por Michel Chossudovsky
Há várias facções no interior da
oposição líbia: Monárquicos, desertores do regime
Kadafi incluindo o ministro da Justiça e mais recentemente o ministro
dos Negócios Estrangeiros Moussa Koussa, membros das Forças
Armadas Líbia, a Frente Nacional para a Salvação da
Líbia (NFSL na sigla em inglês), a Conferência Nacional para
a Oposição Líbia (NCLO na sigla em inglês) a qual
actua como uma organização superior.
Raramente reconhecido pelos media ocidentais, a Al-Jamaa al-Islamiyyah
al-Muqatilah bi Libya, o Grupo de Combate Islâmico da Líbia (Libya
Islamic Fighting Group, LIFG) é parte integral da oposição
líbia.
O Conselho Interino Líbio (Libyan Interim Council) não constitui
uma entidade claramente definida. É baseado na
representação de conselhos locais recém criados
estabelecidos para "administrar a vida diária nas cidades e aldeias
libertadas)".
(
The Libyan Interim National Council" The Council's statement
)
As forças de oposição são em grande parte
constituídas por milícias civis não treinadas, antigos das
Forças Armadas Líbias juntamente com paramilitares treinados do
Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG).
O LIFG, o qual está alinhado com a Al Qaeda está, segundo
relatórios, na linha de frente da insurreição armada.
Tanto o LIFG como entidade como os seus membros individuais são
classificados pelo Conselho de Segurança da ONU como terroristas.
Segundo o Departamento do Tesouro dos EUA: "O Grupo de Combate
Islâmico da Líbia ameaça a segurança global e a
estabilidade através da utilização da violência e da
sua aliança ideológica com a Al Qaida e outras
organizações terroristas brutais" (
Treasury Designates UK-Based Individuals, Entities Financing Al Qaida -Affiliated Libyan Islamic Fighting Group - US Fed News Service
, February 8, 2006)
Os conceitos estão invertidos. Tanto Washington como a NATO, que afirmam
estarem a travar "uma Guerra ao Terrorismo" estão a apoiar um
"movimento pró democracia" integrado por membros de uma
organização terrorista.
Numa ironia cruel, Washington e a Aliança Atlântica estão a
actuar em desobediência às suas próprias leis e
regulamentos anti-terroristas.
Além disso, o apoio sob a "Responsabilidade de proteger"
("Responsibility to Protect", R2P) forças de
oposição integradas por terroristas é implementado de
acordo com a Resolução 1973 do Conselho de Segurança da
ONU, o qual está a violar flagrantemente a Resolução 1267
do próprio CSONU. Este último identifica o Al-Jama'a
al-Islamiyyah al-Muqatilah bi-Libya, o Grupo de Combate Islâmico da
Líbia (LIFG) como uma organização terrorista.
Por outras palavras, o Conselho de Segurança da ONU está em
flagrante violação não só da Carta das
Nações Unidos como das suas próprias
resoluções. (
The Al-Qaida and Taliban Sanctions Committee - 1267
).
A rede Al Qaeda como instrumento de intervenção dos EUA-NATO
Amplamente documentada, a "Jihad islâmica" foi apoiada
encobertamente pela CIA desde o desencadeamento da guerra
soviético-afegã. (Ver Michel Chossudovsky, America's War on
Terrorism, Global Research, Montreal, 2005). A Central Intelligence Agency
(CIA) utilizando a Inter-Services Intelligence (ISI) dos militares do
Paquistão desempenhou um papel chave no treino dos Mujahideen. Por sua
vez, o treino de guerrilha patrocinado pela CIA foi integrado com os
ensinamentos do Islão:
"Em Março de 1985, o presidente Reagan assinou a Decisão
Directiva de Segurança Nacional 166, ... [a qual] autoriza um
avanço na ajuda militar encoberta ao Mujahideen e deixava claro que a
guerra secreta afegã tinha um novo objectivo: derrotar as tropas
soviéticas no Afeganistão através da acção
encoberta e encorajar a sua retirada. A nova assistência encoberta dos
EUA começou com um aumento dramático nos fornecimentos de armas
uma ascensão firme para 65 mil toneladas anuais em 1987, ... bem
como um "fluxo incessante" de especialistas da CIA e do
Pentágono que viajavam para a sede secreta do ISI do Paquistão na
estrada principal próxima a Rawalpindi, Paquistão. Ali os
especialistas da CIA encontravam-se com oficiais da inteligência
paquistanesa a fim de ajudar a planear operações para os rebeldes
afegãos". (Steve Coll,
Washington Post,
July 19, 1992).
Origens históricas do Libya Islamic Fighting Group (LIFG)
O Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG), Al-Jama'a
al-Islamiyyah al-Muqatilah bi-Libya foi fundado no Afeganistão pelo
mujahideens veteranos líbios da guerra afegã contra os
soviéticos.
Desde o início, na primeira metade da década de 1990, o LIFG
desempenhou o papel de um "activo de inteligência" por conta da
CIA e do serviço secreto de inteligência britânico, MI6.
Arrancando em 1995, o LIFG esteve envolvido activamente numa Jihad
islâmica contra o regime leigo líbio, incluindo uma tentativa de
assassínio de Muamar Kadafi em 1996.
"O antigo operacional do MI5, David Shayler, revelou que enquanto estava a
trabalhar sobre a secção da Líbia em meados da
década de 1990,
pessoal do serviço secreto britânico colaborou com o Grupo de
Combate Islâmico da Líbia (LIFG),
o qual está conectado da um dos lugares-tenentes de confiança
de Osama bin Laden. O LIFG é agora considerado um grupo terrorista no
Reino Unido". (Gerald A. Perreira, British Intelligence Worked with Al
Qaeda to Kill Qaddafi,
http://globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=23957
Global Research, March 25 2011, sublinhado nosso)
Ataque terroristas em estilo guerrilha foram rotineiramente efectuados contra
forças de segurança, polícia e pessoal militar do governo
líbio:
"Choques violentos entre forças de segurança (de Kadafi) e
guerrilhas islâmicas irromperam em Bengazi em Setembro de 1995, deixando
dezenas de mortos em ambos os lados. Após semanas de combate intenso, o
Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG) declarou formalmente a
sua existência num comunicado em que chamava o governo de Kadafi de
"regime apóstata que blasfemou contra a fé de Deus
Poderoso" e declarava que o seu derrube era "o mais premente dever
após a fé em Deus". Este e os seguintes comunicados da LIFG
foram emitidos por afegãos líbios aos quais fora concedido asilo
político na Grã-Bretanha... O
envolvimento do governo britânico na campanha do LIFG contra Kadafi
permanece assunto de imensa controvérsia.
A grande operação seguinte do LIFG, uma tentativa de assassinato
de Kadafi em Fevereiro de 1996 que matou vários dos seus guarda-costas,
foi dito posteriormente que fora financiada pela inteligência
britânica
ao custo considerável de US$160 mil, segundo o ex-oficial do MI5 David
Shayler. Se bem que as alegações de Shayler não tenham
sido confirmadas independentemente, é claro que a Grã-Bretanha
permitiu ao LIFG desenvolver uma base de apoio logístico e levantamento
de fundos no seu território.
De qualquer modo, o financiamento por bin Laden parece ter sido muito mais
importante. Segundo um relatório, o LIFG recebeu mais de US$50 mil do
mentor terrorista saudita por cada um do seus militantes mortos no campo de
batalha
". [2005] (Citado em Peter Dale Scott,
Who are the Libyan Freedom Fighters and Their Patrons?
Global Research, March 2011, sublinhados nossos).
Há informações contraditórios sobre se o LIFG
é parte da Al Qaeda ou está a actuar como uma entidade jihadista
independente. Um relatório sugere que em 2007 o LIFG tornou-se "uma
subsidiária da Al Qaeda, assumindo posteriormente o nome de Al Qaeda no
Maghreb Islâmico (Al Qaeda in the Islamic Maghreb, AQIM). (Ver Webster
Tarpley
The CIA's Libya Rebels: The Same Terrorists who Killed US, NATO Troops in Iraq
, Global Research, March 2011)
Continuidade nas operações de inteligência dos EUA e
aliados: Operacionais da Al Qaeda na Jugoslávia
Desde a guerra soviético-afegã, a rede Al Qaeda tem servido como
um "activo de inteligência" para a CIA. Como confirmado por um
documento de 1997 do Senado dos EUA, operacionais da Al Qaeda foram utilizados
pela administração Clinton para canalizar apoio para o
Exército Muçulmano Bósnio no princípio da
década de 1990. US Senate, Republican Party Committee, Clinton-Approved
Iranian Arms Transfers Help Turn Bosnia into Militant Islamic Base,
http://rpc.senate.gov/releases/1997/iran.htm
, 1998)
O Exército de Libertação do Kosovo (KLA na sigla em
inglês), o qual foi apoiado pela NATO, desenvolveu laços extensos
com a rede de terror islâmico. ( US Senate, Republican Party Committee,
The Clinton Administration Sets Course for NATO Intervention in Kosovo, 1998,
http://rpc.senate.gov/releases/1998/kosovo.htm
, Ver também Michel Chossudovsky,
America's "War on Terrorism"
, Global Research, Montreal, 2005)
A Al Qaeda na Jugoslávia serviu como um activo de inteligência no
contexto da "guerra humanitária" da NATO.
Organizações terroristas foram encobertamente apoiadas e
financiadas. A intervenção da NATO chegou para resgatar o
Exército de Libertação do Kosovo (KLA) o qual era apoiado
por operacionais da Al Qaeda. (US Republican Party Committee documents, op cit)
Isto faz parte do padrão EUA-NATO: Apoiar uma insurreição
integrada por terroristas tendo em vista justificar intervenção
com argumentos humanitários para "salvar as vidas de civis".
Esta foi a justificação da NATO para intervir na Bósnia e
no Kosovo. Que lições extrair para a Líbia?
Antigo chefe da inteligência líbia, Moussa Koussa, deserta para o
Reino Unido
O LIFG era apoiado não só pela CIA e pelo serviços de
inteligência britânico (MI6) como também por
facções dentro da agência de inteligência da
Líbia, chefiada pelo antigo responsável de inteligência e
ministro dos Negócios Estrangeiros, Moussa Koussa, que desertou para o
Reino Unido no fim de Março de 2011.
Em Outubro de 2001 o chefe da inteligência líbia Moussa Koussa
encontrou-se com o secretário de Estado assistente dos EUA William J.
Burns. O encontro Koussa-Burns foi de importância crucial. Estiveram
presentes nas reuniões responsáveis superiores da CIA e do MI6
incluindo sir John Scarlett que naquele tempo (Outubro 2001) era o chefe do
Joint Intelligence Committee (JIC) do gabinete, subordinado directamente ao
primeiro-ministro Tony Blair. O JIC supervisiona em nome do governo
britânico o estabelecimento de prioridades para o MI6, MI5 e Defense
Intelligence.
Nosso homem em Tripoli, Moussa Koussa, devia desempenhar o papel de um agente
duplo. Em reuniões secretas com sir John Scarlett acordou-se que
"um agente britânico podia operar em Tripoli". (
Libya defector Moussa Koussa was an MI6 double agent
,
Sunday Express,
April 3, 2011)
O desenvolvimento do LIFG como um movimento paramilitar jihadista bem como a
sua integração nas forças de oposição
anti-Kadafi revela um relacionamento directo com o papel central desempenhado
pelo agente duplo Moussa Koussa, o qual foi instrumental no estabelecimento de
estreitos laços bilaterais com a CIA e o MI6.
A este respeito, a deserção de Moussa Koussa no fim de
Março tem toda a aparência de uma operação
cuidadosamente encenada. De um modo inabitual, o acordo foi negociado com o
governo britânico através da intermediação de um
antigo líder do LIFG, organização terrorista relacionada
com a Al Qaeda, que agora está a trabalhar com uma
fundação de direitos humanos com sede em Londres:
Noman Benotman, amigo do ministro líbio dos Negócios Estrangeiros
Moussa Koussa, contou à BBC como
ajudou a organizar a sua deserção do regime Kadafi.
O sr. Benotman foi líder do Libyan Islamic Fighting Group mas agora
trabalha para o think tank contra-extremista da
Quilliam Foundation
.
Ele disse acreditar que o sr. Koussa estaria a negociar com o governo
britânico e era muito cooperativo quanto a inteligência.
Gordon Corera da BBC acrescentou que o governo britânico estava num
dilema sobre como tratar o sr. Koussa devido aos seus antecedentes como chefe
da inteligência líbia.
O sr. Benotman contou no
BBC Breakfast
como ajudou Koussa a desertar e como costumavam ser rivais. (
BBC Breakfast
April 1, 2011, sublinhado nosso)
Ironicamente, Benotman foi recrutado como Mujahideen para combater na guerra
soviético-afegã. Ele foi um dos fundados do LIFG no
Afeganistão. Centrando-se em questões de
"contra-extremismo", Benotman é actualmente analista
sénior na Quilliam Foundation. Suas responsabilidades actuais incluem
estender a mão "para actuais e antigos extremistas e utilizar a
Quilliam como uma plataforma a partir da qual partilha seu conhecimento interno
da Al-Qaeda e outros grupos jihadistas junto a uma audiência mais
vasta".
O programa de contra-terrorismo da CIA
Os laços bilaterais estabelecidos em Outubro de 2001 entre a CIA-MI6 e a
inteligência líbia proporcionaram às agências de
inteligência ocidentais acesso directo e vigilância dentro da
Líbia, através dos seus colegas pró EUA na agência
de inteligência dirigida por Moussa Koussa. Este acordo permitiu à
inteligência ocidental infiltrar efectivamente a Agência de
Inteligência Líbia a qual estava sob o comando de um agente duplo
do MI6.
Segundo o Departamento de Estado num relatório de 2008, o governo
líbio "continuou a cooperar com os Estados Unidos e a comunidade
internacional para combater o terrorismo e o financiamento terrorista".
"U.S. officials hope to extend counterterrorism assistance to Libya during
FY2010 and FY2011...." (Ver Christopher M. Blanchard
Libya: Background and U.S. Relations
, US Congress Research Service, July 16, 2010)
Em 2009 a inteligência líbia estabeleceu um programa conjunto de
contra-terrorismo através do qual responsáveis da
inteligência líbia receberiam treino da CIA em contra-terrorismo.
Este programa fazia parte de um acordo negociado por Moussa Koussa com a CIA.
Em teoria pretendia-se desmantelar o LIFG com a ajuda da CIA. Ter em
consideração a ambiguidade do "contra-terrorismo" da
CIA. O lançamento do LIFG no Afeganistão no princípio da
década de 1990 fazia parte de um projecto da CIA de criar um
exército líbio a partir da sua rede Al Qaeda.
Também em 2009, os líderes aprisionados do Libyan Islamic
Fighting Group (LIFG) alegadamente renunciaram à sua luta armada travada
contra o regime Kadafi num acordo alcançado com responsáveis da
segurança líbia. (
New jihad code threatens al Qaeda
, CNN,
November 2009)
Qual era o papel do programa de contra-terrorismo EUA-Líbia na
perspectiva de Washington?
Oficialmente, era identificar membros do LIFG e desmantelar o LIFG como
organização. Na prática, a operação
conduzida pelos EUA na Líbia, incluindo treino sob os auspícios
da CIA, proporcionava à agência uma cortina de fumo conveniente
para efectuar operações de inteligência dentro da
Líbia. Por um lado o programa de treino permitiu à CIA infiltrar
e adquirir interlocutores confiáveis dentro da inteligência
líbia.
Também permitiu à Agência, em conjunto com o serviço
secreto de inteligência britânico (MI6), proporcionar realmente
apoio encoberto ao LIFG na expectativa da insurreição armada de
Março de 2011.
Os media sugerem que o LIFG foi desmantelado (a seguir à
implementação do programa de contra-terrorismo patrocinado pela
CIA). Não há prova disso. O LIFG permanece na lista de
terroristas (actualizada até 24/Março/2011) do Conselho de
Segurança das Nações Unidas:
QE.L.11.01. Name: LIBYAN ISLAMIC FIGHTING GROUP
Name (original script):
A.k.a.: LIFG F.k.a.: na Address: na Listed on: 6 Oct. 2001 (amended on 5 Mar.
2009)
Other information: Review pursuant to Security Council resolution 1822 (2008)
was concluded on 21 Jun. 2010
United Nations Security Council:
Consolidated List established and maintained by the 1267 Committee with respect to Al-Qaida, Usama bin Laden, and the Taliban and other individuals, groups, undertakings and entities associated with them
(updated March 24, 2011)
(p. 70,
http://www.un.org/sc/committees/1267/pdf/consolidatedlist.pdf
, De
acordo com as regras do CSONU, organizações terroristas
desmanteladas são removidas da lista em conformidade com um procedimento
de deslistagem. O LIFG não foi removida da lista)
Armas e apoio encoberto a rebeldes do LIFG
Há indicações de que a CIA e MI6 continuam a proporcionar
apoio encoberto ao LIFG, o qual agora constitui a linha de frente da
insurreição armada contra o regime Kadafi.
Hakim al-Hasidi, o líder rebelde líbio,
disse que jihadistas que combateram contra tropas aliadas no Iraque
estão na linha de frente da batalha contra o regime de Muammar Kadafi.
... O sr. al-Hasidi insistiu em que os seus combatentes "são
patriotas e bons muçulmanos, não terroristas", mas
acrescentou que os "membros da al-Qaeda também são bons
muçulmanos e estão a combater contra o invasor".
(Libyan rebel commander admits his fighters have al-Qaeda links, Daily
Telegraph, March 25, 2011, italics added)
Abdul Hakim Al-Hasadi é o líder do LIFG que recebeu treino
militar num campo de guerrilha no Afeganistão. Ele é o chefe de
segurança das forças de oposição num dos
territórios mantidos pelos rebeldes, com cerca de 1000 homens sob o seu
comando. (
Libyan rebels at pains to distance themselves from extremists - The Globe and Mail"
, March 12, 2011)
Estão a ser canalizadas armas para o LIFG a partir da Arábia
Saudita, a qual historicamente, desde o início da guerra
soviético-afegã, apoiou a jihad islâmica. Os sauditas
estão agora a abastecer os rebeldes, em ligação com
Washington e Bruxelas, com rockets anti-tanque e mísseis terra-ar.
Desinformação dos media: Terroristas islâmicos aderem ao
Movimento Pró Democracia "a título pessoal"
O almirante James Stavridis, Comandante Supremo dos Aliados da NATO na Europa,
reconheceu tacitamente que a "inteligência americana havia detectado
"lampejos" de actividade terrorista entre os grupos rebeldes".
"Muito alarmante"... Mas não estamos a tratar de
"lampejos". Os combatentes do LIFG constituem o esqueleto da
insurreição armada.
Os media ocidentais também exprimiram preocupação, se bem
que insistindo em que os jihadistas são "antigos" membros do
LIFG que aderiram à luta armada "a título pessoal" e
não como membros da organização terrorista. Conforme
Benotman numa entrevista à CNN:
... Dúzias de antigos combatentes do LIFG aderiram agora aos
esforços
rebeldes para derrubar Kadafi,
mas asseverou que
fizeram-no a título pessoal e não como grupo organizado.
Alguns responsáveis ocidentais em contra-terrorismo preocupam-se em que
uma guerra civil prolongada na Líbia possa abrir espaço para a Al
Qaeda. Governos e ONGs têm de ser rápidas, afirma Benotman, em
ajudar a desenvolver educação, cuidados de saúde e
instituições democráticas em áreas mantidas pelos
rebeldes. (Paul Cruickshank e Tim Lister,
Libyan civil war: An opening for al Qaeda and jihad? CNN
, March 23, 2011)
Uma organização terrorista relacionada com a Al Qaeda integra o
movimento pró democracia líbio? Desde quando terroristas actuam
como indivíduos "a título pessoal"?
Mas o LIFG como entidade e também os seus membros individuais são
classificados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas
como terroristas de acordo com a Resolução 1267 do CSON. (
The Al-Qaida and Taliban Sanctions Committee - 1267
)
"Nosso homem em Tripoli"
Antigo chefe da inteligência líbia, Moussa Koussa desempenhou um
papel na canalização de apoio encoberto ao LIFG por conta dos
seus colegas dos serviços de inteligência ocidentais.
O ex-director da CIA George Tenet, se bem que sem se referir explicitamente ao
"Nosso homem em Tripoli", reconheceu na sua autobiografia de 2007 que
"o relaxamento de tensões com a Líbia [foi] um dos maiores
êxitos do seu mandato, pois levou à cooperação entre
as duas agências de espionagem contra a al-Qaeda". (citado em
Intelligence Partnership between Qadhafi and the CIA on counter-terrorism
, op
cit)
Moussa Koussa era o "Nosso homem em Tripoli". As circunstâncias
da sua deserção, bem como o historial da sua
colaboração com a CIA e o MI6, sugerem que, pelo menos durante os
últimos dez anos, ele esteve a servir interesses dos EUA e aliados,
incluindo o planeamento da insurreição armada "pró
democracia" na Líbia Oriental.
Já não deveria haver dúvida: A aliança militar
ocidental está a apoiar uma rebelião integrada por terroristas
islâmicos em nome da "guerra ao terrorismo".
Quem são os terroristas? Numa torção amarga, enquanto a
jihad islâmica é caracterizada pela administração
dos EUA como "uma ameaça à civilização
ocidental", estas mesmas organizações islâmicas,
incluindo o Libya Islamica Fighting Group (LIFG) constitui um instrumento chave
das operações militares e de inteligência dos EUA na
Ásia Central, no Médio Oriente e no Norte de África, sem
mencionar as repúblicas islâmicas da antiga União
Soviética.
03/Abril/2011
O original encontra-se em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=24096
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.