"Ruptura com a UE do capital e o seu instrumento, o euro"
Ruptura com a UE do capital e seu instrumento, o euro: a
direcção
do Partido [PCF] deve deixar de se esquivar à questão.
A orientação euro-construtiva do Partido da Esquerda Europeia
(indicada pela Comissão Europeia) não pode ser transposta, como
tal, no PCF, nem tão pouco as concepções de
Jean-Luc Mélenchon
de que recordo ter votado por Maastricht.
Quando ouço avançarem a perspectiva de uma
orientação progressista do BCE, vejo uma miragem reformista que
contribui gravemente para reabilitar uma instituição concebida
contra os povos e as democracias nacionais.
Quando ouço
Pierre Laurent
temer que "a UE voe em estilhaços se não for
refundada", fico surpreendida. Para mim, se se combate o capitalismo
combate-se a UE!
Há 10 anos que os povos fazem uma experiência dolorosa do euro.
Tudo o que o PCF havia analisado e denunciado nos anos 90 realiza-se:
concorrência agravada entre os povos, deslocalizações,
recuos sociais, reforço das dominações imperialistas, etc.
Desde há vários meses, governos, UE e BCE sangram os povos para
"salvar o euro" o qual não salvou ninguém da
crise, ao
contrário.
Por um lado, há uma "união sagrada" para "salvar o
euro" e utilizar a crise para agravar a tutela da UE sobre as
nações. Ela reúne tanto Sarkozy como Holland, Aubry,
Zapatero, Merkel... A pressão da ideologia dominante é imensa,
inédita, para defender o euro.
Por outro lado, cresce a rejeição da UE do capital. Seu
carácter de classe afirma-se ainda mais aquando dos referendos
nacionais, como em França os de 1992 e de 2005.
A França não tem na UE o mesmo lugar que a Grécia. A
saída da França do euro significaria o fim do euro.
É possível uma grande campanha política para infligir uma
derrota importante ao capital. Penso que ela é necessária,
fundamental para desmascarar e combater o consenso das forças
políticas da alternância. Estas delegaram cuidadosamente à
extrema-direita nacionalista o cuidado de desviar a oposição ao
euro e à UE, por vezes com algumas das nossas posições
históricas. É extremamente perigoso abandoná-las.
Fomos sete membros do Conselho Nacional a apelar a uma campanha
nacional do PCF pela ruptura com a UE do capital e o fim do euro (em
ligação com o
vivelepcf.over-blog.fr
).
É completamente anormal que este ponto de vista, proveniente de
responsáveis comunistas, não seja publicado no
Humanité,
não seja discutido. Apelo à direcção para
organizar um debate ao nível do CN, no Partido, sobre esta
questão. É urgente. Recordo que o congresso ordinário onde
esta questão deveria ter sido discutida foi anulado.
A batalha contra a UE do capital é uma batalha internacionalista. Todo o
que for ganho num país serve aos outros povos. O PCF tem uma imensa
responsabilidade em prosseguir seu combate histórico, pela
rejeição da aplicação dos tratados e directivas
europeias, contra o euro.
[*]
Do Conselho Nacional do PCF. Intervenção em 21/Outubro/2011.
O original encontra-se em
vivelepcf.over-blog.fr/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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