A tranquila e engenhosa operação especial de Putin na
Bielorrússia
por Stalker
Ainda não consegui habituar-me ao facto de que, quando a Rússia
enfrenta grandes ameaças e Putin fica em silêncio, isso significa
que há outra operação especial, da qual só
saberemos mais tarde, quando o ruído da informação
diminuir. Não é de admirar que Trump recentemente chamasse Putin
de jogador de xadrez genial no tabuleiro geopolítico.
Vamos recordar a cronologia dos acontecimentos importantes na
Bielorrússia.
1) Lukashenko tenta reduzir o desenvolvimento das relações da
União com a Rússia e tenta sentar-se em duas cadeiras, namorando
com o Ocidente e arrancando novos subsídios de cada lado.
2) Na sua maneira habitual, ele tenta limpar o campo político antes das
eleições. Ao mesmo tempo, Moscovo vê o assomar da
revolução após a eleição e a actividade dos
serviços de inteligência ocidentais. Tudo é primitivo e de
acordo com a metodologia de
Gene Sharp
.
3) A Bielorrússia está a enfrentar os maiores protestos da
história do país e os subordinados de Lukashenko estão
cada vez mais a voltar-se para a oposição.
4) O governo começa a perder o controle sobre os principais meios de
governação. Até jornalistas que serviram o governo durante
muitos anos o abandonaram.
5) Os EUA e a UE impõem sanções contra a
Bielorrússia e representantes do governo.
Em apenas três dias, a oposição conseguiu sacudir as
pessoas a tal ponto que no total cerca de 10% da população saiu
para protestar, dezenas de grandes indústrias pararam de funcionar, a
"cátedra"
ocidental, já aquecida por Lukashenko foi eliminada pelos
próprios
"parceiros"
ocidentais ao imporem sanções e não reconhecerem os
resultados eleitorais.
A oposição também pressionou o sector bancário,
apelando ao povo a que retirasse o dinheiro depositasse e o trocasse por
dólares, o que fez com que o rublo bielorrusso caísse e o custo
dos empréstimos subisse para a enorme taxa de 11%, enquanto
títulos deixavam de ser comprados.
A partir desse momento, as autoridades já não sabem o que fazer e
simplesmente tentam apagar o fogo e justificarem-se, e não sabem como
estancar o fluxo de provocações. Lukashenko está confuso e
não sabe o que dizer e seus subordinados percebem sua fraqueza e passam
a apoiar mais a oposição.
A Rússia, entretanto, diz que há sinais de interferência
externa, mas isto é um assunto interno da Bielorrússia e
quennão iremos interferir.
Início da operação especial
Poucos dias depois,
Lukashenko
liga a Putin e, após o telefonema, disse que ficou surpreendido com
quão bem a Rússia entendia a situação. Não
se sabe do que falaram, mas uma hora e meia depois, os dois primeiros
aviões decolaram em direcção a Minsk. Esses aviões
transportam responsáveis de alto nível.
A seguir, durante toda a semana, novos aviões FSB e comuns
chegam à Bielorrússia.
Na sexta-feira, um trabalho activo começa a suprimir o clima de
protesto. Eles activam a Internet, libertam detidos, novos jornalistas aparecem
na TV (a maioria da Rússia, como se descobriu mais tarde), reúnem
milhares de manifestações em apoio a Lukashenko, mesmo com
pessoas conduzidas voluntariamente-forçadamente, Lukashenko visita
fábricas em greve.
Está a começar o trabalho em todas as frentes para expulsar a
oposição do espaço de informação e
desacreditar seus líderes. Ou melhor, o governo permite que eles se
auto-desacreditem ao publicar um programa de mudanças que são
idênticas às reformas ucranianas:
-
Proibição da língua russa;
-
Descomunização;
-
Movimento em direcção à UE;
-
Privatização;
E assim por diante. Agora se entende o significado do programa. Então
ele começa a ser analisado nos media e agora a oposição
começa a se justificar e retira apressadamente o programa dos seus
sítios web e diz que tudo isto é mentira e que não
disseram isto.
Os protestos começam a diminuir e os canais da oposição
dos canais Telegram dizem que isso não é verdade e que o povo
está apenas cansado ou que o tempo está mau e o governo
está prestes a desistir.
O facto mais óbvio da intervenção russa foi o conselho de
recompensar os militares pelo excelente serviço, deixando claro que eles
não abandonariam os militares, porque estes tinham medo de
represálias e muitos pensaram que seriam sacrificados ao povo para
acalmar os protestos. Muitos portanto passaram a alinhar com os manifestantes,
porque a oposição publicava suas informações e as
informações de seus familiares e eles estavam preocupados pela
sua segurança.
Também havia auto-colantes no Telegram em favor de Lukashenko.
Em consequência
Putin esperou até que Lukashenko perdesse o apoio do Ocidente e
não tivesse qualquer outra opção senão o
desenvolvimento da União de Estados. E agora Lukashenko, ao invés
de apresentar desculpas, sente-se outra vez muito confiante, mas os
políticos russos o agarraram com firmeza, porque agora é o melhor
momento para concluir acordos enquanto sua posição é
fraca, e o próprio presidente bielorrusso agora declara que as
relações com a União são boas e adequadas.
Juntamente com bandeiras da Bielorrússia, agora bandeiras russas
são a ser exibidas e notícias positivas acerca da Rússia
são novamente apresentadas na TV e não vice-versa (isto é
importante para preparar o povo para uma reaproximação). Os
protestos perderam força em apenas em poucos dias de trabalho da
inteligência russa.
21/Agosto/2020
Ver também:
A Bielorússia poderá tornar-se a próxima Síria?
Odious War Criminal Bernard-Henri Lévy Endorses the Belarusian "Opposition"
(Odioso criminoso de guerra Bernard-Henri Lévy apoia a "oposição"
bielorussa).
O original encontra-se em
www.stalkerzone.org/putins-quiet-ingenious-belarus-special-operation/
Este artigo encontra-se em
https://resistir.info/
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