Intrigas da elite e expurgos militares: não se trata de sexo,
estúpido!
por James Petras
As manchetes afirmam que o director geral da CIA, general David Petraeus,
demitiu-se devido a uma relação adulterina com a sua jovem
biógrafa e que o general John Allen, do comando supremo das tropas dos
EUA
no Afeganistão, estava sob investigação e que a sua
promoção para comandante principal das tropas estado-unidenses na
Europa estava em suspenso por causa, dizem-nos, dos seus comentários
"inadequados" no intercâmbio de emails com uma amiga civil.
Dizem-nos que um esforçado agente local do FBI, Frederick Humphries Jr,
havia descoberto emails amorosos enviados pelo general Petraeus à sua
namorada biógrafa no decorrer da investigação de uma
queixa de invasão da privacidade. Com a preocupação de que
o "comportamento adúltero" do general pusesse em risco a
segurança nacional dos EUA, o agente Humphries, do FBI da Florida,
encaminhou as provas a um dos mais poderosos republicanos de Washington, o
congressista Eric Cantor, o qual por sua vez passou-as ao director do FBI...
levando à demissão de Petraeus.
Por outras palavras, pedem-nos que acreditemos que um simples agente zeloso do
FBI, de baixo escalão, fez ruir as carreiras de dois generais de topo
dos EUA: um que é responsável pela principal agência global
de inteligência, a CIA, e o outro que está no comando das
forças dos EUA e de aliados no principal teatro de
confrontação militar só com base na infidelidade e
brincadeiras de namoriscos!
Nada poderia ser mais ilógico à primeira vista.
Na esfera de organizações hierárquicas rígidas,
como os militares ou a CIA, onde a actividade e comportamento de
funcionários subordinados é dirigida centralmente e qualquer
investigação está sujeita a autorização por
responsáveis superiores (muito especialmente a que respeita à
intromissão nas correspondências privadas de altos
responsáveis da CIA e de operações militares
estratégicas), a ideia de que um agente solitário possa operar
por conta própria é ridícula. Um agente "cowboy"
simplesmente não poderia iniciar uma investigação de alvos
tão "sensíveis" como o chefe da CIA e um general numa
zona de combate activa sem autorização ao mais alto nível
ou uma rede de políticos operacionais com uma agenda muito mais vasta.
Isto tem implicações políticas muito mais profundas do que
o descobrimento de um caso sexual trivial entre dois adultos com
autorizações de segurança, apesar da
afirmação do agente de que a fornicação constitui
uma ameaça para os Estados Unidos.
Aqui, estamos claramente em águas profundas. Isto envolve intriga
política ao mais alto nível e tem profundas
implicações na segurança nacional, envolvendo a
direcção da CIA e operações clandestinas,
relatórios de inteligência, despesas de muitos milhares de
milhões de dólares e esforços estado-unidenses para
estabilizar regimes clientes e desestabilizar regimes alvo. Relatórios
de inteligência da CIA a identificar aliados e inimigos são
críticos para modelar a política externa global dos EUA. Qualquer
mudança no topo do comando operacional do império pode ter e tem
importância estratégica.
A "remoção" do general Allen, o comandante militar
responsável pelo Afeganistão, a principal zona de
operações militares dos EUA, ocorre num momento crucial, com a
programada retirada forçada de tropas de combate estado-unidenses e
quando os "cipaios" afegãos, os soldados e oficiais do regime
fantoche de Karzai, estão a mostrar grandes sinais de
insatisfação é claramente um movimento político da
mais alta importância.
Quais são as questões políticas por trás da
decapitação destes dois generais? Quem beneficia e quem perde?
Ao nível global, ambos os generais têm sido apoiantes resolutos do
Império estado-unidense, especialmente quanto aos componentes militares
da construção do império. Ambos continuam a executar e
apoiar a série de guerras lançada pelos presidentes Bush e Obama
contra o Afeganistão e o Iraque, assim como as numerosas guerras por
procuração contra a Líbia, Síria, Iémen,
Somália, etc. Ambos os generais ficaram conhecidos por terem
publicamente tomado posições impopulares entre certas
facções chave da elite do poder estado-unidense.
Como director da CIA, o general Petraeus foi um grande apoiante das guerras por
procuração na Líbia e na Síria. Nesses
esforços promoveu uma política de colaboração com
regimes islâmicos de direita e movimentos de oposição
islâmica, incluindo o treino e armamento de fundamentalistas
islâmicos a fim de derrubar alvos escolhidos, sobretudo regimes seculares
no Médio Oriente. No prosseguimento desta política, Petraeus teve
o apoio de quase todo o espectro político dos EUA. Contudo, Petraeus
estava bem consciente de que esta "grande aliança" entre os
EUA e os regimes e movimentos islâmicos de direita para assegurar a
hegemonia imperial exigiriam recalibrar as relações dos EUA com
Israel. Petraeus via que a proposta de Netanyahu de guerra com o Irão,
suas sangrentas tomadas de terra nos Territórios Ocupados da Palestina e
o bombardeamento, expulsão e assassínio de grande número
de palestinos todos os meses eram um passivo pois Washington desejava apoio dos
regimes islâmicos no Egipto, Tunísia, Turquia, Afeganistão,
Paquistão, Estados do Golfo, Iraque e Iémen.
Petraeus dizia isto implicitamente em declarações públicas
e, por trás de portas fechadas, advogava a retirada do apoio
estado-unidense à violenta expansão dos colonatos de Israel na
Palestina, instando mesmo o regime Obama a pressionar Netanyahu a
alcançar algum acordo com a moldável liderança de Abbas,
cliente dos EUA. Acima de tudo, Petraeus apoiou os jihadistas violentos na
Líbia e na Síria enquanto se opôs a uma guerra de
iniciativa israelense contra o Irão, a qual, ele intuía,
polarizaria todo o mundo muçulmano contra a aliança
Washington-Tel Aviv e "provocaria" os fundamentalistas
islâmicos abastecidos pelos EUA a virarem suas armas contra os seus
patrões da CIA. A política imperial, segundo a visão do
mundo do general Petraeus, estava em conflito com a estratégia de Israel
de fomentar hostilidade entre regimes e movimentos islâmicos contra os
EUA e, especialmente, a promoção do estado judeu de conflitos
regionais a fim de mascarar e intensificar sua limpeza étnica dos
palestinos. Central à estratégia israelense e apresentando a
ameaça mais imediata à implementação da doutrina de
Petraeus era a influência da configuração de poder sionista
(ZPC) dentro e fora do governo estado-unidense.
Tão logo se tornou conhecido o relatório do general Petraeus que
chamava Israel de "passivo estratégico", a ZPC entrou em
acção e forçou Petraeus a retratar-se das suas
declarações pelo menos publicamente. Mas, uma vez tornado
chefe da CIA, Petraeus continuava a política de trabalhar com regimes
islâmicos de direita e armá-los e fornecer inteligência a
fundamentalistas jihadistas a fim de derrubar regimes seculares independentes,
primeiro na Líbia e a seguir na Síria. Esta política foi
colocada sob o foco das atenções em Bengazi com a morte do
embaixador dos EUA na Líbia e de vários operacionais da
CIA/Forças Especiais por terroristas apoiados pela CIA o que levou a uma
crise política interna, pois republicanos chave do Congresso quiseram
explorar o fracasso diplomático da administração Obama.
Eles visaram especialmente o embaixador dos EUA na ONU, Susan Rice, cujos
esforços atabalhoados para encobrir a fonte real dos ataques em Bengazi
minaram a sua nomeação para substituir Hilary Clinton como
secretária de Estado.
O general Petraeus enfrentava pressão crescente de todos os lados:
da ZPC pelo seu criticismo de Israel e aberturas a regimes islâmicos, dos
republicanos sobre a derrocada de Bengazi e do FBI sobre a
investigação pessoal da sua namorada e difamações
alardeadas nos media. Ele "confessou" um "caso sexual",
bateu continência e renunciou. Ao assim fazer, sacrificou-se a fim de
"salvar a CIA" e a sua estratégia de construção
de
aliança a longo prazo com regimes islâmicos "moderados"
enquanto molda alianças tácticas de curto prazo com jihadistas
para derrubar regimes árabes seculares.
O operacional político chave por trás da operação
de alto nível do FBI contra Petraeus foi o líder da maioria da
Câmara, Eric Cantor, que cinicamente afirma que as epístolas
românticas do general representam uma ameaça à
segurança nacional. Dizem-nos que o congressista Cantor transferiu
solenemente os emails e relatórios que havia recebido do
"Polícia solitário" do FBI, o agente Humphries, ao
director do FMI, Mueller, ordenando a Mueller que actuasse na
investigação ou enfrentasse o seu próprio inquérito
do Congresso.
O congressista Cantor é um zeloso defensor crónico da doutrina
"Israel em primeiro lugar" e foi hostil ao relatório de
Petraeus e à avaliação do general do Médio Oriente.
O agente Humphries, baseado na Florida, não era apenas um velho
detective consciencioso: Ele é um notório islamófobo
empenhado
em encontrar terroristas debaixo de toda a cama. Seu direito à fama (ou
infâmia) foi ter preso dois muçulmanos, um dos quais, afirmava
ele, estava a preparar-se para bombardear o aeroporto de Los Angeles, ao passo
que o outro alegadamente planeava um bombardeamento separado. Num viés
judicial, inabitual nesta era de operações vigorosas, ambos os
homens foram absolvidos das acusações por falta de provas, embora
uma fosse condenado por publicar uma relato de como detonar uma bomba com um
brinquedo de criança! O agente Humphries foi transferido do estado de
Washington para Tampa, Florida sede do Central Command (CENTCOM) militar
dos EUA.
Apesar das claras diferenças de posição e
localização, há afinidades ideológicas entre o
líder da maioria Cantor e o agente Humphries e possivelmente uma
antipatia comum para com o general Petraeus. Preocupações acerca
da sua islamofobia e fanatismo ideológico podem explicar porque o FBI
rapidamente arrancou o agente Humphries da sua missão de
intromissão obsessiva nos emails do director da CIA, Petraeus, e do
general Allan. Sem se deter com as ordens dos seus superiores no FBI, o agente
Humphries foi directamente ao outro fanático, o congressista Cantor.
Quem se teria beneficiado com o afastamento de Petraeus? Um dos três
principais candidatos à sua substituição como chefe da CIA
é Jane Harmon, antiga congressista da Califórnia e sionista
ultra-fanática. Em outra reviravolta da justiça, em 2005 aquela
congressista foi capturada numa fita gravada pela National Security Agency a
contar a pessoal da embaixada de Israel que utilizaria a sua influência
para ajudar dois responsáveis da AIPAC que haviam confessado passar
documentos classificados dos EUA à Mossad israelense, se a AIPAC pudesse
arrebanhar votos suficientes no Congresso para fazê-la presidente
(Chairwoman)
da US House Committee on Intelligence, um acto que beira a
traição e pelo qual nunca teve de prestar contas. Se ela
assumisse esta posição, a remoção de Petraeus da
direcção da CIA podia representar o maior "golpe
constitucional" na história dos EUA: a nomeação de um
agente estrangeiro para controlar a maior, mais mortífera e mais rica
agência de espionagem do mundo. Quem beneficiaria com a queda de
Petraeus? Em primeiro lugar e acima de tudo, o Estado de Israel.
As insinuações, difamações e fuga de
investigação de emails privados do general Allen giram em torno
das questões que levantou sobre a política estado-unidense de
presença militar prolongada no Afeganistão. A partir da sua
experiência prática o general Allen reconheceu que o
exército fantoche afegão não é confiável:
centenas de estado-unidenses e outros soldados da NATO foram mortos ou feridos
pelos seus colegas afegãos, desde soldados rasos às mais altas
patentes da segurança afegã, as tropas "nativas" e
oficiais que os EUA supostamente treinaram para uma muito propagandeada
"transferência de comando" em 2014. A mudança de
ânimo do general Allen sobre a ocupação afegã foi em
resposta à influência crescente dos talibãs e outros
apoiantes da resistência islâmica que infiltraram as forças
armadas do Afeganistão e agora têm controle quase total dos
distritos rurais e urbanos, mesmo junto a bases dos EUA e da NATO. Allen
não acreditou que uma "força residual" de treinados
militares dos EUA pudesse sobreviver, uma vez retirado o grosso das tropas
estado-unidenses. Numa palavra, ele favorecia, após mais de uma
década de guerra perdida, uma política de cortar as perdas dos
EUA, declarando "vitória" e abandonando para reagrupar sobre
terreno mais favorável.
Militaristas civis e neo-conservadores no Executivo e no Congresso recusam-se a
reconhecer a sua vergonhosa derrota com uma retirada plena dos EUA e uma
provável rendição a um regime talibã. Por outro
lado, eles não podem rejeitar abertamente a penosa
avaliação realista do general Allen e, certamente, não
podem menosprezar a experiência do supremo comandante da forças
terrestres dos EUA no Afeganistão.
Quando, neste contexto político carregado, o raivosamente
islamofóbico agente do FBI "tropeçou" nas
correspondências pessoais afectivas entre o general Allen de uma
femme fatale
da alta sociedade, Jill Kelly, os neocons e militaristas civis provocaram uma
campanha de difamação através de jornalistas amarelos no
Washington Post, New York Times
e
Wall Street Journal
insinuando outro escândalo sexual desta vez envolvendo o general
Allen. O clamor dos neocon e mass media militaristas forçou o
invertebrado presidente Obama e o alto comando militar a anunciar uma
investigação do general Allen e a adiar audiências no
Congresso sobre a sua nomeação como chefe das forças dos
EUA na Europa. Se bem que o general retenha tranquilamente o seu comando
supremo das forças dos EUA no Afeganistão, ele tornou-se um
oficial derrotado e desgraçado. A sua perícia e visão
profissional a respeito do futuro das operações dos EUA no
Afeganistão já não será mais levada a sério.
Perguntas chave não respondidas em torno das intrigas da elite e dos
expurgos militares
Uma vez que é absurda para qualquer americano pensante a versão
pública de um lobo solitário, de baixo escalão,
fanaticamente islamofóbico e agente incompetente do FBI que por acaso
"descobriu" um escândalo sexual que levou à
desacreditação ou renúncia de duas das mais altas patentes
entre militares e responsáveis da inteligência, várias
questões políticas chave com profundas implicações
para o sistema político dos EUA precisam ser tratadas. Estas incluem:
1. Que responsáveis políticos, se é que algum, autorizou o
FBI, uma agência de segurança interna, a investigar e
forçar a renúncia do director da CIA?
2. Terão as actuais estruturas da polícia de estado, com os seus
procedimentos de espionagem generalizada e arbitrária levado nossas
agências de espiões a espiarem-se umas às outras a fim de
expurgar o pessoal de topo da outra? Será como uma porca a devorar os
seus próprios rebentos?
3. Quais foram as prioridades reais dos intermediários do poder
político que protegerem o insubordinado agente do FBI Humphries depois
de ele ter desafiado ordens de responsáveis de topo para cessar de se
intrometer na investigação do director da CIA?
4. Quais são as ligações do agente do FBI Humphries, se
há alguma, com os políticos neocon, sionistas e
islamofóbicos e outros operacionais de inteligência, incluindo a
Mossad israelense?
5. Apesar da efusiva louvação de Obama do seu brilhante
"guerreiro-académico" no passado, porque ele imediatamente
"aceitou" (ou seja, foi forçado) a renúncia do director
da CIA após a revelação de algo tão banal na vida
civil como o adultério? Quais são as questões
políticas mais profundas que levaram ao expurgo preventivo de Petraeus?
6. Por que questões e disputas políticas críticas
são resolvidas sob a capa da chantagem, difamação e
assassinato de carácter, ao invés de debates e discussões
abertas, especialmente sobre matérias relativas à
opção do país de "aliados" estratégicos e
tácticos, assim como a condução de guerras
além-mar?
7. Será que o expurgo e a humilhação público de
militares de topo dos EUA já se tornou uma forma aceitável de
"punição pelo exemplo", um sinal dos militaristas civis
de que quando se trata de lidar com a política no Médio Oriente o
papel dos militares é não questionar e sim seguir as suas
directivas (e as de Israel)?
8. Como pôde uma colaboradora confirmada da Mossad israelense e
fanática sionista como Jane Harmon emergir como uma "candidata
principal" na substituição do general Petraeus como director
da CIA, dias após a sua renúncia? Quais são as
ligações políticas, passadas e presentes, entre o
congressista Eric Cantor (o fanático líder do bloco pró
Israel no Congresso, que encaminhou os ficheiros não autorizados do
agente Humphries acerca de Petraeus ao director do FBI, Muellar) e da influente
sionista Jane Harmon, uma eminente candidata à
substituição de Petraeus?
9. Como a remoção do Petraeus como director da CIA e a
possível nomeação de Jane Harman para
encabeçá-la aprofundarão a influência e controle
israelense da política estado-unidense para o Médio Oriente e as
aberturas dos EUA para com países islâmicos?
10. Como a humilhação do general Allen afectará a
"retirada" dos EUA do desastre no Afeganistão?
Conclusão
O expurgo de generais e responsáveis de alto nível de postos
importantes da política externa e diplomática dos EUA reflecte
uma nova decadência dos nossos direitos constitucionais e dos restos de
procedimentos democráticos: é a prova poderosa da incapacidade de
liderança ao mais alto nível para resolver conflitos intestinos
sem sacar fora as "facas longas". O avanço do estado policial,
onde agências de espionagem expandiram amplamente o seu poder
político sobre os cidadãos, evoluiu agora para o policiamento e
expurgo da liderança uns dos outros: o FBI, a CIA, o Ministério
do Interior, a NSA e os militares estenderam a mão e construíram
alianças com os mass media, executivos civis e responsáveis do
Congresso bem como poderosos "lobbies" de interesses estrangeiros a
fim de ganhar poder e alavancagem em busca das suas próprias
visões de construção do império.
O expurgo do general Petraeus e a humilhação do general Allen
constituem uma vitória dos militaristas civis que são apoiantes
incondicionais de Israel e portanto opõem-se a regime islâmicos
"moderados". Eles querem uma presença militar ampliada e a
longo prazo dos EUA no Afeganistão e alhures.
O factor real de precipitação deste feio "combate no
topo" é a desintegração do império
estado-unidense e como tratar os seus novos desafios. Os sinais de
decadência estão por toda a parte. A imoralidade militar é
desenfreada, os medalhados generais sodomizam seus subordinados e amassam
riqueza via pilhagem do tesouro público e contratos militares;
políticos são comprados e vendidos por doações
financeiras milionárias, incluindo agentes de potências
estrangeiras, e interesses estrangeiros determinam a política externa
crítica dos EUA.
O descrédito do Congresso dos EUA é quase universal mais
de 87% dos cidadãos estado-unidenses condenam a Câmara e o Senado
como prejudiciais ao bem-estar público, servidores do seu próprio
enriquecimento e escravos da corrupção. As elites
económicas são repetidamente envolvidas em trapaças
maciças de investidores a retalho, possuidores de hipotecas e outros.
Corporações multinacionais e aqueles fabulosamente ricos
empenham-se em fugas de capitais, engordando as suas contas além-mar. O
próprio executivo (o sempre sorridente presidente Obama) envia
esquadrões da morte clandestinos e terroristas-mercenários para
assassinar adversários num esforço para compensar a sua
incapacidade para defender o império através da diplomacia das
tradicionais forças militares no terreno, ou para apoiar novos
estados-clientes. O compadrio é generalizado: há uma porta
giratória entre a Wall Street e o Tesouro dos EUA e os oficiais do
Pentágono. A apatia pública e o cinismo são generalizados.
Aproximadamente 50% do eleitorado nem mesmo vai votar em eleições
presidenciais e, entre aqueles que votam, mais de 80% não espera que os
seus eleitos honrem as suas promessas.
Militaristas civis agressivos ganharam controle de postos chave e estão
cada vez mais livres de quaisquer constrangimentos constitucionais. Enquanto
isso os custos dos fracassos militares e explosivos orçamentos de
espionagem, segurança e militares levantam voo ao mesmo tempo que os
défices fiscais e comerciais crescem. Combates de facções
entre cliques imperialistas rivais intensificam-se, expurgos, chantagem,
escândalos sexuais e imoralidade em altos escalões tornaram-se a
norma. Os discursos democráticos são ocos: a ideologia do estado
democrático perdeu credibilidade. Já nenhum americano sensato
acredita mais nisso.
Haverá uma vassoura suficientemente grande para limpar este imundo
estábulo de Augias? Será que um "Hércules
colectivo" emergirá de toda esta intriga e corrupção
com a fortaleza e carácter e empenho para dirigir esta tarefa
revolucionária? Certamente a liquidação e
humilhação brutal de altos militares americanos por conta dos
"falcões-galinha" militaristas civis e seus interesses
estrangeiros deveria fazer com que muitos oficiais repensassem a sua
própria carreira, lealdade e compromisso para com a
Constituição.
22/Novembro/2012
O original encontra-se em
www.globalresearch.ca/
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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