"Materialismo e empiriocriticismo":
100º aniversário
Dia 10 de Novembro, das 18h00 às 20h00, debate na Faculdade de Letras de
Lisboa (Anfiteatro 3) sobre a obra
"Materialismo e empiriocritismo",
de Lenine, editada em 1909. Entrada livre.
Participarão os professores José
Croca e Eduardo Chitas, respectivamente da Faculdade de Ciências e da
Faculdade de Letras da Universidade Lisboa. O moderador será José
Barata-Moura, professor catedrático da Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa.
No final do século XIX e início do século XX, uma
série de variantes do positivismo desenvolveu-se por todo o continente
europeu, com certas características próprias em cada país
(positivismo moderno, positivismo crítico, empirismo crítico,
empirismo lógico, etc.). A obra "Materialismo e
Empiriocriticismo" centrou a sua crítica nesse movimento na
Rússia, nos "machistas" russos seguidores de Ernest
Mach, físico e filósofo austríaco.
No começo do século XX, a Física "moderna", que
iniciava então a extraordinária exploração do
infinitamente pequeno, abalava a velha noção de
"matéria", de natureza.
Os filósofos e "epistemólogos" aproximavam a
"matéria" das impressões sensíveis ou
sensações móveis, em vez de a supor, como até
então, de uma objectividade independente das sensações;
atribuíam-lhe qualidades de mobilidade, de relatividade, conferiam-lhe,
por assim dizer, uma "existência" apenas fenoménica. A
matéria - diziam, com Mach e seus adeptos - não é mais que
as sensações que no-la revelam, não tem existência
fora de nós. Entre o objecto, a coisa, e o sujeito, o "eu"
pensante, há uma terceira ordem, uma terceira forma de existência,
em última análise a única real e concreta, dada na e pela
impressão sensível enquanto fenómeno, sem que haja alguma
coisa a acrescentar-lhe ou a retirar-lhe. Entre o materialismo e o
espiritualismo ou idealismo, há uma terceira via
Este ataque ao materialismo em nome da Física "mais moderna"
tinha consequências no campo das ciências sociais e
históricas. Era portanto necessário reconsiderar, aprofundar o
materialismo em função das grandes descobertas sobre a
matéria.
Contra teses obscurantistas
Lénine, nesta obra, analisa portanto esta pretensa "crise da
ciência" ou "crise da física moderna".
De uma forma aprofundada, Lénine defende, na sua obra, que:
1.º - Há coisas que existem independentemente da nossa
consciência, independentemente das nossas sensações, fora
de nós.
2.º - Não existe e não pode existir diferença alguma
de princípio entre o fenómeno e a coisa em si. A única
diferença efectiva é a que existe entre o que é conhecido
e o que ainda não é.
3.º - Sobre a teoria do conhecimento, como em todos os outros campos da
ciência, deve-se raciocinar sempre dialecticamente, isto é, nunca
supor invariável e já feito o nosso conhecimento, mas analisar o
processo pelo qual o conhecimento nasce da ignorância ou graças ao
qual o conhecimento vago e incompleto se torna conhecimento mais adequado.
Embora escrito há mais de cem anos, este texto mantém uma
extraordinária actualidade, não obstante os avanços no
conhecimento científico no campo da Física terem rectificado
alguns dos seus postulados.
Numa altura em que, novamente, perante as dificuldades de
interpretação dos novos conhecimentos científicos,
proliferam concepções obscurantistas, é de todo o
interesse debater, com dois especialistas nas áreas da Física e
da Filosofia, a validade do conhecimento pelo homem dos fenómenos
naturais.
Para descarregar a edição em inglês (por capítulos)
clique em
www.marxists.org/archive/lenin/works/1908/mec/index.htm
Para encomendar a edição em português clique em
Editorial Avante!
O original encontra-se em
Associação Iúri Gagarin
Este texto encontra-se em
http://resistir.info/
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