Os exércitos secretos da NATO (IX)
A guerra secreta em Portugal
Este artigo faz sequência a:
1.
"Quando o juiz Felice Casson revelou o Gládio..."
2.
"Quando o Gládio foi descoberto nos Estados europeus..."
3.
"Gládio: Porque a NATO, a CIA e o MI6 continuam a negar"
4.
"Os esgotos de Sua Majestade"
5.
"A guerra secreta, actividade central da política estrangeira de Washington"
6.
"A guerra secreta em Itália"
7.
"A guerra secreta em França"
8.
"A guerra secreta em Espanha"
O Gladio dispunha de uma base eficaz em Portugal, no tempo do Salazar. Embora
só conheçamos indirectamente o seu funcionamento, através
de estudos italianos, o historiador Daniele Ganser conseguiu identificar o seu
papel em Portugal e nas suas colónias africanas. Graças a esse
dispositivo, a NATO não se contentou em assassinar oponentes a Salazar,
mas também líderes revolucionários africanos de primeiro
plano, como Amílcar Cabral.
Em Maio de 1926, o general Gomes da Costa assumiu o poder em Portugal
através de um golpe de estado, aboliu a Constituição e o
Parlamento e instaurou a ditadura. Uns anos mais tarde, o ditador Salazar
assumiu as rédeas do país. Durante a guerra civil espanhola,
apoiou o general Franco a quem forneceu tropas e material. Os dois homens
aliaram-se para garantir a Hitler e a Mussolini a neutralidade de toda a
península ibérica, facilitando assim consideravelmente a sua
tarefa na frente ocidental. Os quatro ditadores entraram em acordo quanto
à necessidade de combater e de aniquilar o comunismo na União
Soviética e nos seus países respectivos.
Mas, como a URSS saiu vitoriosa da segunda guerra mundial e Hitler e Mussolini
foram derrotados, Salazar e Franco ficaram numa posição delicada
em 1945. No entanto, como os Estados Unidos do Presidente Truman se envolveram
numa guerra mundial contra o comunismo, os dois ditadores da península
puderam beneficiar do apoio silencioso de Washington e de Londres. Apesar do
apoio de Salazar ao golpe de Franco e da sua aliança com as
potências do Eixo, Portugal foi autorizado a figurar, para surpresa de
muita gente, entre o número dos membros fundadores da NATO em 1949.
Seguiu-se um reinado praticamente sem oposição de quase 40 anos
até que a morte de Salazar, em 1970, permitiu enfim que Portugal
entrasse numa transição democrática e integrasse a
União Europeia.
À imagem do que se pôde observar nas ditaduras de extrema direita
da América Latina e sob o regime autoritário de Franco, o povo
português era vigiado permanentemente por um aparelho de segurança
que funcionava na sombra e fora de qualquer enquadramento legal definido pelo
Parlamento. Os golpes sujos visando a oposição política e
os comunistas multiplicaram-se durante o regime de Salazar. Essas
operações eram efectuadas por diversos serviços e
órgãos, entre os quais a tristemente célebre
Polícia Internacional e de Defesa do Estado, ou PIDE, e os serviços
secretos militares portugueses.
Como não foi feito nenhum estudo aprofundado sobre as
organizações de extrema-direita e as operações
especiais que decorreram durante a ditadura de Salazar, os laços com a
rede anticomunista secreta da NATO não são muito claros. A
existência em Portugal de exércitos secretos próximos da
CIA e da NATO foi revelada pela primeira vez em 1990, no seguimento da
descoberta do Gladio italiano. "
Em Portugal, uma rádio lisboeta noticiou que tinham sido utilizadas
células duma rede associada à Operação Gladio
durante os anos cinquenta para apoiar a ditadura de extrema-direita do Dr.
Salazar
" pôde ler-se na imprensa internacional.
[1]
Cinco anos depois, o autor americano Michael Parenti escreveu, sem todavia
revelar as suas fontes, que agentes do Gladio tinham "
ajudado a consolidar o regime fascista em Portugal
".
[2]
Mais precisamente, a imprensa local revelou em 1990 que o exército
secreto de Portugal existia com o nome de código
"Aginter Press".
Com o título "
O 'Gladio' funcionava em Portugal
", o semanário português
O Jornal
anunciou a uma população estupefacta que:
"A rede stay-behind, concebida no próprio seio da NATO e financiada pela
CIA cuja existência acaba de ser revelada por Giulio Andreotti, dispunha
de um ramo em Portugal, activo nos anos sessenta e setenta. Tinha o nome de
'Aginter Press'"
e esteve sem dúvida implicada nos assassínios em
território nacional assim como nas colónias portuguesas em
África.
[3]
A Aginter Press não tinha rigorosamente nada a ver com a imprensa. Essa
agência não imprimia nem livros nem brochuras de propaganda
anticomunista, mas treinava terroristas de extrema-direita e efectuava golpes
sujos e operações clandestinas no interior e no exterior das
fronteiras de Portugal. Essa organização, tão misteriosa
como violenta, era sustentada pela CIA e comandada por quadros de
extrema-direita europeus que, com a ajuda da PIDE, recrutavam militantes
fascistas. O inquérito feito pelo Senado italiano sobre o Gladio e o
terrorismo permitiu determinar que certos extremistas italianos tinham sido
formados pela Aginter Press. Enquanto que em Portugal se ficava a saber que uma
subdivisão da Aginter Press, baptizada de "
Organização Armada contra o Comunismo Internacional
" também tinha operado na Itália, os senadores italianos
descobriram que a organização Aginter Press tinha recebido o
apoio da CIA e que era dirigida pelo capitão Yves Guillon, mais
conhecido pelo pseudónimo de Yves Guérain-Sérac,
especialista das operações de guerra clandestina a quem os
Estados Unidos tinham atribuído várias medalhas militares entre
as quais a Estrela de Bronze Americana por se ter distinguido na guerra da
Coreia. "Segundo indicam os resultados do inquérito criminal",
concluía o relatório do inquérito italiano, "a
Aginter Press era uma central de informações próxima da
CIA e dos serviços secretos portugueses e especializada em
operações de provocação".
[4]
Enquanto o governo português hesitava em abrir um inquérito sobre
a história sombria da Aginter Press e da guerra secreta, a
Comissão senatorial italiana prosseguia as suas pesquisas e, em 1997,
ouviu o juiz Guido Salvini. Um verdadeiro especialista em questões de
terrorismo de extrema-direita, o magistrado tinha examinado com minúcia
os documentos disponíveis sobre a Aginter Press. O senador Manca
interrogou-o: "
A CIA americana, segundo o senhor,
é directamente responsável pela operações
efectuadas pela Aginter Press?", a que o juiz respondeu: "
Senador Manca, está a fazer uma pergunta muito importante
" e pediu, dada a natureza delicada da resposta, para ser ouvido em
privado. Foi autorizado e a partir daí todos os documentos foram
classificados como confidenciais.
[5]
Em público, o juiz Salvini explicou que era "
difícil dar uma definição exacta do que é a Aginter
Press
", mas mesmo assim tentou dar uma descrição: "
É uma organização que, em muitos países,
nomeadamente na Itália, inspira e apoia os planos de grupos
cuidadosamente escolhidos que agem segundo protocolos definidos contra uma
situação que decidiram combater
". O exército anticomunista secreto da CIA, Aginter Press,
funciona, continuou ele, "
em função dos seus objectivos e dos seus valores, que são
essencialmente a defesa do Ocidente contra uma invasão provável e
iminente da Europa pelas tropas da URSS e dos países comunistas
".
[6]
Sempre segundo o juiz italiano, o exército secreto português
garantia, como a maior parte das outras redes da Europa do Ocidente, uma dupla
função. A rede
stay-behind
treinava-se secretamente para uma eventual invasão soviética e,
na expectativa dessa invasão, perseguia os movimentos políticos
de esquerda, seguindo estratégias de guerra clandestina praticadas em
vários países da Europa ocidental.
Embora uma boa parte dos seus membros já tivessem prestado
serviços em diversos grupúsculos anticomunistas no decurso dos
anos anteriores, a Aginter Press só foi oficialmente fundada em Lisboa
em Setembro de 1966. Parece que os seus fundadores e a CIA foram guiados menos
pelo receio duma invasão soviética do que pelas possibilidades de
acção interna. Com efeito, esse período foi marcado pelas
manifestações da esquerda que denunciava a guerra do Vietname e o
apoio dado pelos Estados Unidos às ditaduras de extrema-direita na
América Latina e na Europa, nomeadamente em Portugal. O ditador Salazar
e a sua polícia, a PIDE, temiam especialmente as consequências
desse movimento social susceptível de desestabilizar o regime e,
portanto, apelaram à Aginter Press para que o submetesse.
A maior parte dos soldados de sombra que foram recrutados pela CIA para
engrossar as fileiras deste exército secreto já tinham combatido
em África e na Ásia do sudeste onde tinham tentado em vão
impedir o acesso à independência das antigas colónias
europeias. O director da Aginter Press, o próprio capitão Yves
Guérain-Sérac, católico fervoroso e ardente anticomunista
recrutado pela CIA, era um antigo oficial do exército francês que
tinha assistido à derrota da França frente ao Reich durante a
segunda guerra mundial. Também tinha combatido na guerra da Indochina
(1946-1954), na guerra da Coreia (1950-1953) e na guerra da Argélia
(1954-1962). Tinha prestado serviço na famosa 11ª Semi-Brigada
Pára-quedista de Choque, a unidade encarregada de golpes sujos sob as
ordens do SDECE, o serviço francês de informações
externas, também ele próximo da rede
stay-behind
Rosa dos Ventos. Em 1961, Guérain-Sérac tinha fundado,
juntamente com outros oficiais aguerridos do 11º Choque, a
Organização do Exército Secreto, ou OAS, que lutou por uma
Argélia francesa e tentou derrubar o governo do general de Gaulle para
instaurar um regime autoritário anticomunista.
Depois de a Argélia ter acedido à independência em 1962, e
de o general de Gaulle ter dissolvido a OAS, os antigos oficiais do
exército secreto, entre os quais Guérain-Sérac, correram
grande perigo. Fugiram da Argélia e ofereceram aos ditadores da
América Latina e da Europa a sua valiosa experiência da guerra
secreta, das operações clandestinas, do terrorismo e do
contra-terrorismo, em troca do direito de asilo.
[7]
Esta diáspora da OAS veio reforçar as organizações
de activistas de extrema-direita em numerosos países. Em Junho de 1962,
Franco apelou aos talentos de Yves Guérain-Sérac, a fim de ele se
juntar ao combate do exército secreto espanhol contra a
oposição. De Espanha, Guérain-Sérac passou a seguir
para Portugal, que aos olhos dele era o último império colonial
e, sobretudo, o último bastião contra o comunismo e o
ateísmo. Como um perfeito soldado da guerra-fria, ofereceu os seus
serviços a Salazar: "
Os outros depuseram as armas, mas eu não. Depois da AOS, fugi para
Portugal para continuar o combate e travá-lo à sua verdadeira
escala ou seja, à escala planetária
".
[8]
Em Portugal, Guérain-Sérac associou-se a extremistas franceses e
a renegados da OAS. O antigo pétainista Jacques Ploncard d'Assac
apresentou-o nos meios fascistas e aos membros da PIDE. Dada a sua grande
experiência, Guérain-Sérac foi recrutado como instrutor no
seio da Legião Portuguesa e das unidades de contra-guerrilha do
exército português. Foi neste contexto que ele criou, com a ajuda
da PIDE e da CIA, a Aginter Press, um exército anticomunista
ultra-secreto. A organização constituiu os seus próprios
campos de treino nos quais mercenários e terroristas seguiam um programa
de três semanas de formação em operações
secretas que incluíam nomeadamente as técnicas de atentados
à bomba, assassínios silenciosos, métodos de
subversão, comunicações clandestinas,
infiltração e guerra colonial.
Ao lado de Guérain-Sérac, o terrorista de extrema-direita Stefano
Delle Chiaie participou também na fundação da Aginter
Press. "
Agíamos contra os comunistas, contra a burguesia estabelecida e contra a
democracia que nos tinha privado da nossa liberdade. Fomos portanto
forçados a recorrer à violência
", explicou mais tarde Delle Chiaie. "
Consideravam-nos como criminosos mas na realidade éramos as
vítimas de um movimento liberal antifascista.
Queríamos espalhar as nossas ideias, queríamos ser ouvidos pelo
mundo inteiro
". Por alturas de meados dos anos sessenta, Delle Chiaie, que na altura
tinha 30 anos, fundou com Guérain-Sérac, e com o apoio da CIA, o
exército secreto Aginter. "
Com um dos meus amigos francês
[Guérain-Sérac],
decidi então
[em 1965]
fundar a agência de imprensa Aginter Press a fim de termos os meios de
defender as nossas opiniões políticas
".
[9]
No decurso dos anos que se seguiram, Delle Chiaie tornou-se talvez no
combatente mais sanguinário da guerra secreta. Em Itália, tomou
parte em golpes de estado e em atentados, entre os quais o da Piazza Fontana em
1969 e, com o nazi Klaus Barbie, chamado o "
Carniceiro de Lyon
", contribuiu para consolidar o poder de ditadores sul-americanos.
[10]
"
Os nossos efectivos são formados por dois tipos de homens: (1) oficiais
que se juntaram a nós depois de terem combatido na Indochina e na
Argélia e alguns que se alistaram depois da batalha da Coreia
", explicou o director da Aginter, Guérain-Sérac em pessoa,
"(2) intelectuais que, durante esse mesmo período, se interessaram
pelo estudo das técnicas de subversão marxista
". Esses intelectuais, como fez questão de observar, formaram
grupos de estudo e partilhavam as suas experiências "
para tentar dissecar as técnicas de subversão marxista e
lançar as bases duma contra-técnica
". A batalha, não tinha qualquer dúvida quanto a isso, devia
ser travada em numerosos países: "
No decurso desse período, estabelecemos contactos sistemáticos
com grupos de ideias próximas das nossas que surgiram na Itália,
na Bélgica, na Alemanha, em Espanha e em Portugal, na óptica de
constituir um núcleo duma verdadeira Liga Ocidental de Luta contra o
Marxismo
".
[11]
Saídos directamente de teatros de operações, muitos dos
combatentes de sombra, e sobretudo os seus instrutores, entre os quais
Guérain-Sérac, tinham pouca simpatia ou conhecimento pelos
métodos de resolução pacífica de conflitos. O
próprio director da Aginter estava convencido, como muitos outros, que a
luta contra o comunismo na Europa ocidental implicava obrigatoriamente o
recurso ao terrorismo: "
Na primeira fase da nossa actividade política, devemos instaurar o caos
em todas as estruturas do regime
", declarou sem esclarecer a que país se referia. "
Há duas formas de terrorismo que permitem obter esse resultado: o
terrorismo cego (através de atentados visando um grande número de
civis) e o terrorismo selectivo (através da eliminação de
personalidades marcadas)
". Tanto num caso como noutro, o atentado secretamente perpetrado pela
extrema-direita devia ser imputado à esquerda, conforme sublinhou o
paladino e ideólogo do terrorismo anticomunista: "
Esses ataques contra o Estado devem, tanto quanto possível, passar por
'actividades comunistas'
". Os atentados terroristas dos exércitos secretos eram concebidos
como um meio de desacreditar o regime em vigor e de obrigá-lo a pender
para a direita: "
A seguir, devemos intervir no coração do aparelho militar, do
poder judicial e da Igreja, a fim de influenciar a opinião
pública, de propor uma solução e de demonstrar claramente
a fraqueza do arsenal jurídico actual (
) A opinião
pública deve ser polarizada de maneira tal que nós
apareçamos como o único instrumento capaz de salvar a
nação. Parece óbvio que teremos necessidade de meios
financeiros consideráveis para levar a bom termo essas
operações
".
[12]
Humberto Delgado, o "general sem medo", apresenta-se nas
eleições presidenciais portuguesas de 1958. É derrotado
graças a uma gigantesca fraude eleitoral e tem de se exilar. É
assassinado em 1965 por um comando da PIDE preparado pelo Gládio, sob o
comando de Rosa Casaco.
A CIA e a PIDE, os serviços secretos militares de Salazar,
encarregaram-se de fornecer os fundos necessários para o empreendimento
terrorista do capitão Guérain-Sérac. É num
documento interno da Aginter, intitulado "
A Nossa Actividade Política
", datado de Novembro de 1969 e que foi descoberto em 1974, que ele
descreve como um país pode ser alvo duma guerra secreta: "
A nossa convicção é que a primeira fase da actividade
política deve consistir em criar as condições
favoráveis à instauração do caos em todas as
estruturas do regime
". Elemento essencial desta estratégia, as violências
perpetradas deviam ser atiradas para cima dos comunistas e, bem entendido,
todos os indícios deviam levar a essa conclusão. "
Pensamos que é necessário, num primeiro tempo, destruir a
própria estrutura do Estado democrático a coberto de actividades
comunistas ou pró-chinesas
". O documento insistia seguidamente na necessidade de infiltrar os grupos
de militantes de esquerda a fim de melhor os manipular: "
Além disso, dispomos de homens infiltrados nesses grupos e que nos
permitirão agir sobre a própria ideologia do meio
através de acções de propaganda e outras, realizadas de
tal maneira que parecerão ser obra dos nossos adversários
comunistas
". Essas operações realizadas sob falsa bandeira,
concluía esse plano de acção, "
criarão um sentimento de hostilidade para com os que ameaçam a
paz de cada um dos nossos países
", ou seja, os comunistas.
[13]
No decurso da primeira fase do seu plano, os oficiais, mercenários e
terroristas da Aginter Press dedicaram-se a enfraquecer e aniquilar as
facções de guerrilheiros que lutavam pela independência das
colónias portuguesas. Por volta de meados dos anos sessenta, o primeiro
teatro de operações da organização não foi
pois a Europa, mas a África onde o exército português
enfrentava os movimentos independentistas. A Aginter colocou os seus
responsáveis de operações nos países
limítrofes da África portuguesa. "
Os seus objectivos englobavam a eliminação dos líderes dos
movimentos de libertação, a infiltração, o
estabelecimento de redes de informadores e de agentes provocadores e a
utilização de falsos movimentos de libertação
".
[14]
Essas guerras secretas eram travadas em coordenação com a PIDE e
outros serviços do governo português. "
A Aginter correspondia-se por escrito com a PIDE no quadro das suas
operações especiais e das suas missões de espionagem
".
[15]
Entre as personalidades mais importantes, que foram vítimas dos
assassínios orquestrados pela Aginter em Portugal e nas colónias,
figuram sem dúvida Humberto Delgado, líder da
oposição portuguesa, Amílcar Cabral, uma das figuras
emblemáticas da revolução africana, e Eduardo Mondlane,
líder e presidente do partido de libertação de
Moçambique, a FRELIMO (Frente de Libertação de
Moçambique), que foi morto em Fevereiro de 1969.
[16]
Apesar da violência dos métodos utilizados, Portugal não
conseguiu impedir que as suas colónias acedessem à
independência. Goa foi absorvida pela Índia em 1961. A
Guiné-Bissau tornou-se independente em 1974, Angola e Moçambique
em 1975, enquanto, nesse mesmo ano, Timor Leste foi invadido pela
Indonésia.
Paralelamente a essas guerras coloniais, a Aginter Press desempenhou
também um papel importante nas guerras secretas travadas contra os
comunistas da Europa ocidental. Os documentos disponíveis sobre os
exércitos
stay-behind
da NATO e a guerra clandestina parecem indicar que a organização
lisboeta foi responsável por mais violências e assassínios
do que qualquer outro exército secreto do velho continente. Os seus
soldados de sombra agiam com uma mentalidade aparte. Contrariamente aos seus
homólogos do P26 suíço ou do ROC norueguês,
participavam em verdadeiras guerras abertas nas colónias e matavam em
cadeia, sob o comando de um capitão que, seguro duma experiência
adquirida na Indochina, na Coreia e na Argélia, não concebia
outro meio de acção que não fosse a violência.
A operação realizada pelos combatentes de sombra em nome da luta
contra o comunismo sobre a qual estamos mais bem informados é
provavelmente o atentado da Piazza Fontana que atingiu as capitais
políticas e industriais da Itália, Roma e Milão, pouco
antes do Natal, a 12 de Dezembro de 1969. Nesse dia, quatro bombas explodiram
nas duas cidades, matando às cegas 16 civis, na sua maioria camponeses
que se dirigiam ao Banca Nazionale Dell'Agricultura de Milan para depositar as
suas modestas receitas de um dia de mercado. Ficaram feridas ou mutiladas mais
oitenta pessoas. Uma das bombas colocadas na Piazza Fontana não explodiu
por causa do mau funcionamento do temporizador, mas quando os agentes do SID e
a polícia chegaram ao local, apressaram-se a destruir os indícios
comprometedores, fazendo explodir a bomba. A execução desse
atentado obedecia estritamente às estratégias de guerra secreta
definidas por Guérain-Sérac. Os serviços secretos
italianos atribuíram esse acto à extrema-esquerda, chegando ao
ponto de colocar os componentes de um engenho explosivo na casa do editor
Giangiacomo Feltrinelli, conhecido pelas suas ideias de esquerda e aproveitaram
para prender numerosos comunistas.
[17]
Um relatório interno do SID, classificado como confidencial, e datado de
16 de Dezembro de 1969, suspeitava já que os atentados de Roma e
Milão podiam ter sido feitos pela extrema-direita com o apoio da CIA.
[18]
No entanto, a opinião pública italiana foi alimentada pela ideia
de que os comunistas italianos, na altura muito influentes, tinham decidido
recorrer à violência para conquistar o poder. Na realidade, a
paternidade desses actos recaía muito obviamente nas
organizações fascistas Ordine Nuovo e Avanguardia Nazionale que
agiam em estreita colaboração com os exércitos
stay-behind.
O militante de extrema-direita, Guido Giannettini, que foi directamente
implicado nos atentados, era colaborador próximo da
organização portuguesa Aginter Press. "
O inquérito confirmou que existiam mesmo entre a Aginter Press, a
Ordine Nuovo e a Avanguardia Nazionale
", anunciou o juiz Salvini aos membros da comissão de
inquérito senatorial. "
Ressalta claramente que Guido Giannettini estava em contacto com
Guérain-Sérac em Portugal desde 1964. Ficou estabelecido que
instrutores da Aginter Press (
) se deslocaram a Roma entre 1967 e 1968 e
treinaram membros da Avanguardia Nazionale no manejamento de explosivos".
O juiz Salvini concluiu, com base nos documentos disponíveis e nos
testemunhos recolhidos, que a Aginter Press, uma fachada da CIA, tinha
desempenhado um papel decisivo nas operações de guerra
clandestina realizadas na Europa ocidental e tinha executado uma série
de atentados sangrentos a fim de desacreditar os comunistas italianos.
[19]
Estes factos foram confirmados em Março de 2001 pelo general Giandelio
Maletti, antigo patrono da contra-espionagem italiana, que testemunhou no
quadro do processo de militantes de extrema-direita, acusados de ter provocado
a morte de 16 pessoas nos atentados da Piazza Fontana. Perante o tribunal de
Milão, Maletti declarou que: "
A CIA, seguindo as directrizes do seu governo, queria fazer nascer um
nacionalismo italiano capaz de combater o pendor para a esquerda do país
e, nesta óptica, não é impossível que se tenha
socorrido de terroristas de extrema-direita
". Este depoimento crucial comparava a CIA a uma organização
terrorista. "
Não se esqueçam que era Nixon que se encontrava na altura
à frente do país
", lembrou o general, "
e Nixon não era um homem vulgar, um político muito apurado, mas
um homem de métodos pouco ortodoxos
".
[20]
O juiz italiano Guido Salvini confirmou que todas as pistas levavam a "um
serviço de informações estrangeiro". "
Quando diz 'serviço de informações estrangeiro'
está a referir-se à CIA
?", insistiram os jornalistas italianos, ao que Salvini respondeu
prudentemente: "
Estamos em condições de afirmar que sabemos pertinentemente quem
participou na preparação dos atentados e quem estava sentado
à mesa quando foram dadas as ordens. Isso é incontestável
".
[21]
Não contente por lutar contra o comunismo na Itália, o
capitão Guérain-Sérac estava firmemente disposto a travar
o combate à escala mundial. Com esse objectivo, agentes da Aginter,
entre os quais o americano Jay Sablonsky, participaram ao lado da CIA e dos
Boinas Verdes na tristemente célebre contra-guerrilha da Guatemala que
fez, entre 1968 e 1971, cerca de 50 mil mortos, na sua maioria civis. Os homens
da Aginter estiveram também presentes no Chile em 1973 onde participaram
no golpe de estado em que a CIA substituiu o presidente socialista
democraticamente eleito, Salvador Allende, pelo ditador Augusto Pinochet.
[22]
A partir do refúgio que era a ditadura de extrema-direita de Salazar, a
Aginter Press podia assim enviar os seus soldados de sombra para combaterem em
muitos países do mundo inteiro.
Esta situação perdurou até à "
Revolução dos cravos
" de Maio de 1974 que pôs termo à ditadura e abriu caminho ao
restabelecimento da democracia em Portugal. Os combatentes de sombra sabiam que
a sobrevivência da sua organização estava estreitamente
ligada à do regime totalitário. Quando souberam que oficiais de
esquerda do exército português preparavam um golpe que iria
iniciar a Revolução dos cravos, os agentes da Aginter conspiraram
com o general Spínola a fim de eliminar os centristas portugueses.
Previam invadir o arquipélago dos Açores a fim de o tornarem num
território independente e de o utilizarem como uma base de retaguarda
para lançamento das suas operações no continente.
Como este projecto falhou, a Aginter foi varrida ao mesmo tempo que a ditadura
quando no dia 1 de Maio os oficiais de esquerda assumiram o poder, pondo assim
fim a cerca de 50 anos de totalitarismo. Três semanas depois, a 22 de
Maio, por ordem dos novos dirigentes do país, unidades especiais da
polícia portuguesa investiram no quartel-general da Aginter Press da Rua
das Praças em Lisboa a fim de fechar a sinistra agência e de
apreender todo o material. Mas, quando chegaram ao local, já estava tudo
vazio. Graças aos seus contactos no seio dos serviços de
informações, os agentes da organização tinham sido
prevenidos a tempo e desapareceram, sem que nenhum deles fosse preso.
Porém, na sua precipitação, esqueceram alguns documentos.
As forças policiais acabaram por recolher grande número de provas
que documentavam a responsabilidade da filial da CIA, a Aginter Press, em
numerosos actos de terrorismo.
Como a jovem democracia tentava acabar com o antigo aparelho de
segurança herdado da ditadura, a PIDE, os serviços secretos
militares e a Legião Portuguesa foram dissolvidos. A "
Comissão de Extinção da PIDE e da Legião Portuguesa
" em breve descobriu que a PIDE, com a conivência da CIA, tinha
dirigido um exército secreto baptizado de Aginter Press; exigiu
consultar os dossiers reunidos sobre a Agência na sequência da
busca aos locais e que continham todas as provas necessárias. Pela
primeira vez, a história do exército secreto português ia
ser objecto de um inquérito. Mas, subitamente, todos os dossiers se
volatilizaram. "
O dossier 'Aginter Press' foi subtraído à Comissão de
Extinção da PIDE e da Legião Portuguesa e desapareceu
definitivamente
", lamentava o diário português
O Jornal
uns anos mais tarde num artigo consagrado à rede Gladio.
[23]
Como é que isso pôde acontecer? Porque é que a
comissão foi tão negligente perante informações
tão essenciais? O italiano Barbachetto que trabalha para a revista
política milanesa
L'Europeo
escreveu a este propósito: "
Estavam presentes três dos meus colegas quando foram apreendidos os
arquivos da Aginter. Só puderam fotografar alguns fragmentos da
quantidade considerável de dados recolhidos naquele dia
". Sob os títulos de "
Máfia
" ou "
Contribuidores financeiros alemães
", os documentos revelavam os nomes de código dos parceiros da
Aginter. "
Os documentos foram destruídos pelo exército português
", indicava Barbachetto, "que
procurou evidentemente evitar incidentes diplomáticos com os governos
italiano, francês e alemão, incidentes que não teriam
deixado de surgir se as actividades da Aginter nesses países tivessem
sido desvendados
".
[24]
A PIDE foi substituída por outro serviço de
informações português, o SDCI, que pesquisou a Aginter e
chegou à conclusão de que a sinistra organização
tivera quatro missões. Primeiro que tudo, tinha servido como "
gabinete de espionagem dirigido pela polícia portuguesa e,
através dela, pela CIA, pelo BND da Alemanha ocidental ou
"Organização Gehlen", pela
Direccion General de Seguridad espanhola, pelo BOSS sul-africano e, mas tarde,
pelo KYP
grego. Paralelamente a esta função de recolha de
informações, a Aginter Press tinha igualmente servido de gabinete
de "
centro de recrutamento e de treino de mercenários e de terroristas
especializados em sabotagens e assassínios
". Segundo o relatório do SDCI, a Agência também tinha
sido um "centro estratégico para operações de
doutrinamento de extrema-direita e neo-fascista na África subsaariana,
na América do Sul e na Europa, realizadas em colaboração
com regimes fascistas ou assimilados, figuras bem conhecidas da extrema-direita
e grupos neo-fascistas activos a nível internacional".
Finalmente, a Aginter era a capa dum exército secreto anticomunista, uma
"
organização fascista internacional baptizada "Ordem e
Tradição" com o seu braço militar, a OACI,
'Organização Armada contra o Comunismo Internacional
".
[25]
Depois da queda da ditadura, Guérain-Sérac e os seus activistas
anticomunistas fugiram de Portugal para a Espanha onde, sob a
protecção de Franco, instalaram o seu novo quartel-general em
Madrid. Em troca do asilo político, os combatentes da Aginter,
fiéis ao seu compromisso, puseram-se à disposição
dos serviços secretos espanhóis para procurar e eliminar os
dirigentes do movimento separatista basco ETA. Prosseguiram com as suas
operações clandestinas no estrangeiro e trataram especialmente de
desacreditar a Frente de Libertação Nacional argelina. "
Posso citar-vos outro exemplo particularmente interessante
", declarou o juiz Salvini aos senadores italianos e revelou-lhes como, em
1975, a partir da sua base espanhola, os homens de Guérain-Sérac
assistidos pelo americano Salby e por extremistas franceses, italianos e
espanhóis, tinham organizado uma série de atentados que assinavam
SOA, a fim de comprometer os Soldados da Oposição Argelina.
"
As bombas foram colocadas nas embaixadas argelinas em
França, na Alemanha, na Itália e na Grã-Bretanha
" e deterioraram a imagem da oposição argelina quando na
realidade "
os atentados eram obra do grupo de Guérain-Sérac, o que dá
uma ideia das suas capacidades de dissimulação e de
infiltração
". A bomba colocada diante da embaixada argelina em Francfort não
explodiu e foi cuidadosamente examinada pela polícia alemã. "
Para compreender os laços que ligavam Guérain-Sérac
à Aginter Press, basta observar a complexidade do engenho explosivo
", sublinhou o juiz Salvini. "
Continha C4, um explosivo utilizado exclusivamente no exército americano
de que não se encontra rasto em nenhum atentado efectuado por
anarquistas. Repito, era uma bomba muito sofisticada. Ora a Aginter
possuía C4, podemos pois facilmente deduzir os apoios de que beneficiava
".
[26]
Quando o regime ditatorial se desmoronou com a morte de Franco, a 20 de
Novembro de 1975, Guérain-Sérac e o seu exército secreto
foram mais uma vez obrigados a fugir. A polícia espanhola levou tempo a
investigar os vestígios que a Aginter deixou para trás e foi
apenas em Fevereiro de 1977 que fez uma busca ao número 39 da rua
Pelayo, o quartel-general da organização e descobriu um
verdadeiro arsenal composto por espingardas e explosivos. Mas Delle Chiaie,
Guérain-Sérac e os seus soldados já tinham fugido
há muito de Espanha para a América Latina onde muitos deles
escolheram o Chile como nova base para as suas operações.
Guérain-Sérac foi visto pela última vez em Espanha em
1997.
[27]
O exército secreto anticomunista português tornou a fazer-se
notado em 1990, quando o primeiro-ministro Giulio Andreotti revelou que
existiam em Itália e noutros países exércitos
stay-behind
montados pela NATO. A 17 de Novembro de 1990, a vaga atingiu Lisboa onde o
diário
Expresso
noticiou com o título "
Gladio. Os Soldados da guerra fria
" que "
o escândalo atravessou as fronteiras da Itália visto que a
existência de redes secretas Gladio foi confirmada oficialmente na
Bélgica, em França, nos Países-Baixos, no Luxemburgo, na
Alemanha e semi-oficialmente na Suécia, na Noruega, na Dinamarca, na
Áustria, na Suíça, na Grécia, na Turquia, em
Espanha, no Reino Unido e em Portugal
".
[28]
Muito preocupado, o ministro português da Defesa, Fernando Nogueira,
declarou publicamente a 16 de Novembro de 1990 que não tinha
conhecimento da existência dum ramo da rede
stay-behind
em Portugal e afirmou que nem o seu ministério nem o Estado-maior das
forças armadas portuguesas dispunham "
de informações, quaisquer que fossem, relativas à
existência ou à actividade duma 'estrutura Gladio' em Portugal
".
[29]
O jornal português
Diário de Notícias
lamentou que: "
as declarações lacónicas de Fernando Nogueira sejam
corroboradas, duma maneira ou de outra, por antigos ministros da Defesa, como
Eurico de Melo e Rui Machete, assim como por
o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros]
Franco Nogueira e pelo marechal Costa Gomes, que nos confirmaram não
saberem absolutamente nada sobre essa questão. A mesma
posição foi adoptada por parlamentares da oposição,
membros da Comissão parlamentar da Defesa
".
[30]
Costa Gomes, que fora oficial de ligação junto da NATO, insistiu
que nunca tivera conhecimento duma rede clandestina embora tenha "
assistido entre 1953 e 1959 a todas as reuniões da Aliança
". Ao mesmo tempo reconheceu que não era impossível que
tenha existido um Gladio português, com o apoio da PIDE e de certas
pessoas estranhas ao governo. "
Essas ligações
", explicou Costa Gomes, "
se é que existiram de facto, não poderiam ter funcionado a
não ser paralelamente às estruturas oficiais
" e portanto ser-lhe-iam totalmente desconhecidas. Do mesmo modo, Franco
Nogueira, que fora ministro dos Negócios Estrangeiros no tempo de
Salazar, declarou: "
Nunca suspeitei da existência dessa organização. Nem quando
estive nos Negócios Estrangeiros e me dava amiúde com
responsáveis da NATO nem mais tarde
". Afirmou que, se a Gladio tivesse operado em Portugal, "
essa actividade certamente seria do conhecimento do Dr. Salazar
". Como Nogueira deu a entender, Salazar teria certamente comunicado essa
informação ao chefe da diplomacia: "
Tenho muita dificuldade em acreditar que essa rede tenha tido
ligações com a PIDE ou com a Legião Portuguesa. É
por isso que estou convencido de que a Gladio nunca existiu no nosso
país embora, claro, na vida nada seja impossível
".
[31]
Enquanto os representantes do governo se recusavam a divulgar quaisquer
informações sobre a guerra secreta, a imprensa portuguesa
não podia senão constatar a evidência e deplorar que "
visivelmente, vários governos europeus [tinham] perdido do controlo dos
seus serviços secretos
", denunciando ao mesmo tempo, a "
doutrina de confiança limitada
" adoptada pela NATO. "
Uma doutrina destas implica que alguns governos não teriam feito o que
deviam para combater o comunismo e que portanto não era
necessário mantê-los informados sobre as actividades do
exército secreto da NATO
".
[32]
Apenas um alto graduado do exército português consentiu revelar
alguns pormenores do segredo, a coberto do anonimato. Um general, que tinha
sido chefe do Estado-maior português, confirmou a um jornalista de
O Jornal
que "
havia existido de facto em Portugal e nas colónias um serviço de
informações paralelo, cujo financiamento e controlo não
pertenciam ao domínio das forças armadas, mas dependia do
Ministério da Defesa, do Ministério do Interior e do
Ministério do Utramar. Além do mais, esse serviço paralelo
estava directamente ligado à PIDE e à Legião Portuguesa
".
[33]
Não houve nenhuma investigação oficial sobre este
assunto, quando muito um simples relatório parlamentar. Por conseguinte,
mantém-se o mistério aflorado por estas vagas
confirmações.
Notas
[1]
John Palmer, "Undercover NATO Group 'may have had terror
links' " no diário britânico
The Guardian
de 10 Novembro 1990.
[2]
Michael Parenti,
Against Empire
(City Light Books, San Francisco, 1995), p.143.
[3]
João Paulo Guerra, "'Gladio' actuou em Portugal" no
diário português
O Jornal
de 16 Novembro 1990.
[4]
Senato della Repubblica. Commissione parlamentare d'inchiesta sul terrorismo in
Italia e sulle cause della mancata individuazione dei responsabiliy delle
stragi : Il terrorismo, le stragi ed il contesto storico politico
. Redatta dal presidente della Commissione, sénateur Giovanni
Pellegrino. Roma 1995, p.204 e 241.
[5]
Commissione parlamentare d'inchiesta sul terrorismo in Italia e sulle cause
della mancata individuazione dei responsabili delle stragi.
12ª sessão
, 20 Março 1997
[6]
Commissione parlamentare d'inchiesta sul terrorismo in Italia e sulle cause
della mancata individuazione dei responsabili delle stragi.
9ª sessão
, 12 Fevereiro 1997
[7]
Jeffrey M. Bale, "Right wing Terrorists and the Extraparliamentary
Left in Post World War 2 Europe : Collusion or Manipulation ?"
No periódico britânico
Lobster Magazine
, n°2, Outubro 1989, p.6.
[8]
Semanário francês
Paris Match
, Novembro 1974. Citado em Stuart Christie,
Stefano delle Chiaie
(Anarchy Publications, Londres, 1984), p.27.
[9]
Egmont Koch e Oliver Schröm,
Deckname Aginter. Die Geschichte einer faschistischen Terror Organisation
, p.4. (Ensaio não publicado de 17 páginas. Sem data, por volta
de 1998).
[10]
Ver Christie,
delle Chiaie, passim.
[11]
Ibid
., p.29.
[12]
Este documento parece ter sido descoberto no antigo gabinete de
Guérain-Sérac depois da revolução portuguesa.
Figura no dicionário do terrorismo na Bélgica de Manuel
Abramowicz.
[13]
Extracto de Christie,
delle Chiaie
, p.32. Igualmente em
Lobster
, Outubro 1989, p.18.
[14]
Ibid.
, p.30.
[15]
João Paulo Guerra, "'Gladio' actuou em Portugal" no
diário português
O Jornal
de 16 Novembro 1990.
[16]
Ibid
. E Christie, delle Chiaie, p.30.
[17]
Senato della Repubblica. Commissione parlamentare d'inchiesta sul terrorismo in
Italia e sulle cause della mancata individuazione dei responsabiliy delle
stragi : Il terrorismo, le stragi ed il contesto storico politico. Redatta
dal presidente della Commissione
, senador Giovanni Pellegrino. Roma 1995, p.157.
[18]
Os investigadores Fabrizio Calvi e Frédéric Laurent,
especialistas dos serviços secretos, realizaram provavelmente o melhor
documentário sobre o atentado da Piazza Fontana:
Piazza Fontana : Storia di un Complotto
difundido a 11 Dezembro 1997 às 20 h 50 no canal público
Rai Due
. Uma adaptação em francês intitulada:
L'Orchestre Noir : La Stratégie de la tension
foi difundida em duas partes no canal franco-alemão
Arte
quarta-feira 13 e quinta-feira 14 de Janeiro de 1998, às 20h 45. Nesse
filme, interrogam uma grande quantidade de testemunhas incluindo juízes
que investigaram o assunto durante anos, Guido Salvini e Gerardo d'Ambrosio.
Activistas fascistas como Stefano Delle Chiaie, Amos Spiazzi, Guido
Giannettini, Vincenzo Vinciguerra e o capitão Labruna, o antigo
primeiro-ministro Giulio Andreotti, assim como Victor Marchetti e Marc Wyatt da
CIA.
[19]
Commissione parlamentare d'inchiesta sul terrorismo in Italia e sulle cause
della mancata individuazione dei responsabili delle stragi.
9ª sessão
, 12 Fevereiro 1997
[20]
Philip Willan, "
Terrorists 'helped by CIA' to Stop Rise of Left in Italy
" no quotidiano britânico
The Guardian
de 26 Março 2001. Willan é um especialista das
intervenções secretas norte-americanas em Itália. Assinou
o muito interessante
Puppetmasters. The Political Use of Terrorism in Italy
(Constable, Londres, 1991).
[21]
Diário italiano
La Stampa
de 22 Junho 1996.
[22]
Peter Dale Scott, "Transnational Repression : Parafascism and the
US" no periódico britânico
Lobster Magazine
, n°12, 1986, p.16.
[23]
João Paulo Guerra, "'Gladio' actuou em Portugal" no
diário português
O Jornal
de 16 Novembro 1990.
[24]
Koch e Schröm,
Aginter
, p.8.
[25]
Extracto de Christie,
delle Chiaie
, p.28.
[26]
Commissione parlamentare d'inchiesta sul terrorismo in Italia e sulle cause
della mancata individuazione dei responsabili delle stragi.
9ª sessão
, 12 Fevereiro 1997.
[27]
Koch e Schröm,
Aginter
, p.1112.
[28]
Semanário português
Expresso
de 17 Novembro 1990.
[29]
Diário português
Diário de Noticias
de 17 Novembro 1990.
[30]
Sem autor especificado, "Ministro nega conhecimento da rede Gladio.
Franco Nogueira disse ao DN que nem Salazar saberia da
organização" no diário português
Diário de Noticias,
de 17 Novembro 1990.
[31]
Ibid.
[32]
Sem autor especificado, "Manfred Woerner explica Gladio. Investigadas
ligações a extrema-direita" no diário português
Expresso
de 24 Novembro 1990.
[33]
João Paulo Guerra, "'Gladio' actuou em Portugal" no
semanário português
O Jornal
de 16 Novembro 1990.
[*]
Historiador suíço, especialista em
relações internacionais contemporâneas. É professor
na Universidade da Basileia.
O original encontra-se em
http://www.voltairenet.org/article169872.html
. Tradução de Margarida Ferreira.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
|