O empréstimo do FMI à Ucrânia, sob a nova guerra fria
Em Abril de 2014, mal acabados os tumultos na Praça Maidan e o golpe de
22 de Fevereiro, e menos de um mês antes do massacre de 2 de Maio em
Odessa, o FMI aprovou um empréstimo-programa de US$17 mil milhões
à junta da Ucrânia. A prática normal do FMI é
emprestar só até o dobro da quota de um país no
período de um ano. Este empréstimo foi oito vezes mais alto.
Quatro meses mais tarde, em 29 de Agosto, exactamente quando Kiev
começou a perder na sua tentativa de limpeza étnica contra a
região de Donbass no Leste, o FMI o concluiu o primeiro
empréstimo desde sempre a um lado empenhado numa guerra civil, sem
mencionar a habitual fuga de capital interno e uma balança de pagamentos
em colapso. Com base em fictícias projecções da capacidade
de pagar livres de perturbações, o empréstimo apoiou a
divisa "Hryvnia" da Ucrânia o tempo suficiente para permitir
aos bancos dos oligarcas transferirem rapidamente o seu dinheiro para contas em
moeda forte no ocidente antes de o Hryvnia afundar mais uma vez e ficar a valer
ainda menos euros e dólares.
Este empréstimo demonstra o grau em que o FMI é um braço
da política de Guerra fria dos EUA. Kiev utilizou o empréstimo
para despesas militares a fim de atacar as províncias do Leste e os
termos do empréstimo impunham o habitual orçamento de
austeridade, como se isto estabilizasse as finanças do país.
Quase nada será recebido do Leste devastado pela guerra, onde foi
destruída infraestrutura básica para geração de
energia, água, hospitais e áreas de habitação civil
que arcaram com a carga principal do ataque. Aproximadamente um milhão
de civis fugiu para a Rússia. Mas o comunicado do FMI anunciava: "O
FMI louvou o compromisso do governo com reformas económicas apesar do
conflito em curso".
[1]
Um quarto das exportações da Ucrânia é normalmente
das províncias do Leste e são vendidas principalmente à
Rússia. Mas Kiev tem estado a bombardear a indústria do Donbass e
deixou suas minas de carvão sem electricidade.
Este empréstimo está destinado a criar ainda mais
dissensões entre economistas da equipe do FMI do que as que estalaram
abertamente quanto ao desastroso empréstimo de US$47 mil milhões
à Grécia naquele tempo o maior empréstimo da
história do FMI mostrado num documento interno de 50
páginas revelado ao
Wall Street Journal
em que se reconhecia que o FMI havia "subestimado muito mal o dano que
suas prescrições de austeridade fariam à economia da
Grécia". Economistas da equipe culpavam a pressão de
países da eurozona para protegerem seus próprios "bancos
[que] possuem demasiada dívida do governo grego. ... O FMI havia
projectado originalmente que a Grécia perderia 5,5% da sua
produção económica entre 2009 e 2012. O país ao
invés perdeu 17% do produto interno bruto real. O plano previa uma taxa
de desemprego de 15% em 2012. Ela foi de 25%.
[2]
Os artigos do Acordo com o FMI proíbem fazer empréstimos a
países que claramente não podem pagar, levando seus economistas a
queixarem-se no ano passado, na reunião anual de Outubro de 2013 em
Washington, que a sua instituição estava a violar suas regras ao
fazer maus empréstimos "a estados incapazes de reembolsar suas
dívidas". Na prática, o FMI simplesmente avança de
qualquer forma quando um governo precisa salvar
(bail out)
seus banqueiros e proprietários de títulos, pretendendo que mais
austeridade reforça a capacidade para pagar, não a piora. A
Ucrânia parece como uma reencenação da
situação grega com um ponto de exclamação! Uma
responsável no ano passado chamou a sua Análise da
Sustentabilidade da Dívida
(Debt Sustainability Analysis),
de "uma brincadeira", uma comissão oficial (europeia)
descreveu-a como "um conto de fadas para colocar crianças a
dormir" e um responsável do Ministério das Finanças
grego disse que era "cientificamente ridículo".
[3]
O sítio
Dances with Bears,
de John Helmer, calcula que dos US$3,2 mil milhões desembolsados para o
tesouro ucraniano pelo FMI no princípio de Maio, US$3,1 mil
milhões tenham desaparecido para o exterior em meados de Agosto.
[4]
Isto levanta a questão de saber se o empréstimo do FMI é
legalmente uma "dívida odiosa", tendo sido efectuado por uma
junta militar e roubado pelos apaniguados do governo. O FMI reconheceu que o
banco central estava simplesmente transferindo dinheiro para os cleptocratas
que dirigem os bancos do país como parte dos seus conglomerados (bem
como a financiar o ataque militar do governo contra o Leste, em grande medida
por conta dos principais cleptocratas por trás do golpe Maidan). "A
proporção de títulos e empréstimos do governo para
bancos aumentou de 28 por cento dos activos totais do NBU (Banco Nacional da
Ucrânia) no fim de 2010 para 56 por cento no fim de Abril de 2014".
A situação financeira está a ficar tão má
que para evitar a insolvência os principais bancos da Ucrânia
precisam mais US$5 mil milhões além dos US$17 mil milhões
a que o FMI se comprometeu.
Na preparação para as eleições marcadas para
Outubro, as províncias do Leste não estão em
condições de votar e a junta proibiu o Partido Comunista bem como
a TV e os media de relatar o que ela não gosta (principalmente em
língua russa). Os principais partidos pró guerra têm
intenções de voto muito baixas mesmo no ocidente (no
princípio de Setembro), o que dá azo a advertências de um
golpe pelo Right Sector e os nacionalistas ucranianos neo-nazis,
encabeçados pelo oligarca Igor Kolomoyskyy, que tem em campo o seu
próprio exército privado.
Uma derrota em guerra frequentemente leva a mudança de regime. O
espectro de um golpe está outra vez a perambular as ruas e praças
de Kiev. Combatentes sobreviventes da Guarda Nacional estão a
ameaçar virar suas armas contra Poroshenko. Um terceiro Maidan
[movimento de protesto na Praça Independência] está a
perfilar-se, o qual é para acabar com o presente regime. Os instigadores
deste Maidan são militantes dos batalhões punitivos criados com
dinheiro de Kolomoyskyy. É óbvio que o oligarca está a
jogar seu jogo contra Poroshenko. Kolomoyskyy tem um exército privado
bastante forte capaz de executar um golpe.
[5]
Planos de privatização para a Ucrânia apoiados pelo FMI e
os EUA
O principal problema da Ucrânia é que a sua dívida é
denominada em dólares e em euros. Parece portanto que só
há um caminho para a Ucrânia arrecadar as divisas estrangeiras
para reembolsar o FMI: através da venda dos seus recursos nacionais, a
começar pelos direitos de gás e terra agrícolas. Aqui a
sombria figura de Kolomoyskyy reemerge, com apoio dos Estados Unidos. A recente
Lei 2277 do Senado "determina que a US Agency for International
Devolopment (USAID) garanta empréstimos a todas as fase do
desenvolvimento do petróleo e gás na Ucrânia,
Moldávia e Geórgia.
O filho do vice-presidente Joe Biden, R. Hunter Biden, recentemente foi nomeado
para a administração da Burisma, uma companhia ucraniana de
petróleo e gás registada em Chipre, desde há muito a
praça favorita para operadores pós soviéticos. A firma tem
bastante influência sobre a política de Kiev para tornar a
perspectiva de fracturar terras para a obtenção de gás
(gas-fracking)
um objectivo militar. "Tropas ucranianas ajudam a instalar equipamento de
produção de shale gas próximo da cidade ucraniana de
Slavyansk, a qual eles bombardearam e arrasaram durante os três meses
anteriores, informa a agência de notícias Novorossiya no seu
sítio web mencionando residentes locais. Civis protegidos pelo
exército ucraniano estão a preparar-se para instalar plataformas
de perfuração. Mais equipamento está a ser comprado, dizem
eles, acrescentando que os militares estão a cercar a futura área
de extracção".
[6]
Uma reportagem nota a extensão em que a expressão
"pró russo"
significa oposição à tomada do gás:
O povo de Slavyansk, a qual está localizada no centro do campo de shale
gas Yzovka, no passado efectuou numerosas acções de protesto
contra o seu desenvolvimento. Eles quiseram mesmo convocar um referendo sobre
esse assunto. ... Países como a República Checa, a Holana e a
França abandonaram planos para desenvolver depósitos de shale gas
nos seus territórios. Não só eles como também a
crucial Alemanha, a qual
há duas semanas anunciou
que interromperia a perfuração para shale gas durante os
próximos sete anos devido a preocupações com a
poluição de águas subterrâneas.
[7]
O apoio dos EUA e do FMI parece destinar-se a ajudar a reduzir a
dependência europeia do gás russo de modo a espremer sua
balança de pagamentos. A ideia é que receitas de gás mais
baixas comprimirão a capacidade da Rússia para manobras na Nova
Guerra-fria de hoje. Mas esta estratégia envolve uma potencialmente
embaraçosa aliança dos EUA com Kolomoyskyy, confirmadamente o
principal proprietário da Burisma através do seu Banco Privado.
Ele "foi nomeado pelo regime do golpe para ser o governador do oblast
[região] de Dnipropetrovsk, uma província no sul central da
Ucrânia. Kolomoysky também tem sido associado ao financiamento de
brutais forças paramilitares que matam russos étnicos no leste da
Ucrânia".
[8]
A expressão "russo étnico" é um substitutivo
(kakaism)
para designar os habitantes locais que protestam contra o fracking executado
pelos cleptocratas que privatizaram os recursos naturais.
Será caro restaurar as instalações de energia e
água que foram destruídas pelas forças de Kiev em Donetsk,
a qual aguarda um inverno frio e escuro. Kiev cessou de pagar pensões e
outras receitas ao Leste da Ucrânia, quase garantindo o seu separatismo.
Mesmo antes dos acontecimentos do Maidan a população local quis
impedir o fracking de gás, assim como a Alemanha e outros países
europeus a ele se opuseram.
Também se opõem à apropriação de terras e
outras propriedades por parte de cleptocratas ucranianos e especialmente
estrangeiros, como a Monsanto que tem investido em projectos de cereais criados
por engenharia genética na Ucrânia, encarando o país como o
Calcanhar de Aquiles da Europa no que se refere à resistência aos
organismos geneticamente modificados (OGMs). Um recente relatório do
Oakland Institute,
Walking on the West Side: the World Bank and the IMF in the Ukraine Conflict
, descreve a pressão do FMI-Banco Mundial para pressionar a
desregulamentação do uso da terra agrícola ucraniana e
promover a sua venda a investidores dos EUA e outros estrangeiros. A Investment
Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial, "aconselhou o país a
'eliminar disposições respeitantes à
certificação obrigatório de alimentos nas leis registadas
da Ucrânia e em decretos do governo' e, "para evitar 'custos
desnecessários para os negócios', também as
regulamentações sobre pesticidas, suplementos e assim por diante.
[9]
Mas nem a Rússia nem muitos países europeus aceitam alimentos
engendrados geneticamente. Aparentemente o único meio de a Ucrânia
poder exportar colheitas de OGM é que diplomatas dos EUA pressionem a
Europa para abandonar sua etiquetagem OGM. Isto conduziria ainda a outra
divisão entre os Estados Unidos e membros europeus da NATO, apesar da
pressão que os EUA têm feito para impor sanções
à Rússia ("Combatam você e ele").
Estratagemas dos EUA para poupar a Ucrânia ao pagamento das suas
dívidas à Rússia
A "contradição secreta"
("inner contradiction")
no empréstimo do FMI é que a Ucrânia deve à
Rússia o montante total por atrasos no gás e actualmente precisa
dele com a aproximação do Inverno, e também pelo
empréstimo em euros do fundo soberano da Rússia em termos
estritamente comerciais com incumprimentos cruzados
(cross-defaults)
se a dívida ucraniana se elevar acima dos 60 por cento do PIB. A
resposta Guerra-fria dos EUA é tentar carpinteirar um argumento legal
para minimizar pagamentos à Rússia em consequência dos
empréstimos de "reconstrução" do FMI e da NATO.
O Peterson Instituto for International Economicas ensaiou uma proposta da
antiga responsável do Tesouro, Anna Gelpern, para privar a Rússia
de meios legais para fazer cumprir seus direitos na Ucrânia. "Uma
única medida pode libertar até US$3 mil milhões para a
Ucrânia", propôs ela. O Parlamento britânico pode
aprovar uma lei declarando o título de US$3 mil milhões negociado
pelo fundo de riqueza soberana da Rússia ser "ajuda externa",
não um contrato real de empréstimo comercial digno de
execução legal. "O Reino Unido pode recusar o cumprimento de
contratos conforme o direito inglês para dinheiro emprestado pela
Rússia", eliminando dessa forma "remédios dos credores
pelo incumprimento desta dívida".
[10]
O problema com este truque é que o fundo de riqueza soberana da
Rússia emprestou euros à Ucrânia com estrita
protecção financeira de modo a limitar a dívida global do
país a apenas 60 por cento do seu PIB. Se a dívida se elevar
acima deste nível, a Rússia tem o direito de exigir o seu pleno
pagamento imediato, disparando cláusulas de incumprimentos cruzados
(cross-defaults)
na dívida externa da Ucrânia.
Bem recentemente, no fim de 2013, a dívida pública da
Ucrânia montava a apenas cerca de 40 por cento uns aparentemente
administráveis US$73 mil milhões. Mas tendo em vista o facto de
que a Ucrânia tem uma classificação de apenas B+
abaixo do limite normal do fundo soberano russo que requer pelo menos
classificação AA para títulos de investimento a
Rússia actuou de um modo financeiro prudente através da
inserção de cláusulas de protecção
precisamente para distinguir o seu investimento do objectivo geral de ajuda. Ao
contrário da ajuda externa, o empréstimo da Rússia
dá-lhe "poder para disparar uma cascata de incumprimentos sob
outros títulos da Ucrânia e um grande bloco de votos em qualquer
futura reestruturação. Eis porque todos os títulos do
governo estão ligados entre si. Quando um título é
incumprido, o resto pode seguir o mesmo caminho".
O que o governo estado-unidense classifica como ajuda externa tipicamente
também assume a forma de empréstimos a serem reembolsados, e
insiste sobre fundos adequados na divisa local, como por exemplo na Public Law
480 de exportações alimentares. O Congresso insistia já
durante a administração Kennedy que a balança de
pagamentos dos EUA, e especificamente suas exportações
agrícolas, devem beneficiar daquela "ajuda".
[11]
Travar uma guerra civil é caro e a divisa da Ucrânia está
em ruptura. No mercado negro a taxa de câmbio já mergulhou em um
terço. Se reconhecido oficialmente (uma vez que os cleptocratas tenham
transferido seu dinheiro para fora com taxas do Hryvnia apoiadas pelo FMI),
isto elevaria o rácio dívida/PIB do país para o patamar
dos 60 por cento tornando a dívida à Rússia pagável
de imediato.
"Governos normalmente não processam uns aos outros para arrecadar
suas dívidas em tribunais nacionais", destaca a Profª Gelpern.
Mas se isto ocorresse, a regra
pari passu
impediria algumas dívidas de serem anuladas selectivamente. Ela
portanto avança com uma outra possibilidade de como impedir o
crédito do FMI e da NATO de ser pago à Rússia pelos seus
haveres em títulos e pagamentos atrasados do gás. A Ucrânia
pode afirmar que a sua dívida à Rússia é
"odiosa". Isto aplica-se a situações em que "um
governante corrupto
(evil ruler)
assina contratos que sobrecarregam gerações muito depois de o
governante ter sido deposto". Ela acrescenta que "Repudiar todas as
dívidas incorridas sob Yanukovich desencorajaria empréstimos a
líderes corruptos".
O duplo padrão aqui é que ao invés de etiquetar como
odiosos toda a série de governos cleptocráticos da Ucrânia
desde 1991, ela escolhe apenas o de Yanukovich, como se os seus antecessores e
sucessores não fossem igualmente venais. Mas há um perigo ainda
maior em tentar declarar "odiosa" a dívida da Ucrânia:
pode sair pela culatra sobre os Estados Unidos, dado o seu apoio a ditaduras
militares e cleptocracias.
Em contraste com os empréstimos do FMI para apoiar os bancos
cleptocratas e a captura de activos com a nova Guerra Fria de províncias
do Leste fronteiriças com a Rússia, a venda de títulos ao
fundo de dívida soberana da Rússia e seus contratos assinados
para a compra de gás foram negociados por um governo eleito
democraticamente, a preços que subsidiavam a indústria interna e
também o consumo das famílias. Ao contrário do caso da
Grécia, não houve remoção de um líder
nacional para impedir que referendo público tivesse lugar sobre a
aprovação ou não do empréstimo. Se a dívida
ucraniana for considerada odiosa, o que dizer de empréstimos na Eurozona
à Irlanda e Grécia ou de empréstimos dos EUA aos generais
da Argentina instalados sob a Operação Condor? Gelpern reconhece
que a recusa ucraniana a pagar os títulos alegando o princípio da
dívida odiosa "está repleta de riscos legais,
políticos e de mercado, todos os quais deixariam o jogo nas mãos
da Rússia". Realmente!
Isto deixa como solução mais prometedora para ferir a
Rússia o truque acima mencionado de o Parlamento britânico aprovar
uma lei de sanções invalidando "os títulos
Yanukovich". Uma tal lei de sanções reduziria a
"capacidade da Rússia para lucrar com a venda da dívida no
mercado" simplesmente negando à Rússia direitos legais a
tomar activos ucranianos. Isto também destruiria Londres como um centro
financeiro global importante.
Gelpern conclui seu documento sugerindo um princípio universal: que
contratos "utilizados para avançar objectivos militares e
políticos ... deveriam perder seu direito a execução em
tribunal". Eu amo esta sugestão! Ela certamente abriria uma lata de
vermes tendo em vista o facto de que "o Reino Unido e os Estados Unidos
utilizaram ambos força militar no passado para arrecadar dívidas
e influenciar países mais fracos. Será legítimo para eles
punir a Rússia por fazer o mesmo?" Não será a vasta
maioria das dívidas inter-governamentais ou militar ou política
no seu carácter?
De acordo com esta lógica, não deveria a maior parte das
dívidas inter-governamentais ser eliminada? Será que os
argumentos mencionados por Gelpern para não pagar à Rússia
não servem ainda mais para proporcionar uma base legal para anular a
dívida da Ucrânia ao FMI e os subsequentes empréstimos da
NATO em termos que forçam-na a perder seus direitos a recursos naturais
como gás e terra em benefício de investidores estrangeiros?
A revisão legal da Profª Gelpern, ostensivamente à procura
de razões para isolar a Rússia economicamente, tem portanto o
efeito aparentemente irónico de mostrar as dificuldades legais e
políticas de tentar conseguir isto. Se a Ucrânia toma emprestado
do FMI e/ou da UE e a seguir rompe com o Leste a tornar-se independente
quem será obrigado a pagar? Certamente não o Leste,
atacado pelos líderes do golpe militar.
Assim somos trazidos de volta às notícias financeiras deste
mês nos preparativos para a próxima reunião anual do FMI.
Então para onde é que o empréstimo ucraniano remete a
credibilidade do FMI?
Notas
[1]
Reuters, "IMF approves loan tranche for Ukraine, warns of
risks," August 29, 2014.
www.reuters.com/article/2014/08/29/us-ukraine-crisis-imf-idUSKBN0GT23Z20140829
[2]
Matina Stevis
, "IMF Admits Mistakes on Greece Bailout,"
Wall Street Journal
, June 5, 2013.
[3]
Matina Stevis, "IMF and Europe Part Ways Over Bailouts,"
Wall Street Journal
, October 12, 2013.
[4]
John Helmer, "Ukraine Takes Another $1.39 Billion from International
Monetary Fund$3 Billion in IMF Cash Already Sent OffshoreInsiders
Suspected in Heist,"
Dances with Bears
,
http://johnhelmer.net
, September 3, 2014.
[5]
Marina Perevozkina e Artur Avakov,
Moskovskiy Komsomolets
, September 4, 2014, from
Johnson's Russia List
, September 6, 2014 #14. Eles acrescentam que Putin ordenou que as propriedades
de Kolomoyskyy na Crimeia e em Moscovo fossem sequestradas.
[6]
PEU report, July 27, 2014, "USAID to Help Young Biden: The Burisma
File," citing an Economic Policy Journal article.
peureport.blogspot.pt/2014/07/usaid-to-help-young-biden-burisma-file.html
.
O relatório acrescenta: "Favorecendo o apoio aos 'motivo
gás natural' está o facto de que foi o vice-presidente Joe Biden
quem exigiu em 21 de Fevereiro que o Presidente Yanukovych recuasse na sua
política, um movimento que abriu o caminho para as milícias
neo-nazia e o golpe apoiado pelos EUA. A seguir, apenas três meses
depois, a maior firma privada de gás da Ucrânia, a Burisma
Holdings, nomeou o filho de Biden, Hunter Biden, para o seu conselho de
administração".
[7]
Tyler Durden, "Biden's son a director in shale gas firm set to drill
in East Ukraine," Truthstream Media, July 27, 2014, Zero Hedge.
truthstreammedia.com/...
[8]
Robert Parry, "The Whys Behind the Ukraine Crisis,"
Consortiumnews.com, September 3, 2014.
[9]
www.oaklandinstitute.org/...
Press Release: The World Bank and the IMF Open up Ukraine to Western Interests,
Monday, July 28, 2014.
[10]
Anna Gelpern, "Debt Sanctions Can Help Ukraine and Fill a Gap in the
International Financial System," Peterson Institute for International
Economics, Policy Brief PB14-20, August 2014.
www.piie.com/publications/interstitial.cfm?ResearchID=2654
.
[11]
Apresento vasta documentação do auto-interesse dos
EUA em
The Myth of Aid
(Orbis Books 1970) e
Super Imperialism
(1972). Gelpern acusa a Rússia de procurar manter a Ucrânia
"em rédea curta", como se isto não fosse o que o FMI e
na verdade a maior parte dos investidores financeiros fazem. A política
anti-russa dos EUA/NATO é recheada de tais duplos padrões e
está reflectida no apoio do FMI à Ucrânia.
09/Setembro/2014
Ver também:
Reservas-ouro da Ucrânia evacuadas secretamente
O pacote de resgate do FMI coage a Ucrânia à guerra civil
O FMI na Ucrânia
O FMI empurra a Ucrânia para um "suicídio voluntário"
A Shell e a limpeza étnica no Dombass
[*]
Autor de
The Bubble and Beyond
e
Finance Capitalism and Its Discontents
. Colaborou em
Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion
.
mh@michael-hudson.com
O original encontra-se em
www.counterpunch.org/2014/09/09/the-imfs-new-cold-war-loan-to-ukraine/
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
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