Que espécie de administração Trump?
por Paul Craig Roberts
Esta eleição presidencial é histórica porque o
povo americano foi capaz de derrotar os oligarcas. Hillary Clinton, uma agente
da oligarquia, foi derrotada apesar da campanha viciosa dos media contra Donald
Trump. Isto mostra que os media e os establishments dos partidos
políticos já não têm credibilidade junto ao povo
americano.
Está para ser visto se Trump poderá escolher e nomear um governo que sirva
os seus objectivos de restaurar empregos americanos e estabelecer
relações amistosas e respeitosas com a Rússia, a China, a
Síria e o Irão.
Também está para se ver como a oligarquia responderá
à vitória de Trump. A Wall Street e o Federal Reserve podem
provocar uma crise económica a fim de colocar Trump na defensiva. E eles
podem utilizar a crise a fim de forçar Trump a nomear um dos seus como
secretário do Tesouro. Agentes perigosos na CIA e no Pentágono
podem provocar um ataque de falsa bandeira que perturbaria
relações amistosas com a Rússia. Trump poderia cometer um
erro e manter neoconservadores no seu governo.
Com Trump pelo menos há esperança. A não ser que ele seja
perturbado por má capacidade de julgamento nas suas
nomeações e por obstáculos postos no seu caminho,
deveríamos aguardar um fim para o conflito orquestrado por Washington
contra a Rússia, a remoção dos mísseis
estado-unidenses na fronteira da Rússia com a Polónia e com a
Roménia, o fim do conflito na Ucrânia e o fim do esforço de
Washington para derrubar o governo sírio. Contudo, façanhas como estas
implicam a derrota da oligarquia dos EUA. Embora Hillary esteja derrotada, a
oligarquia ainda existe e ainda é poderosa.
Trump disse que já não vê necessidade da NATO 25
anos depois do colapso soviético. Se mantiver esta visão,
isto significa uma grande mudança política entre os vassalos de
Washington na União Europeia. A hostilidade em relação
à Rússia dos actuais responsáveis da UE e da NATO teria de
cessar. A chanceler alemã Merkel teria de mudar seus planos
estratégicos ou ser substituída. O secretário-geral da
NATO Jens Stoltenberg teria de ser demitido.
Não sabemos quem Trump escolherá para servir no seu governo.
É provável que Trump não esteja familiarizado com as
várias possibilidades e posicionamentos sobre questões. Isto
realmente depende de quem está a aconselhá-lo e de que conselhos
lhes dão. Uma vez visto o seu governo, saberemos se podemos ter
esperança de mudanças que agora têm uma possibilidade.
Se a oligarquia fosse incapaz de controlar Trump e ele realmente tiver
êxito em reduzir o poder e o orçamento do complexo
militar/segurança e mantiver o sector financeiro politicamente
responsável, ele poderia ser assassinado.
Trump disse que colocará Hillary na prisão. Ele deveria em
primeiro lugar colocá-la em julgamento por traição e
crimes de guerra juntamente com todos os neoconservadores. Isso clarificaria o
ambiente para a paz com as outras duas grandes potências nucleares sobre
as quais os neoconservadores procuram hegemonia. Embora os neoconservadores
ainda tivessem contactos no estado profundo
(deep state)
oculto, tornaria difícil para essa gentalha organizar
operações de falsa bandeira ou um assassinato. Elementos patifes
no complexo militar/segurança ainda poderiam ter êxito num
assassinato, mas sem neocons no governo uma cobertura ficaria mais difícil.
Trump tem mais entendimento e visão do que os seus oponentes percebem.
Para um homem como Trump arriscar-se a adquirir tantos inimigos poderosos e
arriscar a sua riqueza e reputação, tem de ter sabido que a
insatisfação do povo com o domínio do establishment
significava que poderia ser eleito presidente.
Não saberemos o que esperar até vermos quem são os
secretários e secretários assistentes. Se for o grupo habitual,
saberemos que Trump foi capturado.
Um feliz resultado permanente desta eleição é o
descrédito completo dos media dos EUA. Os media previram uma
vitória fácil de Hillary e mesmo o controle do Senado pelo
Partido Democrata. Ainda mais importante quanto à perda de
influência e credibilidade dos media, apesar dos seus ataques viciosos a
Trump durante toda as primárias presidenciais e a campanha presidencial,
os media não tiveram impacto fora das costas Nordeste e Oeste, os
terrenos base do Um Porcento. O resto do país ignorou os media.
Eu não pensava que a oligarquia permitisse a vitória de Trump.
Contudo, parece que os oligarcas foram enganados pela sua própria
propaganda nos media. Ao assegurarem que a vitória de Hillary era certa,
eles não estavam preparados para aplicar planos de roubo da
eleição.
Hillary está em baixo, mas não os oligarcas. Se Trump for
aconselhado a ser conciliador, a estender a mão e trazer o establishment
para dentro do seu governo, o povo americano mais uma vez será
desapontado. Num país cujas instituições foram tão
completamente corrompidas pela oligarquia é difícil
alcançar mudança real sem derramamento de sangue.
10/Novembro/2016
O original encontra-se em
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Este artigo encontra-se em
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