiais dos EUA", se
"você deseja negociar com os americanos" e se a resposta for
positiva "quais são seus termos de negociação",
se "conduziria as negociações pessoalmente" ou
autorizaria outros a negociar, se tais negociações seriam
bilaterais (entre o Al-Baath e os EUA) ou em nome da "frente" da
resistência, e se era certo que o resultado das negociações
corresponderia ao peso real da resistência no terreno "como se
costuma dizer, você não pode chegar mais longe na mesa de
negociações do que a sua artilharia pode atingir", Addouri
respondeu:
"Amigos e inimigos" estão muito bem conscientes da nossa
estratégia, a qual foi tornada pública pelos media. O
"Al-Baath não negociou com absolutamente ninguém que
não reconhecesse previamente esta estratégia, e não
negociará nem com a América nem com intermediários ou
amigos excepto nesta base. Se o inimigo reconhecer esta estratégia
nós sentaremos com eles directamente, negociaremos com eles, e
ajudá-lo-emos a sair do nosso país sem perder a face e
facilitaremos a sua saída. Antes deste reconhecimento, não
há negociações com o inimigo ocupante".
O "Al-Baath encontrar-se-á com quem quer que seja que decida
encontrar, excepto com a entidade sionista (Israel) e o governo de
colaboracionistas da Zona Verde... Ficaremos felizes quando o inimigo estiver
convencido da sua derrota, aceitar nossa estratégia, sentar connosco
para negociar um programa para a sua execução", acrescentou.
Addouri pormenorizou a sua estratégia, indicando que "quaisquer
negociações com os invasores sem isto representa uma
deserção e traição, e é recusa por todas as
facções da resistência nacional, pan-árabe e
islâmica".
(1) Um reconhecimento público oficial da resistência nacional
armada e desarmada, incluindo todas as suas facções e partidos
(políticos), como o único representante legítimo do povo
do Iraque.
(2) Uma declaração oficial de retirada incondicional do Iraque
pela liderança estado-unidense.
(3) Declarar nula e vazia todas as instituições políticas
e legislativas, bem como todas as leis e legislações emitidas
por eles, desde a ocupação, com a lei da
des-baathização em primeiro lugar, e compensar todos aqueles que
foram adversamente afectados por eles.
(4) Uma interrupção de raids, perseguições,
prisões, matanças e deslocamentos.
(5) Libertação de todos os prisioneiros de guerra, prisioneiros e
detidos sem excepção e compensação a todos pelos
seus danos físicos e psicológicos.
(6) Restabelecer em serviço o exército e as forças de
segurança nacionais de acordo com as suas leis e regulamentos anteriores
à ocupação, e compensar todos os que foram adversamente
afectados pela sua dissolução.
(7) Uma promessa de compensar o Iraque por todas as perdas materiais e morais
que sofreu por causa da ocupação.
Tácticas iraquianas de guerra de guerrilha
Addouri pormenorizou o seu conceito da "guerra popular de
libertação e da guerra de guerrilha", aconselhou os
combatentes da resistência a "aderir aos princípios e
regras" desta espécie de guerra e listou quinze tácticas
"mais eficazes" para ferir o inimigo. Primeiro, disse ele,
"aparecer rapidamente por trás, pela frente e pelos lados do
inimigo como for ditado pela natureza do lugar, tempo, clima da
operação e o tipo e natureza do alvo, então atingi-lo
rapidamente e desaparecer rapidamente antes de o inimigo poder ter tempo para
reagir".
Segundo, "No planeamento, preparação e
selecção do alvo ter o cuidado de atingir de morte o
inimigo", acrescentou. Terceiro, "sua arma é a sua vida,
assim tenha o cuidado de manter-se sempre pronto e longe dos olhos do inimigo e
dos seus espiões". Quatro, "proteja a segurança da
informação ... como uma linha vermelha ou um assunto
sagrado" e não confie em ninguém "porque a
confiança é infindável na sociedade". Cinco, "o
inimigo é cego sem espiões, de modo que exerça todos os
esforços para descobri-los e liquidá-los". Seis,
"não seja levado pelas suas vitórias sucessivas" ou
atraído pelo "exibicionismo" ou perca seu auto-controle com a
louvação dos seus actos heróicos, jactando-se dos seus
êxitos, "notando que o inimigo está a caçá-lo o
tempo todo, então mantenha-se discreto, disfarçado e
vigilante". Sete, "inflija as maiores perdas nas fileiras do inimigo
e diminua ao mínimo as suas próprias perdas". Oito
"torne as suas mãos pesadas para o inimigo durante as horas de
repouso dele" e faça com que "nenhum lugar seja seguro"
para eles e não lhes dê tempo para recuperar".
Nove, "as linhas de abastecimento são vitais para o inimigo",
assim "concentrar-se e cortar" estas linha. Dez, "concentrar
nas bases do inimigo, campos e quarteis generais dia e noite" para
"romper a sua moral". Onze, "gaste o tempo que for preciso para
tratar com a mais extrema precisão com os traidores e espiões
para evitar ferir inocentes". Dozer, "expanda o círculo de
monitoramente, acompanhamento e caça do inimigo ... de modo a que ele
não nos surpreenda". Treze, "mantenha os laços
tradicionais com os seus parentes, vizinhos, vizinhança e amigos e torne
este laços mais profundos e mais íntimos, mas não
faça qualquer deles sentir que você tem uma missão que eles
não entendem" e "ajude-os a ultrapassar os pormenores duros da
vida diária, os quais são demasiados nos dias hoje" de modo
que eles o protegerão quando em dificuldade e não o
entregarão ao inimigo; eles são "sua couraça
protectora e cobertura honesta".
Catorze, "deixe a crença em Deus ... ser o nosso forte ponto de
partida". Quinze, "combata pela causa de Deus os inimigos de Deus
... até que o tirania ... os invasores sejam derrotados, até a
vitória completa, a libertação da pátria, e a
ascensão da bandeira do 'Não há Deus excepto O Deus' e for
trazida de volta a 'Bandeira de Deus É o Maior' para drapejar nos seus
do Iraque", disse Addouri.
Outros excertos:
Manaf: Observa-se que a resistência iraquiana começou
imediatamente após a profanação da terra do Iraque pelas
forças dos EUA. Como pôde ela (a resistência) ter arrancado
e crescido tão rapidamente?
Addouri: O "Partido Socialista Árabe Al-Baath é o partido
do Iraque e da nação árabe ... Ele não depôs
armas ou parou de combater nem uma hora dia e noite e a marcha dos seus
jihadistas não cessou em tempo algum ... Ele não foi surpreendido
pelo que aconteceu, mas isso aumentou ... a sua determinação de
não poupar esforços para combater implacavelmente os invasores,
seus fantoches e espiões quaisquer que fossem os sacrifícios e
sem considerar quanto tempo levaria até a vitória completa e a
libertação do Iraque".
Papel dos soldados rasos do exército
Manaf: Que papel dos oficiais e os soldados rasos das forças armadas
iraquianas desempenham na resistência?
Addouri: Hoje desempenham "um papel heróico e decisivo na marcha
da resistência. Além do seu papel combatente como jihadistas
através das suas próprias formações ... sob a
bandeira do Comando Geral das Forças Armadas, eles são, de acordo
com a orientação da liderança do partido (Al-Baath) e o
Comando Geral das Forças Armadas, dispersados em outras
facções da Jihad onde actuam como comandantes de campo,
planeadores, técnicos, fabricantes e aperfeiçoadores da maior
parte das várias armas da resistência. Eles representam a alma da
resistência e o segredo das suas inovações, desempenho
preciso e vitórias.
Novos métodos "sem precedentes"
Manaf: O que distingue a resistência iraquiana? Como ela foi capaz de
combater o ocupante em áreas abertas?
Addouri: "A resistência dependeu de regras e princípios da
guerra popular e da guerra de guerrilha, após desenvolvimento dos seus
métodos e tácticas de combate, e foi inovadora na sua
logística e nas operações especiais. Mais importante:
ela adaptou o ambiente iraquiano à guerra popular. Através da
prática, desenvolveu muito regras como "mover rapidamente" de
modo a fazer com que "toda a terra seja nossa e seja nossa o tempo
inteiro" e manter-se actualizado em relação ao que é
novo por parte do inimigo a fim de "confrontá-lo com as nossa
próprias inovações".
"Criámos e inovámos novos meios e métodos sem
precedentes nas guerras de libertação popular, ou mesmos nas
ciências da inteligência ... Não posso entrar em mais
pormenores por razões de segurança; isto é que
mantém a resistência" e sua liderança como um
"segredo misterioso, que humilha o inimigo, seus colaboradores e
espiões".
O Al-Baath vive e ... recruta
Manaf: Estão as formações da resistência dispersas
igualmente por toda a área do Iraque ou estão concentradas em
certas áreas e governorados?
Addouri: "O partido tem mais de meio século no Iraque ... a
organização do Al-Baath hoje ... é muitas vezes mais forte
do que era antes da ocupação ... Não pormenorizarei por
razões que o Al-Baath falará no devido tempo". Hoje o
partido dispersa-se em todas as cidades, aldeias, planícies, montanhas e
desertos do Iraque; fora do Iraque também está entre os
iraquianos, estejam eles em países árabes ou estrangeiros".
Após a ocupação, apesar das "condições
rígidas" para aderir ao partido e da campanha de
desbaatização, "milhares aderiram ao partido, principalmente
jovens entre os 16 e os 25. Dezenas de milhares de outros iraquianos aderiram
às facções da resistência conduzidas pelo
Al-Baath".
"No fim a Frente Nacional, Pan-Árabe e Islâmica emergiu; o
Al-Baath é um dos seus pilares básicos".
Sem apoio externo
Manaf: A resistência iraquiana é única pelo facto de que
não tem incubador ou apoio árabe, regional ou internacional.
Como o Al-Baath fez para manter a resistência forte e em crescimento?
Addouri: "A nossa resistência ... não só não
tem incubador fora das fronteiras do seu país como, o que é pior
e mais amargo, é que 99 por cento das potências influentes no
mundo estão tanto envolvidas directamente com o inimigo ou simpatizam
com ele; o um por cento que simpatiza com a resistência virou as costas
por medo dos seus inimigos, mas Deus cuidou dela e fez com que não os
necessitássemos. O povo do Iraque tem proporcionado o seu dinheiro e os
seus filhos; é uma fonte inexaurível".
Manaf: Alguns dizem que o papel do Al-Baath na resistência é
limitado. Qual é a dimensão da resistência conduzida pelo
Al-Baath?
Addouri: "O poder ocupante inimigo e os seus parceiros regionais e locais
lançaram um genocídio contra os baathistas, suas famílias,
apoiantes e simpatizantes. A constituição dos colaboracionistas,
a qual foi preparada pela CIA, inclui um artigo racista e nazi que estipula a
liquidação do Al-Baath como organização, pensamento
e pessoas".
"Eles objectivam a liquidação física,
destruição e deslocação do partido para os
confins".
"Um dos mais importantes e perigosos métodos de
desbaatização, após os assassínios e a
liquidação física de baathistas, é a tentativa de
censurar completamente o papel do Al-Baath no campo como um partido de
resistência e uma resistência armada, e enlamear a sua imagem e o
seu papel".
"Se o Al-Baath não tivesse sido iniciador da resistência,
desde o primeiro dia da invasão e ocupação, e se
não tivesse actuado como se fosse a sua própria batalha e a causa
a sua própria causa, o mundo não podia ter assistido à
emergência da mais forte resistência nacional imediatamente a
seguir à invasão".
"As outras facções da Jihad que emergiram após a
resistência estavam profundamente voltadas para a
confrontação do ocupante e a sabotagem da sua estratégia;
algumas delas foram formadas e começaram a actuar três anos
após a ocupação".
Operação documentada em CDs
A "espinha dorsal" da "vasta e forte base da Jihad hoje é
a resistência do Al-Baath e das forças nacionais,
pan-árabes e islâmicas, com aqueles membros do Alto Comando da
Jihad e da Libertação à frente, que cobrem toda a
área do Iraque", desde Um-Qaser no Sul a Zakho no Norte e desde
al-Qaem no Oeste a Khanqeen e Mandali no Leste.
Esta resistência está direccionada para impor um cerco
mediático, económico e político ao black out das suas
operações militares, actividades políticas e sua
influência física destrutiva e psicológica sobre os
soldados a potência ocupante e as suas forças no Iraque.
"Não vê como os invasores, colaboracionistas, traidores,
espiões, renegados ... apesar das suas diferenças sobre muitas
coisas, concordaram em censurar o seu papel e a sua acção e ao
invés proplaram ... a afirmação de que ela (a
resistência) é terrorismo?"
"Tenho documentado ao longo dos últimos cincos, em CDs, milhares de
operações contra o inimigo ... ao passo que o inimigo está
a destacar o papel de outros grupos, alguns dos quais foram formados
directamente ou através de intermediários pela própria
força de ocupação, e alguns outros foram formados por
potências estrangeiras hostis ao Iraque ... que matam o povo conforme o
bilhete de identidade" (Addouri referia-se às milícias
sectárias formadas pelo Irão, mas não mencionou o
Irão pelo seu nome).
Futuro sistema pluralista
Manaf: Como percebe o processo político em curso no Iraque? Qual
é o seu comentário acerca das conferências de
reconciliação sob os auspícios da Liga dos Estados
Árabes?
Addouri: "Não há cessar fogo com isso ... e resistiremos
qualquer que seja a entidade estabelecida sob a ocupação e ao seu
serviço, a começar pelo governo de traidores na Zona Verde".
Manaf: Tem uma estratégia para administrar a direcção do
Iraque após a libertação?
Addouri: Desde o primeiro dia da ocupação o Al-Baath clamou pela
"unidade da resistência como uma necessidade histórica".
Com esforço e persistência o partido teve êxito em formar a
"Frente Nacional, Pan-Árabe e Islâmica" em 2005 e
então a "Frente Jihad de Libertação para
facções armadas (33 facções de resistência
armada segundo ele) em Setembro de 2007. Ambas as frentes estão abertas
a todas as forças anti-ocupação, armadas e
políticas" para alcançar mais unidade durante a
libertação e a pós-libertação.
O Al-Baath nunca adoptou a posição de partido único; ele
"não acredita e recusa a teoria de um partido único".
Contudo, no passado, e "por circunstâncias objectivas", ele
propôs "a teoria do partido condutor".
"O Al-Baath acredita profundamente e principalmente na
criação de um sistema democrático nacional pluralista no
qual o poder é rodado democraticamente com base nas urnas eleitorais
através de eleições livres, transparentes e
correctas".
Todo desvio disto no passado "cai dentro do contexto dos erros" de
marcha do Al-Baath.
Comprometido com a autonomia curda
Manaf: Qual é o seu programa para a questão curda após a
libertação?
Addouri: "Estamos confiantes em que o nosso povo curdo não
obterá os seus direitos nacionais e culturais ... excepto dentro da
unidade de ... um Iraque livre, liberto, independente e próspero ... o
partido Al-Baath continuará comprometido com a sua
declaração histórica de Março de 1970 e com a Lei
da Autonomia de 1974 como base para o tratamento dos direitos nacionais,
culturais e políticos do nosso povo curdo do Iraque".
Manaf: Recentemente foi fundado publicamente o "Partido Liberdade e
Justiça do Curdistão", anti-ocupação; que
papel espera que desempenhe no Curdistão?
Addouri: Foram fundados dois partidos com o nome de partido da liberdade e
justiça do Curdistão, um presidido por Johar al-Hirki, o filho de
uma eminente família curdo-iraquiana, que é leal ao povo do
Iraque, e o outro presidido pelo "irmão combatente" Arshad
Zibari. Ambos efectuaram um bocado de sacrifícios das suas
famílias e tribos contra a ocupação e em defesa da
liberdade e independência do Iraque.
"O nascimento de ambos os partidos contribuirá para o
fortalecimento e expansão do movimento nacional curdo contra a
ocupação e seus lacaios".
05/Junho/2008
[*]
Veterano jornalista árabe residente em Bir Zeit, Cisjordânia, nos
territórios palestinos ocupados por Israel.
A versão em inglês encontra-se em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=9192
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
|