07/Agosto: Dia de Luta contra o Governo Bolsonaro/Mourão
O Brasil se aproxima dos 100 mil mortos pela Covid-19 e a tendência
é o aumento contínuo do número de mortos. Há
semanas o Brasil acumula mortes diárias de mais de mil pessoas. Perdemos
amigos, familiares, conhecidos, famílias foram devastadas por uma
doença que encontrou, aqui no país, depois de décadas de
sucateamento da saúde pública, a precarização das
condições de vida dos trabalhadores e a redução
drástica de direitos, um terreno fértil para a
disseminação de doenças graves, ressaltando-se que o atual
governo é responsável pela maior tragédia sanitária
da história brasileira.
O negacionismo e o comportamento anticientífico deste governo de extrema
direita, comprometido com o que há de mais atrasado, conservador e
reacionário no país, foram responsáveis por ampliar ainda
mais a atual barbárie experimentada pelo povo trabalhador brasileiro. A
política genocida camuflada por bravatas irresponsáveis e
criminosas levou ao quadro atual de mortes e à situação
que se aproxima rapidamente dos 3 milhões de contaminados, em um
cenário de reconhecida subnotificação.
O Governo Bolsonaro e seus aliados zombam da dor do povo brasileiro: dificultam
o acesso ao fundo emergencial, desmantelam políticas públicas,
aceleram o desmonte da saúde, intensificam a retirada de direitos e
empurra, atendendo ao pedido dos ricos e poderosos, milhões de
trabalhadores para a forca, ao pressionar pela abertura indiscriminada das
atividades econômicas não essenciais. Comprovando o grau de
aprofundamento das desigualdades sociais no país, segundo dados do IBGE
[1]
, mais de 10 milhões de brasileiros estão afastados do trabalho
por causa da COVID-19 e cerca de 30 milhões de trabalhadores(as) tiveram
seus rendimentos reduzidos. A renda
[2]
da metade da população caiu 18%. A previsão é de
que o PIB brasileiro caia em torno de 10%.
Mais de 700 mil pequenas e médias empresas faliram, justamente aquelas
que são responsáveis por manter a maioria dos empregos. Isso
traduz um violento processo de oligopolização da economia,
situação inerente ao capitalismo, acirrada no momento das grandes
crises, tal como esta que o mundo está vivenciando. Cerca de 40
milhões estão no mercado informal, ou seja, trabalhando nas
condições mais precárias, sem direitos trabalhistas e sem
estabilidade. Com o crescimento brutal do desemprego, o auxílio
emergencial de R$600
[3]
aprovado pelo Congresso Nacional, hoje distribuído para cerca de 65
milhões de brasileiros, é o mecanismo que vem diminuindo os
piores efeitos da crise junto à classe trabalhadora.
Enquanto isso, as bolsas sobem e os multimilionários ganham com a crise,
aplicando recursos na ciranda financeira. Com esse mecanismo, 42
multimilionários brasileiros conseguiram aumentar suas fortunas em US$34
mil milhões (cerca de 170 mil milhões de reais) desde
março deste ano, conforme números divulgados pela Oxfam
Internacional. Isto equivale a mais do que tudo o que foi gasto pelo governo
federal com o auxílio emergencial, algo em torno de R$95 mil
milhões. Ou seja, as crises no capitalismo sempre se apresentam como
grandes oportunidades de negócios para a classe dominante, que se vale
ainda mais da ampliação das desigualdades e da
superexploração dos trabalhadores.
Mantendo seu compromisso em atender única e exclusivamente os interesses
do grande empresariado, o Governo de Bolsonaro, Mourão e Guedes e o
Congresso Nacional propõem uma reforma tributária voltada apenas
à tributação do consumo e das transações
comerciais, que recairá pesadamente sobre a classe trabalhadora, fazendo
reduzir ainda mais a sua já exígua renda, dado o efeito
regressivo dessa medida. Nenhum tributo é previsto sobre as gigantescas
fortunas, que cresceram durante a pandemia, tampouco sobre os lucros
vertiginosos e dividendos dos banqueiros e grandes empresários. O plano
do Governo é retirar ainda mais direitos da classe trabalhadora, com o
congelamento dos salários e o fim da estabilidade dos servidores
públicos, o avanço das privatizações de empresas e
serviços públicos, a exemplo da privatização da
água, a entrega das riquezas nacionais ao capital internacional e a
submissão total ao imperialismo estadunidense.
TRABALHADORES E TRABALHADORAS VÃO À LUTA!
Diante desse quadro de ataques mais violentos aos direitos da classe
trabalhadora, não há alternativa possível senão o
caminho da luta organizada. Metalúrgicos da Grande Curitiba,
Paraná, encontram-se em greve contra as demissões em massa
promovidas pela Renault. Trabalhadores dos Correios se organizam para cruzar os
braços em protesto contra as péssimas condições de
trabalho e o aumento da jornada e da precarização durante a
pandemia, por não receberem os equipamentos de segurança
sanitária, além da luta contra a privatização dos
serviços. Trabalhadores de aplicativos já realizaram duas greves
nacionais e seguem se articulando para o enfrentamento à
superexploração imposta pelas empresas. Anunciam-se também
greves de profissionais da educação nos estados e
municípios em que governadores e prefeitos, subservientes aos interesses
da iniciativa privada, pretendem retomar as aulas presenciais, mesmo sob o
chamado modelo híbrido em que os pais dos estudantes
escolhem se enviarão ou não seus filhos às escolas, o que
vai representar ainda mais exploração do professorado.
Os trabalhadores e as trabalhadoras podem contar apenas com a própria
classe como aliada. No interior de uma ampla unidade de ação
contra os retrocessos e ataques desferidos por governos e patrões aos
direitos sociais e às liberdades democráticas, urge a
construção da nossa auto organização enquanto
classe, de nossa autonomia política e programática. É
preciso fazer avançar a luta para derrotar o governo de Bolsonaro,
Mourão e Guedes, bem como o conjunto da política que esse grupo
de extrema direita articula, aplicando uma agenda antipovo, ultraliberal,
autoritária e golpista, em comum acordo com os grandes
empresários e seus representantes reacionários no parlamento e na
sociedade.
Por isso tudo defendemos o fortalecimento da seguridade social e a
ampliação da renda
[2]
básica mínima, com garantia dos salários, direitos e
empregos, revogação da EC do teto de gastos, suspensão do
pagamento da dívida, fim da lei de responsabilidade fiscal,
revogação das contarreformas da previdência e trabalhista,
combate às privatizações, à
destruição ambiental, à criminalização dos
movimentos sociais, ao extermínio sistemático da
população negra, dos povos indígenas, das LGBTs, à
violência contra a mulher e a todo tipo de opressão e
exploração. É necessário fortalecer e construir o
Fórum por Direitos e Liberdades Democráticas nos Estados,
além de seguir participando dos espaços unitários que
agregam as organizações políticas e sociais em
oposição à política de terra arrasada do Governo
Bolsonaro/Mourão, passo inicial para a construção da
alternativa anticapitalista e anti-imperialista, no rumo do Poder Popular e do
Socialismo.
No próximo dia
07 de agosto, sexta-feira,
estão sendo organizados atos de rua em várias cidades
brasileiras, como parte das jornadas de lutas da Campanha FORA BOLSONARO. A
militância do PCB e dos Coletivos partidários que se encontra fora
do grupo de risco, cumprindo as necessárias medidas de segurança
sanitária, mais uma vez se fará presente, engrossando as
manifestações, na certeza de que somente a luta organizada dos
trabalhadores, trabalhadoras e da juventude, nos locais de trabalho, nos
bairros e nas ruas, será capaz de barrar a política genocida e a
barbárie em curso promovidas pelo capitalismo e seus prepostos.
FORA BOLSONARO E MOURÃO!
EM DEFESA DOS DIREITOS DA CLASSE TRABALHADORA E DAS LIBERDADES
DEMOCRÁTICAS!
PELO PODER POPULAR, RUMO AO SOCIALISMO!
Comissão Política Nacional do Partido Comunista Brasileiro
04/Agosto/2020
[1] IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
[2] No Brasil chamam de renda a quaisquer rendimentos, inclusive os dos
não rentistas.
[3] 600 reais = 64,52 (em 05/Ago/20)
O original encontra-se em
pcb.org.br/portal2/25944/07-08-dia-de-luta-contra-o-governo-bolsonaro-mourao/
Esta nota encontra-se em
https://resistir.info/
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