Exportações portuguesas: O peso dos produtos industriais de alta e média-alta intensidade tecnológica tem diminuído
por Eugénio Rosa
[*]
No "Memorando de entendimento" do FMI-BCE-CE, assinado pelo governo
de Sócrates, pelo PSD e CDS, o crescimento das exportações
portuguesas é apresentado como o meio mais importante, para não
dizer único, que impedirá uma recessão económica
ainda maior da que já é prevista oficialmente para o
período 2011-2012 (entre -2% e -3% em 2011; e entre -1% e -2% em 2012),
e também o que permitirá a recuperação lenta da
economia portuguesa a partir do inicio de 2013, como os defensores daquele
"memorando" repetem continuamente, esperando que esta
repetição leve os portugueses a acreditar. E isto quando num
mesmo ano alteram várias vezes as previsões e sempre para pior.
Uma mera análise põe em causa a sustentabilidade dessa
"solução".
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O peso das exportações de produtos industriais portugueses de
"Alta" e de "Média-Alta" intensidade
tecnológica (1º e 2º nível) representava, em 2006,
42,6% das exportações de produtos industriais e, em 2010, apenas
38,4% das exportações. Em contrapartida, o peso das
exportações de produtos industriais de
"Média-Baixa" e de "Baixa" intensidade
tecnológica (3º e 4º nível) aumentou, entre 2006 e
2010, de 57,4% para 61,6% das exportações de produtos industriais.
No período 2007-2010, as exportações portuguesas de "Alta" e "Média-alta" intensidade tecnológica tiveram uma variação negativa respectivamente, de -8% e de -8,4%), enquanto as exportações de bens de "Média-baixa intensidade tecnológica" aumentaram 14,1%, e as de "Baixa intensidade tecnológica " cresceram em 8,9%. Desta forma, Portugal está-se a transformar, cada vez mais, num país de exportações de bens de "Média-baixa" e de "Baixa intensidade tecnológica". E a pergunta que naturalmente se coloca é a seguinte: - Como é que as exportações poderão ser o motor de luta contra a recessão económica e permitir a recuperação da economia quando se verifica que os produtos de "Alta e Média-alta intensidade tecnológica" têm cada vez menos peso nas exportações portuguesas? E a previsão é que esta situação se agrave com a quebra no investimento (-4.8% em 2010; -5.6% em 2011; e -1.3% em 2012, BdP). Mesmo uma parte importante dos fundos comunitários não estão a ser utilizados atempadamente para aumentar a competitividade das empresas portuguesas. O programa comunitário mais importante que tem como objectivo melhorar o perfil de especialização das empresas portuguesas é o"COMPETE" Segundo a programação aprovada pela Comissão Europeia, no período 2007-2010, Portugal podia ter utilizado 1720,7 milhões , mas utilizou, segundo o Boletim Informativo nº 10 do QREN, apenas 689,2 milhões , ou seja, 40,1%, ficando por utilizar 1031,5 milhões .. O Gráfico II, constante no próprio relatório de execução de 2010 do Programa Operacional COMPETE confirma a baixa execução por cada um dos eixos do POFC ao fim de 4 anos dos 7 que se tem para executar a totalidade do Programa, se o período não for prolongado . ![]()
Investe-se pouco na modernização das empresas portuguesas, e
mesmo os fundos comunitários que podiam ser utilizados com esse fim,
cerca de 60% não foram aplicados no período 2007-2010, quando o
podiam ter sido.
11/Junho/2011
[*]
Economista,
edr2@netcabo.pt
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