Os plenários recentemente realizados na Autoeuropa confirmaram o
sentimento de contestação dos trabalhadores da empresa. Foram uma
resposta clara de que não se pode continuar a seguir a mesma linha de
cedência até que um dia já não haja mais direitos
consagrados aos trabalhadores.
Duas ideias sobressaíram: que os trabalhadores têm uma vida
pessoal, familiar e social; que os trabalhadores não podem continuar a
pagar a crise perante os altos rendimentos dos cargos executivos ligados
à marca ou ao grupo.
O trabalho suplementar acresce de retribuição suplementar
precisamente por se tratar de trabalho prestado no horário de descanso
do trabalhador, descanso para que este possa desfrutar de actividades sociais,
familiares, desportivas, culturais, etc. Daí ter que ser paga com
acréscimos porque priva, durante esse tempo, o ser humano de outras
actividades necessárias ao seu bem-estar, para além da actividade
produtiva material. Aliás, que sentido faz apontar o alargamento da
semana de trabalho quando existe uma saturação de mercado?
Já em relação aos rendimentos dos administradores da
Autoeuropa, continua a nossa pergunta: quais os seus salários mensais,
que prémios recebem e outras gratificações, já que
foi tornado público que os 5 gestores de topo do grupo VW, em conjunto,
somaram em 2008 um rendimento anual de 45,4 milhões de uros, ou
seja, um aumento de 175% em relação a 2007?
Em relação à produção, não produzimos
mais devido à falta de capacidade da fábrica fornecedora de
motores, o que confirma que, também ali, a solução
é o seu incremento e não o ataque aos direitos consagrados.
O sentimento demonstrado pelos trabalhadores nos Plenários realizados
não pode ser ignorado pela Administração e pela maioria da
CT. nas negociações em curso.
17/Junho/2009
Braços para trabalhar Cabeça para pensar
Os últimos plenários realizados recentemente foram um ponto alto
em que os trabalhadores demonstraram que têm braços para trabalhar
e cabeça para pensar. Perante a firmeza demonstrada, a
administração viu-se obrigada a recuar e retocar a sua
proposta/imposição.
É mais que evidente que não é a crise, ou seja, a quebra
de produção que até aqui têm alegado, que mais
preocupa administração. A pressão que tem sido feita sobre
os trabalhadores para impôr o aumento da semana de trabalho de 5 para 6
dias (incluindo os sábados), para além de ser totalmente
contraditória com a situação de baixa de
produção face à capacidade produtiva instalada, representa
uma vez mais uma vergonhosa chantagem a que a administração
não se coibiu de recorrer de forma rasteira. O seu objectivo é
liquidar direitos aos trabalhadores, passando por cima da própria
Legislação cuja revisão, apesar de a ter agravado,
não foi aquilo que realmente pretendia o grande patronato, impedido pela
luta corajosa que os trabalhadores portugueses moveram nestes últimos
anos.
Uma vez mais, respondendo ao apelo da administração
através do comunicado dirigido aos trabalhadores, não faltaram
fazedores de opinião, os escribas do costume a até Belmiro de
Azevedo botou sermão, numa ardilosa campanha para tentar isolar os
trabalhadores da Autoeuropa da opinião pública, uma campanha onde
não faltaram a mentira e a manipulação para se
alcançarem os objectivos que apenas interessam ao grande capital. O
governo português, através do Ministro da Economia, juntou-se ao
coro, numa clara opção de classe. A crise precisa de uma
saída, mas não pode passar por cima do esforço e do
sacrifício dos mesmos do costume: os trabalhadores. Os lucros obtidos no
passado devem servir para ultrapassar a crise do presente.
Segundo notícias surgidas na comunicação social, a recente
reunião anual de accionistas da Volkswagem decidiu aumentar os
dividendos em relação ao ano de 2007. Assim, referente ao ano de
2008 foram distribuídos mais de 700 milhões de euros.
Por outro lado não podemos esquecer que o governo português
disponibilizou cerca 900 milhões de euros para o chamado Programa de
Apoio ao Sector Automóvel (PASA) para que as empresas ultrapassem as
quebras de produção/vendas, evitando despedimentos e garantindo
os salários aos trabalhadores abrangidos.
Perante este cenário de luta em que se encontram os trabalhadores da
Autoeuropa, é preciso ter ânimo e resistir às ofensivas da
administração. Os comunistas estão na primeira linha na
defesa dos postos de trabalho. Fazem-no de cabeça erguida, sempre com os
trabalhadores e garantem tudo fazer para que os nossos direitos, liberdades e
garantias sejam respeitados.
29/Maio/2009
[*]
Boletim da Célula dos Trabalhadores do PCP da Autoeuropa.
Os originais encontram-se em
http://www.ofaisca.pcp.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=239&Itemid=1
e em
http://www.ofaisca.pcp.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=241&Itemid=2
Estas notícias encontram-se em
http://resistir.info/
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