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							A América anula Trump:   Nenhuma paz com a Rússia
						
								
									por Paul Craig Roberts
								
							 
   
							Os governos da Rússia, China, Irão e Coreia do Norte, se os seus
							países puderem sobreviver, devem abandonar as suas esperanças
							ilusórias de alcançar acordos com os Estados Unidos. Não
							existe tal possibilidade em termos que estes países possam aceitar.
							
 A política externa dos EUA repousa na ameaça e na
							força. Ela é guiada pela doutrina neoconservadora da hegemonia
							estado-unidense, uma doutrina que é incompatível com a
							aceitação da soberania de outros países. O único
							meio pelo qual a Rússia, a China, o Irão e a Coreia do Norte
							podem alcançar um acordo com Washington é tornarem-se vassalos
							como o Reino Unido, todos os países da Europa, o Canadá, o
							Japão e a Austrália.
 
 Os russos  especialmente os tolos atlantistas integracionistas 
							deveriam tomar nota da extrema hostilidade, na verdade até ao ponto da
							insanidade, contra a reunião de Helsínquia da totalidade do
							espectro político, dos media e dos intelectuais americanos. Putin
							está incorrecto ao dizer que as relações EUA-Rússia
							estão a ser mantidas como reféns de uma luta política
							interna entre os dois partidos dos EUA. Os republicanos são tão
							insanos e tão hostis aos esforços do presidente Trump para
							melhorar as relações russo-americanas quanto os democratas, como
							nos recorda Donald Jeffries:  
							 https://www.lewrockwell.com/2018/07/donald-jeffries/the-trump-putin-conference/
 
 A direita americana é simplesmente tão opositora quanto a
							esquerda. Apenas uns poucos peritos, tais como Stephen Cohen e o emb. Jack
							Matlock, embaixador do presidente Reagan na União Soviética,
							manifestaram-se em apoio à tentativa de Trump de reduzir as perigosas
							tensões entre as potências nucleares. Só uns poucos
							conhecedores explicaram os factos reais e as apostas em causa.
 
 Não há apoio para a agenda de Trump de paz com a Rússia na
							arena na política externa dos EUA. O presidente do Council on Foreign
							Relations, Richard Haass, falou por todos quando declarou que "Devemos
							tratar a Rússia de Putin como o estado patife que é".
 
 A Rússia é um "estado patife" simplesmente porque
							não aceita o comando supremo de Washington. Não por qualquer
							outra razão.
 
 Não há apoio mesmo no próprio governo de Trump para
							normalizar relações com a Rússia 
							
								a menos que seja utilizada a definição neoconservadora de
								relações normais.
							
							 Por relações normais os neoconservadores entendem um
							relacionamento de estado vassalo com Washington. Isto, e apenas isto, é
							o "normal". A Rússia pode ter relações normais
							com a América só na base desta definição de normal.
							Mais cedo ou mais tarde Putin e Lavrov terão de reconhecer este facto.
 
 Uma mentira repetida muitas vezes torna-se um facto. Foi o que aconteceu com o
							Russiagate. Apesar da ausência total de qualquer evidência, na
							América agora é um facto que o próprio Putin teria
							colocado Trump no Salão Oval. Que Trump se encontre com Putin em
							Helsínquia é considerado como prova de que Trump é lacaio
							de Putin, como o 
							
								New York Times
							
							 e muitos outros agora asseveram como se fosse algo auto-evidente. Que Trump se
							coloque junto ao "brutamontes assassino Putin" e aceite a palavra de
							Putin de que a Rússia não interferiu na eleição do
							presidente dos EUA é encarado como uma prova redobrada de que Trump
							está no bolso de Putin e que a narrativa do Russiagate é
							verdadeira.
 
 Agora podemos ver porque o neoconservador John Bolton arranjou a reunião
							de Helsínquia. Isto remeteu Trump para a execução
							política pelos media e pelo Congresso, ambos controlados pelo complexo
							militar/de segurança. Nos Estados Unidos, há independência
							zero, com exceção de Tucker Carlson, nos media impressos e na TV,
							e independência zero no Congresso. Trata-se de instituições
							controladas e Tucker não será tolerado por muito mais tempo.
 
 A mentira da interferência russa está agora tão firmemente
							arraigada que mesmo a 
							 Carta Aberta em The Nation
							, assinada por personalidades notáveis como Daniel Ellsberg, Noam Chomsky
							e Gloria Steinem declara: "Devemos alcançar um terreno comum para
							salvaguardar interesses comuns  dar passos para proteger as
							eleições da nação e impedir a guerra entre as duas
							superpotências nucleares do mundo". Assim, mesmo os americanos mais
							lúcidos aceitam o Russiagate como se fosse um facto e encaram a
							protecção das nossas eleições como tão
							importante quanto a prevenção da guerra nuclear.
 
 Não há apoio significativo no partido republicano ou democrata
							para a agenda de Trump de normalizar relações EUA-Rússia.
							A combinação de uma mentira transformada em verdade e o poder da
							campanha política do complexo militar/de segurança basta para
							asfixiar qualquer apoio à normalização de
							relações com a Rússia. Qualquer senador ou deputado dos
							EUA que apoie o esforço de Trump para remover a Rússia da
							categoria de inimigo encontrar-se-á ele próprio confrontado na
							sua reeleição com oponentes bem financiados a declará-los
							como traidores que apoiaram a liquidação de Trump da
							América, enquanto as suas próprias contribuições
							para campanha minguarão.
 
 O povo americano que não está na folha de pagamento militar/de
							segurança ou de outra forma dependente deste lobby poderoso apoia a paz
							e por esta razão elegeu Trump, só para agora descobrir que um
							presidente que se posiciona pela paz com a Rússia é marcado como
							um traidor.
 
 Isto aconteceu muitas vezes antes. Exemplo: na sua história 
							
								The First World War, 
							
							A. J. P. Taylor explicou que todos os esforços para travar a guerra
							desastrosa que destruiu a Europa foram bloqueados caluniando "como
							derrotista, pacifista, provavelmente traidor, todo advogado da paz, ou mesmo da
							moderação". Como escreve Taylor, os "cartolas"
							queriam dinheiro e os "chapéus de feltro" pagaram por isso com
							as suas vidas.
 
 O que estamos a experimentar é que a democracia é fraca e
							disfuncional quando confrontada com lobbies poderosos capazes de controlar as
							explicações. Na América o controle sobre as
							explicações é tão completo que a vasta maioria vive
							em 
							 The Matrix
							.
 
 Os media russos ignoraram os borbotões americanos de ódio e
							insulto contra Trump por "liquidar a América" e retrataram a
							reunião de Helsínquia positivamente como tendo estabelecido um
							caminho para melhores relações. Esta visão russa ignora
							que Trump não tem apoio no governo dos EUA ou nos media a fim de
							ajudá-lo a construir este caminho. Os media russos precisam
							desesperadamente de se familiarizarem com a resposta americana à
							reunião de Helsínquia de Trump com Putin. Coleccionei um certo
							número de respostas nos meus artigos recentes e o link neste artigo para
							Donald Jeffries apresenta uma boa amostra da rejeição republicana
							ao esforço de Trump para reparar o relacionamento russo-americano.
 
 Tal como na I Guerra Mundial, os governos britânico, francês,
								alemão e russo não podiam acabar com a carnificina porque haviam
								prometido vitória e ficariam desacreditados. Uma vez que o governo russo
								encoraja o povo russo [ao dizer] que melhores relações com a
								América estão na forja, o governo russo ficará obrigado a
								proporcionar estas melhores relações e isto exigirá que o
								governo russo abandone mais do que ganha. A soberania russa será parte
								do preço para o acordo.
 
 Se os russos, desesperados pela aceitação ocidental, mantiverem a
							sua ilusão de que a hegemonia de Washington é negociável,
							isto não será apenas por sua própria conta e risco mas
							também no de toda a humanidade.
 
 Postscript: A arenga na URL abaixo, em Salon, o qual suspeito ser um activo da
							CIA pois é uma não-entidade desprovida de méritos,
							é destituída de factos. Mas é uma
							representação precisa do assalto organizado e orquestrado nos
							Estados Unidos à verdade e àqueles indivíduos
							comprometidos com a verdade, tais como Jill Stein e Julian Assange. Como o
							objectivo é denegrir Trump, não é possível
							acreditar no retrato do não identificado senador republicano relatado
							pela Salon que teria perdido sua fé em Trump simplesmente porque ele
							não se comportou de maneira provocadora quando se encontrou com Putin.
							No entanto, o retrato, ainda que ficcional, é preciso no sentido de que
							representa a explicação controlada que está a ser
							administrada ao povo americano e aos povos sujeitados do império de
							Washington.
 www.salon.com/...
 
 Os media russos precisam desesperadamente traduzir e publicar com
								precisão o artigo da Salon a fim de que o povo russo compreenda a
								impossibilidade de qualquer acordo com os Estados Unidos que mantenha a
								Rússia como nação soberana. O ódio à
								Rússia que está a ser gerado na América é
								extraordinário. Ele só pode conduzir à guerra.
 
 Por todo o Mundo Ocidental a verdade e os factos perderam a sua autoridade. O
							ocidente vive em mentiras e este é o ocidente que confronta o mundo.
							É patético observar Lavrov e Putin continuarem, repetidas vezes,
							a apelarem aos factos e à verdade quando isto já nada significa
							no ocidente.
 
 
								18/Julho/2018
							Do mesmo autor: Crazed US Presstitutes Drive The World To Nuclear War
								, 18/Jul/18
 
 O original encontra-se em
								 www.paulcraigroberts.org/...
 
 Este artigo encontra-se em
								 http://resistir.info/
								.
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