Sumbe: preservar a memória do sacrifício
por Susana Mendez
Sumbe,
o filme cubano dirigido por Eduardo Moya, foi estreado em Agosto na sala
Charles Chaplin do Instituto Cubano de Arte e Indústria
Cinematográfica (
ICAIC
).
Por esta razão, foi realizada uma reunião entre os realizadores
do filme e a imprensa nacional na galeria Servando Cabrera da capital, com a
participação de Moya, também roteirista de Sumbe, Humberto
Hernandez, que teve a seu cargo a produção, o actor Alden Knight,
que interpretou o personagem do brigadeiro da UNITA Chendababa e o Coronel (R)
Juan A. Castillo Vazquez, participante da gesta narrada no filme e assessor
militar do mesmo.
Em 25 de Março de 1984 um pequeno grupo de trabalhadores, professores,
médicos, técnicos e assessores cubanos com escasso armamento,
junta-se aos angolanos para defender a cidade do Sumbe,
capital da Província de Kwanza Sul, Angola, do ataque das forças
de elite da UNITA com o objectivo principal de causar um impacto internacional
e capturar prisioneiros estrangeiros entre os colaboradores de vários
países que ali se encontravam. Sitiados e isolados, resistem ao ataque
por quatro horas, enquanto esperam pelas tropas da Forças Armadas
Revolucionárias Cubanas.
Moya começou por dizer que este filme pertence aos combatentes de Sumbe
e é um filme colectivo, onde o protagonista essencial é a massa
de combatentes, tanto civis como militares, que produziu um facto
matemático incomum que demonstra os princípios humanos,
éticos e políticos dessas pessoas, cujos testemunhos
dramáticos foram o argumento e são reflectidos de uma forma
sintetizada: "a imaginação não teve que trabalhar
muito, porque os testemunhos eram muito fortes e a muitos houve que baixar o
tom dramático", disse Moya.
Explicou ainda: "No mundo de hoje quando se lida com o drama de guerra,
é sempre a partir da ideia de que a guerra é um
espectáculo e para mim, pelo contrário, a guerra não
é um espectáculo, a guerra é uma desgraça, que
causa dor, morte, incerteza e, por vezes, confusão. Propus-me a que o
filme fosse uma reportagem histórica, para ficar um pouco mais perto da
realidade, eu queria alcançar uma visão de repórter de
guerra.
"Este drama bélico é um tributo à memória
histórica relativa á generosidade, heroísmo e
sacrifício do povo cubano em Angola. Esse era o propósito, a
intenção, preservar e conservar essa memória", disse
o director.
Moya também considerou que
Sumbe
é um filme não concluído, uma vez que carece do processo
de passagem de suporte digital para celulóide, o que lhe daria uma
imagem de maior qualidade, mas decidiu-se estreá-lo já porque
é uma produção do ano passado, de 2010.
Os principais locais de filmagem foram Brisas del Mar, Reparto Guiteras,
Jibacoa e San Antonio de los Baños e as actuações mais
importantes foram entregues a Fernando Hechevarria, Alden Knight, Jorge
Martinez, Roberto Perdomo, René de la Cruz e Enrique Bueno.
A equipe técnica é composta na direcção de arte por
José Manuel Villa, Nieves Laferté na cenografia e Kenia Velazquez
na edição; o trabalho de efeitos especiais e pirotecnia foi
assumido por Omar Valdés e a música é de destacado
compositor e intérprete José Maria Vitier.
O actor Alden Knight fez uma interessante reflexão sobre o personagem que
interpreta, que é o brigadeiro da UNITA Chendababa, sobre o qual disse:
"Eu defendi-o a partir de o conceber como um patriota; sentia-se um
patriota para proteger a sua terra de gente vinda de fora da Europa e
América para apoderar-se da sua nação. Esta verdade do
personagem é um ponto de vista muito importante quando se faz um filme
como este (....) E realmente ajudou muito a que não houvesse
clichê".
Por sua parte, o coronel Juan A. Castillo Vazquez, que testemunhou o evento que
é recriado no filme, comentou: "Aqueles que tiveram a oportunidade
de viver esses momentos sentem sempre a grande preocupação de
perder a memória desse facto. Eu estive basicamente na luta da igreja,
mas houve mais operações testemunhadas por outros companheiros, o
que permitiu dar a essas 30 horas que narra o filme, uma visão real, sem
ser um testemunho e recolha do que aconteceu, como os cubanos estavam na
missão, as contradições e fraquezas que existiam, (...)
pudemos reconstruir uma versão bastante precisa do que foi essa batalha,
que foi muito forte, na qual morreram nove companheiros e houve mais de vinte
feridos. Que este filme permaneça como um testemunho para as
gerações futuras é a melhor homenagem que podemos esperar.
"
A ante-estreia de
Sumbe
realiza-se a partir de sábado, 13, até
quarta-feira, 17 de Agosto, no cinema Chaplin nas sessões habituais das
5 da tarde e 8 da noite e dia 18 vai estrear na capital e todas as
províncias.
11/Agosto/2011
O original encontra-se em
www.cubarte.cult.cu/
. Tradução de Guilherme Coelho.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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