O golpe de Estado em Honduras: Obama é inocente?
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"Vejamos os indicadores concretos. Primeiro, o embaixador norte-americano
continua lá. Segundo. os generais, majores e coronéis
estado-unidenses estacionados na base de Honduras continuam em contacto com os
assassinos como se fosse uma coisa de rotina. O presidente norte-americano
ainda não definiu as acções nas Honduras como um golpe de
Estado nem rompeu relações nem cortou a ajuda. Enquanto os
golpistas massacradores continuarem a pensar que Washington vá continuar
a dar apoio económico e diplomático ou a manter
relações, eles não renunciarão".
James Petras
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Será o presidente Obama inocente nos acontecimentos que se desenvolvem
em Honduras, em particular o golpe de Estado do exército hondurenho que
terminou o rapto e deportação forçada do presidente
democraticamente eleito Manuel Zelaya? Obama denunciou o golpe e exigiu
que se honrassem as normas da democracias. Contudo, continuam a perdurar uma
série de interrogações inquietantes.
Primeiro, quase todos os oficiais superiores do exército hondurenho que
participaram no golpe de Estado são diplomados pela
School of the Americas
, criada pelo Pentágono (e que muitos de nós
chamam "Escola de assassinos"). O exército hondurenho é
aconselhado, equipado, doutrinado e financiado pelo Estado de Segurança
Nacional dos Estados Unidos. É dirigido por generais que nunca se
haveriam atrevido a mover-se sem o consentimento tácito da Casa Branca
ou do Pentágono ou da CIA.
Em segundo lugar, se Obama não está directamente implicado, nesse
caso podemos censurar-lhe não ter um controle firme dos agentes
americanos, os quais estão absolutamente implicados no assunto. O
exército americano estava informado do assunto e os serviços de
informação militares americano também. Portanto teriam que
haver informado Washington acerca dos factos. Por que a gente de Obama, que se
havia comunicado com os autores do golpe, não falou? Por que não
revelaram e denunciaram o assunto, o que teria permitido fazer fracassar
totalmente os seus planos? Ao invés disso, os Estados Unidos calaram-se
a este respeito e o seu silêncio teve o efeito de omissão por
cumplicidade, ainda que a intenção a princípio não
fosse essa.
Terceiro, imediatamente após o golpe de Estado, Obama declarou que se
opunha à utilização da violência para efectuar uma
mudança e que cabia às partes implicadas em Honduras solucionar
os seus desacordos. As suas observações constituíam uma
resposta tíbia a um golpe organizado por gangsters.
Em quarto lugar, Obama nunca esperou que houvesse tamanho escândalo em
relação ao golpe de Estado em Honduras. Não se apressou a
juntar-se aos protestos contra os autores do golpe até que se tornou
evidente que a oposição aos golpistas era quase universal na
América Latina e em outros lugares do mundo.
Quinto, Obama nada disse sobre os numerosos outros actos de repressão
que acompanharam o golpe e que foram perpetrados pelo exército e a
polícia hondurenhos: raptos, espancamentos, desaparecimentos,
agressões contra manifestantes, encerramento da Internet e
supressão de alguns dos pequenos meios de comunicação
críticos que existem em Honduras.
Sexto, como me recordou James Petras, Obama recusou-se a entrevistar-se com o
presidente Zelaya. Ele detesta Zelaya sobretudo devido aos seus estreitos
laços políticos com Hugo Chávez, o presidente venezuelano.
E, devido aos seus esforços reformistas igualitários, Zelaya
é odiado pelos oligarcas hondurenhos, os mesmos que, desde há
muitos anos, foram íntimos dos construtores do império americano
aos quais serviram esplendidamente.
Sétimo, segundo uma lei aprovada pelo Congresso americano, a todo
país cujo governo democrático tenha sido vítima de uma
intervenção militar deve negar-se a ajuda militar e
económica dos EUA. Obama ainda não suprimiu a ajuda militar e
económica às Honduras como deveria fazer de acordo com esta lei.
Talvez este seja efectivamente o dado mais importante relativo ao campo que
favorece. Como presidente, Obama tem uma influência considerável e
conta com recursos imensos que teriam podido fazer fracassar o golpe e que
poderiam, além disso, ainda ser aplicado contra os seus autores, com um
efeito evidente. No momento, a sua posição a propósito de
Honduras é demasiado suave e demasiado tardia. Como se passa na
realidade com um número excessivo de coisas que empreende.
[*]
Escritor. As suas obras podem ser encomendadas
aqui.
O seu sítio web é
www.michaelparenti.org
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O original encontra-se em Resumen Latinoamericano, nº 2037, 05/Julho/2009
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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