A Grande Transformação:
Do Estado previdência ao Estado polícial imperial
por James Petras
Os Estados Unidos experimentaram a maior reviravolta política da sua
história recente: a transformação de um florescente estado
previdência (welfare state) num estado policial altamente intrusivo, profundamente
arraigado e em rápida expansão, ligado às mais
desenvolvidas inovações tecnológicas.
A "Grande Transformação" verificou-se exclusivamente a
partir de cima, organizada pelos escalões superiores da burocracia civil
e militar sob a direcção do Executivo e do seu Conselho de
Segurança Nacional. A "Grande Transformação"
não foi um evento único mas um processo de
acumulação de poderes, via decretos executivos, apoiado e
aprovado por líderes do Congresso acomodatícios. Em momento algum
no passado recente e distante esta nação testemunhou o
crescimento de tais poderes repressivos e a proliferação de
tantas agências de policiamento voltadas para tantas áreas da vida
ao longo de um período de tempo tão prolongado (num tempo
virtualmente sem discordância interna de massa). Nunca o ramo executivo
do governo assegurou tantos poderes para deter, interrogar, sequestrar e
assassinar seus próprios cidadãos sem peias judiciais.
A dominância do estado policial é evidente no enorme crescimento
dos orçamentos da segurança interna e militar, no vasto
recrutamento de pessoal de segurança e militar, na
acumulação de poderes autoritários restringindo liberdades
individuais e colectivas e a impregnação da vida cultural e
cívica nacional com a quase religiosa glorificação dos
agentes e agências do militarismo e do estado policial como se evidencia
em eventos de desporto em massa e entretenimento.
O estancamento de recursos para previdência pública e
serviços é um resultado directo do crescimento dinâmico do
aparelho de estado policial e do império militar. Isto só poderia
ocorrer através de um constante ataque directo contra o estado
previdência em particular contra o financiamento público
para programas e agências que promovem a saúde,
educação, pensões, rendimento e alojamento para a classe
média e trabalhadora.
A ascendência do estado policial
Central à ascensão do estado policial e do consequente
declínio do estado previdência tem sido a série de guerras
imperiais, especialmente no Médio Oriente, lançadas por todo
presidente desde Bush (pai), Clinton, Bush (filho) e Obama. Estas guerras,
voltadas exclusivamente contra países muçulmanos, foram
acompanhadas por uma onda de leis repressivas "anti-terroristas" e
implementadas através do rápido fortalecimento do maciço
aparelho policial do estado, conhecido como Ministério da
Segurança
("Homeland Security").
Os principais advogados e propagandistas do militarismo além-mar contra
países com grandes populações muçulmanas e a
imposição de um estado policial interno têm sido sionistas
dedicados que promovem guerras concebidas para o reforço do poder
esmagador de Israel no Médio Oriente. Estes sionistas americanos
(incluindo cidadãos com dupla nacionalidade, dos EUA e de Israel)
conseguiram posições estratégicas dentro do aparelho
estado policial estado-unidense a fim de aterrorizar e reprimir activistas,
especialmente muçulmanos americanos e imigrantes críticos do
estado de Israel.
Os eventos do 11/Set/2001 serviram como o detonador para o maior arranque
militar global desde a II Guerra Mundial e da mais generalizada expansão
de poderes da polícia de Estado na história dos Estados Unidos. O
terror sangrento do 11/Set/2001 foi manipulado para estabelecer uma agenda
pré planeada transformando os EUA num estado policial e ao mesmo
tempo lançando durante uma década séries de guerras no
Iraque, Afeganistão, Paquistão, Líbia, Somália,
Iémen e, agora, a Síria, bem como guerras encobertas contra o
Irão e o Líbano. O orçamento militar explodiu e o
défice do governo inchou enquanto programas sociais e de
previdência foram denegridos e desmantelados quando a "Guerra global
ao terror" passou à marcha plena. Programas concebidos para manter
ou elevar padrões de vida de milhões e aumentar o acesso a
serviços para os pobres e a classe trabalhadora caíram como
vítimas do 11/Set.
Quando as guerras no Médio Oriente ocuparam a cena central, a economia
estado-unidense afundou. Na frente interna, o vital investimento público
em educação, infraestrutura, indústria e
inovações civis foi cortado. Centenas de milhares de
milhões de dólares dos contribuintes foram despejados nas zonas
de guerra, pagando mercenários (empreiteiros privados), subornando
corruptos regimes fantoches e proporcionando uma oportunidade de ouro para
oficiais responsáveis pelo aprovisionamento e seus amigos empreiteiros
privado aumentarem (e embolsarem) derrapagens de custos de muitos milhares de
milhões de dólares.
Em consequência, a política militar dos EUA em
relação ao Médio Oriente, política militar que num
certo momento foi concebida para promover interesses económicos
imperiais americanos, agora assume uma vida própria: guerras e
sanções contra o Iraque, Irão, Síria e Líbia
minaram lucrativos contratos petrolíferos negociados pelas
multinacionais estado-unidenses enquanto promoviam o militarismo. Na verdade, a
configuração de poder sionista-israelense nos Estados Unidos
tornou-se muito mais influente na direcção da política
militar dos EUA no Médio Oriente do que qualquer
combinação do Big Oil e tudo em benefício do poder
regional israelense.
As guerras imperiais e a morte do Estado Previdência
Desde o fim da II Guerra Mundial até o fim da década de 1970, os
EUA conseguiram combinar com êxito guerras imperiais além-mar com
um estado previdência em expansão no plano interno. De facto, as
últimas peças principais de legislação do estado
previdência verificaram-se durante a sangrenta e custosa guerra
EUA-Indochina, sob os presidentes Lyndon Johnson e Richard Nixon. A base
económica do militarismo-previdência eram os poderosos fundamentos
industriais-tecnológicos da máquina de guerra dos EUA e sua
dominância nos mercados mundiais. Subsequentemente, o declínio da
posição competitiva dos EUA na economia mundial e a maciça
relocalização além-mar dos EUA-multinacionais (e seus
empregos) esticou o "casamento" do bem-estar interno e o militarismo
até o ponto de ruptura. Assomavam défices fiscais e comerciais
mesmo quando as exigências por medidas de previdência e pagamentos
de desemprego cresciam, devido em parte a mudança dos empregos
estáveis bem pagos na manufactura para trabalho mal pago. Enquanto a
posição económica global dos EUA declinava, sua
expansão militar acelerava-se em consequência do fim dos regimes
comunistas na URSS e na Europa do Leste e a incorporação dos
novos regimes do antigo bloco do Leste na aliança militar da NATO
dominada pelos EUA.
O desaparecimento dos estados comunistas levou ao fim da
competição global em sistemas de bem-estar
(welfare)
e permitiu aos capitalistas e ao estado imperial cortar no bem-estar para
financiar a sua maciça expansão militar global. Não houve
virtualmente qualquer oposição do trabalho: a conversão
gradual dos sindicatos ocidentais em organizações altamente
autoritárias dirigidas por "líderes" milionários
que se auto-perpetuavam e a redução do número de
sindicalizados dos 30% da força de trabalho em 1950 para menos de 11$ em
2012 (com mais de 91% dos trabalhadores do sector privado sem qualquer
representação) significou que os trabalhadores americanos ficaram
com menos poderes para organizar greves a fim de proteger seus empregos, muito
menos para aplicar pressão política em defesa de programas
públicos e do bem-estar.
O militarismo estava em ascensão quando o presidente Jimmy Carter
lançou a sua "guerra secreta" de muitos milhares de
milhões de dólares contra o regime pró soviético no
Afeganistão e o presidente Ronald Reagan iniciou uma série de
"guerras por procuração" por toda a parte na
América Central e no Sul da África e enviou US Marines à
minúscula ilha de Granada. Reagan dirigiu a escalada de gastos militares
jactando-se de que levaria a União Soviética à
"bancarrota" com uma nova "corrida armamentista". O
presidente George Bush Sr. invadiu o Panamá e a seguir o Iraque, a
primeira das muitas invasões estado-unidenses no Médio Oriente. O
presidente Bill Clinton acelerou a investida militar, cortando pelo caminho a
previdência pública em favor do "trabalho social
privado", bombardeando e destruindo a Jugoslávia, bombardeando e
esfaimando o Iraque enquanto estabelecia enclaves coloniais no Norte do Iraque
e expandia a presença militar dos EUA na Somália e no Golfo
Pérsico.
Os constrangimentos ao militarismo estado-unidense impostos pelo maciço
popular anti-Guerra do Vietname e a derrota dos militares dos EUA pelos
comunistas vietnamitas foram gradualmente desgastados, pois guerras de curto
prazo com êxito (como Granada e Panamá) minaram a Síndrome
do Vietname a oposição pública ao militarismo. Isto
preparou o público americano para o militarismo incremental enquanto
escavava o sistema de bem-estar.
Se Reagan e Bush construíram os fundamentos para o novo militarismo,
Bill Clinton proporcionou três elementos decisivos: juntamente com o
vice-presidente Al Gore, Clinton legitimou a guerra ao Estado
Previdência, estigmatizando a assistência pública e
mobilizou apoio de líderes religiosos e políticos na comunidade
negra e na AFL-CIO. Em segundo lugar, Clinton foi a chave para a
"financiarização" da economia dos EUA, através
da desregulamentação do sistema financeiro (revogando o
Glass-Steagal Act de 1933) e nomeando financeiros da Wall Street para o leme da
política económica nacional. Em terceiro lugar, Clinton nomeou
sionistas importantes para as posições chave da política
externa relacionada com o Médio Oriente, permitindo-lhes inserir a
visão militar de Israel da realidade dentro das tomadas de
decisões estratégicas em Washington. Clinton pôs em vigor a
primeira série de legislação repressiva da polícia
de estado "anti-terrorista" e expandiu o sistema nacional de
prisões. Em suma, as políticas de guerra no Médio Oriente
de Bill Clinton, sua "financiarização" da economia dos
EUA, sua "guerra ao terror", sua orientação sionista em
relação ao mundo árabe e, acima de tudo, sua
própria ideologia anti-Estado Previdência
(anti-welfarism)
levaram directamente à conversão em plena escala de Bush
Júnior do estado previdência no estado policial.
Explorando o trauma do 11/Set, os regimes Bush e posteriormente Obama quase
triplicaram o orçamento militar e lançaram uma série de
guerras contra estados árabes. O orçamento militar subiu de
US$359 mil milhões em 2000 para US$544 mil milhões em 2004 e
escalou para US$903 mil milhões em 2012. As despesas militares
financiaram as principais ocupações militares estrangeiras e
administrações coloniais no Iraque e no Afeganistão,
guerras de fronteira no Paquistão e as operações
encobertas das Forças Especiais dos EUA (incluindo sequestros e
assassinatos) no Iémen, Somália, Irão e 75 outros
países em todo o mundo.
Enquanto isso a especulação financeira corria desenfreada,
défices orçamentais inchavam, padrões de vida afundavam,
défices no comércio internacional atingiam níveis recorde
e a dívida pública duplicava em pouco menos do que oito ano.
Guerra imperiais múltiplas arrastavam-se sem fim, os custos destas
guerras multiplicavam-se enquanto a bolha financeira estourava. A
contradição entre bem-estar interno e militarismo explodiu.
Finalmente, a regressão maciça dos programas sociais
básicos para todos os americanos coroou a agenda presidencial e
legislativa.
Programas anteriormente "intocáveis", como Segurança
Social, Medicare, o US Post Office, emprego do sector público,
serviços para os pobres, idosos e deficientes e selos alimentares foram
todos colocados no compartimento do carniceiro. Ao mesmo tempo o governo
federal aumentou seu financiamento de empreiteiros militares e policiais
privados (mercenários) além-mar e estendeu o âmbito e
profundidade das operações clandestinas da Forças
Especiais dos EUA. Bush e Obama aumentaram amplamente os gastos com militares e
agentes de espionagem em apoio de regimes colaboracionistas impopulares e
brutais no Paquistão e no Iémen. Eles financiaram e armaram
mercenários estrangeiros na Líbia, Síria, Irão e
Somália. Na primeira década do novo século ficou claro que
o militarismo imperial e o bem-estar interno eram um jogo de soma zero: quando
as guerras imperiais se multiplicaram, os programas internos foram cortados.
A severidade e profundidade dos cortes em programas de bem-estar internos
populares foram apenas em parte o resultado das guerras imperiais; igualmente
importante foi o enorme aumento no financiamento de pessoal e tecnologia de
vigilância para o florescente estado policial interno.
As origens da conversão do Estado Previdência em Estado Policial
O declínio precipitado do estado previdência e o desmantelamento
de serviços sociais, educação pública e acesso a
cuidados de saúde a preço acessível para as classes
trabalhador e média não podem ser explicados pela morte do
trabalho organizado, nem tão pouco se deve à "viragem
à direita" do Partido Democrático. Duas outras profundas
mudanças estruturais são importantes como fundamento para o
processo: a transformação da economia dos EUA de uma economia
manufactureira competitiva numa economia "FIRE"
(finance, insurance and real estate,
finanças, seguros e imobiliário); e, em segundo lugar, a
ascensão de um vasto aparelho de estado
policial-legal-político-administrativo empenhado na "guerra
interna" permanente dentro de caso, destinado a apoiar e complementar a
guerra imperial permanente no exterior.
Agências e pessoal da polícia de estado expandiram-se
dramaticamente durante a primeira década do novo século. O estado
policial penetrou sistemas de telecomunicações, patrulhou e
controlou terminais de transportes; dominou procedimentos judiciais e
supervisionou as principais "novas saídas",
associações académicas e profissionais. O estado policial
expandido entrou encobertamente e abertamente na vida privada de dezenas de
milhões de americanos.
A perda para os contribuintes em termos de direitos de cidadania e de Estado
Previdência foi estarrecedora.
Quando o maior e mais intrusivo componente do aparelho de estado policial,
baptizado "Homeland Security", cresceu exponencialmente, o
orçamento e as agências que providenciavam bem-estar e
serviços públicos, saúde, educação e
desemprego, contraíram-se. Dezenas de milhares de espiões
internos foram contratados e custosas tecnologias intrusivas de espionagem
(spyware)
foram compradas com dinheiro dos contribuintes, enquanto centenas de milhares
de professores e profissionais da saúde pública e do bem-estar
social perderam os seus empregos.
O Ministério da Segurança Interna (Department of Homeland
Security) é composto por aproximadamente 388 mil empregados, incluindo
tanto os federais como agentes contratados. Entre 2011-2013 o orçamento
do DHS de US$173 mil milhões não enfrentou cortes graves. A
rápida expansão da Segurança Interna verificou-se a
expensas dos Serviços de Saúde e Humanos, educação
e Administração da Segurança Social, os quais actualmente
enfrentam retrocesso em grande escala.
Dentre os responsáveis de topo, nomeados pela
administração Bush Jr. para posições chave no
aparelho de estado policial, há dois que foram os mais influentes no
estabelecimento da política: Michael Chertoff e Michael Mukasey.
Michael Chertoff dirigiu a Divisão Criminal do Departamento da
Justiça (de 2001 a 2003). Durante esse período foi
responsável pela prisão arbitrária de milhares de
cidadãos dos EUA e imigrantes de ascendência muçulmana e do
Sul da Ásia, os quais foram mantidos incomunicáveis sem
acusação e sujeitos a abusos físicos e psicológicos
sem um único estrangeiro residente ou cidadão americano
muçulmano ligado ao 11/Set. Em contraste, Chertoff rapidamente interveio
para libertar grande número de israelenses suspeitos de espionagem e
cinco agentes israelenses do Mossad que estiveram a filmar e celebrar a
destruição do World Trade Center e estavam sob
investigação activa do FBI. Mais do que qualquer outro
responsável, Michael Chertoff foi o arquitecto chefe da "Guerra
Global ao Terror" co-autor do notório "Patriot
Act" o qual deitou no lixo o habeas corpus e outros componentes essencial
da Constituição dos EUA e da Carta de Direitos. Como
secretário do Homeland Security de 2005 a 2009, Chertoff promoveu
"tribunais militares" e organizou a vasta rede interna de
espiões, a qual agora vitimiza cidadãos privados dos EUA.
Michael Mukasey, o Procurador Geral nomeado por Bush, foi um defensor
entusiasta do Patriot Act, apoiando tribunais militares, tortura e assassinatos
além-mar de indivíduos suspeitos do que ele chamava
"terrorismo islâmico" sem julgamento.
Tanto Chertoff como Mukasey são ardentes sionistas com laços
antigos a Israel. Acreditava-se que Michael Chertoff possuísse dupla
cidadania, dos EUA e Israel, quando lançou a administração
na guerra interna a cidadãos estado-unidenses.
Uma breve revisão das origens e direcção do aparelho de
polícia do estado e dos escalões de topo da guerra global ao
"terrorismo islâmico" linguagens em código para
imperialismo militar revela um desproporcionado de adeptos do
"Israel em primeiro lugar"
(Israel-Firsters),
os quais dão maior importância a perseguir críticos
potenciais dos EUA das guerras no Médio Oriente por Israel do que em
defender garantias constitucionais e a Carta de Direitos.
De volta à vida "civil", Michael Chertoff lucrou muito com a
falsa "Guerra ao terror" promovendo a radioactiva e degradante
tecnologia do rastreamento
(scanning)
do corpo em aeroportos por todo os EUA e a Europa. Ele estabeleceu a sua
própria firma de consultoria, Chertoff Groups (2009) para representar os
fabricantes de rastreadores de corpos. Os americanos podem agradecer a Michael
Chertoff cada vez que passam pela humilhação de um rastreamento
de corpo em aeroportos.
A fusão do aparelho de estado policial com o complexo
industrial-securitário e suas importantes ligações
além-mar com suas contrapartes de empresas de segurança no estado
de Israel acentua as ligações do estado imperial ao establishment
militar israelense.
À medida que o estado policial cresce ele cria um poderoso lobby de
apoiantes da indústria de vigilância de alta tecnologia e seus
beneficiários que pressionam por gastos federais e estaduais em
"segurança" a expensas de programas de bem-estar.
O esmagamento pelo estado policial de programas sociais, de
educação e bem-estar tem um aliado poderoso na Wall Street, a
qual emergiu como o sector dominante do capital estado-unidense em termos de
acesso a e para influenciar mais o Tesouro dos EUA e suas
destinações das verbas orçamentais.
Ao contrário do sector manufactureiro, o capital financeiro não
necessita de uma população de trabalhadores educados,
saudáveis e produtivos. A sua própria "força de
trabalho" é composta de uma pequena elite educada de especuladores,
analistas, traders e correctores nos níveis de topo e médios e de
um pequeno exército de varredores de escritório contratados,
secretárias e trabalhadores subalternos na base. Eles tê o seu
próprio exército "invisível" de servidores
domésticos, cozinheiros, fornecedores de comida, jardineiros e
governantes privados de qualquer "Segurança Social", cobertura
de saúde e planos de pensão. E o sector financeiro tem as suas
próprias redes de médicos e clínicas, escolas, sistemas de
comunicações e mensageiros, propriedades e clubes, agências
de segurança e guardas pessoais; ele não necessita um sector
público educado e qualificado; e certamente não quer que a
riqueza nacional apoie sistemas públicos de alta qualidade em
saúde e educação. Ele não tem interesse em apoiar
estas instituições públicas de massa que considera como um
obstáculo para "libertar" vastas quantias de riqueza
pública para a especulação. Por outras palavras, o sector
dominante do capital não tem objecções ao "Homeland
Security"; na verdade partilha muitos sentimentos com os proponentes do
estado policial e apoia a contracção do estado de bem-estar. Ele
está preocupado é com a redução de impostos sobre o
capital financeiro e o aumento dos fundos de salvamento federais para a Wall
Street enquanto controla a cidadania empobrecida.
Conclusão
A conversão de um Estado Providência num Estado Policial é
o resultado do imperialismo militarizado no exterior e da ascendência do
capital financeiro internamente, bem como da proliferação de
agências de segurança do estado e das indústrias privadas
relacionadas e do papel estratégico dos sionistas de extrema direita em
posições de topo do aparelho de estado policial.
A convergência de mudanças estruturais internacionais e internas
teve lugar durante as décadas de 1980 e 1990 e a seguir acelerou-se
durante a primeira década do século XXI. A
degradação dos vastos serviços públicos do Estado
Providência foi encoberta por uma maciça propaganda governamental
para promover a "guerra global ao terror" juntamente com uma
generalização fabricada da "ameaça terrorista"
interna envolvendo os mais desafortunados suspeitos (incluindo
excêntricos haitianos milenaristas capturados por agentes do FBI). Os
apoiantes e beneficiários do Estado Previdência encontram-se nas
margens de qualquer debate nacional. A campanha de propaganda dos mass
media/regime exigiu e assegurou com êxito aumentos maciços em
poderes centralizados do policiamento interno, da vigilância,
provocações, desaparecimentos e prisões. Ao longo da
década passada, o que o Estado Providência perdeu em apoio e
financiamento, o Estado Policial ganhou. A ascensão do capital
financeiro e a desregulamentação do sistema financeiro eliminou
quaisquer subsídios públicos para promover e sustentar a
competitividade do sector manufactureiro dos EUA. Isto levou a uma grande
ruptura nas ligações entre indústria, trabalho e o Estado
Previdência. Enormes cancelamentos fiscais para grandes negócios,
combinado com o crescimento em despesas de uma burocracia não produtiva
do estado policial e a série de custosas guerras além-mar,
provocaram défices orçamentais e comerciais
insustentáveis, os quais tornaram-se então o pretexto para novos
cortes selvagens no Estado Previdência.
Mudanças políticas, culturais e ideológicas significativas
ajudaram o predomínio do estado policial sobre o estado de bem-estar
público. O êxito de importantes sionistas americanos em assegurar
poder no interior dos media chave fabricantes de propaganda e de obter
nomeações para posições críticas nos
escalões de topo do aparelho de estado policial, judiciário e na
burocracia do estado imperial (Tesouro e Departamento de Estado) colocaram os
interesses coloniais de Israel e do seu próprio aparelho de estado
policial no centro da política estado-unidense. O estado policial dos
EUA adoptou o estilo de repressão israelense apontando para
cidadãos e residentes nos EUA.
A sociedade estado-unidense está agora dividida em dois sectores: os
"vencedores" ligados ao complexo financeiro e de segurança
lucrativo e em expansão, incorporado no estado policial, enquanto os
"perdedores", ligados à manufactura-estado previdência,
são relegados a uma "sociedade civil" cada vez mais
marginalizada. O estado policial expurga dissidentes que questionam a
"doutrina Israel First" do aparelho de segurança-militar dos
EUA. O sector financeiro, encaixado no seu próprio "casulo" de
serviços privados, exige o estripamento total de serviços
públicos destinados aos pobres, trabalhadores e classes média. O
tesouro público foi capturado a fim de financiar salvamentos
bancários, guerras imperiais e agências de polícia do
estado enquanto paga os possuidores de títulos da dívida dos EUA.
A Segurança Social está na mira da privatização.
Estão a ser reduzidas pensões, retardas e auto financiadas. Selos
alimentares, acesso a cuidados de saúde acessíveis e apoio ao
desemprego serão cortados. O estado policial não pode pagar por
novas e reluzentes tecnologias repressivas, maior policiamento,
vigilância mais intrusiva, detenções e prisões
enquanto financia o estado previdência existente com seus vastos
serviços educacionais, de saúde e humanos, bem benefícios
de pensões.
Em suma, não há futura para o estado previdência nos
Estados Unidos dentro do seu poderoso sistema de estado
financeiro-imperial-policial. Os dois principais partidos políticos
alimentam este sistema, apoiam guerras em série, apelam às elites
financeiras e debatem sobre a dimensão, âmbito e
temporização de novos cortes no bem-estar social.
O sistema de bem-estar social americano foi um produto de uma fase anterior do
capitalismo estado-unidense em que a supremacia industrial global dos EUA
permitiu tanto gastos militares como em bem-estar e até que os gastos
militares fossem constrangidos por exigências dos sectores
socio-económicos manufactureiros internos. Na fase anterior a
influência sionistas baseava-se em indivíduos ricos e no seu lobby
no Congresso eles não ocupavam posições chave na
decisão política federal estabelecendo agendas para a guerra no
Médio Oriente e para o estado policial interno.
Os tempos mudaram para pior: um estado policial, ligado ao militarismo e a
guerras imperiais perpétuas no Médio Oriente ganhou
ascendência e agora impacta nossas vidas diárias. Subjacente tanto
ao crescimento do estado policial como à erosão do estado
previdência está a ascensão de uma intrincada "elite
do poder financeiro-securitário", mantida unida por uma ideologia
comum, riqueza privada sem precedentes e o impulso implacável para
monopolizar o tesouro público em detrimento da vasta maioria dos
americanos. Uma confrontação e a exposição plena de
toda a propaganda em causa própria, a qual fortalece a elite do poder,
é um primeiro passo essencial. Os enormes orçamentos para guerras
imperiais são a maior ameaça ao bem-estar dos EUA. O estado
policial desgasta serviços públicos reais e mina movimentos
sociais. O capital financeiro pilha o tesouro público exigindo
salvamentos e subsídios para os bancos. Os
"Israeli Firsters",
em posições chave para a tomada de decisões, servem os
interesses de um estado policial estrangeiro contra os interesses do povo
americano. O estado de Israel e o espelho oposto do que nós americanos
queremos para nós próprios e nossos filhos: uma república
laica livre e independente sem estabelecimentos coloniais, racismo clerical e
militarismo destrutivo em causa própria
O combate de hoje para restaurar os avanços no bem-estar dos
cidadãos estabelecidos através de programas públicos do
passado recente exige que transformemos toda uma estrutura de poder:
verdadeiras reformas no bem-estar exigem uma estratégia
revolucionária e, acima de tudo, um movimento de massa das bases
rompendo com o arraigado regime de "dois partidos" ligado ao sistema
financeiro-imperial-segurança interna.
14/Julho/2012
O original encontra-se em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=31898
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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