Organizar a resistência e unir as forças populares,
democráticas e patrióticas contra o fascismo!
Apesar do crescimento, nos últimos dias, de uma onda democrática
em oposição à ameaça representada pela candidatura
fascista, confirmou-se a eleição de Jair Bolsonaro para a
presidência da República. A sociedade brasileira se defronta com
um novo momento da dominação capitalista em nosso país.
Foi derrotado o ciclo da conciliação de classes, e uma nova fase
da política brasileira tem início desde agora.
Conforme se verificou na aprovação do decreto presidencial que
criou uma Força Tarefa Nacional para reprimir organizações
que "afrontam o Estado brasileiro e as suas
instituições", deixando aberto o caminho para a ampla
criminalização dos movimentos sociais e das
organizações de esquerda, Temer já governa sob as ordens
de Bolsonaro.
As invasões arbitrárias nas universidades realizadas por agentes
federais e representantes da Justiça Eleitoral, combinadas com
ações truculentas contra a imprensa de esquerda (a exemplo da
apreensão do Jornal Brasil de Fato) e entidades que vinham realizando
assembleias e atividades contra o fascismo, demonstram que estamos vivendo sob
um estado de exceção, que considera crime o claro posicionamento
político em favor da livre circulação de ideias e das
liberdades democráticas.
O período entre o anúncio do resultado eleitoral e a posse do
novo governante pode representar uma séria ameaça à classe
trabalhadora, às mulheres, negros e negras, indígenas, LGBTs,
imigrantes, nordestinos(as), sindicatos de trabalhadores, movimentos sociais e
organizações políticas de esquerda, com destaque para os
comunistas.
Há riscos efetivos de que o ódio e a violência já
praticados durante a campanha eleitoral, provocando agressões
físicas e várias mortes, sejam disseminados ainda mais fortemente
por parte das hordas fascistas incentivadas pelo clã dos Bolsonaro e
apoiadores.
Além disso, novos ataques à legislação trabalhista,
à previdência pública, à soberania nacional e aos
direitos democráticos podem ser desferidos por um governo e um congresso
moribundos que desejam mostrar serviço ao novo chefe.
O governo Bolsonaro será um governo fundado numa
conjugação de forças reacionárias, entre as quais
se incluem setores importantes das forças armadas, um Congresso mais
conservador que o atual e um Judiciário controlado. Como se verificou
durante a campanha eleitoral no segundo turno, quando várias
denúncias de irregularidades e crimes cometidos pela candidatura
vitoriosa, a exemplo do "Caixa 2" no financiamento da enxurrada de
falsas notícias e propaganda fascista no whatsapp, essas
denúncias foram simplesmente ignoradas pelas instâncias
máximas da Justiça brasileira.
Estaremos diante de um Estado de exceção institucionalizado,
fortemente militarizado, contando com apoio de grupos paramilitares fascistas e
do respaldo social obtido pela propaganda ideológica anticomunista e
antidemocrática entre vários setores da sociedade. Bolsonaro,
para se eleger, construiu uma base social de apoio às suas ideias e
propostas neofascistas a partir de setores da alta burguesia e das camadas
médias.
Através de um mafioso esquema de propaganda fraudulenta financiado por
grandes empresários e disseminada por grupos ultraconservadores, tendo
à frente pastores inescrupulosos de igrejas neopentecostais, foi capaz
de espalhar a irracionalidade e o ódio e capturar corações
e mentes de setores populares e da classe trabalhadora. Conseguiram convencer
de que o mal maior a se combater no Brasil é a corrupção
do PT, como se este partido tivesse inventado a corrupção,
sistêmica no capitalismo, que ocorreu em grande escala inclusive durante
os governos militares nascidos do golpe de 1964, quando a censura, o terror e o
medo impediam que fosse tornada pública e punida.
O novo governo deverá aprofundar as medidas de
criminalização aos movimentos sociais, ao ativismo social e
político de todos os matizes e à esquerda em particular. Vai
querer fazer avançar rapidamente o processo de
privatizações das estatais, a subordinação aos
interesses do imperialismo estadunidense e a entrega das riquezas nacionais,
conforme o novo presidente anunciou em campanha, dizendo inclusive que a
"Amazônia não é nossa".
Caso aplique de fato o que prometeu durante a campanha eleitoral, Bolsonaro
pretende acelerar a retirada dos direitos civis, políticos, sociais e
trabalhistas, destruir o Sistema Único de Saúde para favorecer as
grandes empresas gestoras dos planos privados de saúde, privatizar a
educação pública, implantando os cursos à
distância desde o ensino fundamental, além de instituir por lei o
famigerado projeto da Escola sem Partido, isto é, da Escola com
Mordaça.
O fascismo brasileiro está em marcha, mesclando características
dos fascismos tradicionais como o uso da violência contra a
esquerda e o movimento operário organizado, o ódio à
razão, à cultura e ao conhecimento, a utilização de
símbolos e palavras de ordem xenofóbicas, a ideologia
ultraconservadora em todos os campos com uma proposta econômica
ultraliberal e desnacionalizante. Mas eles não jogam sozinhos. Grande
parte da população brasileira rejeitou o voto no candidato do PSL.
Por isso, é preciso desde já organizar a resistência, que
será dura e difícil, mas que tende a crescer a partir do momento
em que as pessoas que acreditaram neste projeto se derem conta de que foram
enganadas de forma inescrupulosa. É preciso imediatamente que todas as
forças populares e democráticas se unam em torno da
construção de uma ampla frente antifascista, que deverá
mobilizar os diversos setores sociais descontentes com a eleição
de Bolsonaro e aqueles e aquelas que terão seus direitos atingidos pelos
ataques que virão.
No interior da frente democrática antifascista (que deverá
congregar movimentos, partidos e entidades representativas de um amplo espectro
de forças democráticas, progressistas e até liberais) e
sobretudo nas lutas populares e no movimento sindical e operário,
é preciso prioritariamente fortalecer a unidade das
organizações políticas e sociais anticapitalistas e
anti-imperialistas em todo o Brasil. Somente a classe trabalhadora organizada
derrota o fascismo!
Ousar lutar, ousar vencer!
Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
28/Outubro/2018
O original encontra-se em
pcb.org.br/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
|