Recessão económica dispara taxa de desemprego efectivo
taxa salta para 18,2% já este ano
já há 1,042 milhões de portugueses no desemprego,
dos quais apenas 296,3 mil recebem subsídio de desemprego
A política deliberada da "troika" FMI-BCE-CE e do governo
PSD/CDS de recessão económica, e de destruição do
tecido económico e social do país, para tranquilizar os credores,
está a fazer disparar o desemprego. Segundo os dados que o INE acabou de
divulgar, referentes ao 3º Trimestre de 2011, a taxa oficial de desemprego
subiu para 12,4%, mas a taxa de desemprego efectivo, calculada utilizando
também dados do INE
(soma-se ao desemprego oficial os "inactivos disponíveis" e o
"subemprego visível" que são trabalhadores que, apesar
de estarem na situação de desemprego real, não são
considerados nos números do desemprego oficial),
atingiu 18,2%. É um aumento muito grande como mostra o gráfico
seguinte construído com dados do INE.
No período 2005-2011, a taxa de desemprego em Portugal não tem
parado de crescer. Primeiro (2005-2010), devido a um crescimento
económico anémico inferior a 1% ao ano; e agora, como
consequência da recessão económica cada vez maior. Entre o
2º Trimestre de 2005 e o 3º Trimestre de 2011, a taxa oficial de
desemprego aumentou de 7,2% para 12,4% (+72,2%), mas a taxa de desemprego
efectivo subiu de 9,6% para 18,2% (+89,6%). Portanto, um valor muito
próximo já da taxa de desemprego espanhola, que é a mais
elevada da União Europeia.
EM VALOR ABSOLUTO, NO 3º TRIMESTRE DE 2011, O DESEMPREGO OFICIAL ATINGIU
689,6 MIL, MAS O DESEMPREGO EFECTIVO SUBIU PARA 1,042 MILHÕES
Em valor absoluto, o crescimento do desemprego em Portugal, consequência
da politica de recessão económica deliberada, é ainda mais
chocante como revela o quadro seguinte.
Quadro 1- Taxa oficial de desemprego e taxa de desemprego efectivo
PORTUGAL
|
2ºTrim. 2005
|
2ºTrim. 2006
|
2ºTrim. 2008
|
2ºTrim. 2009
|
2ºTrim. 2010
|
1ºTrim. 2011
|
2ºTrim. 2011
|
3ºTrim. 2011
|
POPULAÇÃO ACTIVA Mil
|
5.531,3
|
5.586,4
|
5.638,0
|
5.583,9
|
5.581,4
|
5.554,8
|
5.568,0
|
5.543,4
|
População Activa+Inactivos disponíveis - Mil
|
5.607,2
|
5.670,2
|
5.702,7
|
5.648,1
|
5.655,5
|
5.698,6
|
5.715,7
|
5.736,8
|
DESEMPREGO OFICIAL - Mil
|
399,3
|
429,7
|
409,9
|
507,7
|
589,9
|
688,9
|
675,0
|
689,6
|
Inactivos Disponíveis Mil (*)
|
75,9
|
83,8
|
64,7
|
64,2
|
74,1
|
143,8
|
147,7
|
193,4
|
Subemprego Visível Mil (**)
|
64,4
|
62,6
|
72,1
|
63,3
|
66,1
|
173,9
|
174,8
|
159,6
|
DESEMPREGO EFECTIVO - Mil
|
539,6
|
576,1
|
546,7
|
635,2
|
730,1
|
1.006,6
|
997,5
|
1.042,6
|
TAXA OFICIAL DE DESEMPREGO - Em %
|
7,2%
|
7,7%
|
7,3%
|
9,1%
|
10,6%
|
12,4%
|
12,1%
|
12,4%
|
TAXA DE DESEMPREGO EFECTIVO- Em %
|
9,6%
|
10,2%
|
9,6%
|
11,2%
|
12,9%
|
17,7%
|
17,5%
|
18,2%
|
(*) Inclui desempregados que não procuraram emprego no período do
inquérito, por estarem desencorajados, e que por esse facto não
são considerados desempregados pelo INE, apesar de estarem no
desemprego.
(**) Desempregados que trabalharam algumas horas para sobreviver mas que por
isso
não são considerados desempregados pelo INE, embora estejam no
desemprego;
Fonte: INE, Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2006 a 2010, e
3º Trimestre 2011
Segundo o INE; entre o 2º Trimestre de 2005 e o 3º Trimestre de 2011,
o desemprego oficial aumentou de 399,3 mil para 689,6 mil, mas o numero de
trabalhadores efectivamente desempregados cresceu de 539,6 mil para 1,042
milhões de desempregados.
Mais de um milhão de portugueses que estão disponíveis
para trabalhar estão neste momento desempregados, o que para além
dos imensos sofrimentos que tal situação provoca a centenas de
milhares de famílias, também determina que uma imensa quantidade
de riqueza, que podia ser produzida, e que era necessária ao
desenvolvimento do país e ao bem-estar dos portugueses, devido à
politica de recessão económica, não é produzida.
37.000 MILHÕES DE EUROS DE RIQUEZA DESPERDIÇADA PELA
"TROIKA" E PELO GOVERNO PSD
Para se poder ficar com uma ideia de quanto está a custar aos
portugueses e ao país a politica da "troika" e do governo do
PSD/CDS de destruição da economia, basta fazer umas contas muito
simples. Em 2010, a riqueza produzida (PIB), em média, por cada
português empregado foi de 35.549 euros. Se multiplicarmos este valor
pelo numero actual de desempregados efectivos 1.042.600
obtém-se 37.042,4 milhões de euros, o que corresponde a 21,5% de
toda a riqueza (PIB) criada em Portugal durante todo o ano de 2010. Este valor
dá bem uma ideia do custo para o país e para os portugueses da
politica de destruição do principal recurso de um país
que são as pessoas imposta pela "troika"
FMI-BCE-CE, e aceite passivamente pelo governo. E como se pode ler em
"Tornar eficaz a globalização",
do prémio Nobel da economia, Joseph Stiglitz, referindo-se às
politicas do FMI, estas politicas não são
"realmente concebidas para proteger os países de uma
recessão, mas
sim para proteger os credores; a sua intenção era a de
reconstruir as reservas, de modo a que os credores internacionais pudessem ser
pagos".
Mas mesmo este objectivo, com a destruição da economia e do
tecido social que esta politica está a provocar em Portugal, será
duvidoso que seja alcançado.
APENAS 28 EM CADA 100 DESEMPREGADOS ESTÃO A RECEBER SUBSIDIO DE
DESEMPREGO
No fim de Setembro de 2011, apenas 296,3 mil desempregados recebiam
subsídio de desemprego. Este número representava apenas 42,9% do
número oficial de desempregados, e somente 28,4% do numero total de
desempregados efectivos. Portanto, 745,7 mil desempregados não tinham
direito a subsídio de desemprego, e tinham de sobreviver de qualquer
maneira. É evidente que a pobreza tem e está a aumentar de uma
forma rápida no país.
2012 SERÁ MUITO PIOR SE NÃO SE INVERTER ESTA POLITICA DE
DESTRUIÇÃO DO PAÍS
A continuar a politica da "troika" FMI-BCE-CE, em 2012, a
recessão económica será praticamente o dobro da verificada
este ano. Ainda não começou 2012, e já a Comissão
Europeia prevê que o PIB diminua, em 2012, em Portugal em -3%. É
evidente que, como tem acontecido com todas as previsões oficiais, este
valor será corrigido e para pior. A própria Comissão
Europeia e a "troika" já vieram dizer que serão preciso
medidas adicionais, a acrescentar às do Orçamento do Estado para
2012, se a situação da economia portuguesa piorar. E com esta
politica a situação da economia portuguesa vai certamente piorar.
Na conferencia de imprensa dada pela "troika" em 16/11/2011, o trio
estrangeiro teve o
desplante de defender que era necessário aplicar aos trabalhadores do sector privado, o mesmo que o governo tinha feito em relação aos trabalhadores da Função Pública
, ou seja, fazer uma redução de 14% nos salários nominais
dos trabalhadores das empresas privadas. E a justificação
mirabolante que deu, é que se isso não fosse feito, o sector
público deixaria de ser atractivo para quem trabalha nele.
O "Memorando de entendimento" do FMI-BCE-CE transformou-se numa
peça fundamental da intervenção estrangeira nos assuntos
nacionais, de forte limitação da soberania nacional e de controlo
do governo, transformado em simples executor das decisões de
estrangeiros. E a justificação, continuamente repetida nos
órgãos de informação, e pelo próprio
governo, é de
"temos de cumprir e mesmo de ir mais além,
" mesmo que isso destrua as empresas e o emprego, e deixe o país em
ruínas. Desta forma, uma cultura de
"normalização", de naturalização" e
de "aceitação", visando tornar a
intervenção estrangeira nos assuntos nacionais, como coisa
"normal", "natural" e "aceitável", tem
sido difundida a nível de opinião publica pelos principais media
e por aqueles comentadores que têm acesso fácil a eles, muitos
deles tendo como origem o próprio governo, e meios académicos e
grandes empresas, impedindo assim o debate nacional livre visando encontrar
soluções alternativas. E construir alternativas a esta politica
de destruição é urgente para evitar que Portugal caia num
buraco idêntico ao que se encontra a Grécia, que foi arrastada
para ele por uma politica idêntica, donde é muito mais
difícil sair depois. 2012, é um ano crucial para o futuro de
Portugal, já que o governo pretende reduzir o défice
orçamental efectivo de mais de 8%, se deduzir os efeitos de medidas
criativas temporárias, como é a transferência dos fundos de
pensões dos trabalhadores bancários, para um valor de 4,5%. E
isso não será possível sem uma recessão profunda e
sem um aumento muito grande do desemprego, o que fará aumentar muito
mais a pobreza e mesmo a miséria em Portugal.
16/Novembro/2011
[*]
Economista,
edr2@netcabo.pt
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http://resistir.info/
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