Crise sistémica global
4º trim./2011: Fusão implosiva dos activos financeiros mundiais
Como antecipado desde Novembro de 2010 pelo LEAP/E2020, e reiterado
várias vezes até Junho de 2011, o segundo semestre de 2011
começou por uma recaída brutal e gigantesca da crise. Cerca de
US$10 milhões de milhões dos 15 milhões de milhões
de activos fantasmas anunciados no GEAB nº 56 já desapareceram como
fumo. O resto (e provavelmente muito mais) vai desvanecer-se no decorrer do
4º trimestre de 2011 que será marcado por aquilo que a nossa equipe
chama de "fusão implosiva dos activos financeiros mundiais".
São os dois principais centros financeiros mundiais, Wall Street em Nova
York e a City em Londres, que vão ser os "reactores
privilegiados" desta fusão. E, tal como previsto pelo LEAP/E2020
desde há vários meses, é a solução dos
problemas da dívida pública de certos Estados da Eurolândia
que vai permitir que esta reacção atinja sua massa
crítica, após a qual nada mais será controlável.
Mas é nos Estados Unidos que se encontra o essencial do
combustível que vai alimentar a reacção e
transformá-la em choque planetário real
[1]
. Desde Julho de 2011 não fizemos senão encetar o processo que
conduz a esta situação: o pior portanto está diante de
nós e muito próximo!
Neste comunicado público do GEAB nº 57 escolhemos abordar muito
directamente a imensa operação de manipulação que
está organizada em torno da crise grega e do Euro
[2]
, descrevendo sempre a sua ligação directa com o processo de
fusão implosiva dos activos financeiros mundiais. Igualmente, neste GEAB
nº 57, o LEAP/E2020 apresenta suas antecipações do mercado
do ouro para o período 2012-2014 assim como suas análises sobre o
neo-proteccionismo que se vai por em acção a partir do fim de
2012. Além das nossas recomendações mensais sobre a
Suíça e o Franco suíço, o imobiliário e os
mercados financeiros, apresentamos igualmente nossos conselhos
estratégicos destinados aos dirigentes do G20 a menos de dois meses da
cimeira do G20 que haverá em Cannes.
Crise grega e Euro: estado da vasta operação de
manipulação em curso
Mas retornemos pois à Grécia e àquilo que começa a
ser um "antigo cenário muito repetitivo"
[3]
, o qual já explicámos que retorna à frente da cena
mediática cada vez que Washington e Londres entram em graves
dificuldades
[4]
. Então, como por acaso, o Verão foi catastrófico para os
Estados Unidos que a partir daí entraram em recessão
[5]
, que viram a sua classificação financeira degradada (um
acontecimento que há apenas seis meses a totalidade dos
"peritos" considerava impensável) e que expôs ao mundo
espantado o estado de paralisia geral do seu sistema político
[6]
, estando sempre incapazes de por em acção a menor medida
séria de redução dos seus défices
[7]
. Paralelamente, o Reino Unido afunda-se na depressão
[8]
com tumultos de uma rara violência, uma política de austeridade
que fracassa dominar os défices orçamentais
[9]
mergulhando o país numa crise social sem precedentes
[10]
e uma coligação no poder que já não sabe sequer
porque governa juntamente com o pano de fundo do escândalo do conluio
entre líderes políticos e o império Murdoch. Não
há dúvida, num tal contexto, tudo estava maduro para um
relançamento pelos media da crise grega e o seu corolário, o fim
do Euro!
Se o LEAP/E2020 tivesse de resumir o cenário à "moda de
Hollywood" ou da "FoxNews"
[11]
obter-se-ia a seguinte sinopse: "Enquanto o iceberg EUA está em
vias de chocar-se com o Titanic, a tripulação treina os
passageiros na busca de perigosos terroristas gregos que teriam colocado bombas
a bordo!" Em termos de propaganda, a receita é bem conhecida:
consiste em fazer diversionismos para permitir primeiro salvar os passageiros
que se quer (as elites informadas que sabem muito bem que não há
terroristas gregos a bordo) uma vez que nem todos poderão
ser salvos; e a seguir mascarar o mais longo tempo possível a verdadeira
natureza do problema para evitar uma revolta a bordo (inclusive de uma parte da
tripulação que acredita existirem realmente bombas a bordo).
Para concentração nas questões de fundo, deve-se sublinhar
que os "promotores" de uma crise grega que seria fatal para o Euro
passam o seu tempo a repetir isso desde há cerca de dois anos sem que
qualquer que seja das suas previsões se realize
[12]
(pondo de parte continuar a falar do assunto). Os factos são teimosos:
apesar desta fúria mediática que teria arrastado numerosas
economias ou moedas
[13]
, o Euro é estável, a Eurolândia deu passos de gigante em
matéria de integração
[14]
e prepara-se para transpor novas etapas ainda mais espectaculares
[15]
, os países emergentes continuam a diversificar-se para fora dos
Títulos do Tesouro dos EUA e a comprar dívidas da
Eurolândia e a saída da Grécia da zona Euro continua sempre
totalmente inconcebível excepto nos artigos dos media
anglo-saxónicos cujos autores em geral não têm a menor
ideia do funcionamento da UE e menos ainda das tendências fortes que a
animam.
Agora nossa equipe nada pode fazer em relação àqueles que
querem continuar a perder dinheiro apostando num afundamento do Euro
[16]
, numa paridade Euro-Dólar ou numa saída da Grécia da
Eurolândia
[17]
. Os mesmos tiveram de despender muito dinheiro para se
prevenirem contra a chamada "epidemia mundial da gripe H1N1" que
peritos, políticos e medias de todo género "venderam"
durante meses às populações mundiais e que se verificou
ser uma enorme mascarada alimentada em parte pelos laboratórios
farmacêuticos e cliques de peritos às suas ordens
[18]
. O resto, como sempre, é auto-alimentado pela falta de reflexão
[19]
, pelo sensacionalismo e pelo conformismo dos media dominantes. No caso da
crise Euro-grega, o cenário é análogo, com a Wall Street e
a City nos papel dos laboratórios farmacêuticos
[20]
.
Recordamos com efeito que o que aterroriza a Wall Street e a City são os
ensinamentos que os dirigentes e os povos europeus estão em vias de
extrair destes três anos de crise e de soluções ineficazes
que foram aplicadas. A natureza da Eurolândia cria um espaço de
discussão sem equivalente no seio das elites e das opiniões
públicas americanas e britânicas. E é exactamente isso que
aborrece a Wall Street e a City, que procuram sistematicamente matar este
espaço de discussão, seja tentando mergulhá-lo no
pânico com anúncios sobre o fim do Euro, por exemplo, seja
reduzindo-o a uma perda de tempo e fazendo disso uma prova da ineficácia
da Eurolândia, da sua inaptidão para resolver a crise. O que
é o cúmulo quando se tem em conta a paralisia completa que
prevalece em Washington.
[NR]
No entanto, é realmente este espaço de discussão que
permite aos eurolandeses avançar no caminho de uma solução
durável para a crise actual. Este espaço de discussão faz
parte integrante da construção europeia ou das visões
contraditórias dos métodos e das soluções que se
confrontam antes de finalmente chegar a um compromisso (e este é o caso
como o provam as decisões muito importantes tomadas desde Maio de 2010).
Amplia-se assim o debate a uma multidão de actores, vindos de 17
países diferentes, de várias instituições comuns, e
ele está ancorado nos debates de 17 opiniões públicas
[21]
. Ora, é do confronto de ideias que emana a luz: da
confrontação brutal das ideias, o filósofo grego
Heráclito
dizia há 2500 anos, "alguns fazem-se deuses, alguns fazem-se
homens, alguns fazem-se escravos, alguns fazem-se homens
livres". Os cidadãos da Eurolândia recusam que esta crise os
transforme em escravos e é para isso que os actuais debates
intra-europeus são necessários e úteis. Em três
anos, entre 2008 e 2011, eles permitiram nomeadamente duas coisas essenciais
para o futuro:
-
relançaram a integração europeia em torno da
Eurolândia e colocaram-na doravante numa trajectória de
integração acelerada. Nossa equipe antecipa doravante uma forte
relançamento da Europa política a partir do fim de 2012
(análogo à dos anos 1984-1985) com, nomeadamente, um tratado de
integração política da Eurolândia que será
submetido a um referendo trans-Eurolândia daqui até 2015
[22]
.
-
permitiram a emergência progressiva de duas ideias simples mas muito
fortes: salvar os bancos privados de nada serve para resolver a crise
é
necessário que os mercados (ou seja, essencialmente os grandes
operadores financeiros da Wall Street e da City) assumam integralmente os seus
riscos, sem mais garantias por parte dos Estados. Hoje, estas duas ideias
são o cerne de um debate eurolandês, tanto na opinião
pública como nas elites ... e elas ganham terreno a cada dia. É
isso que provoca o medo da Wall Street e da City e dos grandes operadores
financeiros privados. É esta a mecha já bem gasta que vai
desencadear a fusão implosiva dos activos financeiros mundiais no
4º trimestre (naturalmente, no contexto dominante da recessão
estado-unidense e da sua incapacidade de reduzir os défices
públicos). Se os mercados começam a antecipar um desconto de 50%
nos títulos gregos ou espanhóis é porque sentem muito bem
a direcção que tomam os acontecimentos na Eurolândia. Para
o LEAP/E2020, não há qualquer dúvida de que os
espíritos estão maduros, um pouco por toda parte na
Eurolândia, para se orientarem em direcção a uma
contribuição de 50%, ou até mais, dos credores privados a
fim de resolver os futuros problemas de endividamento público. Isto
é um problema para os bancos europeus, sem dúvida, mas ele
será gerido para garantir os poupadores. Os accionistas vão ter
de assumir plenamente a sua responsabilidade: isto é certamente o
fundamento do capitalismo!
A Wall Street e a City, e os seus porta-vozes mediáticos, desejariam
desesperadamente que este debate não se verificasse, que fosse encerrado
pelo pânico, que os governantes fossem obrigados a ouvir seus
"peritos" que lhes asseguram que o único meio é
continuar a recapitalizar os bancos, a inundá-los de liquidez
[23]
... como se passa em Washington e Londres. Dois países onde os
estabelecimentos financeiros manipulam a seu bel prazer os governos.
O combate faz estrondo igualmente em torno do BCE como havíamos
mencionado no GEAB anterior: a nomeação de Mario Draghi,
antigo
responsável da Goldman Sachs, a demissão de Jurgend Stark
[24]
, ... reflectem estas tentativas de por Frankfort sob a mesma tutela de Londres
e Washington. Mas elas estão condenadas antecipadamente pelo facto mesmo
deste espaço aberto, estruturalmente inscrito na
construção europeia, onde as discussões são
alimentadas pelo fracasso das políticas de 2008 e a
irrupção crescente das opiniões públicas no debate.
"Qui va piano va sano e qui va sano va lontano"
[25]
dizem os italianos. Esta crise é de amplitude histórica como
temos recordado desde Fevereiro de 2006. As medidas a tomar para
atravessá-la da melhor maneira e sair mais fortes (homens livres e
não escravos para retomar Heráclito) exigem portanto debates
sérios e profundos
[26]
... portanto tempo. E tempo gasto pelos eurolandeses é dinheiro perdido
para os mercados ... o que explica os seus temores. O LEAP/E2020 pensa
naturalmente que também é preciso agir e desde Maio de 2010 temos
sublinhado que as acções empreendidas na Eurolândia eram de
uma amplitude sem precedente na história europeia recente. E
consideramos que é preciso dar tempo ao segundo plano de ajuda à
Grécia para se por em marcha. Quanto ao resto, sabemos também que
os actuais dirigentes na sua maior parte estão em "fim de
rota" e que é preciso esperar os meados de 2012 para assistir a uma
nova grande aceleração da integração da
Eurolândia
[27]
.
Durante este tempo, com US$340 mil milhões a encontrar em 2012
[28]
para
se refinanciar, os bancos europeus e americanos vão continuar a
matarem-se entre si tentando sempre manter a situação pré
crise que lhes assegurava um apoio ilimitado dos bancos centrais. Para a
Eurolândia, eles arriscam-se a ter uma surpresa muito má.
O 4º trimestre de 2011 marca o fim dos dois paradigmas chave do mundo
anterior à crise
Assim, a fusão implosiva do 4º trimestre vai resultar do encontro
entre duas novas realidades que contradizem duas condições
fundamentais de existência do mundo anterior à crise:
-
uma, nascida na Europa, consiste em rejeitar doravante a ideia de que os
operadores financeiros privados, de que a Wall Street e a City são a
encarnação por excelência, não são plenamente
responsáveis pelos riscos que assumem. Ora, desde há
várias décadas, esta era a ideia dominante que alimentou o
formidável desenvolvimento da economia financeira: "Cara eu ganho,
coroa tu me salvas". A própria existência dos grandes bancos
e seguradoras ocidentais tornou-se intrinsecamente ligada a esta certeza. Os
balanços dos grandes actores da Wall Street e da City (e de numerosos
grandes bancos da Eurolândia e do Japão) são incapazes de
resistir a esta formidável mudança de paradigma
[29]
.
-
a outra, gerada nos Estados Unidos, é o fim reconhecido do motor
estado-unidense do crescimento mundial
[30]
num fundo de paralisia política completa do país que de facto
vai terminar o ano de 2011 tal como a Grécia terminou o ano de 2009: o
mundo descobre pouco a pouco que o país tem uma dívida que
já não é capaz de assumir, que seus credores não
querem mais emprestar e que sua economia é incapaz de enfrentar uma
austeridade significativa sem mergulhar numa profunda depressão
[31]
. De certa maneira, a analogia pode ir mais longe: assim como a UE e os
bancos,
de 1982 a 2009, emprestaram generosamente à Grécia ... e sem lhe
pedir contas seriamente, no mesmo período o mundo emprestou
generosamente aos Estados Unidos acreditando na palavra dos seus dirigentes
quanto ao estado da economia e das finanças do país. E em ambos
os casos, o dinheiro foi dissipado em booms imobiliários sem futuro, em
políticas de clientelismo dispendiosas (nos Estados Unidos, o
clientelismo, está na Wall Street, na indústria
petrolífera, nos operadores de saúde), em despesas militares
improdutivas. E em ambos os casos, todo o mundo descobre que não se pode
em alguns trimestres reparar décadas de inconsciência.
A "perfeita tempestade" político-financeira dos EUA de
Novembro de 2011
Assim, em Novembro de 2011 prepara-se nos Estados Unidos uma "perfeita
tempestade" político-financeira que fará com que os
problemas do Verão pareçam-se a uma ligeira brisa do mar. Os seis
elementos da futura crise já estão reunidos
[32]
:
-
o "supercomité"
[33]
encarregado de decidir cortes orçamentais para os quais não
houve qualquer acordo neste Verão verificará ser incapaz de
resolver as tensões entre os dois partidos
[34]
-
o automatismo dos cortes orçamentais que supostamente vai ser executado
sem acordo implicará uma crise política de grande magnitude em
Washington e tensões crescentes nomeadamente com os militares e os
beneficiários das ajudas sociais. Ao mesmo tempo, este
"automatismo" (uma verdadeira abdicação do poder
decisional por parte do Congresso e da Presidência dos Estados Unidos)
gerará grandes perturbações no funcionamento do aparelho
de Estado.
-
as outras grandes agências de classificação
juntar-se-ão à S&P na degradação da
classificação dos EUA e a diversificação para fora
dos Títulos do Tesouro estado-unidenses será acelerada, sabendo
que os Estados Unidos doravante dependem essencialmente de financiamento a
curto prazo
[35]
.
-
a incapacidade do Fed em fazer outra coisa senão falar e manipular as
bolsas ou os preços do combustível nos Estados Unidos
[36]
daqui
em diante torna impossível qualquer "salvamento" de
último minuto.
-
no decurso dos próximos três meses, o défice
público dos EUA vai aumentar consideravelmente pois as receitas fiscais
actualmente já estão em vias de afundar-se sob o efeito da
recaída em recessão
[37]
. Isto equivale a dizer que o tecto de endividamento acrescido votado há
algumas semanas será atingido muito antes das eleições de
Novembro de 2012
[38]
... e isto é uma informação que se vai difundir como um
rastilho de pólvora no 4º trimestre de 2011 ... reforçando
todos os temores dos investidores de verem os Estados Unidos seguirem o exemplo
da Eurolândia para a Grécia e obrigarem seus credores a assumir
perdas pesadas.
-
o novo plano de Barack Obama em matéria de luta contra o desemprego
não terá qualquer efeito significativo. Por um lado, ele
não está à altura do desafio e não pode por isso
mobilizar as energias do país; e por outro, ele vai ser
despedaçado pelos republicanos que não conservarão
senão as reduções de impostos ... cujo resultado
único será aumentar ainda mais o endividamento do país
[39]
.
Para o LEAP/E2020, é portanto a conjunção de todos estes
elementos no fim de 2011 que vai desencadear este grande choque financeiro ...
uma espécie de choque final projectando definitivamente o planeta para
fora do mundo anterior à crise. Mas restará construir o mundo
posterior pois vários futuros são possíveis, a partir de
2012. Como antecipa Franck Biancheri no seu livro, o período 2012-2016
constitui uma encruzilhada histórica. Há que tentar não se
enganar de caminho!
[40]
Notas:
(1) No momento, e como repetimos desde há vários trimestres, a
histeria mediática e financeira em torno da crise grega pertence
essencialmente ao domínio da propaganda e da manipulação.
Para perceber isso, basta constar que, fora da Grécia, nenhum
cidadão da Eurolândia perceberia que há uma crise na
Grécia se os media não publicassem regularmente manchetes a este
respeito. Ao passo que nos Estados Unidos, as devastações
quotidianas da crise não precisam de cobertura mediática para
serem duramente ressentidas por dezenas de milhões de americanos.
(2) Pois ela visa confundir e manipular a percepção da realidade
ao passo que o nosso trabalho visa, ao contrário, tentar revelar esta
mesma realidade.
(3) A cada três ou quatro meses, há uma "lufada" de
crise grega/fim do Euro, que se desvanece tão rapidamente quanto chegou
quando todo o mundo acaba por constatar que não se passa nada
senão o prosseguimento do processo tortuoso de decisão da
Eurolândia e da lenta saída da Grécia do seu "buraco
negro orçamental". Os que os disparam naturalmente variam pois do
contrário o público não engoliria: num trimestre vai-se
utilizar "a revolta dos gregos contra a austeridade" para explicar
que tudo se vai incendiar ... inclusive o Euro (os encadeamentos que conduzem
de Atenas ao conjunto da Eurolândia são sempre muito vagos ou
simplistas, mas pouco importa uma vez que os jornalistas não colocam
questões); no trimestre seguinte, como por exemplo neste Verão,
utilizar-se-á uma queda das bolsas mundiais para designar um culpado ...
a Grécia ... mil vezes mais importante naturalmente que acontecimentos
tão insignificantes como a entrada dos EUA em recessão ou a
degradação da classificação estado-unidense! E
assim por diante. Os deuses gregos estão decididamente sempre bem vivos
e muito poderosos para chegarem a fazer o mundo tremer desta maneira.
(4) Ver este extracto do
GEAB n°55
(5) Fontes:
MarketWatch
, 14/09/2011;
New York Times
, 13/09/2011;
USAToday
, 07/09/2011;
La Tribune
, 05/09/2011;
Mish's
, 29/08/2011;
USAToday
, 29/08/2011;
CNBC
, 17/06/2011
(6) Isso não deve surpreender os leitores do GEAB, uma vez que no
GEAB nº 49
de Novembro de 2010 havíamos antecipado "a paralisia
política geral e a entrada dos EUA na austeridade em 2011".
(7) Para descansar com um assunto sério, pode-se assistir a este clip
de rap com tema muito político: "Aumenta o tecto da
dívida". Fonte:
Telegraph
, 29/07/2011
(8) Fonte:
Telegraph
, 31/08/2011
(9) Assim, acumulando dívida privada e pública, o Reino Unido
é o país mais endividado do mundo. Fonte:
Arabian Money
, 28/08/2011
(10) As associações humanitárias e sociais do país
lutam actualmente pela sua sobrevivência financeira devido à falta
de doações e subvenções. Fonte:
Guardian
, 02/08/2011
(11) Os dois tratam a informação aproximadamente da mesma
maneira.
(12) Mesmo a Suíça daqui em diante atrelou ("peg") a
sua divisa ao Euro. O que deveria fazer reflectir os eurocépticos como o
título da
Spiegel
de 07/09/2011
(13) Imagine-se o estado do Dólar e da Libra se os media e peritos
dedicassem a mesma energia a descrever e fantasiar todos os problemas dos
Estados Unidos ou do Reino Unido. Se por exemplo se tirasse para a
Grã-Bretanha aquando dos tumultos do Verão o mesmo tipo de
conclusões que aquelas tiradas para as bem sensatas
manifestações gregas (comparadas à violência
inglesa).
(14) Assim, a UE aumenta significativamente seu orçamento para a
investigação ao passo que as restrições
multiplicam-se nos Estados Unidos. Fonte:
Nature
, 05/07/2011
(15) Mesmo o
Wall Street Journal
de 12/09/2011, pouco suspeito de eurofilia aguda, reconhece que a
Eurolândia prepara-se para passar a uma nova etapa de
integração via um novo tratado. A
Spiegel
de 02/09/2011 confirma esta tendência.
(16) Como explica claramente John Tammy no
Real Clear Markets
de 25/08/2011:
"O problema da Europa não é realmente o Euro".
(17) Sublinhamos a propósito que a
antecipação política
, metodologia sobre a qual são fundamentados os trabalhos
do LEAP/E2020, não visa agradar tomando seus sonhos (ou seu pesadelos)
por realidades (abordagem ideológica por excelência), mas é
um instrumento de ajuda à decisão, bem ancorada no mundo real. E
aconselhamos os leitores a guardar na memória um teste muito simples
para verificar a diferença entre as duas abordagens e determinar assim
qual grau de fiabilidade conceder a uma análise sobre a
evolução da crise: as análises passadas permitiram prever
correctamente e de modo regular os desenvolvimentos da crise? Ou, muito pelo
contrário, nada ou quase nada do que foi anunciado realizou-se? A
seguir, cabe a vós escolher o que quer utilizar para tomar vossas
decisões; mas ao menos fará com conhecimento de causa!
(18) A este respeito, no que se refere à crise actual, o LEAP/E2020
considera que a tomada de consciência crescente, no seio dos dirigentes e
das opiniões públicas da Eurolândia, devido ao facto de que
há no mínimo uma operação de propaganda vinda do
outro lado da Mancha e do outro lado do Atlântico destinada a
"quebrar a confiança no Euro", vai implicar no próximo
ano uma revisão radical das referências e da credibilidade dos
jornalistas e dos peritos que tratam da crise. Pois quem diz
manipulação ou complot, para retomar as palavras de
Laurence Parisot
, a presidente do
MEDEF
, organismo que reúne os patrões
das grandes empresas francesas, diz ligações inconscientes ou
agentes manipuladores. E a Eurolândia que se acreditava, ainda há
pouco, numa grande fraternidade com os Estados Unidos e o Reino Unido descobre
que as coisas são muito mais complicadas do que isso. Em 2012
consideramos portanto que um certo número de medias da Eurolândia
vai começar a questionar a objectividade, mesmo a honestidade, de
jornalistas formados quase exclusivamente nos Estados Unidos ou no Reino Unido
e/ou nos grandes media anglo-saxónicos na vanguarda em matéria de
ataque contra o Euro. O canal France2, onde a situação descrita
acima é muito frequente, acaba de fornecer um exemplo notável.
Entrevistando a presidente do MEDEF sobre suas declarações a
propósito de um complot americano contra o Euro (
France24
, 05/09/2011),
a jornalista Stéphanie Antoine não cessou de por em dúvida
sem argumento a posição de Laurence Parisot, acrescentando caras
eloquentes para mostrar que não acreditava nem uma palavra do que dizia
a sua interlocutora. O CV de
Stéphanie Antoine
na Wikepedia é
claro: ela trabalhou em Nova York e Londres para a ABC, CNBC e Bloomberg. Como
Laurence Parisot acusava nomeadamente os media dos EUA, compreende-se melhor a
ausência de objectividade da jornalista sobre este assunto. Para a nossa
equipe, é certo que os jornalistas e peritos dotados deste tipo de
referências, essencialmente e mesmo unicamente os EUA e Reino Unido,
vão ser progressivamente postos de lado durante o próximo ano no
conjunto dos grandes media da Eurolândia. Também neste
domínio o mundo de antes está em vias de desaparecer.
(19) Há um bom exemplo com a entrevista do antigo ministro
alemão das Finanças,
Peer Steinbrück
, realizada por dois
jornalistas da
Spiegel
em 12/09/2011. O primeiro diálogo é eloquente: os jornalistas
começam por afirmar que o Euro não pode ser salvo. O antigo
ministro perguntam-lhes de onde tiraram esta "verdade" e os
jornalistas justificam-se repetindo um cliché veiculado pelos
eurocépticos de todo tipo desde há ano: "porque de facto
não pode funcionar pois nossas economias são diferente".
Dois ensinamentos a extrair deste exemplo: os jornalistas posicionam-se como
"peritos" ... é o político que eles entrevistam que
é obrigado a colocar-lhes perguntas sobre a legitimidade das suas
afirmações. E na ausência de conhecimento, eles não
fazem senão repetir lugares comuns sem nenhuma análise do assunto
que devem tratar. Esta é infelizmente a situação dominante
nos media europeus desde há meses sobre tal assunto. Em desculpa dos
jornalistas, eles são vítimas da incapacidade dos actuais
dirigentes da Eurolândia para apresentar uma visão a longo prazo.
Este simples facto permitiria dissipar este "nevoeiro de guerra" em
um minuto. Os comentários de Peer Steinbrück são muito
interessantes e descrevem, segundo LEAP/E2020, bastante fielmente o processo
dos próximos meses.
(20) E os eurocépticos de direita e de esquerda em manobra no
continente europeu, que crêem ter encontrado a justificação
das suas análises mesmo que as mesmas sejam desmentidas a cada dia pelos
factos e os progressos da integração europeia. Eles seriam mais
avisados se se concentrassem sobre a maneira de obter uma
democratização da governação da Eurolândia
que está em vias de se estabelecer, ao invés de sonhar seus
"amanhãs que cantam" e que já caíram no
esquecimento da História.
(21) Pode-se ler este artigo muito interessante retomado da
Vanguardia
pela
PressEurop
de 08/09/2011 sobre as duas maneiras de estar em crise,
comparando a Itália e a Espanha.
(22) Retornaremos daqui até o fim de 2011 à
antecipação pormenorizada da evolução da
Eurolândia no horizonte de 2015; mas uma coisa já é certa:
Londres não pode mais se opor e será visto nas próximas
semanas que o Reino Unido procurará unicamente negociar algumas
vantagens em troca da sua inelutável aprovação à
integração acrescida da Eurolândia. Londres tão
pouco pode permitir-se o menor choque económico suplementar sob pena de
ver a economia britânica entrar em colapso. Fonte:
Telegraph
, 15/09/2011
(23) A decisão 15/09/2011 dos bancos centrais ocidentais de
recomeçar a inundar de dólares os grandes bancos não
terá mais efeito durável do que anteriormente. Isso não
faz senão confirmar a situação muito frágil de
todos os estabelecimentos financeiros ... supostos terem passado nos
"stress tests" que garantiriam a sua solidez. De resto, isso
pressiona os bancos da zona Euro a emprestar em Euro: 2012 deveria ver tal
situação impor-se rapidamente. Fontes:
MarketWatch
, 15/09/2011;
Les Echos
, 12/09/2011
(24) Mas não unicamente: com Weber e Stark assiste-se também ao
fim da geração dos "Bundesbankers" da RFA. Sua
visão das coisas era certamente adaptada à gestão do banco
central da Alemanha do Oeste, mas os desafios do BCE para os próximos
anos são de outra ordem. A geração "Erasmus" dos
banqueiros centrais deve agora tomar o seu lugar por inteiro. E quaisquer que
sejam suas convicções, esta geração sabe da
importância estratégica do debate entre europeus antes de se
lançar em grandes reformas. Entre a urgência da crise e o
necessário debate de fundo entre europeus, é mais do que tempo de
renovar as elites alemãs e francesas em particular uma vez que elas
estão no núcleo do processo: acabadas as certezas
"científicas" dos peritos/decisores alemães e terminada
a arrogância brilhante dos tecnocratas/decisores franceses. Dos dois
lados assiste-se à necessidade de pessoas que saibam trabalhar com a
equipe Eurolândia: uma qualidade que todos os eurolandeses devem manter
em mente antes de eleger seus próximos dirigentes.
(25) "Quem vai lentamente vai saudavelmente e quem vai saudavelmente vai
longe".
(26) Esta é igualmente a grande evolução de 2011 do
debate sobre a crise na Alemanha: acabados os delírios de 2010 sobre o
retorno ao Deutsche Mark, existe doravante na Alemanha um debate real e
sério sobre os melhores meios de vencer a próxima etapa de
integração da Eurolândia. É lamentável que em
França não exista um tal debate. Será preciso aguardar a
eleição do ou da candidata socialista em Maio de 2012 para poder
franquear esta etapa. Neste momento, os dois países poderão
desempenhar novamente um verdadeiro papel motor. Actualmente eles actuam
sobretudo em posição defensiva: é necessário mas
não suficiente para 2012.
(27) Dito isto, os Eurobonds estão doravante ao alcance da mão.
Fonte:
MarketWatch
, 30/08/2011
(28) Fonte:
International Financing Review
, 02/09/2011
(29) Já os hedge funds saem exangues do Verão de 2011. Fonte:
Les Echos
, 01/09/2011
(30) Pode-se ler este artigo interessante de
The Nation
de 19/07/2011 que descreve a passagem dos Estados Unidos, em 50 anos, de uma
prosperidade em massa a uma recessão duradoura.
(31) As famílias americanas estão efectivamente ainda mais
endividadas que o seu governo! Fontes:
MSNBC
, 09/09/2011;
AlJazeera
,
04/09/2011;
Yahoo Finance
, 28/07/2011
(32) No próximo GEAB nossa equipe desenvolverá suas
antecipações sobre os Estados Unidos no horizonte 2015.
(33) Fontes:
Washington Post
, 14/09/2011;
The Hill
, 08/09/2011
(34) Fonte:
Washington Post
, 14/09/2011
(35) Fontes:
Financial Post
, 01/09/2011;
CNBC
, 08/08/2011
(36) Um número crescente de questões colocam-se sobre a estranha
diferença entre o preço do petróleo bruto nos Estados
Unidos e o do mercado londrino. Mesmo o
Financial Times
entrou na dança. E os índices tendem a orientar para um dos
múltiplos intermediários do Fed que manteriam artificialmente
baixo o preço de referência dos EUA para evitar uma alta do
preço do combustível na bomba. As próximas semanas
deveriam revelar mais elementos sobre esta história intrigante mas
reveladora do ambiente de suspeição em relação a
instituições federais que doravante reinam nos Estados Unidos.
Fonte:
Le Monde,
06/09/2011
(37) Fonte:
ZeroHedge
, 02/09/2011
(38) Fonte:
ZeroHedge
, 08/08/2011
(39) Fontes:
USAToday
, 09/09/2011
(40) Este será igualmente um dos temas abordados na conferência
"Qual relação transatlântica após a crise global?"
que haverá em Houston dias 3 e 4 de Outubro
próximo, nomeadamente com a participação de dois
responsáveis do LEAP/E2020, Franck Biancheri e Harald Greib.
[NR] Resistir.info publica este artigo para informação dos seus leitores, mas
isso não significa um endosso a todo o seu conteúdo.
Quanto ao dito "espaço de discussão" junto à opinião pública criado pela UE, os
autores parecem de um optimismo delirante
eles parecem muito lúcidos em detectar as mazelas do dólar americano, mas
altamente benevolentes em relação às do euro.
Deve-se assinalar que o tipo de análise que efectuam evacua as relações de
classe no interior da UE. Em relação à Grécia, descartam a possibilidade de
vir a ser expulsa da zona euro mas nem sequer afloram a
possibilidade de o próprio povo grego optar pela seu afastamento do euro e da
UE. O tratamento bárbaro que a UE está a infligir à Grécia e que
agora começa a ser aplicado a Portugal aponta nesse sentido.
Embora os autores neguem que a sua análise seja ideológica, na verdade o seu
europeísmo sem banqueiros também é uma posição ideológica...
15/Setembro/2011
[*]
Global Europe Anticipation Bulletin.
O original encontra-se em
www.leap2020.eu/...
Este comunicado encontra-se em
http://resistir.info/
.
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