Exército dos EUA patenteia granada para lançar armas
biológicas, violando a Convenção internacional
Austin e Hamburgo (08/Mai/2003) O exército norte-americano
desenvolveu e patenteou uma nova granada de disparo que pode ser usada
para travar guerra biológica, violando a Convenção de
Armas Biológicas que explicitamente proíbe o desenvolvimento de
equipamentos de lançamento de armas biológicas.
A patente norte-americana
#6,523,478
, concedida em 25 de Fevereiro de 2003,
cobre um distribuidor de carga não letal lançado por
disparo que está concebido para lançar aerosóis,
entre os quais, segundo a patente, agentes de controlo de motins, agentes
biológicos, (e) agentes químicos.
O desenvolvimentos de dispositivos de entrega de agentes biológicos
está
absolutamente proibido sob qualquer circunstância pelo
artigo I da Convenção de Armas Biológicas e Tóxicas
de 1972
Biological and Toxin Weapons Convention
, da qual os EUA fazem parte. Esta proibição não
tem excepção, nem para fins de defesa, nem para os chamados
agentes não letais.
O desenvolvimento de armas para cargas biológicas gera incerteza
sobre o compromisso dos EUA no que respeita à Convenção de
Armas Biológicas, afirma Edward Hammond do Projecto Sunshine, EUA.
Trinta e quatro anos após a renúncia dos EUA às
armas biológicas, o Pentágono está novamente ao
negócio.
Hans Blix teria menos dificuldades para encontrar armas biológicas
se inspeccionasse Baltimore em vez de Bagdad, disse o biólogo Jan
van Aken, do Projecto Sunshine da Alemanha, referindo-se ao facto de dois dos
inventores trabalharem no Arsenal Edgewood do Exército, a norte de
Baltimore, Maryland. Outros inventores trabalham numa empresa de engenharia em
Orlando, Florida, onde operam as Forças Especiais dos EUA operam, da
Base da
Força Aérea MacDill.
Esta granada constitui por sua vez outro indício de projectos proibidos
de desenvolvimento de armas biológicas e químicas nos EUA. Vem na
sequência de um programa ilícito de armas químicas que se
concentra nos denominados agentes não letais trazido à luz
do dia em Setembro passado pelo Projecto Sunshine; com as actividades de
investigação em microorganismos degradantes de materiais por
parte das Forças Armadas dos EUA, e com um conjunto de actividades de
defesa biológica questionáveis que seriam muito adequadas para
fins ofensivos (ver New York Times, 4 de Setembro de 2001).
Desgaste da Proibição:
As chamadas armas não letais
estão a tornar difusos os limites entre a investigação
permitida e a ilegal. O exército defende que a nova granada é
para difusão de agentes não letais. As
reivindicações constituem a parte mais cuidadosamente elaborada e
legalmente crucial de uma patente. O exército está totalmente
consciente das suas obrigações face à
Convenção de Armas Biológicas e, mesmo assim, um novo
dispositivo de armas biológicas foi patenteado. Isto põe em
evidência a razão pela qual as armas não letais
representam uma ameaça tão séria. O Pentágono
considera que o trabalho em armas biológicas, que esteve totalmente
proibido durante três décadas, é agora permitido se a
expressão não letal for acrescentada. Mas não
se trata só de muitos
agentes não letais violarem os próprios tratados,
é pior: a investigação norte-americana não
letal está a criar e a testar
hardware
capaz de entregar todo o
espectro de armas biológicas e químicas.
Diplomacia Preventiva:
A coordenação da política
diplomática e militar dos EUA quanto às armas não
letais pode ser observada pela sua firme oposição aos
esforços para incluir o tema na agenda do controlo internacional de
armas.
Em Setembro de 2002, os diplomatas norte-americanos vetaram a
acreditação do Projecto Sunshine à reunião da
Convenção de Armas Químicas porque o Sunshine pretendia
debater as armas não letais químicas (e
biológicas). Na semana passada, os diplomatas norte-americanos
impediram a discussão de armas não letais quando
bloquearam o discurso do Comité Internacional da Cruz Vermelha a sua
apresentação na
Chemical Weapons Convention Review Conference
.
Esta granada é outro exemplo de como os programas denominados
não letais do Pentágono estão a reduzir
paulatinamente as restrições sobre duas das mais mortais classes
de armas: as biológicas e químicas. Os programas que desenvolvem
as armas biológicas e químicas não letais
deveriam simplesmente ser abolidos disse Hammond.
O original encontra-se em
http://www.sunshine-project.org/
Acerca da sabotagem americana à Organização das Nações Unidas para a Proibição
de Armas Químicas (OPAQ) ver
http://resistir.info/varios/opaq_spguimaraes.html
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info
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