por
Strategic Culture Foundation
Aparentemente já não há qualquer tentativa, ou simulacro,
de diplomacia por parte de Washington. Sanções e
agressões são exercidas com descaramento. A Rússia, a
China e mesmo os supostos aliados europeus dos Estados Unidos são
sujeitos a sanções por Washington numa
rejeição arrogante a qualquer diálogo para
resolver alegados diferendos.
O presidente dos EUA, Donald Trump, evoluiu para uma certa atitude maximalista
estridente nas relações internacionais. Ela pode ser resumida
assim: do meu modo ou de modo nenhum.
Um exemplo recente é a imposição de sanções
ao ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad
Zarif. Isto indica que os EUA amputaram qualquer possibilidade de uma
desescalada negociada de tensões no Golfo Pérsico.
Zarif, do Irão, revelou nesta semana que quando estava numa visita
diplomática aos EUA no mês passado foi-lhe dito por autoridades
que era aguardado na Casa Branca para uma reunião com o presidente
Trump. Se Zarif recusasse a "oferta" ele seria então colocado
numa lista de sanções, informaram-no. Sob estas
circunstâncias de coerção aparente o principal diplomata
iraniano declinou o convite, só para descobrir posteriormente que fora
na verdade punido com sanções. Que espécie de diplomacia
americana é esta? Soa como uma oferta do tipo máfia, que
não pode ser recusada.
Esta abordagem "diplomática" com mão pesada sugere que
não há de facto diplomacia alguma proveniente de Washington. O
presidente Trump twittou na semana passada que o seu governo estava a
"ficar sem opções" em relação ao
Irão quanto às crescentes tensões no Golfo Pérsico.
Parece que a Casa Branca está a "oferecer" falsas tentativas
de negociação, enquanto ao mesmo tempo monta opções
militares para atacar o Irão.
Outro exemplo de diplomacia fracassada foi a renúncia, esta semana, do
embaixador dos EUA na Rússia, John Huntsman. Ele abandonou o cargo em
parte por frustração com a inutilidade de seu dever
diplomático de facilitar o diálogo bilateral com Moscovo. A
tarefa de Huntsman tornou-se insustentável devido ao maníaco
animo anti-russo agora entranhado em Washington, pelo qual qualquer tentativa
de diálogo é retratada como uma espécie de "acto de
traição".
Outro exemplo de repúdio da diplomacia pelos EUA é a ordem
executiva de Trump esta semana de impor um embargo comercial total à
Venezuela. Aquele país sul-americano está efectivamente a ser
submetido à fome para submeter-se a Washington e aceitar que o
presidente eleito Nicolas Maduro se retire, de acordo com o ditame dos EUA, a
fim de permitir que um duvidoso político da oposição
apoiado pelos EUA tome as rédeas do poder em Caracas.
Estes exemplos, entre muitos outros, demonstram que Washington não tem
intenção de buscar um discurso diplomático com outras
nações e está totalmente empenhado em emitir ditames
ou utilizar outros meios; a fim de alcançar seus objectivos
geopolíticos.
O mais chocante e perigoso é que Washington está a operar na base
do ultimato da soma zero. As premissas para os seus ditames são
invariavelmente infundadas ou irracionais. A Rússia é tratada
como um Estado pária por alegações bizarras de
interferência nas eleições dos EUA; o Irão é
tratado como um estado pária sob alegações vazias acerca
de uma agressão iraniana; a Venezuela é tratada como um Estado
pária com alegações contra um presidente eleito. A China
é caluniada com alegações de ser um
"manipulador da divisa". A Europa supostamente estaria "a
aproveitar" os termos comerciais dos EUA. E assim por diante. É a
tirania enlouquecida.
O padrão do direito internacional e as normas da diplomacia estão
a ser jogados no lixo do modo mais deliberado e selvagem possível,
puramente na base do capricho americano e na sua agenda em causa própria
de dominação.
Esta é uma situação global extremamente perigosa, pois o
viés político americano e o preconceito irracional estão a
ser tornados padrão ao invés dos princípios do direito
internacional e da soberania das nações. Não há
diplomacia absolutamente nenhuma. Só a notificação das
exigências americanas de obediência ao ditame irracional de
Washington para satisfazer seus anseios de hegemonia.
Não há outro meio de descrever a presente ilegalidade global do
assumido poder americano e do seu farisaísmo senão
considerá-la como uma forma de fascismo de estado-pária com
esteróides.
Quando a diplomacia, as negociações, o diálogo e o
respeito pela soberania são totalmente desrespeitados por Washington
cuja única resposta são as sanções e a
agressão militar então deveríamos saber que a
presente descrição do poder americano não é uma
hipérbole. É uma descrição da realidade
lamentável de que a diplomacia americana não existe mais.
Está a tornar-se passado a possibilidade de conduzir
relações normais com esse regime paranóico e sem lei. Um
estado pária nuclear, também, capaz de destruir o planeta num
capricho ou num impulso paranóico do seu cérebro doentio.
Poderão os cidadãos americanos controlar um regime tão
errático e irracional? O tempo dirá. Mas uma coisa parece certa,
a paz mundial é continuamente ameaçada pelo regime de Washington,
o qual opera dentro do seu próprio reino de fantasia e megalomania
criminal.
Está claro que a diplomacia dos EUA é um fracasso absoluto.
Porque, na tortuosa megalomania guerreira de Washington, a diplomacia parece
ter-se tornado totalmente irrelevante. O que é isso senão
fascismo?
09/Agosto/2019
O original encontra-se em
www.strategic-culture.org/news/2019/08/09/washingtons-utterly-failed-diplomacy/
Este editorial encontra-se em
http://resistir.info/
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