O encontro secreto de Kissinger com Putin
por Mike Whitney
|
"Caças da RAF foram postos em acção a fim de
interceptar dois bombardeiros estratégicos russos que se dirigiam ontem
para o espaço aéreo britânico, de modo que o
espírito da Guerra Fria retornou mais uma vez ao Atlântico Norte.
O incidente, descrito como raro pela RAF, serviu como uma metáfora
notável quanto ao impasse entre Londres e Moscovo acerca do
assassínio de Alexander Litvinenko"
(Times Online, Richard Beeston; "RAF scrambles to intercept Russian
bombers, 18/Julho/07)
"Os homens no fundo são sempre maus, a menos que sejam tornados
bons através de alguma compulsão".
Niccoló Macchiavelli
|
Quando um político de peso como Henry Kissinger vai
em missão secreta a Moscovo, isto costuma aparecer nos
noticiários.
Não desta vez.
Desta vez os media ignoraram completamente ou deveríamos dizer
que censuraram a viagem de Kissinger à Rússia e as suas
reuniões com o presidente russo Vladimir Putin. De facto, excepto por
umas poucas alusões no
Moscow Times
e um artigo insignificante no
Guardian
britânico, nenhuma das principais organizações noticiosas
cobriu a história. Não houve nem mesmo uma referência
mínima a isto em qualquer media americano.
Nada. O que significa que as reuniões provavelmente foram preparadas
por Dick Cheney. O dissimulado vice-presidente não queria que se
soubesse o que ele estava a fazer.
Kissinger foi acompanhado na sua excursão por uma
delegação de políticos muito poderosos e gente importante
de corporações, incluindo o antigo secretário de Estado
George Schultz, o antigo secretário do Tesouro Robert Rubin, o antigo
representante especial para o Controle de Armas,
Não-proliferação e Desarmamento Thomas Graham Jr., o
antigo senador Sam Nunn e o presidente da Chevron e seu responsável
chefe executivo David O'Reilly.
Caramba! É uma equipe impressionante de jogadores.
O grupo foi (presumivelmente) enviado para tratar tão discretamente
quanto possível assuntos oficiais do governo. Os media obviamente
cumpriram os pedidos da Casa Branca e mantiveram as suas bocas caladas.
Não é uma grande coisa a Primeira emenda?
O conjunto de talentos na delegação de Kissinger sugere que os
EUA e a Rússia estão empenhados em conversações
sensíveis e de alto nível sobre questões que vão
desde a não-proliferação e a Defesa de Mísseis
até a exploração e desenvolvimento energético, o
programa iraniano de "enriquecimento", a partição da
Sérvia (Kosovo), à queda do dólar e o maciço
défice americano de transacções correntes. Os EUA e a
Rússia estão às turras sobre muitas destas questões
e as relações entre os dois países tem-se deteriorado de
forma constante.
Ninguém realmente saber o que aconteceu nas reuniões. Mas a
julgar por comentários de Kissinger as coisas não correram
suavemente. Ele disse a um repórter: "Apreciámos o tempo
que o presidente Putin nos concedeu e a maneira franca como explicou o seu
ponto de vista".
Na fraseologia diplomática, "franca" habitualmente significa
que houve muitas áreas de forte desacordo. Presumivelmente, o principal
"ponto de discordância" é a insistência de Putin
num mundo "multi-polar" no qual os direitos soberanos dos outros
países fossem salvaguardados sob a lei internacional. Putin é
ferozmente nacionalista e não permitirá que a independência
da Rússia seja integrada na louca nova ordem mundial de Kissiger &
Companhia.
O Império responde menos de 48 horas após ter terminado a
conferência "Rússia-EUA: Uma visão sobre o
futuro". O secretário britânico dos Negócios
Estrangeiros, David Miliband, anunciou que o governo britânico
"expulsaria quatro diplomatas da Embaixada Russa em Londres em resposta
à recusa da Rússia a extraditar Andrei K. Lugovoi, o qual
é acusado por promotores britânicos de utilizar polónio 210
radioactivo para envenenar um crítico do Kremlin e antigo agente do KGB,
Alexander Litvinenko".
(New York Times)
A expulsão dos diplomatas é uma indicação clara de
que Bush ordenou a seu "novo criado", Gordon Brown, que
começasse uma campanha de perseguições contra a
Rússia.
A acção britânica é sem precedentes e estranha. O
ministro russo dos Negócios Estrangeiros evidentemente ficou estupefacto
com este movimento. Afinal de contas, a Grã-Bretanha recusou-se a
atender 21 pedidos da Rússia para extraditar o gangster-oligarca Boris
Berezovsky e o líder rebelde checheno Akhmed Zakayev, que actualmente
vivem em Londres. Como disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros
Alexander V. Grushko: "Se a Rússia usasse a mesma fórmula,
a embaixada britânica seria agora reduzida a cerca de 80
diplomatas". A hipocrisia é chocante, para dizer o mínimo.
Além disso, quem é que vai acreditar que o governo
britânico ganhou um súbito interesse na morte de um antigo agente
do KGB? Para o diabo, os britânicos matam mais iraquianos por dia em
torno de Bassorá do que alguém no Kremlin mata em um ano. Toda a
coisa fede a oportunismo político, tal como a investigação
do antigo primeiro-ministro libanês Rafik Hariri.
A Rússia actualmente está a explorar as suas opções
quanto à retaliação, mas as implicações de
choques inesperados são óbvias; os EUA e a Grã-Bretanha
colocaram a Rússia na sua "lista de inimigos" e planeiam
executar uma guerra de guerrilha de fustigação, calúnias e
operações encobertas destinadas a aprofundar as divisões
entre a Europa e a Rússia. Putin, naturalmente, continuará a ser
demonizado nos media ocidentais como uma ameaça crescente para os
valores democráticos.
No final das contas, o objectivo é contrapor a Europa contra a
Rússia, enquanto o Pentágono, a CIA e o M-15 decidem uma
estratégia a longo prazo a fim de ganhar o acesso aos recursos vitais de
petróleo e gás natural da Ásia Central e da Bacia do
Cáspio. Este é o principal objectivo e tanto Putin como
Kissinger sabem disto.
Até agora Putin parece ter o controle quanto a isto porque habilmente
fortaleceu alianças com seus aliados regionais no âmbito da
Comunidade de Estados Independente e porque a maior parte do gás
natural da Eurásia é bombeada através de gasodutos russos.
Um artigo no
Today's Zaman
dá um bom instantâneo da posição da Rússia
em relação aos recursos naturais da região:
"No que se refere a recursos naturais, a posição da
Rússia é muito forte: Ela possui 6,6 por cento das reservas
mundiais provadas de petróleo e 26 por cento das reservas de gás
do mundo. Além disso, actualmente representa 12 por cento do
petróleo mundial e 21 por cento da produção mundial de
gás mais recente. Em Maio de 2007, a Rússia era o maior produtor
do mundo de petróleo e gás.
Quanto a campeões nacionais, Putin fortaleceu e preparou a Gazprom (a
companhia de gás controlada pelo Estado), a Transneft (monopólio
do oleodutos) e a Rosneft (gigante petrolífero estatal). É por
isso que a Gazprom reteve a propriedade plena no campo de gás gigante de
Shtokman (7) e tomou a fatia de controle no projecto de gás natural
Sacalina-2. Em Junho de 2007, recuperou o campo de gás Kovytka que era
da BP e agora está por trás do campo de petróleo e
gás Kharyaga da Total" ("Vladimir Putin's Energystan and the
Caspian" Today's Zaman)
Putin, cinturão negro do Judo, provou ser adepto tanto da
geopolítica como das negociações. Colaborou com o governo
austríaco num enorme depósito de gás natural na
Áustria que facilitará o transporte de gás para o sul da
Europa. Juntou forças com a indústria alemã a fim de
construir um gasoduto submarino no Báltico até a Alemanha (o qual
poderia abastecer 80% das necessidades de gás alemãs).
Seleccionou a Total da França para apoiar o estabelecimento de
corredores de gasodutos para abastecer de gás a Turquia e os
Balcãs. Putin, muito deliberadamente, estendeu a influência da
Rússia por igual através da Europa com a intenção
de enfraquecer a Aliança Transatlântica e, finalmente, livrar-se
da dominação da América sobre o continente.
As aberturas de Putin a Merkel da Alemanha e a Sarkozy da França
são calculadas para enfraquecer a determinação dos
"Cavalos de Troia" neocon de Bush na UE e colocá-los no
ângulo da Rússia. Putin também está a atrair
considerável investimento estrangeiro para os mercados russos e adoptou
"um novo modelo de cooperação" no sector da energia que
"permitiria a parceiros estrangeiros partilharem dos benefícios
económicos do projecto, partilhar a administração e
assumir uma parte dos riscos industriais, comerciais e financeiros". (M K
Bhadrakumar "Russia plays the Shtokman card",
Asia Times
). Tudo isto destina-se a fortalecer laços entre a Europa e a
Rússia e tornar mais difícil para a administração
Bush o isolamento de Moscovo.
O CFE e a iminente crise dos mísseis de defesa
Na semana passada a Rússia anunciou a suspensão do Tratado de
Forças Armadas Convencionais na Europa (CFE) em retaliação
aos planos de Bush de instalar um sistema de defesa de mísseis na
Polónia e na Checoslováquia. Os Estados Unidos realmente nunca
haviam cumprido as disposições do tratado, mas isso não
impediu os europeus de reagirem com genuína preocupação.
A Rússia agora está livre para reinstalar as suas tropas e
armamento pesado nas suas fronteiras mais ocidentais. Isto está
destinado a provocar uma movimentação entre os antigos estados
soviéticos na Europa do Leste. O movimento na faz para aumentar a
segurança da Rússia, mas levanta as consciências de como a
provocatória Defesa de Mísseis de Bush está a colocar a
Europa na linha de fogo. A Defesa de Mísseis é uma
situação em que perdem todos os envolvidos; ela aumenta muito a
probabilidade de um engano que poderia terminar num intercâmbio nuclear.
Mais ainda: a expansão da NATO é uma parte crucial do plano
neocon para controlar os recursos minguantes do mundo. Assim, podemos esperar
que o presente impasse apenas intensificará a tomada de
posição das partes combatentes. O súbito aparecimento de
Kissinger, Schultz, Rubin e Nunn sugere que a situação tornou-se
tão preocupante que os Mestre do Império estão realmente a
emergir das sombras e a envolver-se directamente. Eles deixaram cair a tola
pretensão de que o nosso presidente fantoche está realmente a
dirigir a política externa. Não está.
Mas o que podem eles fazer?
É verdade que a NATO avançou para dentro da Polónia,
Hungria, Chéquia, Eslovénia, Eslováquia, Bulgária,
Roménia, Letónia, Estónia e Lituânia. Mas com que
vantagem? Putin nunca permitirá a NATO na Ucrânia e na
Geórgia mesmo que isto signifique fechar a torneira do gás
e deixar a Europa congelar até à morte no escuro.
Cheney diz que isto é chantagem.
Talvez. Mas para outros isto parece como um caminho directo de dizer às
pessoas que há um preço a pagar pelo mau comportamento. Se isto
é chantagem, deixem-nos contratar um advogado.
Kosovo: "As possibilidade de independência são nulas"
A Rússia e os EUA estão amargamente divididos na questão
da independência do Kosovo. A "independência do Kosovo"
não é senão uma expressão atraente cozinhada num
think tank da extrema direita para exprimir os objectivos geopolíticos
dos seus advogados. É também um modo de minimizar a limpeza
étnica provocada pelos EUA a qual fez com que a
"partição" parece palatável. Os seus apoiantes
são o sortimento habitual de intrometidos ocidentais, neocons e
globalizadores. O seu sonho é enfraquecer a Sérvia
através da divisão e tornando-a mais acessível aos
interesses estrangeiros.
O pró-americano secretário-geral, Ban Ki Moon, esta semana tentou
rapidamente impulsionar através de uma resolução sobre a
independência no Conselho de Segurança da ONU, mas diplomatas
russos travaram-no.
"Estou profundamente preocupado com a falta de progresso", resmungou
Ban em tom de desculpa. "Qualquer novo atraso é indesejável
para os Estados Balcânicos ou os países europeus".
O embaixador russo Vitaly Churkin foi excepcionalmente sincero na sua
rejeição da resolução proposta. Quando lhe foi
perguntado por um repórter acerca da probabilidade da
independência do Kosovo", Churkin respondeu: "As
probabilidades disso são nulas".
Bem dito, Vitaly.
O Kosovo é um caso interessante que lança um bocado de luz sobre
as manobras da claque de globalistas e os seus planos para a
dominação mundial. O caos e a morte seguem-se a todos os seus
movimentos. O seu modus operandi é "dividir e dominar"
através da violência indiscriminada e de operações
clandestinas maciças.
A Rússia merece crédito por não se render à
pressão americana. Putin recusa-se a premiar movimentos
"separatistas" ou permitir que as Nações Unidas
dissequem países soberanos de acordo com os caprichos dos seus
principais financiadores. Isto enraivece os globalistas e as suas
maquinações, mas é uma posição
lógica. O mandato da ONU é impedir guerras de agressão
não redesenhar fronteiras nacionais. Pergunte aos palestinos
quão bem isso funcionou da última vez que a ONU se envolveu no
negócio de "inventar um país".
Irina Lebedeva, no seu artigo "USA-Russia: Hitting the same Gate, or
playing the same game?, revela os motivos reais por trás da
independência do Kosovo".
"Documentos da Aliança do Atlântico Norte indicam que o bloco
pretende a 'balcanização' do espaço
pós-soviético com o objectivo de alcançar influência
nos territórios com conflitos actualmente congelados e a seguir a sua
internalização de acordo com as linhas jugoslavas estabelecidas a
preto e branco. Por exemplo: um relatório especial intitulado
"The New North Atlantic Strategy for the Black Sea Region", elaborado
pelo German Marshall Fund dos Estados Unidos por ocasião da cimeira da
NATO já se refere ao Mar Negro e ao Cáucaso do Sul
(Transcaucásia) como uma "nova terra de fronteira
euro-atlântica praguejada pela herança soviética de
conflitos". E a "região de conflitos congelados está a
evoluir para um agregado funcional na nova fronteira de um Ocidente
ampliado". O Azerbaijão e a Geórgia em tandem, nota o
relatório, bem como um insubstituível corredor para bases
americanas e da NATO e para teatros de operação na Ásia
Central e no Grande Médio Oriente".
Certo. Assim, o objectivo real da NATO é dividir países
existentes em partes mais pequenas, minar o nacionalismo, incitar conflitos
étnicos e criar uma "nova terra de fronteira
euro-atlântica" que proporcione um "corredor de trânsito
para a energia do Cáspio destinada à Europa" bem como um
ponto para a instalação de outras bases militares.
Soa um bocado como o Iraque, não é?
Isto dissiparia a noção de que os EUA se importariam com os
muçulmanos do Kosovo ou de que a América bombardeou Belgrando
até às ruínas para "derrubar o ditador,
Milosevic". Tudo isso são meias verdades,
desinformação ou mentiras directas. Os únicos interesses
da América são bases e petróleo. Ponto.
A escalada e a perspectiva de uma guerra mais vasta
Artigo publicado na noite passada (18/Julho/07) pelo
Times Online:
"Caças da RAF foram lançados a fim de interceptar dois
bombardeiros estratégicos russos que se dirigiam ontem para o
espaço aéreo britânico, de modo que o espírito da
Guerra Fria retornou mais uma vez ao Atlântico Norte. O incidente,
descrito como raro pela RAF, serviu como uma metáfora notável
quanto ao impasse entre Londres e Moscovo acerca do assassínio de
Alexander Litvinenko. Enquanto o Kremlin hesitava antes de responder à
expulsão de quatro diplomatas pela Grã-Bretanha, os militares
russos empenhavam-se num velho jogo de tinir de espadas. (Times Online, Richard
Beeston; "RAF Scrambles to intercept Russian bombers)
http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/europe/article2093759.ece
Isto é um bom exemplo de quão rapidamente as hostilidades podem
escalar quando os líderes sentem-se excessivamente confiantes no seu
fraco julgamento. A Rússia não deve ser subestimada, pois com
Putin não será acossada ou humilhada até à
submissão. Ela não será morta à fome como os
palestinos, bombardeada como os iraquianos, ou sequestrada e torturada como os
outros assim chamados inimigos do Império. Se Brown e Bush decidirem
que é um "bom desporto" espicaçar o Urso com uma vara
assim seja. Mas eles deveriam estar conscientes das
consequências. A Rússia gasta apenas 5% daquilo que os EUA
atribuem anualmente a despesas militares, mas ainda assim pode destruir
Washington e Londres numa questão de minutos. É algo que sempre
vale a pena considerar.
Putin: "Glavny protivnik", o inimigo principal?
Putin não é inimigo da América. É um nacionalista
orgulhoso que retirou o seu país da depressão e anarquia para a
prosperidade e o renascimento do patriotismo. Ele estabilizou o rublo,
consolidou o seu poder regional e elevou o padrão de vida para toda a
classe de russos. A Federação Russa agora tem a terceira maior
reserva de divisas estrangeiras, as maiores reservas de gás natural, e
muitas vezes fornece mais petróleo para mercados estrangeiros do que a
Arábia Saudita. O país recuperou o seu prestígio
internacional e tornou-se uma força para a paz e a estabilidade na
região.
O Ocidente e particularmente os Estados Unidos precisa arcar com
o lugar ascendente da Rússia no palco mundial. A Rússia
não está indo embora. O petróleo e o gás natural
estão a ficar mais escassos e mais custosos dia a dia. O poder da
Rússia naturalmente crescerá na proporção em que
diminuírem abastecimentos cruciais. Isto não pode ser evitado
sem iniciar uma terceira, e talvez final, guerra mundial.
A proeminência da América no mundo depende em grande medida da sua
capacidade para controlar o sistema económico global. Tal sistema exige
que o dólar continue a estar ligado às reservas de
petróleo. Mas o petrodólar está sob ataque por toda a
parte. A única solução é controlar dois
terços do petróleo remanescente no mundo o qual
está na Bacia do Cáspio e exigir pagamentos em
dólares.
Mas este plano fracassou. A guerra no Iraque está perdida e quanto mais
a América ali permanecer mais dura será a queda. O
petróleo não continuará a ser comerciado em
petrodólares, o US Dólar perderá o seu lugar como a
"divisa de reservas" do mundo, e a América deslizará
para uma longa e agónica depressão económica.
As maquinações e a secreta "diplomacia de viagens" de
Kissinger e seus sequazes equivale a nada. A situação é
irreversível. Geografia é destino.
Precisamos mostrar o ramo de oliveira à Rússia e preparar-nos
para a inevitável mudança do poder mundial. Enquanto isso
precisamos retirar-nos do Iraque e deixar a inevitável luta pelo poder
político começar. A nossa presença só aumenta a
violência.
A liderança americana ainda pode ser salva se erradicarmos o cancro que
infectou o corpo político e restaurarmos os princípios do governo
republicano. Mas isto não será fácil. Os pequenos
quadros das elites dominantes que controlam a política são
guiados por uma força mais poderosa do que a compulsão criativa
ou mesmo a vontade de sobreviver. Eles estão esmagados por um
sentimento de "direito"
("entitlement")
a crença fanática que nasceram para governar o mundo.
Isto é o fundamentalismo do homem rico.
O único meio de os EUA poderem desempenhar um papel produtivo no futuro
do mundo, e participar nas decisões ameaçadoras das
espécies com as quais todos nos defrontamos (aquecimento global, pico
petrolífero, proliferação nuclear, fome, doença)
é através da remoção deste elemento venenoso da
nossa vida política e responsabilizá-los pela sua longa lista de
crimes. Do contrário, as nossas confrontações com a
Rússia, Venezuela, Irão e outros tornar-se-ão cada vez
mais incontroláveis e violentas provocando sofrimento e morte numa
escala inimaginável.
Até para nós.
19/Julho/2007
O original encontra-se em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=6365
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
|