"Ruptura com a UE do capital e o seu instrumento, o euro"

por Dominique Negri [*]

Ruptura com a UE do capital e seu instrumento, o euro:   a direcção do Partido [PCF] deve deixar de se esquivar à questão.

A orientação euro-construtiva do Partido da Esquerda Europeia (indicada pela Comissão Europeia) não pode ser transposta, como tal, no PCF, nem tão pouco as concepções de Jean-Luc Mélenchon de que recordo ter votado por Maastricht.

Quando ouço avançarem a perspectiva de uma orientação progressista do BCE, vejo uma miragem reformista que contribui gravemente para reabilitar uma instituição concebida contra os povos e as democracias nacionais.

Quando ouço Pierre Laurent temer que "a UE voe em estilhaços se não for refundada", fico surpreendida. Para mim, se se combate o capitalismo combate-se a UE!

Há 10 anos que os povos fazem uma experiência dolorosa do euro. Tudo o que o PCF havia analisado e denunciado nos anos 90 realiza-se: concorrência agravada entre os povos, deslocalizações, recuos sociais, reforço das dominações imperialistas, etc.

Desde há vários meses, governos, UE e BCE sangram os povos para "salvar o euro" – o qual não salvou ninguém da crise, ao contrário.

Por um lado, há uma "união sagrada" para "salvar o euro" e utilizar a crise para agravar a tutela da UE sobre as nações. Ela reúne tanto Sarkozy como Holland, Aubry, Zapatero, Merkel... A pressão da ideologia dominante é imensa, inédita, para defender o euro.

Por outro lado, cresce a rejeição da UE do capital. Seu carácter de classe afirma-se ainda mais aquando dos referendos nacionais, como em França os de 1992 e de 2005.

A França não tem na UE o mesmo lugar que a Grécia. A saída da França do euro significaria o fim do euro.

É possível uma grande campanha política para infligir uma derrota importante ao capital. Penso que ela é necessária, fundamental para desmascarar e combater o consenso das forças políticas da alternância. Estas delegaram cuidadosamente à extrema-direita nacionalista o cuidado de desviar a oposição ao euro e à UE, por vezes com algumas das nossas posições históricas. É extremamente perigoso abandoná-las.

Fomos sete membros do Conselho Nacional a apelar a uma campanha nacional do PCF pela ruptura com a UE do capital e o fim do euro (em ligação com o vivelepcf.over-blog.fr ).

É completamente anormal que este ponto de vista, proveniente de responsáveis comunistas, não seja publicado no Humanité, não seja discutido. Apelo à direcção para organizar um debate ao nível do CN, no Partido, sobre esta questão. É urgente. Recordo que o congresso ordinário onde esta questão deveria ter sido discutida foi anulado.

A batalha contra a UE do capital é uma batalha internacionalista. Todo o que for ganho num país serve aos outros povos. O PCF tem uma imensa responsabilidade em prosseguir seu combate histórico, pela rejeição da aplicação dos tratados e directivas europeias, contra o euro.

[*] Do Conselho Nacional do PCF. Intervenção em 21/Outubro/2011.

O original encontra-se em vivelepcf.over-blog.fr/...


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10/Nov/11