"Uribe: não semeies outro Israel na América do Sul"
por Matilde Sosa
CARACAS, 02/Março/2008 O Chefe de Estado venezuelano, Hugo
Chávez Frías, pouco depois de iniciar o seu programa dominical
"Alô Presidente" nº 306, anunciou medidas concretas em
relação à incursão de forças militares
colombianas que violaram o território equatoriano e que resultaram na
morte de líderes das FARC. Considerou-as como violações
flagrantes da soberania equatoriana e, em princípio, grave ameaça
ao território da própria Republica Bolivariana da Venezuela e da
UNASUR (União de Nações Sul-americanas). As medidas
concretas são tomadas, além disso, em solidariedade com o
país irmão do Equador, seu povo e seu governo.
As mesmas foram tomadas no próprio momento em que foram anunciadas,
destinando-se a ordem ao General em Chefe (Exército) Gustavo R. Rangel
B, ministro do Poder Popular para a Defesa, que se encontrava no gabinete de
emissão do programa radial.
O Presidente e Comandante da Revolução Bolivariana, Hugo
Chávez, considerou que pode ser o início de uma guerra
desencadeada pelo "peão do império", referindo-se a
Uribe.
Além disso Chávez informou parte das comunicações
telefónicas mantidas com o chefe de Estado equatoriano, Presidente
Correa, no decorrer da mesma emissão do programa dominical. Os
interlocutores do programa solicitaram um minuto de silêncio em honra dos
caídos da FARC.
"Uribe: não semeies outro Israel na América do Sul",
advertiu Chávez durante a emissão. No sábado, em Conselho
de Ministros, o Presidente venezuelano declarara que a atitude do governo
colombiano é muito preocupante e comparou-a com o papel desempenhado
pelo Estado de Israel, como instrumento do imperialismo, ao efectuar
incursões no Líbano e na Faixa de Gaza quase diariamente, onde
mata, sequestra, bombardeia e destroça. "Será que a
Colômbia se vai converter na Israel da América Latina?",
perguntou o Presidente Chávez.
AGREDIDA A UNIDADE LATINO-AMERICANA
O mandatário venezuelano anunciou uma série de medidas concretas
para a defesa da soberania venezuelana, esclarecendo a todo momento não
querer a guerra. Dentre elas destaca-se:
Encerramento da Embaixada Venezuelana em Bogotá e transferência
imediata de todo o seu pessoal para território venezuelano
Deslocação de dez batalhões de tanques venezuelanos para
a fronteira colombina
Deslocação da Força Aérea venezuelana para
fronteira colombiana
Apoio irrestrito ao Estado equatoriano por parte do Estado venezuelano e do
governo revolucionário da República Bolivariana da Venezuela.
Solidariedade com o povo da Colômbia.
Denúncia do "terrorismo de Estado" na Colômbia e da
invasão do Equador
Advertência ao mandatário colombiano diante do "poderia ser
o início de uma guerra". "Uribe não semeies outro
Israel na América do Sul", reiterou.
Chávez disse que se espera que os demais governos da América
Latina se pronunciem perante esta situação tão grave que
afecta a todos.
Chávez reiterou que violaram flagrantemente a soberania
equatoriana, não queremos guerra mas não vamos permitir a Uribe
nem à oligarquia colombiana.
O mandatário venezuelano caracterizou a acção do
exército colombiano: "É um golpe não contra as FARC
apenas, e sim contra a paz, contra o Acordo Humanitário e a
UNASUR". Na sequência Chávez disse que "há uma
cimeira que foi encomendada à Colômbia e que não foi feita
em 2007, adiaram-na para este e neste mesmo momento a Venezuela anuncia que
não assistirá a nenhuma Cimeira na Colômbia".
CONVERSAÇÕES TELEFÓNICAS CORREA CHÁVEZ
O Presidente Venezuelano contou ter mantido ontem e hoje
conversações telefónicas com o Presidente do Equador e que
na última chamada Correa lhe disse estar indignado pois Uribe lhe havia
mentido uma vez que o acampamento onde foi assassinado Raúl Reyes e
outros 16 guerrilheiros estava dois quilómetros dentro do
território equatoriano.
"Foram bombardeados e massacrados enquanto dormiam utilizando certamente
tecnologia de ponta que os localizou à noite na selva, certamente com a
colaboração de potências estrangeiras". E disse
também que "Uribe havia dito a Correa que o exército
colombiano entrou no Equador numa perseguição a quente".
PODE SER O INÍCIO DE UMA GUERRA
O mandatário venezuelano afirmou que isso é muito grave pois pode
ser "o início de uma guerra". E adverte Uribe: "se
fossem fazer isso na Venezuela envio-lhe uns Zukhov (aviões russos da
última geração). Uribe, não semeies outro Israel
na América do Sul". E ainda: "O Estado da Colômbia
é um Estado terrorista sujeito ao grande terrorista do mundo, se
tivéssemos que dar o novo Ayacucho o daremos".
Considerou que a unidade latino-americana foi duramente agredida pelo
"covarde assassinato de Raúl Reyes e dos demais membros das FARC a
quem "rendemos tributo a um bom revolucionário que foi Raúl
Reyes".
Chávez denunciou que a CNN, "a voz do império",
"concedia-se um banquete e lançava infâmias sobre o
líder assassinado". "Desencadeou-se um verdadeiro
conciliábulo de bruxas, com os caninos de Drácula banhados de
sangue".
"A COLÓMBIA ESTÁ TOMADA PELO IMPÉRIO"
Recorde-se que a posição do governo do Presidente Correa foi de
condenação e denúncia, o qual neste sábado (na
noite avançada) disse que os guerrilheiros haviam sido bombardeados e
massacrados enquanto dormiam uma vez que os foram encontrados em roupas
íntimas, que dos cadáveres só levaram os dois que se
conhecem e que para surpresa das autoridades equatorianas os demais foram
encontrados ali.
O Presidente do Equador, Rafael Correa, considerou como
"agressão" e "ultraje" a incursão militar
não autorizada de tropas colombianas no seu território na
madrugada deste sábado, para bombardear o acampamento onde se encontrava
o comandante das FARC, com o apoio logístico de potência
estrangeira.
Por sua vez, o mandatário venezuelano advertiu o mandatário
colombiano: "Não lhe ocorra fazer isso por aqui, por estes lados,
presidente Uribe, porque seria muito grave (...) Uma incursão militar
contra terras venezuelanas seria casus belli, causa de guerra! Não
há nenhuma desculpa". E concluiu: "Tenha cuidado com a sua
loucura guerreirista e seu afã de continuar a ser o peão da
guerra do império dos Estados Unidos", declarou.
JAMES PETRAS E AL JAZEERA
O programa dominical "Alô Presidente" Nº 306 contou com a
presença de James Petras e de dirigentes da cadeia Al Jazeera, como
convidados.
Chávez pediu a opinião de James Petras, que felicitou
Chávez "pela brilhante análise da política de Uribe e
do seu patrão em Washington, o qual faz todos os esforços para
abortar todas as negociações humanitárias. Os EUA
estão a provocar o militarismo. Os EUA ficam só com a
Colômbia. Essa é a sua última carta para influir sobre o
Caribe. Mas fica só na aliança com Uribe".
No encerramento do programa Chávez leu a Declaração das
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) de que a
morte daquele que era o seu número dois, Raúl Reyes, a
mãos do exército colombiano, "não deve afectar a
busca de um acordo humanitário.
COMUNICADO DAS FARC-EP
As FARC sustentam que o sangue derramado, o legado e a memória do seu
dirigente, engrandecem a causa da organização.
Em comunicado divulgado domingo, as FARC-EP assinalam que o assassinato de
Raúl Reyes não deve afectar a busca de um acordo
humanitário sobre os sequestrados.
"Convidamos à firmeza revolucionária, a não claudicar
no esforço em favor da troca humanitária, a continuar nosso
propósito de paz e de construção de uma democracia
efectiva com justiça social", afirma no comunicado.
"Essa é a melhor homenagem a todas e todos os camaradas
caídos em combate", acrescentam as FARC.
Na mesma nota assinala-se que os "organismos de
direcção" farão um "pronunciamento oficial"
sobre o desaparecimento do chefe guerriheiro "que provavelmente
será nos próximos dias".
Mais notícias em
http://www.abpnoticias.com/index.html
O original encontra-se em
http://www.resumenlatinoamericano.org
Nº 997
Esta notícia encontra-se em
http://resistir.info/
.
|