Coreia do Norte, um agente da paz
O falso alarme de um ataque de mísseis balísticos vindo da Coreia
do Norte sobre o Havaí, em 13 de janeiro, não ajudou as
Conversações de Paz, as quais foram iniciadas essencialmente por
iniciativa do Presidente da RDPC, Kim Jong-un. Eles espalharam enorme medo de
uma aniquilação nuclear de Honolulu, pulverizando casas e pessoas
um Armagedão para a população havaiana. Terá
sido uma tentativa de Trump para boicotar as negociações? Ou foi
a facção belicista do Estado profundo dos EUA, desejando mais
ameaças de guerra, levando a população havaiana a
acreditar que isso se poderá tornar realidade, empurrando-os
através de um falso alarme a querer a devastação de uma
vez para sempre da península coreana porque um ataque ao Norte
não pouparia o Sul? Estará a indústria de guerra
desesperada por mais guerras e mais lucros? Eles podem estar ofegantes, porque
o mundo gira em direção à paz.
Outro sinal de que o Império, os desonestos controladores do universo,
estão rodando no vazio e estão com medo de perder seu
controle sobre o mundo, é que Canadá e os Estados Unidos
após uma reunião em Vancouver, Canadá, decidiram apoiar
uma reunião internacional sobre Coreia do Norte patrocinada pelos
Canadá e EUA nos dias 15 e 16 Janeiro de 2018. Além do
Canadá e dos Estados Unidos, incluiria mais 18 países do
"grupo Vancouver", como a Dinamarca, Grécia, Noruega, Nova
Zelândia e outros mas não a Rússia, nem a China
e mais ridículo de tudo a Coreia do Norte estaria ela
própria ausente. Rússia e China seriam informadas no final da
reunião, na noite de 16 de janeiro. Isso foi a proposta. Terão
estes seguidores do poder hegemónico, além de perderem o
espírito perdido também a cabeça?
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov,
disse o óbvio: tal não era aceitável. Acrescentando com
o seu humor sempre positivo:
"Com todo o respeito para com aqueles que tomaram esta iniciativa,
não
espero nada de produtivo. Com sorte, não acontecerá nada
contraproducente. Seria já um grande resultado, se bem que
dificilmente crível".
As conversações de paz foram iniciadas sob o pretexto de que o
Norte queria participar nos Jogos Olímpicos de Inverno em Pyeong Chang
no Sul, em fevereiro deste ano. Uma jogada inteligente que lembra a diplomacia
do pingue-pongue entre os EUA e a China no início da década de
1970 com Nixon. Curiosamente, este foi o degelo das relações com
a República Popular da China (RPC), que estava a sofrer
"sanções" Infelizmente as sanções
não são novidade! devido à
"interferência" de Beijing na totalmente ilegal, injustificada,
criminosa e devastadora guerra da Coreia liderada pelos EUA que, de 1950 a 1953
destruiu totalmente a Coreia do Norte, com um número de mortes pelo
menos 4 milhões de pessoas (quase metade da população
norte-coreana). As bombas dos EUA não deixaram nem um tijolo intocado na
agora RPDC (República Popular Democrática da Coreia). O objetivo
desta desumana atrocidade era então, como as atuais agressões de
Washington para com Pyongyang, mais de 60 anos depois, uma tentativa de
posteriormente invadir a China com o objetivo final da dominação
completa.
A equipe de ténis de mesa nos EUA estava em Nagoya, no Japão, em
1971, para o 31º campeonato de ténis de mesa mundial, quando em
abril recebeu um convite para visitar Beijing. Daí começou uma
viagem diplomática, que mais tarde abriu os portões para uma
relação de comércio intensa, por vezes controversa entre
Washington e Pequim. Para a RPDC o desporto desempenha um importante papel
diplomático, reflectido no lema "amizade primeiro,
competição depois".
Terá Pyongyang sido inspirada por aquele exemplo desportivo para abrir
caminho para um novo e melhorado relacionamento entre irmãos?
Possivelmente. Contudo, não está claro: quem realmente tomou a
iniciativa e quem persuadiu Donald Trump a ficar quieto e deixar que isso
acontecesse? Estará ele realmente tranquilo e deixará estas
históricas conversações de paz terem lugar sem serem
perturbadas? O que está a acontecer atrás das cortinas na equipa
de Trump além da reunião do grupo de Vancouver
é um mistério. Que estas conversações de paz tenham
lugar é naquilo em que o mundo deve concentrar-se daqui em diante
um passo em frente num movimento de paz que não pode ser desfeito.
É uma obra-prima de duas nações soberanas para cimentar a
relação que os une, e também com partes da China e da
Rússia, numa história de 5000 anos.
É importante entender a história da Coreia para compreender que
tudo o que sai dos infectados porta-vozes de Washington é incoerente e
não se ajusta à realidade, com os milhares de anos de uma Coreia
pacífica, cujas crenças ainda hoje são em grande medida
influenciadas por Confúcio. A história e a imagem de milhares de
anos de uma Coreia pacífica é uma revelação (ver
caixa).
Voltando à realidade de hoje apenas há algumas semanas,
todos os quinze membros de Conselho de Segurança das
Nações Unidas (CSNU) condenaram a RDPC como um agressor que tem
de ser punido, empilhando insultos depois de mentiras e mais insultos sobre o
presidente Kim Jon-un e sua estratégia apenas defensiva. Hoje, o mesmo
CSNU deveria reunir-se novamente e louvar por unanimidade a RDPC por esta
tremenda façanha de, contra todas as probabilidades, comprometer-se em
conversações de paz com o seu irmão natural durante
milénios. Por que não acontece tal elogio para com uma
nação pacífica? Porque os Donalds e Nikki Haleys deste
mundo, os mestres agressores do universo, e todos os vassalos do presidente,
teriam que morder a língua.
No entanto, sabemos que isto não está acabado. Washington
ainda tem mais de 28 mil militares estacionados na Coreia do Sul e um arsenal
mortal de navios de guerra, aviões de combate e bombas nucleares para
atacar preventivamente, se o poder hegemónico julgar
necessário. Não importa que 80% dos coreanos do Sul queiram que
esta ocupação assassina acabe. Do mesmo modo em Okinawa no
Japão a base dos EUA tem mais de 40 mil militares que a grande
maioria dos japoneses e especialmente os habitantes da ilha, desejam que saiam.
Eles trazem crime, drogas, prostituição e até o
assassinato para a ilha. As violações estão em
ascensão.
Podem estas conversações coreanas colocar em movimento algo maior
que apenas conversações de paz entre os países
irmãos. Pode este primeiro encontro sério em mais de sessenta
anos (delegações dos dois países reuniram-se em 2014 para
uma troca de visitas familiares) tornar-se uma grande surpresa para os 15
membros do CSNU, que sem pensar cozinharam sanções assassinas
à Coreia do Norte há apenas algumas semanas?
Possam estas conversações ser um abrir de olhos para o mundo,
mostrando a falsidade de toda a operação do CSNU e quão
subservientes para com o pagador chefe os seus membros se tornaram? Poderia ser
um sinal para a China e a Rússia, que o seu não-veto, a sua
submissão para ao agressor (
bully
), qualquer que fosse o motivo estratégico que poderia ter tido
foi um erro? Ou irão eles simplesmente reclamar crédito para o
que está acontecendo considerando que ameaças e
sanções funcionam? Qualquer pessoa sensata que conhece a
história e missão de paz da grande e antiga Coreia, o Reino de
Gojoseon e certamente China e Rússia deveriam sabê-lo
verão como o mundo é ignorante, ou então quanto
sangue e ganância ameaçam a Humanidade sob o reino do capitalismo.
As duas Coreias podem ter aproveitado a oportunidade para cumprir seu objetivo
maior: unirem-se de novo, reunindo suas famílias de forma duradoura;
Iniciar um movimento de alegria e harmonia; uma nova era de
unificação que não possa ser quebrada. Isto está
totalmente em sintonia com a pregação budista do amor, ainda
profundamente enraizada nas duas Coreias.
O Presidente Kim Jong-un tem sempre e repetidamente dito que não procura
a guerra, não ameaça ninguém, mas que as armas nucleares
são uma arma defensiva, visando apenas os agressores o
único agressor, Estados Unidos, que há mais de 60 anos não
permitiu que se convertesse um acordo de armistício instável num
acordo de paz. O povo da Coreia do Norte não quer nada mais do que paz.
As guerras ao longo do último século e especialmente durante os
últimos 17 anos com o início da eterna "guerra ao
terror", terminologia de um negócio que impulsiona o lucro do
complexo industrial militar e de segurança, tem-se tornado tão
enraizado na mente das pessoas, que um mundo de paz, harmonia e amor é
quase inimaginável.
Sob que tipo de regime poderia funcionar uma Coreia Norte-Sul unidas? Um
socialismo puro e duro
(hard-core),
ao estilo da RDPC, um capitalismo de tipo de Seul, com um suave toque de
Moon Jae-no, ou um socialismo de tipo chinês com um revestimento
capitalista, ainda que controlado por um partido socialista centralizado?
Difícil prever neste momento, mas dada a ligação
histórica da Coreia à Manchúria, hoje ligada à
China e Rússia, provavelmente seria um modelo político de
sensibilidade social.
A pressão regional, liderada pela China para retirar as bases militares
dos EUA da península coreana iria crescer e em paralelo o povo
japonês encontraria um argumento adicional para expulsar os ocupantes dos
EUA da bela ilha de Okinawa. Iriam os líderes fantoche
líderes, não as pessoas do Japão, Guam, Filipinas,
Singapura, Indonésia, Austrália ceder à
pressão dos povos e chutar os cães de guerra para fora de seus
territórios soberanos, como deveriam, se quiserem merecer alguma
porção do significado da democracia?
Deixem-me sonhar por um momento: se este esforço tremendo paz e
unificação tivesse êxito, ele poderia definir o
avanço de um programa, em que o mundo em geral ainda não pensou.
A China e a Rússia sairiam mais fortes no objectivo de um mundo
multipolar.
O sr. Putin, que apoia o plano Moon-Kim sabe muito bem qual é o papel
político de participar nos Jogos Olímpicos e como o
desporto age na política. Ele e a Rússia vivem "desporto
como política" quase numa base diária. Atletas russos
são banidos dos Jogos Olímpicos e outros eventos desportivos;
atletas russos são constantemente acusados de doping, quando o
número de atletas dos EUA apanhados dopados é muito maior. Gente
do desporto dos EUA encontrada com doping enche páginas na internet, mas
ninguém se preocupa em ver ou se atreve a falar contra a
injustiça. O Comité Olímpico é um fantoche da mesma
laia que o CSNU, União Europeia e todos os tribunais internacionais. Por
que razões? Só posso pensar em cobardia, aquilo em que o
neoliberalismo globalizado os tornou medo das sanções,
medo de se levantarem pela justiça e em vez disso serem subservientes
aos agressores. Isto é: a ganância acima de integridade.
O presidente Putin juntamente com os presidentes Moon e Kim, habilmente
colocaram o desporto como uma iniciativa de paz quem poderia opor-se aos
atletas da RDPC de participarem nos Jogos Olímpicos da Coreia do Sul?
Mas por trás da cena está montada uma real iniciativa de paz que
poderá literalmente fazer mover as placas tectónicas do poder
mundial. A dinâmica de tais desenvolvimentos, juntamente com uma
mudança rápida para maior equilíbrio económico,
já está a ter lugar na Organização de
Cooperação de Shanghai (SCO) com crescente força e com
maior independência monetária em relação ao
Ocidente. Tais dinâmicas são imprevisíveis, mas rapidamente
poderiam fazer passar a nossa civilização da escuridão
para a luz.
[*]
Economista e analista geopolítico. É também um antigo
quadro do Banco Mundial e trabalhou extensivamente em todo o mundo nas
áreas de meio ambiente e recursos hídricos. Lecciona em
universidades nos EUA, Europa e América do Sul. Escreve regularmente
para a Global Research, ICH, RT, Sputnik, PressTV, século XXI (China),
TeleSUR, o The Saker Blog e outros sites da internet. É co-autor de
Implosion An Economic Thriller about War, Environmental Destruction and Corporate Greed
, uma obra de ficção com base em factos reais e em 30 anos
de experiência do Banco Mundial por todo o mundo. É também
co-autor de
The World Order and Revolution! - Essays from the
Resistance.
O original encontra-se em
www.informationclearinghouse.info/48624.htm
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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