Um plano para ampliar a supremacia americana
O "choque de civilizações"
A conspiração islâmica e a teoria do choque de
civilizações têm sido progressivamente inventadas desde
1990 no sentido de proporcionar ao complexo industrial militar, uma ideologia
disponível após o colapso da União Soviética.
Bernard Lewis, um especialista britânico sobre o Médio Oriente,
Samuel Huntington, um estratega americano, e Laurent Murawiec, um consultor
francês, foram os principais criadores desta teoria que justifica, nem
sempre de um modo lógico, a cruzada dos EUA por petróleo.
Os ataques de 11 de Setembro, atribuídos a uma
"conspiração islâmica" pela
administração Bush, foram interpretados como a primeira
manifestação de um "choque de
civilizações", tanto na Europa como nos Estados Unidos.
Assim, o mundo muçulmano-árabe teria empreendido uma guerra
contra o mundo judaico-cristão. Não haveria mais nenhuma
solução senão a vitória de um sobre o outro: o
triunfo do islão e a imposição de um califado mundial
(quer dizer, um império islâmico), ou a vitória dos
"valores americanos" compartilhados por um islão moderno num
mundo globalizado.
UMA DOUTRINA APOCALÍPTICA
A conspiração islâmica e a teoria do choque de
civilizações propõem uma explicação
holística do mundo, e estabelecem uma ordem mundial depois do
desaparecimento do União Soviética. Não existe já a
confrontação leste-oeste entre as duas superpotências com
ideologias contraditórias, mas existe uma guerra entre duas
civilizações ou, melhor dizendo, entre uma
civilização moderna e uma forma arcaica de barbarismo.
Esta teoria, quando declara que o islão está em guerra contra os
valores americanos, toma como certo que o islão não pode ser
modernizado. Esta cultura não pode ser isolada da sociedade árabe
do século VII cujas estruturas perpetuaram acima de tudo, a
inferioridade das mulheres, e apenas concebe a sua expansão
através da violência, ao estilo da guerra do Profeta.
Da mesma forma, esta teoria estipula que "os Estados Unidos" promovem
a liberdade, a democracia e a prosperidade, que encarna a modernidade e
representa o nível mais alto de progresso, o fim da História.
Sendo assim, o 11 de Setembro de 2001 foi a primeira batalha desta guerra de
civilizações, como foi Pearl Harbor -- para os Estados Unidos --
a primeira batalha da segunda guerra mundial. Quer dizer, esta guerra
não tem qualquer semelhança com as guerras anteriores.
Durante as primeiras duas guerras mundiais, as coligações
militares tiveram que travar combates titânicos. Durante a guerra fria,
os combates militares estiveram limitados a áreas periféricas ou
a conflitos de baixa intensidade (as guerrilhas), enquanto o confronto central
opôs as duas superpotências do ponto de vista ideológico.
Durante a IV guerra mundial que acaba de ter início, as batalhas
militares clássicas foram substituídas por guerras
assimétricas: uma única potência, líder de todos os
outros Estados, combate um não-Estado terrorista omnipresente.
Porém, esta não é tanto uma guerra entre um Estado
despótico e grupos de resistência armada, mas será mais uma
insurreição das democracias contra a tirania islâmica que
oprime o mundo árabe muçulmano numa tentativa para impor um
califado mundial.
Esta luta entre o Bem e o Mal, tem o seu ponto de cristalização
em Jerusalém. Estará lá no mesmo lugar, depois do
Armagedon, aquando do regresso de Cristo, que anunciará o triunfo do
"destino manifesto" dos Estados Unidos, "a única
nação livre na Terra" confiado pela Divina Providência
para derramar a "luz de progresso sobre o resto do mundo". Assim, o
apoio incondicional para com Israel contra o terrorismo islâmico,
constitui um dever patriótico e religioso de todo cidadão
americano, ainda que os judeus só possam atingir a
salvação através da sua conversão ao cristianismo.
O CONTEXTO
Este tipo de abordagem da conspiração islâmica e da teoria
do choque de civilizações é, sem qualquer dúvida,
um exagero. Pelo contrário, aquilo que os partidos políticos
americanos e os meios de comunicação social têm vindo a
disseminar, relativamente àquelas ideias, é tido como
absolutamente verdade. Claro que, seria bom que cada um de nós pudesse
conhecer mais, sobre os preconceitos e a coerência irracional que
estão na sua origem.
Os conceitos de mundo muçulmano-árabe e de mundo
judaico-cristão são eles próprios pouco claros.
Originalmente, o termo "judaico-cristão" não se referia
a todos os judeus e cristãos, mas apenas a um grupo reduzido de
cristãos originais que ainda eram judeus, antes da
separação entre a Igreja e a Sinagoga. Mas, no fim dos anos
sessenta, isto é, depois dos Estados Unidos estarem mais próximos
de Israel, e depois da guerra dos seis dias, este termo assumiu um significado
político. Desde então passou a estar relacionado com o bloco da
NATO, o Ocidente, em oposição ao bloco soviético,
conhecido como o Leste.
Neste momento, verifica-se uma reciclagem dos conceitos. Hoje, o Ocidente
é, mais ou menos, igual ao que era antes, enquanto o Leste (bloco
soviético) já não é o adversário, mas sim o
Médio Oriente. Estes conceitos não têm nada que ver com
geografia ou com a cultura, mas apenas com a propaganda.
Assim, a Austrália e o Japão são Ocidentais do ponto de
vista político, como os dois Estados europeus cuja
população é muçulmana: a Turquia e a Bósnia
Herzegovina. E existe ainda outro problema importante: em muitos Estados,
principalmente ao redor do mediterrâneo, é actualmente
impossível distinguir a civilização judaico-cristã
da civilização muçulmano-árabe.
Desta forma, a guerra de civilizações significa o
lançamento de guerras civis para dividir as populações.
Deste ponto de vista, a Jugoslávia constitui uma experiência bem
sucedida. A luta para a implementação do projecto de
separação implicou a erradicação do idealismo
secular. Sendo assim, será inevitável a longo prazo, que a
República Francesa
[1]
se venha a constituir na resistência estrutural mais importante no
interior do bloco ocidental.
Por outro lado, o preconceito pelo qual o islão é
incompatível com a modernidade e a democracia, pressupõe uma
grande ignorância. A expressão "mundo
muçulmano-árabe" enfatiza que o islão é
actualmente mais inclusivo do que a visão estreita que nós temos
do mundo árabe. Poucos americanos sabem que a Indonésia é
o primeiro Estado muçulmano do mundo. Podemos dizer com razoabilidade
que o Abu Dabi e o Dubai não são tão modernos quanto o
Kansas? Podemos afirmar sinceramente que o Bahrain não é
tão democrático quanto a Flórida? Um dos mecanismos deste
discurso é associar o islão com o século VIII
árabe. Mas, associamos nós o cristianismo ao Médio Oriente
do Tempo Antigo?
Correlacionando, conclui-se que esta teoria está baseada na
convicção nos "valores americanos". Na realidade esta
é uma convicção simplista porque, como é que
podemos ter uma imagem tão elevada de um país cuja
constituição não reconhece a soberania popular, cujo
presidente não foi eleito mas sim designado; onde a
corrupção entre parlamentares não é proibida mas
sim regulada; onde um prisioneiro é mantido em prisão
solitária sem acusação; com um campo de
concentração no território cubano de Guantanamo; que
impõe penas de morte e tortura; onde os donos de jornais importantes
recebem ordens semanais da Casa Branca; que larga bombas sobre a
população civil no Afeganistão; que sequestra um
presidente eleito democraticamente no Haiti; que financia os mercenários
para derrotar os governos democráticos na Venezuela e Cuba etc?
Em suma, esta teoria está muito associada a um pensamento religioso
apocalíptico. A revolução americana é um movimento
complexo onde diferentes ideologias se fundem. Mas, no fim, não é
mais do que um projecto religioso que esteve na base da fundação
dos Estados Unidos, e hoje, este é o projecto religioso que a actual
administração americana deve defender.
O juramento de lealdade, aplicado desde a guerra-fria, e actualmente posto
à prova no Supremo Tribunal, insinua que para se ser um cidadão
americano, tem de se acreditar em Deus. George W. Bush chegou à Casa
Branca com a sua fé cristã como programa político,
sustentando convicções fundamentalistas, segundo as quais o
género humano foi criado apenas há alguns milhares de anos
atrás, não considerando a teoria da evolução das
espécies. Na Casa Branca, ele estabeleceu uma Agência de
Iniciativas baseada na fé.
O secretário de estado da justiça John Ashcroft, repetiu o lema
"Nós não temos outro rei que não seja Jesus". O
secretário de Estado da Saúde impôs programas
profilácticos em nome das convicções religiosas. O
secretário de Estado da Defesa incluiu missionários da igreja de
Graham nas forças de coligação enviadas para o Iraque com
o propósito de converter a população daquele país.
Há muitos outros exemplos como estes que nos levam a desejar saber se os
Estados Unidos são efectivamente um país moderno, um país
aberto e tolerante, ou se são sim, a encarnação do
sectarismo e do arcaísmo.
A ORIGEM DO CONCEITO
O "choque de civilizações", expressão surgida
pela primeira vez em 1990 num artigo do especialista do Médio Oriente,
Bernard Lewis, generosamente intitulado "As raízes de raiva
muçulmana"
[2]
, estabelece a ideia de que o islão não tem nada bom e que a
amargura que isso causa entre os muçulmanos transforma-se em raiva
contra o Ocidente. Não obstante, a vitória está garantida,
assim como a "libanização" do Médio Oriente e o
fortalecimento de Israel.
Bernard Lewis, que hoje tem 88 anos, nasceu no Reino Unido e especializou-se
como jurista e perito em islamismo. Durante o Segunda Guerra Mundial, trabalhou
nas agências de inteligência militar e no gabinete para os assuntos
árabes do Ministério Britânico de Relações
Exteriores. Nos anos sessenta tornou-se um importante perito consultado pelo
Real Instituto dos Negócios Internacionais, onde foi considerado um
excelente especialista em intervenção humanitária
britânica no império otomano e um dos últimos defensores do
império britânico.
Patrocinado pela CIA, ele participou no Congresso para Liberdade Cultural, onde
lhe foi confiado o projecto de escrever um livro intitulado "O
Médio Oriente e o Ocidente"
[3]
. Em 1974, mudou-se para os Estados Unidos. Tornou-se professor em Princeton e
adoptou a cidadania americana. Nessa altura era conselheiro de Zbigniew
Brzezinski, que por sua vez, era conselheiro de Segurança Nacional sob a
administração do presidente Carter. Em conjunto, conceberam a
base teórica do "arco de instabilidade" e planearam a
desestabilização do governo comunista do Afeganistão.
Em França, Bernard Lewis era membro da Fundação
Saint-Simon de acompanhamento da NATO, para a qual produziu em 1993 um folheto
intitulado "Islão e democracia", cuja publicação
originou uma entrevista para o jornal francês
Le Monde.
Naquela entrevista, ele conseguiu negar o genocídio cometido contra os
arménios, tendo-lhe sido por esse motivo movido um processo judicial.
[4]
No entanto, o conceito de "choque de civilizações" foi
evoluindo rapidamente; do discurso neocolonial baseado na tónica da
supremacia branca, para a descrição de uma
confrontação mundial cujo resultado seria incerto. Este novo
significado deveu-se ao professor Samuel Huntington que, contrariamente ao que
se possa pensar, não foi um perito islâmico, mas sim um estratega.
Huntington desenvolve esta teoria em dois artigos "O choque de
civilizações?" e "O Ocidente único, não
universal" -- e um livro originalmente intitulado "O choque de
civilizações e o refazer da Ordem Mundial".
[5]
Já não se trata de combater os muçulmanos, mas sim de um
combate prévio antes do combate com o mundo chinês. Como no mito
da fundação de Roma, os Estados Unidos têm de eliminar os
seus adversários um por um para alcançar a vitória final
Samuel Huntington é um dos intelectuais mais importantes dos tempos
actuais, não porque o seu trabalho seja rigoroso e brilhante, mas sim
porque constituiu a fundação ideológica do fascismo
moderno.
No seu primeiro livro intitulado "O Soldado e o Estado", publicado em
1957, ele tenta provar que existe uma instituição militar
ideologicamente unida, enquanto as instituições civis são
politicamente divididas.
[6]
Assim, ele desenvolve o conceito de uma sociedade na qual seriam eliminados
os regulamentos comerciais, colocando o poder político nas mãos
das multinacionais, e sob a tutela da Guarda Pretoriana.
Em 1968, ele publicou "A Ordem política nas sociedades em
transformação", uma tese onde afirma que os regimes
autoritários são os únicos capazes de modernizar os
países do Terceiro Mundo.
[7]
Secretamente, ele participou na criação do grupo de
reflexão
(think tank)
que submeteu um relatório ao candidato presidencial, Richard Nixon,
onde se proponha o reforço das acções secretas da CIA.
[8]
Em 1969-1970, Henry Kissinger, que tinha uma propensão por
acções secretas, exerceu influência para ele ser designado
como membro de um grupo de trabalho, especificamente nomeado pelo presidente,
para o Desenvolvimento Internacional.
[9]
Huntington defendia a necessidade de um jogo dialéctico entre o
Departamento de Estado e as multinacionais; o primeiro teria que exercer
pressão sobre os países em desenvolvimento, no sentido de
adoptarem legislações liberais e abandonarem as
nacionalizações, enquanto as multinacionais deveriam transferir
para o Departamento de Estado o seu conhecimento sobre os países onde
desenvolviam as suas actividades.
[10]
Ele torna-se então membro do Centro Wilson e cria a revista
Foreign Policy.
Em 1974, Henry Kissinger designou-o membro do Comitê das
Relações Latino-Americanas. Huntington participou activamente na
entronização de Augusto Pinochet no Chile e de Jorge Rafael
Videla na Argentina. Ali, tentou pela primeira vez o seu modelo social, e
demonstrou que uma economia não-regulada seria compatível com uma
ditadura militar.
Ao mesmo tempo, o seu amigo Zbigniew Brzezinski apresentou-o a um
círculo privado: a Comissão Trilateral. Uma vez integrado nesta
Comissão, ele elaborou um relatório intitulado "A Crise da
Democracia",
[11]
onde promove uma sociedade mais elitista que limitaria o acesso às
universidades e à liberdade de imprensa.
Quando Jimmy Carter se libertou dos membros das administrações
Nixon e Ford, Brzezinski, agora consultor da Segurança Nacional, ajudou
o amigo Huntington, que na altura pretendia permanecer na Casa Branca, com o
objectivo de desempenhar o papel de coordenador do Conselho de Segurança
Nacional.
Durante este período, Huntington encetou uma colaboração
activa com Bernard Lewis e concebeu a necessidade prévia de
dominação das zonas produtoras de petróleo e politicamente
instáveis, antes de um eventual ataque à China comunista. Embora
isto não fosse, para já, um "choque de
civilizações", na realidade era bastante semelhante.
Mas o professor Samuel Huntington foi forçado a enfrentar um
escândalo incómodo. De acordo com notícias correntes, a CIA
estava a pagar-lhe para publicar artigos em revistas universitárias,
justificando as acções secretas desenvolvidas por aquela agencia,
com o objectivo de assegurar a ordem em países onde um ditador amigo
tivesse desaparecido ou falecido repentinamente. Quando o escândalo foi
esquecido, Frank Carlucci designou-o como membro do Conselho de
Segurança Nacional e da Comissão Integrada do Departamento de
Defesa para a Estratégia a Longo Prazo.
[12]
O seu relatório, serviu como justificação para o programa
"Guerra das Estrelas". Hoje, o professor Huntington dirige a Casa da
Liberdade, uma associação anticomunista encabeçada pelo
anterior director da CIA, James Woolsey.
JERUSALÉM E MECA
A teoria do choque de civilizações cristalizou-se nos aspectos
religiosos. O controle judaico-cristão de Jerusalém é um
talismã exigido para a vitória global. Se o Ocidente perder a
Cidade Santa, perderá também a força para cumprir o seu
destino manifesto, a sua missão divina. Da mesma forma, se os
muçulmanos perderem o controle de Meca, a sua religião
desmoronar-se-á. Claro que isto não tem nada de racional, mas
estas superstições estão presentes na imprensa popular
americana e fazem parte também de uma forma de discurso político
bem-concebido.
No dia 10 de Julho de 2002, Donald Rumsfeld e Paul Wolfowitz convocaram a
reunião quadrimestral do Comité Consultivo da Política de
Defesa.
[13]
Só doze membros compareceram à reunião. Os participantes
ouviram a comunicação apresentada por um perito francês da
"Rand Corporation", Laurent Murawic, intitulada "Expulsar os
Sauditas da Arábia". A conferência foi dividida em três
partes, compreendendo a projecção de 24 diapositivos.
Primeiramente, Murawiec reintroduziu a teoria de Bernard Lewis: o mundo
árabe esteve sujeito a uma crise durante dois séculos. Não
pôde levar a cabo uma revolução industrial nem uma
revolução tecnológica.
Este fracasso provoca uma frustração, que se converte numa
"fúria" contra o mundo ocidental, em especial, porque os
árabes não conhecem o debate, uma vez que na sua cultura,
é a violência apenas, que está na base da sua habitual
prática política. Desse ponto de vista, os ataques de 11 de
Setembro não são mais do que uma expressão
sintomática do seu grande descontentamento.
Na segunda parte, Murawiec descreve a família real saudita como incapaz
de controlar a situação. Os sauditas desenvolveram uma
interpretação "wahabista" do mundo, com o objectivo de
combater o comunismo e a revolução iraniana, tendo actualmente
perdido o controlo da situação que eles próprios criaram.
Por último, o conferencista propõe uma estratégia: Os
sauditas detêm o petróleo (finalmente chagámos ao fundo da
questão), os petro-dólares e a custódia dos lugares
santos. Eles são o único centro, ao redor do qual gravita o
mundo árabe. Livrando-se deles, os Estados Unidos podem controlar o
petróleo que necessitam para a sua economia, podem controlar o dinheiro
que provém do petróleo, e que erradamente foi pago no passado, e
acima de tudo, poderão obter o controlo dos lugares santos, ou seja, da
religião muçulmana. Após o desmoronamento do islão,
Israel poderia levar a cabo a anexação de Egipto.
Laurent Murawiec foi consultor de ministro francês da Defesa Jean-Pierre
Chevènement e deu cursos na Escola de Altos Estudos de Ciências
Sociais (EHESS, no acrónimo francês).
[14]
Durante muitos anos foi consultor de Lyndon LaRouche, e repentinamente
abandonou-o, unindo-se aos neoconservadores. Hoje. é perito no Instituto
Hudson de Richard Perle, e colabora no Fórum Médio Oriente com
Daniel Pipes.
Esta reunião fez muito "ruído". O embaixador
árabe saudita exigiu uma explicação, e foi pedido ao Sr.
Perle, seu organizador, para no futuro ser mais discreto. Murawiec foi
convidado a abandonar a Rand Corporation. Em todo caso, a reunião fora
convocada por Rumsfeld e Wolfowitz, que estavam completamente a par das
eventuais consequências. Tratava-se, no fundo, de uma tentativa para
avaliar até onde o Pentágono poderia ir.
NOTAS
[1] Aqui estabelecemos uma diferença entre a República Francesa
como uma ideia e França como um Estado-Nação.
[2] "The Roots of Muslim Rage" por Bernard Lewis, Atlantic Monthly,
Setembro 1990.
[3] The Middle East and the West, por Bernard Lewis, Weidenfelds & Nicholson,
1963.
[4] Ver "Affaire Forrem de Associations arméniennes de Franco &
LICRA contra Berrando Lewis" [Case of France Armenian Associations Forum
and LICRA against Bernard Lewis], 21 de Dezembro, tribunal 1995, 17ª
Câmara do TGI em Paris.
[5] "The Clash of Civilizations?" and "The West Unique, Not
Universal", Foreign Affairs, 1993 e 1996; The Clash of Civilizations and
the Remaking of World Order, 1996.
[6] The Soldier and the State por Samuel Huntington, Harvard University Press,
1957.
[7] Political Order in Changing Societies por Samuel Huntington, Yale
University Press, 1968
[8] O grupo era composto por Francis M. Baton, Richard M. Bissell, Roger D.
Fisher, Samuel Huntington, Lyman Kirkpatrick, Henry Loomis, Max Milliken,
Lucien W. Pye, Edwin O. Reischauer, Adam Yarmolinsky e Franklin Lindsay.
[9] Presidential Task Force on International Development, presidido por Rudolph
Peterson.
[10] The United States in Changing Wold Economiy, US Government Printing
Office, 1971.
[11] The Crisis of Democracy por Crozier, Huntington e Watanuky, New York Press
University, 1975.
[12] Commission on Integrated Long-Term Strategy. Ela inclui Charles M.
Herzfeld, Fred C. Iklé, Albert J. Wohlstetter, Anne Armstrong, Zbigniew
Brzezinski, William P. Clark, W. Graham Claytor, Jr, General Andrew J.
Goodpaster, Admiral James L. Holloway. III, Samuel P. Huntington, Henry A.
Kissinger, Joshua Lederberg, e Generals Bernard A. Schriever e John W. Vases.
[13] Encabeçado por Richard Perle, o Comité Consultivo da
Política de Defesa inclui Adelman, Richard V. Allen, Martin Anderson,
Gary S. Becker, Barry M. Blechman, Harold Brown, Eliot Cohen, Devon Cross,
Ronald Fogleman, Thomas S. Foley, Tillie K. Fowler, Newt Gingrich, Gerald
Hillman, Charles A. Horner, Fred C. Ikle, David Jeremiah, Henry Kissinger,
William Owens, J. Danforth Quayle, Henry S. Rowen, James R. Schlesinger, Jack
Sheehan, Kiron Skinner, Walter B. Slocombe, Hal Sonnenfeldt, Terry Teague, Ruth
Wedgwood, Chris Williams, Pete Wilson e R. James Woolsey, Jr.
[14] Criado depois da Libertação Francesa sob a
inspiração da CIA, a EHESS deveria actuar como contraparte do
CNRS debaixo da influência comunista. Mesmo hoje, esta escola é
financiada generosamente na Fundação franco-americana
(French-American Foundation).
[*]
Jornalista e escritor, presidente da Rede Voltaire.
A versão em inglês encontra-se em
http://www.voltairenet.org/article30037.html
.
Tradução de MJS.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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