por Francisco Arias Fernández
Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha de Adolfo Hitler, é
considerado um dos maiores manipuladores da história por ser o
encarregado de expandir, enaltecer e gerir a ideologia genocida nazi e a
informação sobre os seus crimes.
Utilizou os meios de comunicação para proporcionar
informação tendenciosa, o que facilitou o controlo e o
domínio do regime fascista sobre a população das
diferentes zonas em que se estabeleceu durante a Segunda Guerra Mundial.
Além disso fomentou o medo e incitou a população contra
determinadas entidades coletivas, usando indistintamente a radio, os jornais e
o cinema.
Entre os métodos prediletos de Goebbels sobressaem a
individualização e agrupamento dos adversários, na ideia
de que se trataria de um único inimigo e a criação de
elementos inventados, mas verosímeis para provocar a confusão,
centrando a atenção em aspetos alheios aos factos reais (como
quando uma batalha era perdida), o exagero de situações para
transformá-las em ameaças, o silenciamento das notícias
que pudessem favorecer opiniões contrárias ao estipulado. Havia
também a pretensão de comunicar o que se supunha ser a
opinião maioritária a fim de favorecer a adesão à
informação transmitida e a adaptação das
informações ao nível popular.
O precedente nazi é o mais parecido com o fascismo e o terrorismo
mediático de hoje quanto a métodos, com a vantagem atual da
velocidade e imediatismo da informação, diversidade de meios,
capacidade de multiplicação, mobilização,
interação, concertação e subordinação
global aos ditames do império hegemónico, dono do
monopólio dos media (rádio, imprensa, televisão e
internet), repartidos por um punhado de empresas americanas com parceiros
multimilionários nos países aliados.
Desde princípios da década atual, a informação e o
entretenimento no planeta estão controlados por dez supergrupos
mediáticos dos EUA, que nos últimos tempos tendem a concentrar-se
ainda mais com as denominadas megafusões que dominam o mundo editorial,
a música, o cinema, a produção e
distribuição de conteúdos de televisão, teatro,
internet e parques de diversões tipos Disney World.
De acordo com a classificação das 50 maiores empresas
mediáticas do mundo, o consumo diário de entretenimento e
informação é gerado pelas primeiras cinco e mais
influentes empresas do mercado global: Comcast, The Walt Disney Company, News
Corp Ltd. / 21st Century Fox, Direct tv-llc e Time Warner Inc.
Washington dirige os escalões da estrutura tecnológica,
político-diplomática, económica, militar e do conjunto de
serviços secretos que impulsionam os fios da rede global de
operações encobertas, influências hostis e
fabricação de mentiras, que mais tarde se tornam crimes
consumados, factos e notícias que se destacam na imprensa mercantil dos
nossos dias.
Coincidencias dos manipuladores
Outra semelhança entre o antigo e o novo fascismo reside nas
características das personagens que estabelecem a
manipulação da informação e a
repetição de mentiras ontem e hoje, embora a história os
coloque em posições e países diferentes.
A Alemanha de Hitler do século XX e o império hegemónico
do "novo momento americano" do século XXI têm em comum a
prática de mentir como arma de primeira linha nos seus objetivos de
domínio global, em ambos os casos orientados por fanáticos
inescrupulosos, praticantes da mentira pré-fabricada para a subsequente
punição de ataques com armas.
No caso dos EUA, para essa missão, Donald Trump precisava de
alguém mais retrógrado do que ele e ao mesmo tempo adepto
incondicional, assim como Goebbels em relação a Hitler. No caso
de John Bolton, Conselheiro Nacional de Segurança, o sinal mais recente
é que ele esteve sempre do seu lado quando repetidos conflitos internos
e públicos se desencadearam com outros assessores.
Investigadores do perfil psicológico de Goebbels apontam para
situações difíceis na sua infância e problemas
físicos que o transformaram numa pessoa que interiorizou uma má
imagem de si mesmo, às vezes chamada de "nojento" ou
"pobre diabo". Pura coincidência, Bolton nas suas
memórias definiu-se como um excêntrico, um
"alienígena" nos seus dias de estudante universitário,
quando nas salas de aula de Yale todos, exceto ele, eram contra a Guerra do
Vietname.
A imprensa americana também destacou a peculiaridade deste super
assessor, definindo-o como o "mais hostil" embaixador dos EUA na ONU.
Deve notar-se que este epíteto veio antes da nomeação da
embaixadora Nikki Haley, protagonista de shows fascistas e
anti-diplomáticos contra Venezuela, Nicarágua, Irão,
República Popular Democrática da Coreia, Rússia, China,
Cuba e muitos outros, nos quais se salientou a sua estreita amizade com os
congressistas da máfia anti-latino-americana da Florida, seus chefes
terroristas e mercenários.
O regresso do Condor?
Com a chegada de Bolton ao Conselho Nacional de Segurança, o
comportamento desastroso do Presidente, a integração num gabinete
de guerra e num Conselho de Segurança Nacional com praticantes de
tortura, mentiras, racismo, chantagem e agressão, com um Partido
Republicano acusado de colocar seus princípios à venda, a
"grande imprensa" do país denunciou que os americanos nunca
foram "governados por pessoas menos confiáveis em toda a
história de nossa nação", como reiterou o influente
The New York Times
que faz parte do arsenal imperial na sua guerra pelo domínio global.
Preocupados com a onda de intolerância, xenofobia e populismo que se
espalha por diferentes cantos do planeta, desencadeada pela política do
centro imperial e de seus governantes, alguns perguntam-se se na Europa Donald
Trump, Jair Bolsonaro ou a direita radical europeia, conseguirão
reeditar o fascismo, o racismo e a homofobia, que afetaram até
não há muito o Velho Continente, baseados em denominadores comuns
e no uso de meios de propaganda, que têm analogias com os postos em
prática por Joseph Goebbels.
A onda mediática da extrema direita neofascista, denunciada nos EUA e em
todos os continentes, ataca personalidades e partidos dos seus próprios
países, governos socialistas, defende políticas
anti-imigração e declara-se abertamente doentiamente
anticomunista, promovendo inclusivamente novas alianças extremistas com
governos autoritários de subserviência a Washington, como a
recente cimeira conservadora das "Gusaneras", organizada por Eduardo
Bolsonaro, filho do presidente eleito brasileiro.
Desde a sua cama, qual trono do ditador que chega, o capitão Jair
Bolsonaro, incentivado por terroristas de origem venezuelana, da
Nicarágua e de Cuba, a partir de Miami, recordou-nos Augusto Pinochet,
Alfredo Stroessner, Anastasio Somoza e muitos outros, com uma chamada para
"unir esforços para combater o comunismo na região" e
enfrentar "os objetivos do Fórum de São Paulo".
Recentemente, num erro histórico, disse que o Brasil não sabia o
que era uma ditadura.
10/Dezembro/2018
O original encontra-se em
www.granma.cu/...
e a versão em francês em
reseauinternational.net/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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