Sobre a cimeira da UE
por KKE
O Acordo do Eurogrupo (UE de 17) para uma mais estrita estrutura de controle da
disciplina fiscal não constitui um fortalecimento do Euro nem do
Eurogrupo e nem mesmo da UE.
Foi alcançado um compromisso frágil tendo a vontade e os
interesses da Alemanha prevalecido, o que não irá atenuar as
contradições, nem ultrapassar a instabilidade e nem resolver a
crise económica. Seja como for, a adesão à estrita
administração fiscal está a ser contestada também
dentro da Alemanha.
A unificação do mercado europeu na estrutura da UE de 1991 a 2000
pertence ao passado. Agora, os partidos comunistas e de trabalhadores ou
forças que se renderam à "inevitabilidade" da UE
deveriam passar a combater o seu carácter imperialista como um todo,
deveriam conclamar o movimento popular dos trabalhadores a romperem totalmente
com a UE, pouco importando se operam num estado do seu núcleo condutor
ou num dos países numa órbita mais próxima ou mais
afastada.
O movimento popular na Grécia e em todos os estados membros da UE
não deve cair na armadilha de esperar pelo desenvolvimento das
contradições entre os governos burgueses e as várias
secções do grande capital, deve sim deixar a sua marca no
desenvolvimentos do processo. Deve marchar em frente pela ruptura entre a UE e
o movimento popular dos trabalhadores.
Agora está a tornar-se ainda mais evidente que a UE é a
guardiã do poder e dos lucros dos monopólios. Agora que
forças centrífugas estão a fortalecer-se, as quais
estão a enfraquecer a aliança predatória imperialista,
é de particular importância que seja derrotada a linha oportunista
que apela a uma busca utópica de uma nova "arquitectura pró
povo" para a UE. Esta linha conduz ao desarmamento do movimento popular. A
UE e o capitalismo não podem ser humanizados.
Os trabalhadores, os estratos populares, devem pensar profundamente acerca de
qual força política lhe diz a verdade e quais as forças
que tentaram enganá-lo ao longo de todo o período anterior.
O KKE, já desde o primeiro memorando, sublinhou o carácter
anti-trabalhador e anti-povo dos Tratados-Memorando de cada um dos governos
gregos com a UE, o FMI e as uniões do capital financeiro internacional
para a reestruturação ou renegociação da
dívida pública grega.
Todos os memorandos e as suas revisões são uma escalada planeada
de bancarrota económica do povo, tendo em vista uma limitada
depreciação do capital dos credores mais antigos do estado grego
e o evitar da activação dos "Credit Default Swaps" os
quais trarão lucros para as companhias que apostaram na bancarrota grega.
As conferências e discussões do governo com a Troika quanto ao
ajustamento da economia grega a novas exigências mais estritas de
disciplina fiscal dentro da estrutura da Eurozona, com base nos resultados
recente do Eurogrupo, vêm junto de novos fardos insuportáveis para
o povo. Isto está em vias de se tornar um novo tsunami de medidas
anti-trabalhador as quais serão combinadas com a pilhagem fiscal do
povo. O novo pacote anti-povo inclui: reduções do salário
mínimo, de salários nas antigas indústrias do Estado, de
bónus sazonais em companhias privadas, de pensões suplementares e
somas totais recebidas na aposentação, de
contribuições patronais para fundos da segurança social, a
permanência do imposto de propriedade e de outros fardos fiscais. Os
controles fiscais para a repressão da evasão fiscal dos altos
rendimentos são apenas cosmética, ao passo que a
intenção de reduzir mais a tributação do lucro
corporativo é extremamente clara.
O ajustamento da economia grega à nova estrutura fiscal da eurozona
é profundamente anti-popular, além de não levar a uma
saída em relação a redução da
produção industrial ou da actividade económica como um
todo, ou seja, uma saída da crise e para a recuperação ou
redução da dívida pública.
Trata-se da mesma receita do FMI e do Banco Mundial que foi adoptada para a
crise na Argentina, onde a declaração obrigatória de
bancarrota para os prestamistas chegou depois de a privação e o
desemprego quase terem atingido um nível de crise política
perigosa para o poder capitalista.
Tanto o capital interno e o seu poder político como seus aliados
imperialistas internacionais nunca estiveram interessados sequer nas
necessidades mais básicas dos trabalhadores e do povo, mas estão
sempre interessados na manipulação da classe trabalhadora e das
forças populares. As diferenças entre secções do
capital interno ou estrangeiro estão relacionadas ao objectivo de
salvaguardar o maior lucro possível e a manipulação da
consciência da classe trabalhadora.
A secção do capital, interno e estrangeiro, que hoje apoia o
retorno da Grécia a uma divisa nacional ligada ao dólar, ou
à libra esterlina, não está de modo algum interessada em
abolir as medidas anti-trabalhador e anti-povo que foram incluídas nos
Memorandos dos governos gregos à UE e ao FMI ou que foram implementados
pelos governos gregos tendo o memorando como pretexto, com a ameaça do
não pagamento de prestações como um papão.
Eles escondem do povo grego que a divisa da Argentina não está
ligada ao euro, mas ao dólar, se bem que após o seu desligamento
relativo não pode travar a pobreza e o desemprego.
Por esta razão as exigências e lutas da classe trabalhadora na
Grécia não devem ser restritas ao derrube do governo actual, mas
serem dirigidas a luta que criará as condições sociais e
políticas para o derrube do poder do capital, os monopólios, para
a aquisição do poder da classe trabalhadora. Por esta
razão é importante que o contra-ataque do povo desdobre-se de
modo a que o grande capital pague pela crise e que o equilíbrio de
forças mude às expensas dos serviçais políticos da
UE e da classe dominante.
Não é verdade que esta luta será travada numa
região, num mundo internacionalizados, onde só os interesses
capitalistas fortes poderão prevalecer, com a ameaça da
violência do seu poder.
Não é verdade que pela razão acima mencionada a luta pelo
poder da classe trabalhadora na Grécia esteja condenada e num beco sem
saída.
A verdade está nas próprias contradições, nos
próprios impasses no exercício do poder burguês, nas
tristes perspectivas para o trabalho, o rendimento e os padrões de vida
que existem para a classe trabalhadora, os empregados, o outros estratos
populares e em muitos outros países da Europa e de outros continentes,
desde a vizinha Itália à distante Austrália, desde a
Irlanda ao Médio Oriente. Ainda mais agora quando a
competição capitalista na região do Mediterrâneo
Oriental Médio Oriente está cada vez mais a assumir a
forma de guerra pelo controle do mercado matérias-primas e rotas de
transporte.
O futuro dos povos europeus, da classe trabalhadora e das secções
populares dos estratos médios, tem de ser encontrado na linha de ruptura
com as uniões imperialistas, numa linha de solidariedade com todas
aliança de trabalhadores da classe popular pelo derrube do poder
burguês tanto nos países com economia capitalista mais forte como
mais fraca, tanto nos estados capitalistas com posições mais
altas ou mais baixas na pirâmide imperialista.
Esta linha de luta é uma necessidade mesmo para a sobrevivência de
vastas secções dos trabalhadores assalariados e auto-empregados,
pensionistas e jovens de famílias populares.
O KKE dedica e dedicará todas as suas forças a esta dura luta de
classe, a única que dá uma perspectiva para o povo.
Atenas, 14/Dezembro/2011
A Comissão Política do CC do KKE
O original encontra-se em
http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-12-20-anakoinosi-pg
Esta declaração encontra-se em
http://resistir.info/
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