"Os resultados da eleição mostram definitivamente uma
reversão do cenário político que nos é familiar, a
interrupção da rotação dos dois partidos, PASOK e
ND. Estamos a mover-nos para uma fase transicional onde haverá uma
tentativa de criar um novo cenário político com novas
formações, novas figuras com uma orientação de
centro-direita ou baseada numa nova social-democracia que terá o SYRIZA
como núcleo, destinada a impedir a ascensão do radicalismo do
povo que levaria as coisas rumo a um verdadeiro derrube [da
reacção] em favor do povo. Haverá uma tentativa de formar
um governo ou a partir destas eleições ou de
eleições a seguir, um governo composto por todos os partidos, ou
um governo de unidade nacional, ou uma coligação governamental
destinada precisamente a impedir a criação de uma maioria que
lute pela mudança.
Dirigimo-nos aos membros do partido, aos membros do KNE, aos amigos, aos
apoiantes, aos eleitores, às pessoas que cooperam com o partido, a todos
que têm estado connosco na linha de frente do movimento e na batalha
eleitoral e apelamos a estarem na linha de frente das lutas nos próximos
dias porque temos questões sérias e prementes que estão em
andamento, tais como acordos de negociação colectiva, a
protecção dos desempregados, a bancarrota dos fundos de
segurança social, as novas medidas que montam a 11,5-13,5 mil
milhões de euros as quais serão pagas a partir dos bolsos do
povo. Não podemos desperdiçar qualquer tempo. O povo não
deve desperdiçar tempo.
Urgimos os eleitores do PASOK e da ND em particular, aqueles que pertencem
à classe trabalhadora e aos outros estratos populares, a estarem
também na linha de frente, juntamente connosco e outros militantes, nas
lutas, nos lugares de trabalho, nas escolas e universidades, nos bairros
populares. São eles que têm de proporcionar um novo momento e um
carácter de massa à luta. Apelamos ao povo para que não se
deixe enganar pela tentativa de disfarçar o sistema político que
se verificará nos dias e meses a seguir. Os resultados das
eleições, apesar do facto de que os votos foram dispersos em
ambas as direcções, direita e esquerda, objectivamente demonstram
uma tendência positiva: que mudanças radicais estão a
amadurecer ou amadurecerão na consciência das pessoas, que o
movimento do derrube real amadurecerá e que este movimento não
estará distante longe, ou melhor ainda, não estará em
oposição à proposta política do KKE sobre os
problemas imediatos, para o poder dos trabalhadores e do povo.
Consideramos significativo, positivo e ao mesmo tempo um grande legado para o
próximo período o facto de que confrontámos as
forças pró europeias e pró UE na sua totalidade, sem
considerar as posições que elas tomar em relação ao
memorando, o facto de que combatemos a fim de promover a nossa própria
proposta alternativa a qual responde e satisfaz os interesses do povo.
Consideramos que esta proposta constitui um legado significativo para o povo e
naturalmente acrescentará um novo impulso às lutas do povo.
Sentimos que as nossas responsabilidades e o nosso papel em
relação ao povo e seus problemas devem ser fortalecidos e
acreditamos, de facto estamos certos, continuaremos a ser a força
insubstituível que defende os interesses do povo.
A respeito do resultado eleitoral do KKE: naturalmente o CC emitirá uma
avaliação abrangente depois de estudar os resultados como um todo
e as tendências do eleitorado em cada região de modo a extrair
conclusões mais completas. Mas podemos dizer que o KKE literalmente
ultrapassou obstáculos em ambos os lados. Por um lado havia a
cólera, os protestos, a indignação que eram absolutamente
justificados mas que era principalmente sem foco e por outro lado houve as
ilusões. Como mostram os resultados neste ponto o KKE teve um pequeno
aumento. Naturalmente que teríamos gostado de um maior. No entanto,
tenho a dizer que o CC e o partido como um todo não têm
ilusões de que os votos do KKE pudessem aumentar exponencialmente porque
o desempenho do KKE nas eleições é acima de tudo
relacionado com a formação não só de um movimento
militante do povo como também da formação de uma maioria
poderosa que esteja emancipada dos dilemas bem conhecidos assim como das
ilusões regeneradas.
O KKE tornou público no momento certo, antes das eleições
e sem qualquer hesitação, que tipo de posição
tomará em relação a qualquer governo que emerja das
eleições, centro-direita, centro-esquerda ou "esquerda"
seja ele servido como um governo de unidade nacional ou como um governo de
todos os partidos como está a ser discutido exactamente agora.
Clarificamos a nossa posição: naturalmente estamos certos de que
nem o PASOK nem a ND nos proporão cooperação. Eles
estão muito bem conscientes das profundas diferenças entre
nós. Mas gostaríamos de responder mais uma vez à proposta
do SYRIZA repetida após as eleições referente a um governo
da esquerda. Responderemos claramente sem recorrer àquilo que todos
nós podemos ver, nomeadamente que os votos e cadeiras nõ
são suficientes. Talvez o SYRIZA pense que são suficientes, pois
tentarão obter apoio e votos dos deputados de todos os outros partidos.
Clarificamos a nossa posição: continuamos a dizer não
à cooperação porque na análise final não
chegámos a esta posição de não de acordo com as
nossas expectativas altas ou baixas a respeito dos resultados das
eleições.
Ouvimos que o presidente do SYRIZA pedirá uma reunião e que eles
querem manter discussões privadas acerca do programa da
coligação de governo. Logicamente quem fez uma proposta para uma
coligação governamental deveria ter dito em pormenor antes das
eleições o que farão em Junho, em Julho, em
relação a questões concretas etc ao invés de
slogans gerais e denúncias gerais do memorando. Ou pelo menos elas
deveriam ter estado prontas agora. O que querem eles exactamente? Temos ouvido
apenas acerca de algumas concessões que podem ser asseguradas ou coisas
semelhantes.
No entanto um governo, sem considerar a sua composição, deve
tratar de todo o espectro dos problemas. Ele não deveria simplesmente
denunciar o memorando mas devolver ao povo os ganhos que foram abolidos antes
do memorando porque a maior parte dos ganhos foi abolida antes do
memorando bem como todos os muitos outros que foram abolidos após
o memorando. Um governo tem de administrar tudo e não meramente os
benefícios de desemprego, como foi mencionado. Ele tem de administrar
questões de economia, a postura dos grupos de negócios para com o
povo trabalhador, a lista das privatizações adoptadas nos anos
anteriores. Ele tem de lidar questões de política externa tais
como os compromissos gerais que decorrem da UE, NATO, da aliança
estratégica com os EUA. Não há governo que divida os
acordos em pedaços, políticas abstractas e promova apenas o
pacote de medidas do dia seguinte.
A fim de concordar com um tal governo o KKE precisa fazer uma meia-volta
completa, um salto mortal e não simplesmente um pequeno recuo, uma
pequena viragem. Ele deve fazer uma mudança completa. E acima de tudo
teria de fazer compromissos inaceitáveis que nada têm a ver com os
interesses do povo. Talvez o povo não esteja interessado na pureza
ideológica dos vários partidos, mas um partido que em todos estes
anos, desde o próprio momento inicial da sua fundação, tem
estado na linha de frente da luta não quer abandonar esta
posição a fim de ganhar alguns ministérios. O povo
não precisa desta espécie de KKE".
Atenas, 06/Maio/2012
O Gabinete de Imprensa do CC do KKE
[*]
Secretária-geral do CC do KKE