Egipto: Operação de inteligência encoberta de Washington
por Michel Chossudovsky
Um misterioso enviado americano, o diplomata aposentado Frank G. Wisner II, foi
enviado às pressas para o Cairo em 31 de Janeiro no momento do movimento
de protesto para reuniões de alto nível com Hosni Mubarak.
Frank G. e Hosni eram amigos próximos, amizade que remonta ao fim da
década de 1980 quando Frank G. Wisner foi embaixador no Egipto
(1986-1991).
Wisner actuou como embaixador na altura da Guerra do Golfo. Ele desempenhou um
papel chave na negociação do acordo de 1991, o qual comprometeu o
Egipto não só a participar na Guerra do Golfo contra o Iraque
como também a preparar um conjunto de reformas macroeconómicas
devastadoras sob a orientação do FMI.
Este acordo de 1991 foi ditado directamente por Washington e instrumentado
através da Embaixada dos EUA no Cairo.
Frank G. Wisner foi enviado ao Egipto a pedido explícito do presidente
Obama "para negociar uma resolução para o movimento de
protesto".
As suas discussões com o presidente do Egipto foram um prelúdio
para o
discurso de Mubarak na terça-feira 1 de Fevereiro
, no qual confirmou que não renunciaria como presidente até a
efectivação de novas eleições previstas pra o fim
de 2011. Numa declaração pública, Wisner confirmou que
deveria ser permitido a Mubarak permanecer no posto. A Casa Branca a seguir
clarificou que isto não era um reflexo da política dos EUA e que
a declaração de Wisner era feita a título individual.
As reuniões a portas fechadas entre Wisner e Mubarak fizeram parte de
uma agenda da inteligência. Washington não tinha
intenção de pressionar rumo a uma resolução do
movimento de protesto. A sua prioridade era a mudança de regime. O
mandato de Wisner era instruir Mubarak a não renunciar, contribuindo
dessa forma para desencadear uma atmosfera de caos social e incerteza, sem
mencionar a
deliberada desestabilização do sistema monetário do Egipto
resultante dos milhares de milhões de
dólares de fuga de capitais.
Frank G. Wisner II não é um diplomata americano comum. Ele
é membro de uma bem conhecida família da CIA, filho de um dos
mais notórios espiões dos EUA, o falecido Frank Gardiner Wisner
(1909-1965).
O seu pai dirigiu o OSS (Office of Strategic Services) no Sudeste da Europa
durante a Segunda Guerra Mundial. Depois da guerra, ele foi posto como
responsável de um certo número de operações de
inteligência que sob muitos aspectos estabeleceram o
modus operandi
da CIA. As suas responsabilidades incluem entre outras coisas propaganda,
sabotagem, desinformação através dos media, etc. Foi ele o
arquitecto da Operação Mockingbird, um programa da CIA que
consistiu em infiltrar os media tanto dos EUA como do estrangeiro.
Em 1952, Wisner tornou-se chefe do Directorado de Planos da CIA, com Richard
Helms como seu chefe de operações. (Ver
Frank Wisner Wikipedia
, a enciclopédia livre)
. Também foi o cérebro por trás do golpe promovido pela
CIA que derrubou o governo de Mohammed Mossadegh no Irão, abrindo
caminho para a instalação de Mohammad Reza Shah Palavi como
"Imperador" e chefe de estado fantoche.
07/Fevereiro/2011
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Ver também:
CIA: Frank G. Wisner est arrivé au Caire
O original encontra-se em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=23113
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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