Quarenta milhões de russos tomam parte em ensaio de "desastre
nuclear"
Os media ocidentais praticamente ignoraram esta notícia
por Tyler Durden
Quando as relações entre a Rússia e os EUA se desintegram
em consequência da escalada na guerra proxy na Síria, a qual
culminou hoje com uma
paralisação por Putin do esforço de limpeza do Plutónio em conjunto com os EUA
, pouco antes de o Departamento de Estado dos EUA ter anunciado que
cessaria negociações
com a Rússia sobre a Síria, amanhã (5/Out) um
número sem precedentes de 40 milhões de cidadãos russos,
bem como 200 mil especialistas de "divisões de resgate de
emergência" e 50 mil unidades de equipamentos
começarão a tomar parte num ensaio com quatro dias de
duração de defesa civil, evacuação de
emergência e preparação para desastres, informou o
ministro russo da Defesa Civil no seu sítio web
.
De acordo com o ministro, amanhã (5) de manhã haverá um
ensaio de defesa civil por toda a Rússia envolvendo autoridades
executivas federais, regionais e governos locais denominado
"Organização da defesa civil durante grandes desastres
naturais e causados pelo homem na Federação Russa em todos os
territórios da Federação e perdurará até 7
de Outubro. Apesar de o ministro não ter especificado que espécie
de "desastre causado pelo homem" ele imagina, este teria de ser
substancial para 40 milhões de russos tomarem parte no ensaio de
preparação de emergência. Entretanto, a partir da leitura
das linhas orientadoras do ensaio podemos ter uma boa ideia do que é que
a Rússia está a preparar-se.
O sítio web acrescenta que "o principal objectivo do ensaio
é praticar a organização da gestão durante eventos
de defesa civil e de emergência e de gestão de incêndios,
para verificar a preparação da gestão dos corpos e
forças da defesa civil a todos os níveis para responder a
desastres naturais e de feitura humana e adoptar medidas de defesa civil".
Oleg Manuilov, director do Ministério da Defesa Civil, explicou que o
exercício será um teste de como a população
responderia a um "desastre" sob uma situação de
"emergência".
Esta etapa pretende praticar a notificação e reunião de
responsáveis superiores de autoridades executivas federais e regionais,
governos locais e forças de defesa civil, instalaçlão de
sistema de gestão de defesa civil a todos os níveis, leituras de
comunicações da defesa civil e sistema de
notificação. Depois de o Centro Nacional de Gestão da
Crise ter emitido os sinais, todos os corpos de gestão, autoridades do
estado, forças e instalações e pessoas em serviço
serão notificadas através dos sistemas disponíveis.
II etapa: Planeamento e organização de acções de
defesa civil. Posicionar uma equipe de forças e
instalações de defesa civil concebidas para responder a grandes
desastres e incêndios.
Nesta etapa planeia-se praticar o posicionamento de uma equipe
inter-agências móvel multi-funcional de forças e
instalações de defesa civil em cada distrito federal a fim de
executar operações de resgate e outras urgentes,
acções de defesa civil e posicionar unidades especiais de defesa
civil nos territórios que as constituem; colocar de prontidão
unidades militares de resgate, divisões do serviço federal de
incêndios e unidades de resgate. Esta etapa providencia o reforço
das equipes, a activação de centros de controle de retaguarda e a
prática de coleccionar e trocar informação no campo da
defesa civil.
III etapa: Organização de acções de gestão
de organismos e forças da defesa civil para responder a grandes
desastres e incêndios.
Esta etapa tratará da utilizalção da equipe de defesa
civil para responder a grandes
desastres e incêndios, estabelecendo centros de controle aéreo e
móveis, revisão de estradas para permitir evacuação
de pessoas, organização de serviços vitais; destacando
unidades de incêndio e resgate do serviço federal de
incêndios para extinguir fogos e conduzir operações de
resgate em instalações potencialmente perigosas
, incluindo entidades territoriais administrativas fechadas.
O ensaio treinará
protecção radiológica, química e biológica
do pessoal e da população durante emergência em
instalações cruciais e potencialmente perigosas
.
Também se planeia verificar a segurança de incêndios, a
defesa civil e protecção humana em instituições
sociais e edifícios públicos. Unidades de resposta
instalarão centros de monitoramento de [ameaças] radioactivas,
químicas e biológicas, além de postos sanitários em
áreas de emergência, enquanto redes de laboratórios de
controle são colocadas de prontidão.
O facto de que entre as medidas consideradas para as equipes de defesa civil
haverá resposta a "desastres de fogos" bem como o treino em
"protecção radioactiva, química e
biológica", deixa claro que a Rússia talvez esteja prestes a
efectuar seu maior exercício de guerra nuclear desde o fim da Guerra
Fria.
Por que agora? Talvez, em acréscimo à aguda
deterioração das relações entre a Rússia e o
ocidente, onde tensões estão a par da guerra fria, uma outra
resposta possa vir do Chefe do estado maior das forças armadas dos EUA
(Chairman of the Joint Chiefs of Staff), Joseph Dunford,
o qual na semana passada advertiu o Congresso
de que a implementalção de uma Zona No Fly na Síria, tal
como proposta recentemente por John Kerry e peça central da
estratégia de política externa de Hillary, resultaria na III
Guerra Mundial.
Durante o depoimento perante o Comité de Serviços Armados do
Senado, na semana passada, o general Joseph Dunford tocou o alarme sobre uma
mudança política que está a progredir dentro dos
corredores de Washington a seguir ao colapso do cessar-fogo na Síria
negociado pelos Estados Unidos e Rússia dizendo que podia resultar numa
grande guerra internacional a qual ele não estava preparado para advogar
a favor. O senador Roger Wicker, do Mississippi, perguntou acerca da proposta
de Hillary Clinton para uma no fly zone na Síria em resposta a
alegações de que a Rússia e a Síria intensificaram
seu bombardeamento aéreo de Alepo Leste mantido pelos rebeldes desde o
colapso do cessar fogo.
"E acerca da opção de controlar o espaço aéreo
de modo a que bombardeamento generalizados (barrel bombs) não possam ser
efectuados? O que pensa dessa opção?" perguntou Wicker.
"Neste exacto momento, Senador, para controlarmos todo o espaço
aéreo da Síria seria preciso ir à guerra contra a
Síria e a Rússia. Essa é uma bela decisão
fundamental que eu certamente não vou tomar"
, disse o chefe do Estado Maior, sugerindo que esta política era
demasiado drástica mesmo para líderes militares.
Para recordar: Hillary Clinton argumentou fortemente a favor de uma zona no fly
desde Outubro de 2015, poucos dias depois de a Rússia começar uma
campanha de bombardeamento destinada a manter a estabilidade do governo
sírio. "Eu pessoalmente estaria a advogar agora uma zona no fly e
corredores humanitários para tentar parar a carnificina sobre o terreno
e a partir do ar, tentar providenciar algum de inventariar o que está a
acontecer, tentar deter o fluxo de refugiados", disse Clinton uma
entrevista com a NBC em Outubro de 2015
.
Apesar das advertências, a antiga secretária de Estado e actual
candidata presidencial, a qual tem uma bem conhecida posição
militarista quanto a mudanças de regime e assuntos relacionados com a
Rússia, continuou a advogar esta posição a qual tem
progredido nas últimas semanas entre diplomatas de topo dos EUA.
Clinton não está sozinha: como informou em Junho o
Wall Street Journal,
mais de 50 diplomatas dos EUA endossaram um notório memorando
dissidente, a pedir que a administração Obama empregue
opções militares contra Assada, tal como a
implementação de uma zona no fly se não mesmo um ataque
directo contra o regime sírio. O argumento dos diplomatas é que a
situação na Síria continuará a degenerar sem
acção directa do militares dos EUA, um argumento de legalidade
dúbia se empreendido unilateralmente sem uma resolução do
Conselho de Segurança da ONU. Mas,
como informa a Sputnik
, a embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, tem estado a preparar a base,
sob a controversa teoria do "direito de proteger", argumentando que a
oposição da Rússia a uma resolução deveria
ser ignorada porque ela é uma parte do conflito.
A Rússia, por sua vez, tem replicado que se o regime Assad cair
então grupos terroristas incluindo o ISIS e a Frente al-Nusra
provavelmente preencherão o vácuo de poder, afundando o
país para que se converta num ainda maior porto de abrigo do terrorismo
internacional. Finalmente, o conflito sírio é fundamentalmente
sobre transporte de energia e sobre, se a Rússia mantém sua
dominância sobre as importações europeias de gás
natural, ou se com o regime sírio deposto um pipeline de
gás natural do Qatar pode atravessar o território e chegar
à Europa.
Quanto ao ensaio russo de guerra nuclear, podemos apenas esperar que tais
indícios crescentes de conflito nuclear permaneçam no
âmbito do puramente teórico.