As chuvas e o proletariado
a responsabilidade de Lula, Cabral e Paes na tragédia do Rio de
Janeiro
por Adolpho Ferreira
No início da noite de segunda-feira, 5 de abril, várias cidades
do Estado do Rio de Janeiro sofreram com as intensas chuvas. Rio de Janeiro,
Niterói, São Gonçalo e outras cidades pararam por conta
dos estragos produzidos por tanta água. Os mortos confirmados já
são quase duzentos, até o momento. Outras centenas ou milhares
este número é ainda mais impreciso estão
desabrigados.
Neste momento, é necessário apontar os responsáveis por
tamanha tragédia. A imensa maioria dos que mais sofreram com o temporal
é a parte dos mais pobres trabalhadores que moram nas favelas, mais
especificamente nos locais que apresentam riscos de desabamento. O que sabemos
é: moram nestes locais porque são a parte mais proletarizada da
população, porque compõem o setor da classe trabalhadora
mais afetado pelo desemprego e pela super-exploração do trabalho,
porque seus salários não permitem mais que estabelecer a moradia
em local tão arriscado! Jamais porque são loucos,
irresponsáveis e suicidas, como afirma o governador do Estado do
RJ, Sergio Cabral/PMDB, de forma absolutamente desumana e descompromissada com
as condições de vida da classe trabalhadora.
O prefeito Eduardo Paes/PMDB preferiu culpar a natureza e sua tremenda
força, eximindo-se de toda a responsabilidade assim como é
responsabilidade de Cabral e Lula com a realização de
políticas públicas que atendam aos interesses de moradia mais
imediatos desses trabalhadores, como contenção de encostas,
urbanização de favelas, sistema de drenagem etc. Fica
nítido o descaso dos governantes ao revelar a contenção de
investimentos públicos, que acarreta a precarização de
áreas como a Defesa Civil. As autoridades solicitam à
população para não telefonar para a Defesa Civil em caso
de situação que não tenha "tanta
emergência".
O presidente Lula/PT seguiu a linha já traçada por seus grandes
aliados no Rio de Janeiro. Concordando com Cabral, disse que se analisarmos
todas as enchentes brasileiras, elas atingem sempre as pessoas pobres,
que moram em locais inadequados". Confirma, portanto, a tese de
culpabilização das vítimas. Diz que o mais
importante nessa história é que precisamos conscientizar a
população para que deixe as áreas de risco, ou seja,
que abandonem suas casas e tudo aquilo que conseguiram conquistar com seu duro
trabalho, sem qualquer garantia de que estará tudo lá quando
retornarem.
Lula diz ainda que as chuvas não preocupam seus interesses nos eventos
de 2014 e 2016, pois não chove todo dia, quando acontece uma
desgraça, acontece; normalmente, os meses de junho e julho são
mais tranqüilos. Portanto, contanto que em junho e julho de 2014 e
2016, a cidade esteja preparada para receber a Copa e a Olimpíada,
não importa o sofrimento da população nos outros dias.
Até mesmo o falso argumento do legado dos grandes eventos
esportivos utilizado pelos governantes e pelo grande capital para
justificar a importância desses eventos na vida do proletariado
que não usufruirá de seu verniz cai por terra de vez. Tudo
estará funcionando em junho e julho de 2014/2016, com todos os milhares
de milhões que serão transferidos pelo Estado (governos federal,
estadual e municipal) à burguesia nacional e internacional, nessa
relação íntima entre governos e capital que inclui, por
exemplo, o financiamento das campanhas eleitorais de PT e PSDB, os partidos
brasileiros que mantêm a força da ordem burguesa no país
atualmente.
Lula, Cabral e Paes são os verdadeiros culpados pela amplitude dos
desastres, assim como os governos anteriores que serviram aos interesses
burgueses e corruptos. Nada fizeram para melhorar estruturalmente as
condições de vida e moradia do proletariado que vive em
áreas que ameaçam sua própria sobrevivência e ainda
culpam os mortos pela tragédia ocorrida.
É muito importante perceber os projetos sociais que estão em
luta: de um lado, o projeto dos capitalistas e dos governos burgueses, que
desejam expulsar os favelados de seu local de moradia, motivados por diversos
interesses, como a expansão imobiliária nessas regiões (a
que se relaciona a imagem da favela criminalizada e de fato alvo da
violência policial, do tráfico e de milícias); de outro
lado, o projeto do proletariado, que de imediato exige a melhoria de suas
condições de vida e moradia, mas tem como objetivo final aquilo
que possibilitará o fim das condições sociais que
generalizam todas estas tragédias: o fim das condições
sociais que causam sua miséria.
Fundamentalmente, são estas condições sociais (que fazem
com que o proletariado recorra à moradia nos locais de risco) que
precisam ser combatidas. Este é o horizonte necessário que
não pode sair de vista de todos aqueles que sentem profundamente as
perdas humanas e sociais e lamentam diante das terríveis
reações dos governantes burgueses. O objetivo final de nossa
luta, para além da necessária melhoria imediata das
condições de vida dos trabalhadores que habitam as regiões
mais precárias, precisa ser o fim da sociedade de classes!
O original (Abril/2010) encontra-se em
http://coletivomarxista.blogspot.com/2010/04/as-chuvas-o-proletariado-e.html
; a transcrição (Janeiro/2011) em
pcb.org.br/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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