Malorússia, o novo Estado que substituirá a Ucrânia
Zakhartchenko, primeiro-ministro da República Popular de Donetsk,
anuncia a
criação do novo Estado
Dia 18 de Julho a capital da República Popular de Donetsk acolheu um
acontecimento histórico a assinatura de uma
declaração política sobre a criação de um
novo Estado, que se tornará o sucessor legal da
"Ucrânia". O novo Estado será constituído pelas
19 regiões da antiga Ucrânia e será denominado
Malorússia
[NR]
, com capital em Donetsk. Kiev permanecerá um centro histórico e
cultural sem o estatuto de capital.
"Aqui, vamos todos discutir acerca do futuro. Propomos um plano para a
reintegração do país graças à lei e à
Constituição. Devemos construir um novo país no qual os
conceitos de consciência e de honra não são esquecidos.
Oferecemos aos cidadãos da Ucrânia uma maneira pacífica de
sair desta situação difícil, sem guerra. Esta é a
nossa última oferta não só para os ucranianos como
também para todos os países que sustentam a guerra civil no
Donbass. Estou convencido de que faremos tudo o que é possível e
impossível", declarou o dirigente da RPD, Alexandre Zakhartchenko.
Participaram do evento: o chefe da RPD Alexandre Zakhartchenko, o conselheiro
do chefe do Estado Zakhar Prilepine, o vice-presidente do Conselho de Ministros
e ministro da Receitas e Impostos, Alexandre Timofeyev, assim como
representantes da maior parte das regiões que anteriormente faziam parte
da Ucrânia.
Todos os delegados presentes votaram unanimemente, com voto aberto, pela
assinatura da declaração política sobre a
criação da Malorússia com Donetsk como capital.
"A Malorússia é um Estado federal com uma ampla autonomia
das regiões. A preservação dos direitos das línguas
regionais será garantida, a bandeira de
Bogdan Khmelnitsky
é reconhecida como sendo a bandeira nacional", declarou Alexandre
Timofeyev citando o acto constitucional.
"O Estado 'Ucrânia' revelou-se como sendo um Estado falido e
demonstrou sua incapacidade para garantir aos seus habitantes um presente e um
futuro pacífico e próspero", sublinha um dos pontos da
declaração política.
Os dois documentos foram aprovados por unanimidade pelos delegados. Além
dos representantes do Donbass, a criação do novo Estado foi
apoiada por representantes das regiões de Kharkov, Dniepropetrovsk,
Zaporojié, Kherson, Nikolayev, Odessa, Soumy, Poltava, Chernigov,
Kirovograd, Kiev (delegados da região e da cidade), Cherkassy, Rovno,
Volyn, Ternopol, Ivano-Frankovsk e Lvov.
Declaração política
O projecto do Estado
"Ucrânia",
formulado há 150 anos e posto em marcha de diferentes modos durante o
século XX, atingiu sua conclusão lógica e levou à
desintegração do país, à guerra civil e à
morte de dezenas de milhares de pessoas, inclusive crianças, mulheres e
pessoas idosas. E este processo é irreversível. Toda tentativa de
inverter a história conduzirá á
"balcanização" do conflito, à extensão do
caos, à escalada da guerra civil e a um número ainda maior de
vítimas.
Para travar a guerra civil e evitar novas vítimas, nós,
representantes da maioria das regiões da antiga
"Ucrânia"
reunidos em Donetsk a 18 de Julho de 2017, discutimos a situação
actual e chegámos às seguintes conclusões:
-
O Estado
"Ucrânia"
revelou-se um Estado falido e demonstrou sua incapacidade para garantir aos
seus habitantes um presente e um futuro pacífico e próspero;
-
As autoridades actuais o
"presidente"
Porochenko e a Rada suprema eleitos em Kiev após o golpe de
Estado num fundo de terror político e na ausência de
eleições na Crimeia e no Donbass, são ilegítimos;
-
O Estado
"Ucrânia"
está à beira da catástrofe económica e do
despovoamento;
-
Um golpe de Estado ultranacionalista prepara-se em Kiev, na
sequência do qual pessoas abertamente neo-nazis tomarão o poder no
lugar dos
"Bandeiristas de rosto europeu";
-
A seguir ao golpe de Estado neo-nazi, iniciar-se-á no país
uma guerra civil de todos contra todos que provocará sua
desintegração ulterior;
-
O projecto nacionalista ucraniano (o projecto galiciano)
desacreditou-se a si mesmo ao derramar o sangue de civis no país;
-
A ideologia
"ucrainista"
provou que é misantropa e misturada com a xenofobia (russofobia,
antisemitismo, polonofobia) e com o neo-nazismo (a ideologia da exclusividade
nacional e da superioridade);
-
Na sequência da evolução história e por causa
do Maïdan, a palavra "Ucrânia" associou-se para sempre aos
nomes dos cúmplices dos nazis Bandera e Choukhevytch, às
tragédias de Baby Yar, aos massacres de Vohynie e Khatyn e, hoje, com os
assassinatos em massa de pessoas no Maidan, na casa dos sindicatos em Odessa e
no genocídio do povo do Donbass.
Com base no que foi dito, acreditamos que o Estado
"Ucrânia"
tal como foi estabelecido após a queda da URSS não pode ser
restaurado.
Nós, representantes da regiões da antiga
"Ucrânia",
propomos recriar o Estado e em lugar da antiga
"Ucrânia",
com base no fundo histórico, proclamar o Estado da Malorússia.
Neste caso, é de uma importância primordial redenominar o
país, uma vez que a
"Ucrânia"
enquanto Estado é culpável de crimes de guerra, de terror em
massa e de genocídio do seu próprio povo.
Por sua vez, o novo nome do país, baseado sobre tradições
históricas, nos permitirá reunificar estas peças da antiga
"Ucrânia"
que pareciam separar-se para sempre, inclusive devido à
participação na guerra civil dos dois lados da linha de frente.
Devemos virar a página da história do nosso povo que está
cheia com o sangue dos nossos irmãos e das nossas irmãs.
A Malorússia é um Estado INDEPENDENTE, SOBERANO com um novo nome,
uma nova bandeira, uma nova Constituição, uma nova estrutura de
Estado, novos princípios de desenvolvimento social e económico e
novas perspectivas históricas. Mas isto NÃO É UMA
REVOLUÇÃO! É um retorno à história. É
uma novidade que restaura, mas não destrói.
Em vista da situação económica crítica do
país, da possibilidade de surgimento do caos e da
desintegração, devido ao risco do começo de uma
"guerra de todos contra todos", consideramos necessário
declarar um estado de urgência para o período de
transição que pode ir a até três anos. Durante este
período, o processo de adopção da nova
Constituição e o estabelecimento do Estado de direito
deverão ter sido finalizados.
Durante este estado de urgência, uma interdição das
actividades dos partidos políticos e dos fundos estrangeiros será
decretada, e as penas para as infracções penais, particularmente
contra as pessoas, serão mais severas. A luta contra a
corrupção será reforçada, assim como as penas para
este delito. O mercado negro das armas deverá ser eliminado, inclusive
pelo registo das armas de acordo com a nova lei.
Durante o mesmo período, uma investigação deverá
ser efectuada, com a implicação de especialistas estrangeiros
da Rússia, Bielorússia, União Europeia sobre
os crimes cometidos pelo regime de Kiev saído do Maidan: os
assassínios no Maidan, os assassínios de cidadãos de
Odessa na casa dos sindicatos em 2 de Maio de 2014, os crimes de guerra na
chamada OAT.
Durante o mesmo período, um tribunal popular deverá ser preparado
para julgar os criminosos de Estado que conduziram o país à
desintegração e à guerra civil: V.F. Ianoukovitch (com um
requerimento à Rússia a pedir a sua extradição),
P.A. Porochenko e sua clique, Tourtchinov, Iatseniouk, Kolomoïsky,
Parouby, Nalyvaichenko e os outros.
Estamos seguros de que, purificada da criminosa ideologia neo-nazi
"ucrainista",
seremos capazes de construir uma nova sociedade baseada na amizade e
assistência mútua, e não no ódio e na inveja. O
génio criativo do nosso povo estará em condições de
conduzir a Malorússia à vanguarda da civilização
mundial e de desempenhar um papel na história. A palavra do Bem e da
Verdade.
Acto constitucional
Nós, representantes das regiões da antiga
"Ucrânia"
(com excepção da Crimeia), declaramos a criação de
um novo Estado, que é o sucessor legal da "Ucrânia".
Estamos de acordo sobre o facto de que o novo Estado se chamará
Melorússia, uma vez que o próprio nome
"Ucrânia"
está totalmente desacreditado.
A cidade de Donetsk torna-se a capital da Malorússia. A cidade de Kiev
permanece um centro histórico e cultural sem o estatuto de capital.
A bandeira de Bogdan Khmelnitsky é reconhecida como a bandeira nacional
da Malorússia.
A Malorússia é um Estado multiétnico, cujas línguas
de Estado são o malorusso e o russo, preservando sempre os direitos das
línguas regionais.
A Malorússia é um Estado federal com uma ampla autonomia das
regiões. O governo central deve gerir as questões do
orçamento federal (formado pela atribuição de uma
percentagem estabelecida para cada região), o exército e os
serviços secretos, as alfandegas e o banco central, a política
fiscal e ecológica. As questões essenciais em matéria de
educação (normas) e de medicina devem também ficar sob a
supervisão das autoridades centrais, mas com uma componente regional
significativa.
Nós nos baseamos no facto de que a República Popular de Donetsk
(com a República Popular de Lugansk) permanecem os únicos
territórios da antiga
"Ucrânia"
(sem contar a Crimeia), onde a autoridade legítima é preservada.
Fundamentos:
-
Em Kiev, em Fevereiro de 2014, teve lugar um golpe de Estado armado
anticonstitucional;
-
Donetsk não reconheceu este golpe de Estado e suas
consequências
"legais";
-
Em condições de anarquia virtual, houve um referendo no
território da região de Donetsk a forma mais
democrática de expressão da vontade dos cidadãos, com base
na qual autoridades legislativas e executivas legítimas foram eleitas
aquando de um voto popular;
-
O presidente interino Tourtchinov foi designado pela Rada suprema em
violação da Constituição. As eleições
de Porochenko e da Rada suprema de 2014 são ilegítimas, uma vez
que, além das violações maciças e do terror
político (agressões físicas a candidatos,
intimidação dos eleitores), vários milhões de
eleitores não participaram destas eleições (Crimeia,
Donbass), cuja participação foi declarada pela comissão
eleitoral central em Kiev.
Com base nos elementos acima, a República Popular de Donetsk
considera-se habilitada a iniciar o restabelecimento do Estado que era
anteriormente chamado
"Ucrânia".
A República Popular de Donetsk conclama os representantes das elites
regionais e da sociedade civil da regiões da antiga
"Ucrânia"
a unirem-se para travar o caos no país e a
"guerra civil de todos contra todos",
assim como o processo de desintegração do país que dele
decorre. A RPD está pronta a assumir o papel de
coordenação e a garantir a segurança de todos os
participantes do novo processo constitucional com a ajuda do seu
exército e das suas forças de manutenção da ordem.
Para este fim, propomos seleccionar de maneira individual representantes de
cada região à Assembleia Constituinte (com base nos
princípios das assembleias do
Zemstvo
), onde criarão o país a Malorússia e
adoptarão uma nova Constituição.
Aquando da preparação da nova Constituição,
consideramos necessário que repouse sobre os seguintes princípios
de base:
-
Um Estado soberano independente;
-
A integridade territorial, com o reconhecimento da legitimidade da
escolha do povo da Crimeia (referendo);
-
Estatuto militar neutro (não alinhado);
-
Com base nos valores tradicionais do nosso povo, que são
fundamentados na visão ortodoxa do mundo;
-
Igualdade de todas as religiões e confissões tradicionais
e, ao mesmo tempo, oposição ao cisma e à seitas
totalitárias;
-
Uma economia multi-vectorial, uma "ponte" entre o Leste e o
Oeste, o Norte e o Sul;
-
Retomada da participação nas actividades da CEI
[Comunidade de Estados Independente], ratificação da lei sobre a
pertença da Malorússia à CEI;
-
Percurso de adesão à União da Rússia e da
Bielorússia, preservando sempre a independência e a soberania;
-
Restauração das ligações de
cooperação com a Rússia e renovação da
cooperação com a União Económica
Euro-asiática; negociações em formato trilateral
Malorússia-Rússia-UE para harmonizar as relações no
sistema global;
-
Preservação do regime sem visa (em caso de consentimento
da UE);
-
Restauração do potencial industrial do país;
criação de companhias de Estado nas indústrias chave;
-
Proibição da venda de terras agrícolas;
rejeição dos OGM [organismos geneticamente modificados];
-
Desenvolvimento do sistema de controle popular (público) da
economia e da política, inclusive como meio de combater a
corrupção;
-
Luta contra a corrupção como ponto chave; responsabilidade
agravada (inclusive responsabilidade penal) pelos delitos de
corrupção; lei de controle para eliminar as práticas de
corrupção;
-
Reversão do poder dos oligarcas, inclusive ao nível
legislativo;
-
Renúncia aos partidos políticos enquanto sujeito da
política, transição para o princípio da
representação pessoal;
-
Introdução de elementos de democracia directa;
-
Sucessão legal à Ucrânia "de antes do
Maidan";
-
Repúdio das dívidas das autoridades emitidas pelo Maidan;
-
Renúncia ao aumento da idade de início da aposentadoria;
-
Congelamento das tarifas comunais e consideração da
possibilidade da sua redução ulterior;
-
Garantias de primeiro emprego para os diplomados das universidades;
-
Permissão de deter e portar armas;
-
Desnazificação sistemática;
-
Responsabilidade administrativa e penal para a propaganda das ideias
neo-nazis e a glorificação dos nazis e dos seus cúmplices
(Bandera, Choukhevytch, OUN-UPA, etc);
-
Responsabilidade administrativa e penal para as tentativas de
revisão da saída da Segundo Guerra Mundial;
-
Reabilitação da herança soviética;
-
Restauração das celebrações nacionais do Dia da
Vitória a 9 de Maio;
-
Regionalização da política memorial.
A constituição da Malorússia deve ser desenvolvida e
adoptada na sua versão original pela Assembleia Constituinte, depois
submetida a um referendo nacional. Este será antecedido por uma grande
discussão pública simultaneamente aos níveis regional e
federal.
18/Julho/2017
[NR]
Significa Pequena Rússia, nome pelo qual era conhecida a região em tempos
passados.
[*]
DONi News
: Agência de notícias da República Popular de
Donetsk.
A versão em francês encontra-se em
lesakerfrancophone.fr/...
Esta notícia encontra-se em
http://resistir.info/
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