Sanções, sanções, sanções
O estertor final da hegemonia do dólar?
Sanções para a esquerda e sanções para a direita.
Financeiras principalmente, impostos, tarifas, vistos de entrada,
proibições de viagens, confisco de activos no estrangeiro,
proibições e limitações de importação
e exportação, sanções e punições
também para aqueles que não respeitam as sanções
impostas por Trump, aliás pelos EUA, contra amigos de seus inimigos. O
absurdo parece interminável e crescente, como se houvesse uma data fatal
para o colapso do mundo. Parece ser um último esforço para
derrubar o comércio internacional em favor de o quê?
"Make America Great Again"
? Preparar-se para as eleições intercalares dos EUA? Reunir as
pessoas atrás de uma ilusão? O quê então?
Tudo parece arbitrário e destrutivo. Tudo obvia e totalmente ilegal por
qualquer lei internacional ou, esqueça a lei, que de qualquer modo
não é respeitada pelo império e seus vassalos, mas nem
mesmo pelos padrões morais humanos. As sanções são
destrutivas. Elas estão a interferir na soberania de outros
países. São feitas para punir países,
nações, que se recusam a submeter-se a uma ditadura mundial.
Parece que toda agente aceita esta nova guerra económica como o novo
normal. Ninguém objecta. E as Nações Unidas, o corpo
criado para manter a paz, para proteger o nosso mundo de outras guerras, para
defender os direitos humanos, este mesmo corpo está silenciosa
por medo? Medo de ser "sancionada" ao esquecimento pelo
império moribundo? Por que não pode a grande maioria dos
países muitas vezes é uma proporção de 191
contra 2 (Israel e EUA) dominar os criminosos?
Imagine-se a Turquia, de súbito tarifas enormes sobre o alumínio
(20%) e o aço (50%) impostas por Trump, além da
interferência sobre a moeda do banco central que fez a Lira turca cair
40%, e isso apenas porque Erdogan não liberta o pastor
Andrew Brunson, que enfrenta na Turquia uma sentença de 35 anos de
prisão por "terror e espionagem". Um tribunal de Izmir acaba
de recusar outro pedido de clemência dos EUA, convertendo no entanto a
sua sentença de prisão em prisão domiciliária por
motivos de saúde. Há a plena convicção que os
supostos 23 anos de "trabalho missionário" do Sr. Brunson
foram apenas uma cortina de fumo para espionagem.
O presidente Erdogan acaba de declarar que vai procurar novos amigos, incluindo
novos parceiros comerciais no leste Rússia, China, Irão,
Ucrânia, até na inviável União Europeia, e que seu
país planeia emitir certificados financeiros denominados em Yuan para
diversificar a economia da Turquia, em primeiro lugar as reservas do
país, gradualmente afastando-se da hegemonia do dólar.
Procurar novos amigos, também pode incluir novas alianças
militares. Estará a Turquia a planear sair da NATO? Poderá a
Turquia ser "autorizada" a sair da NATO dada a sua
posição estratégica marítima e terrestre entre o
leste e o oeste? A Turquia sabe que ter aliados militares que aplicam
sanções por agir soberanamente em assuntos internos significa um
desastre para o futuro. Por quê continuar então a oferecer seu
país à NATO, cujo único objetivo é destruir o leste
o próprio leste, que não é apenas o futuro da
Turquia, mas do mundo? A Turquia já está a aproximar-se da SCO
(Organização de Cooperação de Xangai) e pode
realmente aderir a ela num futuro previsível. Isto poderá ser o
fim da aliança da Turquia com a NATO.
E se o Irão, Venezuela, Rússia, China e muitos outros
países que não se dispõem a curvar-se ao império
prendessem todos os espiões das embaixadas dos EUA ou camuflados
nas instituições financeiras nacionais desses países, a
actuarem como Quintas Colunas, minando políticas nacionais e
económicas dos seus países de acolhimento? Cidades inteiras de
novas prisões teriam que ser construídas para acomodar o
exército de criminosos do império.
Imagine-se a Rússia mais sanções foram impostas
apenas pelo alegado e totalmente não comprovado (pelo contrário,
refutado) envenenamento russo de quatro cidadãos do Reino Unido com o
agente nervoso mortal, Novichok e por não admitir isso. Trata-se de uma
farsa total, uma mentira flagrante, que se tornou tão ridícula
que a maioria das pessoas que pensam, mesmo no Reino Unido, apenas riem disso.
No entanto, Trump e seus pigmeus na Europa e em muitas partes do mundo sucumbem
a essa mentira e por medo de serem sancionados, também sancionam a
Rússia. O que se tornou o mundo?
O ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, ficaria orgulhoso por ter
ensinado a importante lição aos mentirosos do universo:
"Deixem-me controlar os media e vou transformar qualquer
nação numa vara de porcos".
Nisto é o que nos tornámos uma vara de porcos.
Felizmente, a Rússia também já se afastou tanto da
economia controlada pelo dólar que tais sanções não
mais a afectam. Elas servem Trump e aos seus capangas como meras ferramentas de
propaganda para exibicionismo: "ainda somos os maiores!"
Na Venezuela, alimentos importados, produtos farmacêuticos e outros bens
estão sendo desviados nas fronteiras e em outros pontos de entrada, de
modo que nunca chegarão às prateleiras dos supermercados
tornam-se mercadorias clandestinas na Colômbia, onde esses produtos
são vendidos a taxas manipuladas de dólar de que tiram proveito
cidadãos venezuelanos e colombianos.
Estes gangs de tipo mafioso são financiados pelo NED (National Endowment
for Democracy) e outras ONG financiadas pelo Departamento de
Estado, treinadas pelos serviços secretos dos Estados Unidos, dentro ou
fora da Venezuela. Uma vez infiltrados na Venezuela aberta ou
secretamente eles tendem a boicotar a economia local, espalhar a
violência e tornarem-se parte da Quinta Coluna, principalmente sabotando
o sistema financeiro.
A Venezuela que tem pessoas sofrendo, está lutando para sair deste
dilema, tirando a sua economia do dólar, em parte através de uma
criptomoeda recém-criada, o Petro, baseado nas enormes reservas de
petróleo do país e também através de um novo
Bolívar na esperança de colocar um freio às crescentes
explosões de inflação. Esse cenário lembra muito o
Chile em 1973, quando Henry Kissinger era secretário de Estado
(1973-1977) e inspirou o golpe da CIA, fazendo desaparecer
alimentos e outros bens dos mercados chilenos, assassinando o presidente
legitimamente eleito Salvador Allende e levando ao poder Augusto Pinochet, um
horrendo assassino e déspota. A ditadura militar provocou a morte e o
desaparecimento de dezenas de milhares de pessoas e durou até 1990.
Subjugar a Venezuela poderá contudo não ser tão
fácil. Afinal, a Venezuela tem 19 anos de experiência
revolucionária Bolivariana e um sólido sentido de
resistência.
O Irão está a ser mergulhado num destino semelhante. Sem motivo
algum, Trump renegou o chamado Acordo Nuclear, assinado em Viena em 14 de Julho
de 2015 depois de quase dez anos de negociações. Agora de certeza
impulsionado pelo ultra sionista Netanyahu novas sanções, as mais
severas de sempre, estão a ser impostas ao Irão, dizimando
também o valor de sua moeda local, o Rial.
O Irão, sob o Ayatollah, já embarcou num curso de Economia
de Resistência, o que significa a desdolarização da
sua economia e mover-se rumo à auto-suficiência alimentar e
industrial, bem como aumentar o comércio com países do Leste,
China, Rússia, SCO e outras nações amistosas e
culturalmente alinhadas, como o Paquistão. No entanto, o Irão
também tem uma forte Quinta Coluna, enraizada no sector financeiro, que
não deixa de forçar e propagar o comércio com o inimigo,
ou seja, o Ocidente, a União Europeia, cujo sistema monetário do
Euro faz parte da hegemonia do dólar, apresentando portanto uma
vulnerabilidade similar às sanções como as que o
dólar produz.
A China o grande prémio do Grande Jogo de Xadrez global
está também a ser "sancionada" com tarifas sem fim, por
ter-se tornado a economia mais forte do mundo, superando de longe os EUA, quer
em produção real quer medida pelo poder de compra das pessoas. A
China também tem uma economia sólida e uma moeda baseada no ouro,
o Yuan, que está a caminho de rapidamente ultrapassar o dólar
americano como a moeda de reserva número um do mundo. A China retalia,
é claro, com "sanções" idênticas, mas, em
geral, o seu domínio dos mercados asiáticos e a crescente
influência económica na Europa, África e América
Latina é tal que a guerra tarifária de Trump pouco significa para
a China.
Quanto à Coreia do Norte a muito falada cimeira Trump-Kim de meados de
Junho em Singapura há muito tempo se tornou um pequeno ponto no passado.
Os alegados acordos obtidos estão a ser violados pelos EUA, como era de
esperar. Tudo sob o pretexto falso e puramente inventado de que a RPDC
não aderiu ao seu compromisso de desarmamento; uma razão para
impor novas sanções procurando estrangular a economia.
O mundo olha. É normal. Ninguém se atreve a questionar os
auto-intitulados Donos do Mundo. A miséria continua a ser
distribuída tanto para a esquerda como para a direita, aceite pelas
massas ao redor do mundo, sujeitas a lavagem cerebral. Guerra é paz e
paz é guerra. Literalmente. O Ocidente vive uma zona de conforto
pacífica. Para quê perturbar isso? Se as pessoas
morrem de fome ou por bombas isso acontece longe e permite-nos viver em paz.
Para quê importar-se? Especialmente porque somos gotejados continuamente
a dizerem-nos o que está certo.
Numa recente entrevista à PressTV, perguntaram: por que os EUA
não aderem a nenhum dos tratados ou acordos celebrados internacional ou
bilateralmente? Boa pergunta. Washington está a quebrar todas as regras,
convenções, acordos e tratados, não está a
respeitar nenhuma lei internacional ou mesmo padrão moral, simplesmente
porque seguir tais padrões significaria renunciar à supremacia
mundial. Estar em pé de igualdade não é do interesse de
Washington ou de Telavive. Sim, esta relação simbiótica e
doentia entre os EUA e o Israel sionista está a tornar-se
progressivamente mais visível; a aliança da força militar
bruta e o domínio financeiro pleno e traiçoeiro, juntos lutando
pela hegemonia mundial, pelo domínio total. Esta tendência
está a acelerar-se sob Trump e sob aqueles que lhe dão ordens,
simplesmente porque "eles podem". Ninguém faz
objecções. Isso tende a retratar uma imagem de poder
inigualável, incutindo medo e esperando que incite à
obediência.
Na realidade, o que está a acontecer é que Washington está
a isolar-se, o mundo unipolar está a mover-se rumo a um mundo
multipolar, que desconsidera e desrespeita cada vez mais os Estados Unidos,
despreza a sua agressividade e belicismo que mata e lança na
miséria centenas de milhões de pessoas, a maioria delas
crianças indefesas, mulheres e idosos, pela força militar directa
ou por conflitos liderados por procuração. O Iémen
é apenas um exemplo recente, provocando sofrimentos humanos infindos a
pessoas que nunca fizeram mal aos vizinhos, muito menos aos americanos. Quem
poderia ter algum respeito por tal nação, chamada Estados Unidos
da América, pelas pessoas por trás destes monstros mentirosos?
Este comportamento do império agonizante está a levar aliados e
amigos para o campo oposto, para o Leste, onde jaz o futuro, longe de uma Ordem
Mundial globalizada, rumo a um mundo multipolar saudável e mais
igualitário. Seria bom se os membros do nosso corpo mundial, as
Nações Unidas, criada em nome da paz, finalmente reunissem
coragem e se levantassem contra as duas nações destruidoras, pelo
bem da humanidade, do globo e da Terra-Mãe.
20/Agosto/2018
[*]
Economista e analista geopolítico.
O original encontra-se em
www.informationclearinghouse.info/50077.htm
Este artigo encontra-se em
https://resistir.info/
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